A resposta é simples, S_Ferreira: Tiveste sorte. Ou melhor: não tiveste azar.
A maior parte dos quadros não partem, simplesmente neste tópico, temos representada a amostra dos que partiram.
Quanto a SUVs... Não é o caso. Existem BTTs diferentes, para usos diferentes. Quem fizer drops com um quadro de carbono ultralight de 2000€, ou é estúpido ou é muito rico. Por outro lado, quem fizer xc com uma bike de DH de 20 Kgs, ou é masoquista ou está a treinar para super-homem. Por essa mesma razão, não devemos montar material para um certo tipo de uso, num quadro feito com outro propósito. E quantos quadros de xc não vemos montados com suspensões de Enduro e free-ride? Quem não tem cão, não deve tentar caçar com gato. Se o fizer e a coisa correr mal, não deve depois queixar-se se a garantia da marca não assumir o estrago.
Se compararmos os pesos das peças de topo de agora, com as de há 10 anos atrás (um bom exemplo são as Rockshox SID), chegamos facilmente à conclusão de que as actuais são mais pesadas. Qual a razão para isso? A fiabilidade. Claro que hoje em dia temos mais notícias de quadros e peças partidas, mas isso é porque também muito mais gente anda de bike. Em 1996 eu e um amigo meu ficamos felicíssimos porque vimos outro grupo a praticar btt em Valongo, e como estávamos longe deles, fartamo-nos de pedalar até os alcançarmos e podermos falar com eles. Nessa mesma altura, o meu capacete de XC gerava frequentemente comentários de estranheza feitos pelas pessoas que me viam passar. Hoje em dia, geramos filas de trânsito em cidades e em pleno monte nas maratonas. O material actual é muito mais fiável que o antigo. Como há mais gente a usá-lo, também há mais a ser partido. Mas acredito que percentualmente, as quebras de material sejam muito mais raras hoje em dia.
Fevereiro:
Em 2005, estava sozinho no monte quando senti a minha Bianchi estalar. Saí para a estrada e parei na primeira loja de bicicletas que apareceu, a Bonini bike em Valongo. Lá foi examinada com uma lupa e chegou-se à conclusão que tinha realmente estalado entre o tubo diagonal e o de direcção. O meu comentário foi: "lá vou eu ter que comprar outro quadro...". O senhor da loja disse: "não necessariamente". E a seguir mostrou-me o Wheeler topo de gama dele e os pontos em que este já tinha partido e já tinha sido soldado. Fiquei com má impressão da Wheeler nessa altura. O meu irmão tinha uma de gama baixa e desde essa altura começamos a estudar a possibilidade de o trocar. O ano passado finalmente, surgiu a oportunidade de comprarmos um GT. O Wheeler ainda andou comigo em cidade durante mais uns tempos, até que foi vendido a um rapazito levezito de 120 Kg, que salta, faz drops, monta pneus excessivamente largos e abusa daquele quadro como nunca antes eu ou meu irmão o fizemos. O quadro ainda está inteiro, sem mazelas.
A bike com que ando mais actualmente, é uma Kona Kikapu de 2003, cujo quadro comprei usado há meses. Segundo o dono anterior (inglês), ele fez cerca de 12000 milhas com ela. Desde que a tenho, já lhe meti quase 2000 km. Apesar de no fim de quase cada descida, eu não conseguir evitar desmontar e dar uma olhada às soldaduras, o quadro mantém-se intacto. No entanto, já vi duas Coilair de 2009, com os seus 150 ou 160mm de curso, a ficarem com os tirantes do triângulo principal dobrados, ou a estalarem nessa zona (a marca assume prontamente a garantia nestes casos).
Partir não tem a ver com marcas. Tem mais a ver com o modelo, com o uso e com a nossa sorte. A marca assumir ou não a responsabilidade, tem mais a ver com o importador do que com a marca em si. Acredito que uma marca cuja assistência pós-venda aqui seja impecável, pode ser o maior pesadelo noutro país qualquer.