Resumindo o relatório da usada devidamente traduzido :
INTRODUÇÃO
"Como consequência de um número corajoso de ciclistas que decidiram quebrar o Código de Silêncio - a omerta - após terem sido abordados (...) a USADA concluiu que existirem evidências suficientes contra (...) o Sr. Armstrong"
I - ENQUADRAMENTO
"Mais de uma dúzia de colegas, amigos e antigos membros do staff de Armstrong confirmam o trajeto fraudulento que se estendeu ao longo de uma década e não deixam dúvidas de que a carreira de Lance Armstrong na US Postal/Discovery Channel foi alimentada do início ao fim por doping".
"O Código Mundial Antidopagem [diz] (...) que não é necessário existir um teste positivo para que tenha sucedido uma violação da lei".
II - A CRONOLOGIA
1998 - Os primeiros indícios
"Armstrong também pediu a O'Reilly [massagista da US Postal] para se desfazer das seringas a seguir à Volta na Holanda".
"Uma noite, Vaughters [antigo colega] estava no quarto de Amrstrong (...) quando Armstrong se injetou à sua frente com uma seringa usada para injeções de EPO, e lhe disse: 'Agora que também estás a usar EPO, não podes escrever um livro sobre isso'".
"Kristin [a mulher de Armstrong] acedeu ao pedido e enrolou comprimidos de cortisona e deu aos colegas de equipa."
1999 - A relação com o médico Michele Ferrari
"Betsy Andreu [mulher de Frankie, colega de Armstrong] descreve o encontro: 'Parámos num hotel/estação de serviço de Milão, na autoestrada, para que Lance se pudesse encontrar com o Dr. Michelle Ferrari. (...) Lance respondeu: 'Para que a ***** dos jornalistas não o persigam'. Betsy recorda-se de Lance dizer: 'Os meus números estão ótimos!".
"Depois do jantar, os Armstrong levaram [Betsy] Andreu a casa. Andreu viu Pepe [outro médico da equipa]a dar-lhe um saco de papel castanho (...) [Armstrong] levantou o saco e comentou: 'Ouro líquido'".
"Antes do Tour houve uma pesagem onde estaria a imprensa. Frankie Andreu reparou que Armstrong tinha uma nódoa negra no braço causada por uma seringa. (...) Lance exclamou: '*****, isto não é bom'. Emma O'Reilly [massagista] procurou maquilhagem para disfarçar o hematoma".
2000 - As transfusões de sangue
"Bruyneel [diretor desportivo] foi ter com Hamilton [Tyler, o colega de equipa] e explicou-lhe um novo método de doping. Disse que 500 cc. de sangue seriam retirados dos ciclistas e posteriormente reinseridos no mês seguinte, durante o Tour. A reintrodução do sangue iria dar mais capacidade a Armstrong. Não havia controlos para as tranfusões de sangue, portanto esta batotice seria indetetável".
"Numa corrida em Espanha, Hincapie [George, colega e melhor amigo] ouviu de Armstrong que Armstrong tinha acabado de tomar testosterona. Hincapie testemunhou: 'Quando soube que a brigada antidoping estava no hotel, enviei uma mensagem ao Lance para o avisar. Ato contínuo, o Lance desistiu da corrida'".
"Hamilton [Tyler, o colega de equipa] recorda-se: 'O processo [transfusão] durava 30 minutos. Cada saco de sangue estava posto num camarão que prende os quadros e nós estávamos deitados na cama de hotel enquanto o sangue gelado reentrava no nosso corpo."
2001 - O tráfico e posse de drogas
"Hamilton telefonou a Armstrong e perguntou-lhe se ele lhe podia enviar EPO. Armstrong acedeu e enviou EPO a Hamilton pelo correio".
"Dr. Ferrari disse a Armstrong que ele podia continuar a usar EPO [entretanto, já detetável em testes] em competição se ele reduzisse a dose e dormisse numa tenda de altitude".
"Armstrong disse a Tyler Hamilton e Floyd Landis [ambos colegas] que tinha testado positivo a EPO na Volta à Suíça em 2001 (...) mas que 'o seu pessoal estava em contacto com a UCI [União Ciclista Internacional] (...) e que tudo ia ficar bem' (...) Pat McQuaid, atual presidente da UCI, reconheceu que Lance Armstrong e Bruyneel estiveram na sede da UCI em 2002 e ofereceram pelo menos 100 mil dólares para ajudar a desenvolver o ciclismo."
2002 - O amigo Floyd Landis
"Armstrong explicou ao seu novo protegido, Landis, como ele tinha usado EPO no passado. Armstrong disponibilizou o seu apartamento para a primeira extração de sangue a Floyd, feita por Michele Ferrari [o médico]"
2003 - Posse, tráfico e uso de substâncias proibidas
"Armstrong disse a Landis que iria estar fora durante umas semanas e pediu a Landis para ficar no seu apartamento e verificar a temperatura dos sacos de sangue todos os dias e ter a certeza de que não havia problemas com a eletricidade no congelador. Landis decidiu fazer de baby-sitter para o sangue."
"Floyd Landis viu Armstrong usar EPO (...) após as suas transfusões de sangue em 2003 e 2004."
2004 - O autocarro
"Landis viu Lance Armstrong 'deitado numa cama de massagens a usar um adesivo transdérmico de testosterona. Michele Ferrari [o médico conhecido como Schumi] disseram que estes adesivos podiam ser usados durante curtos períodos com poucos riscos de serem detetados."
"Landis contou um episódio no Tour de 2004 em que toda a equipa da US Postal recebeu transfusões de sangue no autocarro da equipa a seguir a uma etapa da prova".
2005 - O dinheiro
"Hincapie testemunhou que 'antes do início do Tour de 2005' perguntou 'a Armstrong se ele podia arranjar EPO'. 'Lance deu-me dois frascos de EPO quando estávamos os dois em Nice'".
"Registos bancários obtidos da empresa de Ferrari [Michele] demonstram que Lance Armstrong continua a fazer negócio com Ferrari [apesar de ter dito que as relações entre ambos tinham acabado]".
2009 - O regresso
"Em 2009, Leipheimer perguntou a Armstrong se ainda estava a trabalhar com Schumi [alcunha de Michele Ferrari]. Armstrong disse que sim, através de um intermediário."
III - O MÉDICO AMIGO
Na página 107 do relatório, surge uma tabela com as transferências bancárias efetuadas por Lance Armstrong ao médico Michele Ferrari: ao todo, entre 1996 e 2006, Armstrong gastou mais de um milhão de dólares.
IV - O DIRETOR QUE SABIA DE TUDO
"Zabriskie [colega de Armstrong] perguntou a Johan Bruyneel [diretor desportivo da US Postal, Discovery Channel e Astana, equipas de Armstrong] em 2003 quais eram as implicações físicas de tomar EPO [o pai de Zabriskie morrera toxicodepentente].
Bruyneel respondeu que 'toda a gente o fazia'. Bruyneel assegurou que se a EPO era perigosa, nenhum ciclista profissional tinha conseguido ter tido filhos"
V - OS ESQUEMAS
a) Jogar às escondidas
"[Hamilton disse que] a terceira regra [para se doparem] era tentar escondermo-nos dos agentes. Os ciclistas eram aconselhados a não abrir a porta se algum agente aparecesse. Para além disso, o Bruyneel sabia [de acordo com o ciclista Zabriskie] quando é que as brigadas antidoping apareciam. 'Normalmente, tínhamos uma hora para nos prepararmos com soro para baixar o nível de hematócrito."
b) Despitagens
"Entre 1998 e 2005 não havia metodologia possível para detetar transfusões de sangue ou hormonas de crescimento. O risco era mínimo porque podia ser sempre controlado através do uso de injeções salinas."
VI - AS AMEAÇAS A...
Filippo Simeoni
"Em julho de 2004, durante o Tour de França, Lance Armstrong disse a Filippo Simeoni: 'Fizeste um erro ao testemunhar contra Ferrari [Michele, o médico]... Eu posso destruir-te'".
Tyler Hamilton
"Hamilton testemunhou que Armstrong lhe disse: 'Vou tornar a tua vida numa ***** de um inferno'".
Levi Leipheimer
"O Sr. Armstrong enviou um SMS à mulher do Sr. Leipheimer dizendo: "Foge, não andes".
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http://expresso.sapo.pt/muitas-agulhas-no-palheiro-de-armstrong=f779870#ixzz2IB5Pb0Zw