Também quero deixar aqui o meu testemunho relativamente ao conceito e organização desta prova.
Quando me iniciei no BTT, não havia maratonas, o pessoal encontrava-se de forma espontânea e realizava passeios mais ou menos organizados, recordo-me dos míticos passeios de Primavera, de Outono, etc, da não menos mítica Velocipedi@ que já nessa altura permitia-nos percorrer alguns dos lugares mais interessantes do país.
Na primeira maratona que fiz (eram elas uma novidade no nosso país) fiquei deslumbrado com os quinhentos e poucos participantes que para mim eram uma multidão imensa.
Essa foi a 1ª das muitas maratonas em que participei e assisti ao crescimento enorme do nº de participantes de tal forma que este tipo de provas passou a ser uma manifestação de força daquilo que se chama desporto de massas, interessantes para quem assiste mas stressante para quem participa ao ponto de se criarem engarrafamentos e longas filas de espera, qual IC 19 em hora de ponta.
As maratonas foram-se espalhando por todo o país e multiplicaram o nº de participantes.
Banalizaram-se, deixaram de me atrair e voltou a nostalgia daqueles passeios pioneiros da velolcipedi@ com alguns bons amigos que ainda hoje permanecem para a vida.
Este ano de 2009 encontrei finalmente algo que me preenchia no vazio e na nostalgia do passado e me fazia recordar os primeiros tempos do BTT.
O Georaid não é de facto uma prova de massas, quem vai lá, deve saber para o que vai,
As dificuldades da prova traduzidas essencialmente nas grandes quilometragens e enormes altimetrias são de longe compensadas pelo atravessamento das mais belas paisagens de montanha do nosso país.
O conteúdo do regulamento e os avisos dados nos briefings fazem facilmente concluir que não é uma prova qualquer, nem é uma prova para todos, e nem é pelo preço de inscrição, considerando que são dois dias.
A prova disso é o reduzido nº de participantes (pouco mais de 200), o qual, aliado ao conceito de prova por equipas, por etapas e por handicaps, à sua grande dificuldade, aos locais que atravessa, e tudo isto em completa autonomia e sujetos às vicissitudes do terreno, já que a gestão do esforço, dos reabastecimentos sólidos e dos líquidos, a par do ritmo da pedalada são determinantes da estratégia a seguir com vista a conquistar o nosso objectivo.
Se juntarmos isto ao grande rigor da organização, traduz-se num evento da mais alta qualidade em que o factor selectivo é fundamental para evitar que se transforme numa manifestação de desporto de massas como é o caso das maratonas em que nos dão água, fruta e bolos de 20 em 20 quilómetros e a única coisa que temos de fazer, isto é, o único factor selectivo é o ritmo da pedalada e da força física.
Isto não é de facto para todos e só vai quem quer ou pode.
Também é certo que, há alguns que por distracção, só se dão conta no que se meteram, a meio, que a prova não é como pensavam e não voltam mais, estão no seu direito. Concerteza que para o que ambicionam, existem todas as semanas eventos também eles, apesar de diferentes, bem organizados.
Este na minha opinião, está muito bem assim e contem comigo para o ano.
O BTT na sua essência pioneira organizado por quem na verdade sabe e tem experiencia de muitos e bons anos.
(Ó A. Girão, não há dúvida que isto está mesmo feito para os velhos com raça e fibra como nós).