Crónicas de um Bravo do Pelotão por Terras Helvéticas

salgado52

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Mais uma vês,obrigado pela partilha,não fossem as presumíveis represálias e seria de mais colocares aqui umas fotos a dar banho à "cabra" com ela dentro da banheira :rotfl: :rotfl:
Continuação de boas pedaladas e melhores descobertas!

Abraço
 

AFP70

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Olá Salgado52,

A imagem que se segue é hilariante, mas como dizem os brasileiros “não se deve cutucar a onça com vara curta”, neste caso uma “cabra”, eheheh…

Cabra em banhinho à la carte. Apenas se queixou que as dimensões da banheira, não favoreciam os seus atributos.

Quem não tem cão, caça com gato. Só espero que a moda não pegue, eheheh…

Um abraço,
Alexandre Pereira

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Jocas22

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grandes crónicas desse pais lindo


:) essa da bike na banheira está genial, se o tipo da bomba de gasolina se chateia comigo ai está uma alternativa a considerar
 

[resende fr]

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que inveja, que trilhos lindos, que paisagens deslumbrates...devo diver que acabei de ler todo o post e não consigo descrever as emoçoes que estas fotos me despertam.parabens, e por favor continua a partilhar.
 

AFP70

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Bom dia Jocas22 e [resende fr],

É com agrado que constato que a cada nova crónica, há uma maior participação por parte de novos “readers”. Considero bom sinal, uma vez que mostra que estas crónicas possuem de alguma forma, algum “sumo” e são interessantes aos olhos dos diferentes “users”.

Uma vez que me encontro nesta zona do globo neste momento, há que usufruir e partilhar (é isso que me move, o resto é apenas paisagem).

Como não ligo “patavina” ao amanhã e porque considero o presente como parte intrínseca da minha razão de viver, posso vos dizer que à hora em que escrevo estas palavras, me encontro em “Póvoa de Lanhoso – City” e amanhã, “I am going to ride my bike. Guess where…”.

A crónica, como não podia deixar de ser, será colocada online nos próximos dias.

Um abraço para todos aqueles seguem estas crónicas.
Alexandre Pereira

P.S: Já dizia Arthur Schopenhauer (filósofo alemão) “Sabedoria de Vida é Usufruir o Presente”
 

AFP70

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Minas da Borralha ou o “Reviver o passado em Brideshead”…

Quando um Bravo “não satisfaz as suas necessidades mais elementares” (pensem o que quiserem, eheheh…), tende, tal como cantava o Variações, a querer estar onde não está, a querer ir aonde não vai…

Vai daí, e uma vez que neste momento ainda sou dono do meu tempo e realmente tempo é o que mais tenho, toca a procurar uma “lowcost” que me conduzisse aonde a minha alma clamava por estar.

Liguei aos restantes companheiros e amigos, mas apenas dois, responderam à chamada, um a que calorosamente chamo de “suspeito do costume” e o outro que por norma, nunca se deixa fotografar (a foto está para ele como a água benta para o diabo, eheheh…). Também não era para menos: afinal rolámos uma quinta-feira e lá porque eu tenho tempo, não significa necessariamente que os outros também o tenham.

Quanto mais longe de Portugal e dos “meus”, mais tendência a ficar nostálgico de pessoas, lugares, atividades, etc…

Em minha opinião, um homem com tempo em demasia passa a ser um homem com falta de tempo, pois são muitos os desafios que lhe perpassam a mente.

Perante estes dois factos, e tendo em diversas ocasiões adiado uma ida às Minas da Borralha de “bicla” para reviver as diversas vezes em que lá passei em companhia do meu pater, acabei por optar efetuar esta volta, no intuito de me reconciliar com o meu passado. Um “gajo” quando envelhece tem destas coisas…

A seguir ao Gerês, as serras em redor de Vieira do Minho são as minhas preferidas…

Arrancámos a volta a partir de Vieira do Minho (380 mts), tendo seguido em direção ao Talefe (1.262 mts) e daí para as Minas da Borralha.

Iniciámos a volta cerca das 09h00 e terminámos por volta das 16h00, tendo percorrido cerca de 60 kms (nas calmas, sem stress).

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº022).

Nossa Senhora da Fé. A capela original foi construída em 1759. Uma promessa que se fazia antigamente era a de uma pessoa viva dar duas voltas ao santuário deitada numa urna enquanto a banda filarmónica e algumas carpideiras contratadas acompanhavam o devoto neste macabro cortejo fúnebre. Este tipo de promessa foi abolido há alguns anos. Havia na capela alguns caixões para alugar para aquele tipo de promessa. Só há pouco tempo foram de lá retirados.
Temos algumas voltas que passam por lá, mas desta vez optamos por algo diferente.
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Só por curiosidade e para os mais incautos, uma vez que o track GPS da volta contém tudo.
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Ainda não tínhamos transpirado o suficiente.
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Um dos meus jerseys favoritos e “guess what” combina com a bicla. O ano passado não pude participar, veremos este ano, tudo dependerá do patrocinador Suíço.
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A caminho do Talefe (1.262 mts). O dia não podia estar melhor. Adoro carvalhos e as suas diferentes tonalidades de verdes.
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Parte das frondosas florestas que iremos atravessar. “Up is the way”.
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Mais do mesmo.
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Ao longo do percurso, não faltam pontos de água. Fontes, ribeiros, riachos, etc…
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Ainda bem que estamos em Portugal, se fosse na Suíça, já estava asfaltado.
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As cores da Serra da Cabreira (verde e amarelo).
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Ao fundo já é o Gerês.
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Atravessar este bosque foi uma experiência divina.
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Só faltava mesmo surgir o Robin dos Bosques e companheiros.
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Apenas dois “Bravos” responderam à chamada (o suspeito do costume e o freak das fotos). Também pudera, rolamos uma quinta-feira. O “Je” numa pose mais pensativa. Vejam a próxima foto.
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Quem conhece, sabe que ao vivo é bem pior.
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Sua senhoria “El Talefe” (1.262 mts). Não esquecer que volta inicia nos 380 mts.
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Gerês em pano de fundo e a verdadeira, a genuína “Barrosã”.
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What? Are you talking to me?
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Não vale a pena mencionar por onde viemos, a imagem fala por si.
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Viemos de longe, de muito longe.
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Brevemente num restaurante perto de si…
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Aqui, ninguém passa fome de florestas.
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Tivemos de recusar o convite.
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Reparem na claridade da água. ”Águas do Norte, carago”
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Minas da Borralha (777 mts) à vista.
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A aldeia propriamente dita.
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As primeiras explorações surgem no final do século XIX, mas foi nos anos 40 a 60 do século XX, em virtude da corrida ao armamento em plena Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra, com a Guerra Fria, que a aldeia foi muito requisitada e invejada, sendo alvo de disputa por várias empresas do Reino Unido e da França. A riqueza do volfrâmio muito abundante nas suas terras assim o justificava, assim como a licença de fundição que detinha e a proximidade viária a Espanha e, por conseguinte, à Europa. As minas encerraram em 1986, deixando muitos trabalhadores desempregados e com ordenados em atraso.
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Não era obrigado, mas os meus camaradas de armas insistiram.
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Elevador de acesso aos poços. No período áureo da mina, chegaram a trabalhar cá mais de 2.000 pessoas.
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As coisas simples, por vezes são as mais bonitas.
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Achei piada, não fosse eu um Pereira.
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Vou enviar para a Microsoft. Quiçá não será utilizado como wallpaper em novos Windows.
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Montanhas, vacas, água, sol, brisa, excelente companhia. O que pode um homem desejar mais? Neste caso, apenas desejava ter podido fotografar a famosa Cara Esculpida (ver no Google Earth, foto, nesta localização). Só soube da sua existência após conclusão da volta. Fica para uma próxima oportunidade.
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Ponto de situação para quem pretender repetir esta volta. Não há nada que enganar, é mesmo só seguir o track.
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Início de uma zona de descida fantástica, por cerca de +/- 5 kms
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Desculpem, mas normalmente só tiro fotos a subir, porque a descer, é para a “curte”.
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Outra das cores da Serra da Cabreira (Rosa).
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Eis a razão da minha adoração ao verde.
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Já na parte final. Eram mais de 200, mas muito bem guardadas por uns cães com “cara de poucos amigos”, pelo que tivemos de abalar, sob pena de…
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Rio Ave ou como diz o pobo, “O Abe”.
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Há voltas que, pela paisagem, pelas condições climatéricas, pelo relevo e sobretudo pela companhia, se destacam das demais, e esta não foge à regra. Simplesmente fantástica…

Aos meus amigos “suspeito do costume” e “freak das fotos”, quero aqui deixar publicamente o meu muito obrigado, pela devoção à causa e acreditem que eu até poderia por aqui andar sozinho, mas como alguém já disse, não era a mesma coisa, eheheh…

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso com…
 

alferes

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Boa tarde,

Volta memorável! Dia fantástico, com temperaturas acima dos trinta graus celsius. Paisagens deslumbrantes! Gosto da Serra da Cabreira todo o ano; parece transfigurar-se em cada estação. Um autêntico paraíso!

Nunca fez tanto sentido a citação: “One life, live it well!”; mais precisamente neste caso: “One day well lived!”.

Parabéns pela crónica!

Um abraço.
 

salgado52

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Viva Alexandre,mais uma coleção estrondosa de soberbas imagens,possívelmente irei disfrutar de algumas delas no próximo dia 10 de Junho,no evento que vai haver em Vieira do Minho e na bonita serra da Cabreira,pois já estou inscrito e pago,se ainda cá estiveres diz alguma coisa.

Abraço
 

AFP70

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Boas Alferes,

Ainda bem que acreditamos e defendemos o mesmo credo. Amigo, este dia já ninguém nos tira (e que dia).
Pena ter de regressar à base, mas o “dever” chama (até dá vontade de rir, não dá).
Obrigado mais uma vez pela companhia.
As boas voltas fazem-se em companhia dos bons amigos…

Don’t worry, as always, I’ll be back soon…

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Olá Salgado52,

Pois é “O Homem e a Serra” é já no próximo dia 10 de junho.
Acredite que não ficará indiferente à beleza da Serra da Cabreira, para além de que os organizadores, sabem mesmo bem receber quem os visita.
Não vou poder participar, uma vez que abalo dentro de dois dias (ossos do ofício, eheheh…)

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

super.byke

New Member
Alexandre, as fotos são fantásticas, só de as ver já dá vontade de deixar o computador e ir pedalar :)
achei o máximo a foto da bike na banheira, até a minha maria se riu!!!
força nas canetas e vai colocando aqui as fotos
abraço
 

AFP70

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Bom dia super.byke,

Sei que não sou um grande escritor ou repórter mas sempre foi e será a minha preocupação maior, relatar as crónicas de uma forma que o user/leitor, possa de alguma forma estar imbuído no espírito das mesmas e até vivenciar os momentos atravessados (alguns diga-se de passagem, bastante hilariantes).

É sempre agradável verificar que estes objetivos foram atingidos, pelo desejo que os relatos, fomentam aos diferentes leitores em quererem largar tudo e ir para a natureza pedalar, caminhar, etc…

The world is such a beautiful place…

Em relação ao banho da “cabra”, pois, foi o que se conseguiu arranjar em virtude das limitações a que estou sujeito (é uma questão de sermos práticos).

Enquanto tiver vontade, “força nas canetas” e por aqui estiver, irei continuar a postar, já que partilhar é o que me motiva na dialética que mantenho com os users deste fórum, independentemente das vicissitudes (tempo e inspiração) que por vezes encontro para colocar online uma nova crónica.

Escrever, ao contrário do que muitos “users” julgam, não é como fazer salsichas, isto é, não se coloca de um dos lados da máquina carne picada e do outro saem salsichas prontas a serem consumidas, eheheh…

Um abraço e obrigado por seguir este tópico,
Alexandre Pereira
 

Jocas22

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não pude deixar de esgalhar um sorriso com o teu comentário ao esfaltamento :D e fez-me lembrar que em muitas dessas fotos falta ai a boa da pedreira à portuguesa, estás a fazer de propósito certamente a editar as pedreiras ;)
 
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AFP70

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Olá Jocas22,

Realmente a Helvétia tem leis muito rígidas no que toca à exploração de pedreiras e ordenamento do território, e na minha modesta opinião, ainda bem que assim é, pois evitam-se as aberrações que se verificam em Portugal e outros países.

O grande problema para um betetista que normalmente gosta de rolar em trilhos de pó, pedra, gravilha, terra, etc.. (em Portugal sem problemas, é por isso que gosto tanto de andar no Gerês e arredores) é ter muitas vezes de efetuar em alta montanha esses mesmos trilhos, mas na versão asfaltada.

Considero esse facto como sendo “ossos do ofício”, mas o grau de dificuldade está lá, pelo que hoje em dia pouco me preocupo com o tipo de trilho que vou encontrar, mas sim atingir os objetivos a que me propus quando defini a volta e sobretudo que a mesma me reconforte o espírito.

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

Jocas22

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era só uma brincadeira. Cá temos uns problemas, lá outros. Costumo andar mais na Arrábida, e ali é as pedreiras que partem o coração, isso e tanta ***** de vedação. Pelos vistos por ai tens o problema do alcatrão.

Estive ai (suiça) uma semana de férias com um carro alugado e atravessei o território todo junto com o norte de Itália, e tava sempre a imaginar como curtia ter uma bike comigo se bem que era pico do Verão e estava um calor infernal, mas adorei as paisagens e como eles têm tudo tão bem tratado e arranjado, mas de facto se asfaltam tudo o que é trilhos ASSIM NÃO ;)

Boas pedaladas

PS: estou há um ano pra me aventurar ai no Gerês mas quem está pra ir comigo nunca mais se decide e sozinho não estou pra isso. Mas deve ser de cortar a respiração pedalar por ai tambem
 

AFP70

Active Member
Boas Joca22,

Realmente a Suiça é um paraíso para o BTT e para os viciados como eu, dá uma “pica” ver todas estas montanhas, trilhos, este verde, etc…

Para além do BTT fazer caminhadas aqui é do outro mundo, quer pelo grau de dificuldade, quer pelas altimetrias que se atingem (superiores aos 1993 mts da nossa Serra da Estrela).
Tento gerir o asfalto (o menos possível), mas por vezes é impossível…

Quando decidir vir ao Gerês, visite p.f. a página dos Bravos do Pelotão e na secção tracks, encontrará cerca de 11 voltas (para download) que realizamos nessa zona e na secção altimetria, os respetivos gráficos e ou análises IBP.

Acredite que rolar em solitário tem as suas vantagens, sendo que apenas temos de redobrar cuidados e talvez não arriscar tanto. Try it, you won't be disappointed…

Um abraço ;),
Alexandre Pereira
 

AFP70

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Les Rochers de Naye sem neve, não era a mesma coisa…

Mal começou o degelo da neve, resolvi que estava na hora de programar um trilho pedestre que me permitisse chegar desde Montreux (372 mts) até Les Rochers de Naye (2.042 mts). Este desejo foi crescendo desde que em Fevereiro efetuei o trilho que me conduziu a Les Pléiades (1.405 mts) (ver crónica nº017).

Achava eu que nesta altura do ano, muito pouca neve iria encontrar. Nada de mais errado, conforme virão a constatar no registo fotográfico desta verdadeira epopeia.

Como já puderam constatar e sempre que possível, opto por efetuar os trilhos a descer, isto é, parto da zona mais elevada até atingir a zona mais baixa. Acreditem que é muito mais perigoso descer do que subir e nas voltas realizadas até ao momento vou sempre em contra corrente. Não faço isso por uma questão de “preguiça”, mas sim porque por um lado faço uma melhor gestão do tempo e por outro lado, permite-me tirar melhores fotos panorâmicas.

Dito isto, passemos ao relato da aventura.

Há já uma semana que permanentemente perscrutava na Net a meteorologia associada aos Rochers de Naye e conforme se veio a verificar, esta, apontava para um dia muito soalheiro nesta quinta-feira (céu limpo até aos 2.000 mts, com temperaturas de 10ºC no topo e 15 a 20ºC abaixo dos 1.000 mts). Mesmo assim e porque por vezes as previsões valem o que valem, acedi via Net a uma webcam (em “realtime”) que filma parte da zona e assim podemos confirmar o verdadeiro estado do tempo (mais informações em http://www.goldenpass.ch/rochers_de_naye_trajet ). Posso-vos dizer que no dia anterior estava uma nevoeirada e vai daí por volta das 07h00 liguei o PC e pude constatar a total ausência de nuvens e um sol maravilhoso (o dia prometia).

Apanhei o comboio que me levou de Lausanne até Montreux (30 min) e aí, apanhei o primeiro funiculaire (comboio com cremalheira de segurança) do dia, que me iria conduzir até Les Rochers de Naye (60 min).

Por volta das 10h00 iniciava o meu périplo, munido da minha mochila (6,0 kgs de material diverso e necessário em caso de azar). Assim como pedalo quase sempre em solitário, também caminho da mesma forma, pelo que e sem vergonha de o dizer, solicitei assistência divina, não fosse o diabo tecer das suas, eheheh…

Durante a volta aconteceram como já vem sendo hábito, várias peripécias, pelo que ao invés de efetuar um relato detalhado e “maçudo para alguns” das vicissitudes encontradas, optei por comentar em detalhe as fotos mais representativas.

Tive momentos para todos os estados de alma e como não podia deixar de ser, coloquei em perigo a minha existência, mas como já alguém disse “sei que vou morrer algum dia, ao menos que seja a fazer o que mais gosto” (só espero que os familiares não leiam esta crónica, porque não iriam entender, eheheh…).

Foram cerca de 15 kms de trilhos, dos quais 5 kms abaixo dos 1.000 mts, tendo chegado ao meu destino por volta das 18h30 (contar com 6h00 de marcha efetiva, o resto é pura contemplação).

Eis parte dos registos do dia… (restantes (+ de 150 fotos) encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº023).

Trajeto seguido pelo comboio até atingir os Rochers de Naye a 2.042 mts.
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O meio de locomoção que me conduziu ao cimo (aqui chamado de funiculaire). A viagem demora cerca de uma hora e ao longo do percurso podemos sair em pelo menos 5 estações com vista a realizarmos diferentes trilhos.
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Estação dos Rochers de Naye (Restaurante e Hotel). As 7 famosas “yourtes” Mongois onde podemos pernoitar pela módica quantia de 70 CHF/pessoa. Ao fundo do lado direito vêem-se os parques das marmotas.
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Marmota em ação. Têm a aparência de um esquilo mas com dimensões maiores. Vivem em tocas que utilizam para hibernar durante o Inverno. A hibernação pode durar até sete meses.
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Vista para o lago Léman a partir do miradouro dos Rochers de Naye 2.042 mts. No final da floresta e junto ao lago, o meu destino final (Gare de Montreux 395 mts). Podemos ver as cidades mais importantes em redor do lago. O dia não podia estar melhor, permitindo bons instantâneos.
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“Col du Jaman” a 1.868 mts (monte a seguir à curva da linha de comboio) por onde o meu périplo iria passar. A casa que se avista do lado direito da foto (antes da curva) é a estação do Jaman a 1.742 mts.
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Embora a perspetiva não deixe transparecer, este penhasco tem mais de 200 mts de altitude. O meu trilho segue ao longo do cimo destas encostas. Ao fundo e ao meio da foto (pico com relva e neve do lado esquerdo) temos o ponto previsto para iniciar a descida desta encosta e aceder ao vale. (“pensava eu de que”, but shit happens…)
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Montreux ou o meu destino final.
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“Tour D’Aï” a 2.331 mts e que mais parecem 2 dentes. Emplastro, esta é para ti!
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Visto assim, de perfil, andar acima dos 2.000 mts é qualquer coisa, não acham!
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“Via Ferrata” é um trilho que somente pode ser efetuado como podem constatar com a ajuda de equipamento especial (cabos de ligação, mosquetões, arneses, etc…). Só de nos debruçarmos, dá-nos logo um calafrio na espinha. Esta descida permite-nos vencer uma parede de +/- 300 mts e acredito que deve ser um “rush”, mas neste momento ainda não tenho o curso elementar de alpinismo, eheheh…
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Aqui, tive o meu primeiro contacto com neve (sempre dura, quase pedra) ao longo do trilho. Notar que estamos a falar de graus de inclinação superiores a 40º. Para prosseguir, resolvi escalar as rochas, tendo passado por cima da neve.
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Mais uma perspetiva dos Rochers de Naye, com a chegada de mais um comboio. Encontramos aqui 3 pistas de ski.
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Ao criar este trilho no Google Earth, pretendia descer esta encosta, passar junto aquele lago e seguir em direção aquele restaurante do lado esquerdo da foto. Como verão, por vezes há fatores externos que nos impedem de prosseguir, “c’est la vie”.
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Ali em baixo ao fundo, do lado esquerdo da foto, junto aquela neve é onde se encontra a minha bifurcação que me permitirá descer esta escarpa e aceder às famosas “Grottes de Naye”.
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Já se consegue ver o trilho que “aparentemente” me conduzirá ao vale. (ahahah, deixem-me rir, a primeira surpresa do dia está para vir).
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O trilho não deixa margem de dúvidas. Um bom trilho. Já fiz piores em outras crónicas (Nº014 e Nº015).
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O objetivo era descer o trilho e atravessar aquela extensão de neve com vista a atingir aquele caminho junto aos penedos (meio da foto). Se a “ingenuidade de pensamento” fosse “paga”, eu era um homem rico.
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No fim do trilho em pedra, surge-me esta beleza. Neve em estado sólido. Ainda tentei escavar, mas sem botas especiais e bastões de montanhismo era uma missão impossível, para além de que se escorregasse, não tinha nada a que me agarrar, sendo garantida uma queda para o abismo. Após meditar algum tempo, acabei mesmo por desistir (muita coisa em jogo).
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O grau elevado de inclinação da escarpa fez-me ver que a decisão tomada foi a mais acertada. Quero poder continuar vivo para vos relatar outras aventuras, não acham!
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Na gíria, diz-se que tudo o que sobe acaba por descer. Neste caso foi ao contrário. A experiência ensinou-me que nunca devemos sair para este tipo de aventuras sem um “back-up plan”. É impressão minha ou já estive acolá, ao fundo. Pois é, toca a ganhar coragem e mexer o esqueleto (ossos do oficio).
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O “back-up plan” passava por contornar a montanha por outro lado. Vamos ver que surpresas me estão reservadas… Deste lado prometia, mas nunca devemos criar vitória antes do tempo, eheheh…
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Vim d’além. Conseguem ver as “yourtes”.
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Chegada a “Sautodoz 1.820 mts”. Trata-se de um abrigo de montanha com umas vistas fenomenais. O meu trilho segue por detrás do mesmo.
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Segunda surpresa do dia e como diz o ditado “um azar nunca vem só”. Para descer tinha que atravessar este trilho de neve, mesmo muito perigoso (ver sinal do lado esquerdo da foto). Sem botas especiais, a solução encontrada para manter a aderência foi caminhar pé ante pé sobre os calcanhares. Foram cerca de 160 mts, em que por vezes tive que me arrastar sentado. A cereja no topo do “cake” aconteceu a cerca de 50 mts do fim, em que a neve acabava e começava o cascalho resultante da desagregação da rocha, com pequenas rochas à mistura. “So far so good” e realmente correu bem, mas eis que quando começava a caminhar no trilho “dito normal”, ouço um ruído, viro-me e não é que vejo cerca de uma dúzia de calhaus a rolar encosta abaixo na minha direção. “Toca a meter a primeira” e parar mais à frente. Realmente em alta montanha assim como na vida em geral, nunca devemos tomar “nothing for granted”. Daqui a umas horas, vou passar junto aquela casa e seguir por aquela encosta abaixo.
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Esta foto é para os que porventura acharam que o atrás mencionado não passou de “bullshit”.
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Chegado a este ponto tinha 2 opções, ou seguia para baixo (trilho passa junto à erva no lado esquerdo da foto) ou seguia para cima (trilho junto à neve) que me conduziria aquele monte. Para iniciar quaisquer dos trilhos, tinha de atravessar cerca de 30 mts de neve (esta sim, da mais dura que encontrei até à data). Para trás era impossível regressar (muito tempo e energia despendidos, ver foto anterior). Após meditar bastante tempo e com a ajuda de ferramentas ter conseguido cortar dois ramos de um arbusto, resolvi avançar no gelo. A neve neste local não era o único problema, tinha ainda de vencer uma escarpa de + de 45º de inclinação. Bem meus amigos, posso dizer-vos que à medida que avançava, as pernas tremiam que nem varas (realmente aqui, tive-os na mão…) e senti a adrenalina e risco de desaire como nunca tinha sentido até hoje. Pé ante pé, a tremer, e com a ajuda dos dois paus, lá fui avançando. Demorei cerca de 10 minutos para completar a distância e então quando se está prestes a fazer o último passo é que a nossa mente está ao rubro. Não volto a repetir a graça, acreditem…
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Como podem ver, o erro aqui era fatal. Só de ver a foto, sinto um formigueiro, mas como dizia alguém “sei que vou morrer algum dia, ao menos que seja a fazer o que mais gosto”.
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O trilho lá prosseguia encosta acima.
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“***** para a neve”. Ainda mal refeito do susto anterior, eis que me surge novamente um obstáculo com cerca de 50 mts. Esta sim, devido à exposição solar, mais macia, mas mesmo assim, não devemos facilitar.
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Compreendem melhor porque nunca devemos facilitar em alta montanha.
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Vim de longe, não vim? Aqui podemos ver a entrada do túnel que atravessa a montanha e por onde circulam os comboios.
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Estação de comboios do “Jaman” a 1.742 mts. Abanquei-me numa das mesas e almocei enquanto por mim passava o comboio no seu vai e vem.
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Após o picnic, tinha planeado subir ao “Col du Jaman” que fica a 1.868 mts. Comecei a subir e chegado à placa que vêem na foto, esta informa-me que tinha cerca de 1h20 (subir e descer) de caminhada. Passava das 15h30 e o tempo aqui estava a ficar “bravo”. Achei que a vista não iria ser compensada pelo esforço requerido, sendo assim, abortei. Tirei esta foto, para que tenham uma ideia de parte dos locais por onde andei. Conseguem ver do lado esquerdo da foto, no cimo, o local onde fui impedido de prosseguir e obrigado a retroceder à base. Enquanto tirava a foto e porque a zona possuía uma boa acústica, ouço vozes. Saco dos meus binóculos e começo a perscrutar o horizonte e não é que encontro 3 malucos, ainda mais malucos que “myself”. Os mesmos encontram-se naquela mancha grande de neve do lado esquerdo da foto.
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Os 3 malucos, 2 a descer a vertente em snowboard e 1 a caminhar na neve. Assinalei a vermelho, sob pena de não conseguirem identificar. Sempre é verdade o adágio que diz que “haverá sempre um maluco, mais maluco ainda do que tu”.
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Aqui, o trilho prometia mas sabia que ia ser “sol de pouca dura”.
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Aqui está ela a “fuc…g snow”, sempre a massacrar e ainda por cima a subir.
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Lembram-se daquela casa que se via na encosta aquando do episódio mirabolante da neve. Bem, é esta e chama-se ao lugar “Chamossale 1.620 mts”.
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A partir deste ponto, ainda tenho cerca de 2h00 de caminhada até Montreux.
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O meu último adeus aos “Rochers de Naye”. Quem se recorda da série “Uma casa na pradaria” ?
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Como dizia Nietzsche “aquilo que não me destrói fortalece-me” e é por isso, que faço o que faço, para me libertar, para me sentir vivo. Quem já viveu momentos assim, sabe do que falo.

Acredito que esta volta dentro de 2 a 3 semanas esteja no ponto para ser efetuada sem stress e aconselho a mesma para quem estiver na zona. Não se trata de uma volta fácil devido às extensas distâncias com graus de inclinação superiores a 45º.

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 
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AFP70

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Bom dia Companheiros (as),

Remeto em anexo uma foto 3D do trilho realizado (com indicação do sentido de deslocação), isto para a eventualidade de alguém desejar repetir o mesmo. Como sempre, terei todo o prazer em poder acompanhar nesta volta quem assim o entender, basta contactar-me por email (bravosdopelotao@sapo.pt).

Cumprimentos,
Alexandre Pereira

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salgado52

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Depois de ver essa maravilha de fotos,só me apetece dizer duas palavras "no comments" e porque não "a picture is worth a thousand words"

Fica bem,curte melhor,pois quero continuar a deliciar-me com essas paisagens durante muito tempo.

Grande Abraço
 

AFP70

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Boa tarde Salgado52,

É sempre um prazer receber feedback…

Bem sei que este é um Fórum ligado ao BTT, mas como sabem há locais aqui, cujo acesso apenas pode ser feito através de caminhadas, daí a mistura no mesmo tópico de trilhos efetuados a pé e outros efetuados em BTT (sou amante dos dois).

A ideia de base ao criar este tópico, foi sempre a de partilhar experiências, aventuras, paisagens, etc…, ou seja, não quero privar os “users” d’aquilo que os meus olhos veem, ou do que o meu coração sente.

Espero poder continuar a surpreender, a não ser que o diabo me pregue alguma partida, eheheh…

O único “handicap” que neste momento tenho é que para onde quer que vá, tenho sempre de ir “alone”, pois a comunidade aqui residente, parece não ter qualquer interesse neste tipo de atividades (quiçá, um dia destes não seja surpreendido).

Um abraço e continue a deliciar-se ;),
Alexandre Pereira
 
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