Re: G100 - Grândola 100 - Grândola 1 de Abril 2007
Já entrámos no off-topic, e eu como admin até estou a dar o mau exemplo
Mas como no domingo tenho empeno garantido, acho que é penitencia suficiente para fazer mais 1 post off-topic aqui :mrgreen:
Aproveito para começar por dizer que eu não defendo que "caro é bom" num contexto geral (tirando os carros da Audi :mrgreen: :lol: ), defendo sim que o "caro" tem uma razão de ser.
A questão, basicamente é sempre a mesma: Se entidade X, consegue organizar um evento com um custo de inscrição Y, porque é que entidade Z que organiza o mesmo tem um custo de 3Y ?
É simples, com patrocinios em géneros, em dinheiro, e com despesas suportadas por outros. Porque é pura e simplesmente impossível realizar um evento sem qualquer apoio por 10€, basta fazerem as contas com estes números redondos:
- 5 € para seguro
- 7 € para refeição (e já entramos em saldo negativo)
- 5 € para um brinde (depende dos brindes, alguns são mais caros, outros mais baratos)
- 3 € para abastecimentos
Só aqui já vão 20€, e um saldo negativo de 10€ para a organização.
A isto acrescem todo uma série de despesas que se prendem com a logistica: deslocações, telefonemas, impressão de documentos e frontais, plastificação de frontais, zip-ties, sinalização de marcação de percurso, e por aí fora.
Se os telefonemas que se fazem não forem à conta do patrão lá da empresa, se as deslocações e reconhecimentos não forem com uns veículos da Cam. Municipal e à conta destes, se.... é fácil perceber, se por outro lado estas despesas não forem suportadas pela organização, então é possível com 10€ fazer a festa.
Outra questão que transtorna as pessoas em geral é que estas entidades que cujo estatuto é sem fins lucrativos, tenham propósitos lucrativos com estes eventos.
A loja tem que lucrar porque é a subsistência da pessoa, e um clube não tem que lucrar porquê? A minha afirmação tem o seu cabimento, uma vez que tenho alguma afinidade com duas entidades que organizam os eventos de BTT e dou-vos vários exemplos concretos que mostram que independentemente da carolice e da boa vontade, há muita coisa que só se consegue fazer com dinheiro e estas entidades devem portanto tirar lucro dos seus eventos.
Em 2005 por alturas do Natal, estava por perto de Grândola, e aproveitei para fazer uma visita ao meu amigo Vítor Sobral do Rodas Clube tomar um café e desejar-lhe umas boas festas, andava o homem atarefadissimo com o carro cheio de bolos rei e cartões de boas festas para entregar às mais variadas entidades que colaboram com o Rodas Clube nos seus eventos, e agora pergunto, quem é que tem que pagar esses bolos rei? O dono da pastelaria? O Vítor Sobral do seu bolso? Ou será o Rodas Clube?
São pequenas coisas como estas, que passam completamente desapercebidas da maioria das pessoas que participam nos eventos, e isto é só um exemplo, é certo que o Rodas não tinha que oferecer bolos nem cartões de boas festas, mas toda a gente gosta não é?
Sabiam por exemplo que o Rodas Clube já contribuiu com dinheiro para os Bombeiros Voluntários de Grândola? Provavelmente desconhecem isso, pois não foi apregoado, e fizeram-no de forma desinteressada.
Outro exemplo: ainda há pouco tempo houve uma homenagem ao Nuno Amaral e ao João Pereira, a Secção de BTT do Ferróbico ofereceu umas lembranças a estes nossos companheiros, mais uma vez eu pergunto, quem é que tem que pagar essas lembranças?
Mais exemplos: A criação e manutenção dos websites das organizações, que regra geral recorrem a alguém especializado e que são pagas, e que não são nenhuma bacatela.
E muitos mais exemplos vos teria para dar, a justificar porque é que estas entidades precisam de dinheiro, e que nós, participantes temos que garantir a subsistência destas entidades para que estas tenham condições para nos brindar com bons eventos por muito mais tempo (se realmente gostamos dos seus eventos claro), é que por muita carolice que existe, é pura e simplesmente fazer chouriços sem sangue. Recordem-se que os eventos nunca começam e nunca acabam nos dias em que decorrem.
Como é evidente, dada a minha afinidade ao Rodas Clube, a minha opinião pode ser considerada suspeita ou tendenciosa, mas é essa mesma afinidade, e o contacto com estas pessoas que me fez tomar consciência de que as coisas não são assim tão lineares como muitas vezes nós analisamos na óptica de participante.
Perdoem-me ter enveredado por este off-topic, e a extensão do meu post, mas senti que devia partilhar factos dos quais tenho conhecimento, e mais que isso, sinto que estas pessoas merecem muito, mas muito reconhecimento por aquilo que fazem, e sei perfeitamente o que lhes custa e o quão desmotivante podem ser as palavras de quem não tem um conhecimento profundo sobre o funcionamento das coisas, e faz uma análise superficial.
Um especial abraço para o Vítor Sobral, pela sua dedicação, empenho e profissionalismo (só não digo que é um exemplo a seguir porque para além de parecer que tou armado em lambe botas, o Vítor pedala pouco :mrgreen: :twisted: :lol: )
Um grande abraço também para o Valter Matos, para o Nuno Ferreira, para o Luís Romão para o Augusto Ramos e para tantos outros que trabalham e colaboram para que os eventos do Rodas tenham a qualidade que têm.
A eles o meu agradecimento.
Escrito isto, acabo de alcançar várias coisas:
A perda de qualquer credibilidade de imparcialidade que eu poderia ter;
Com tamanho testamento roubei o titulo de "Fidel" , ou talvez tenha ganho o título de Fidel Honorário;
E a 2997ª mensagem que escrevo aqui no fórum.
E agora vou dormir que são quase 5 da manhã.
Boas pedaladas a todos.