Les Pléiades ou quando um Bravo vira terronauta…
Que raio de título para uma crónica, pensarão alguns dos leitores, mas os mais perspicazes conseguiram entender qual a simbologia associada ao mesmo. Fico a aguardar respostas, eheheh…
Como sabem, nesta altura do ano é muito complicado andar de bicicleta nesta zona, uma vez que não obstante a quantidade de neve existente nos trilhos, temos ainda de penar sob o efeito das baixas temperaturas (de -5ºC a -15ºC, isto durante o dia).
Lausanne e toda a área em redor do “Lac Léman” têm para além disso ainda outra agravante que dificulta ou impede a prática de BTT durante o inverno e que dá pelo nome de “Bise”. Trata-se de um vento frio que desce das montanhas suíças a Nordeste e que depois se abate sobre as margens do lago. A título de exemplo, um destes dias efetuei uma caminhada nos arredores da cidade, saí com uma temperatura de -10ºC e após alguns quilómetros regressei à base, não porque estivesse com frio, mas porque devido a esse vento, todo o meu rosto (sobretudo a zona do queixo), tinha ficado insensível, à semelhança do que acontece quando um dentista nos espeta uma ou duas injeções para anestesiar a zona a tratar. Agora imaginem, o que é pedalar com essas condições.
Uma vez que não consigo com este frio satisfazer o meu vício e como ainda não exerço uma atividade regulamentada, há que arranjar outras formas de poder “rolar” em montanha.
Como já tiveram oportunidade de ler em crónicas anteriores, sou adepto das caminhadas, pelo que mais uma vez relato a última efetuada. Esta iniciou nos 1.405 mts (Les Pléiades) e terminou nos 621 mts (Blonay), tendo realizado cerca de 9 kms.
O dia estava fantástico com temperaturas na ordem dos 5º a 7ºC e S.Pedro esteve muito bem, conforme poderão constatar nas fotos.
Eis os registos do dia.
O meu quintal... Conseguem visualizar “Les Pléiades” 1.405 mts
“Blonay” 621 mts e destino final do meu périplo
Comboio que me levou de “Vevey” até “Blonay”
“Gare des Pléiades”, ponto de partida da minha aventura
Mapa das 7 pistas de “Les Pléiades”. Não se trata de uma estância de ski muito grande, nem muito concorrida. Do que observei, um bom local para a aprendizagem (possuem escola de ski e snowboard). Achei excelente o preço de 55,00 CHF para 2h30 de instrução (fora o aluguer de botas e skis ou prancha)
Uma das pistas
Como constatam o dia estava espetacular e no entanto pouca gente
Mais do mesmo (só para salivarem, eheheh…)
A elevação do lado direito é o “Dent du Jaman” 1.875 mts. A elevação mais alta do lado direito, ao fundo é o “Rochers de Naye” 2.045 mts. O acesso até ao “Rochers de Naye” faz-se de comboio (chamado aqui de funiculaire) e se repararem na montanha do meio, vê-se parte da linha (na diagonal)
Em pano de fundo do lado direito da foto vê-se a “Tour D’Aï” 2.331 mts, parecem dois dentes, o que me recordou a famosa personagem “O emplastro”
Aquelas montanhas do outro lado do lago “Léman” já são francesas
Um bom instantâneo do “Dent de Lys” 2.014 mts
Junto ao lago, a cidade de Vevey a 383 mts. Em conversa com uma nativa, foi-me dito que somente a partir de Abril, esta neblina deixa de existir, até lá, paciência
Início da caminhada perfeitamente sinalizada
Conhecem a água à venda nos hipermercados da marca “Evian”, pois estas são as montanhas que lhe dão origem
Pois é, nesta zona pratica-se parapente, daí o pormenor da foto anterior
Mais um pormenor de Vevey
Embora não se note, esta descida tem uma inclinação superior a 40º. Julguei que ia desencadear uma “avalanche”, eheheh…
Por vezes tinha de atravessar florestas…
E mais florestas…
Aqui, cometi um erro de “judgment”, acontece aos melhores. Em vez de percorrer o trilho, atalhei através da neve com vista a atingir o cume (espaço visível na foto). Decisão errada, uma vez que a cada passo dado, enterrava-me na neve até ao joelho e por vezes mais. Valeram-me os protetores de canela que normalmente visto, isto para não humedecer a ossatura. Tenho seriamente de pensar em adquirir umas “raquettes”, uma vez que para além de evitar que me enterre na neve, permitem que faça passadas mais largas. No caso em apreço, somente conseguia efetuar passadas de 20 cm
“Le Moleson” a 1.974 mts
Uma das “planícies” que tive de atravessar a custo (neve muito mole)
Regresso à normalidade
Mais uma bonita floresta
O trilho passa junto aquela casa
Montreux ao fundo, junto ao lago
Nesta altura do ano as “vaquinhas suiças” andam por outras paragens
Ponto da situação, ainda tenho cerca de 1h10 até ao meu destino final “Blonay” a 621 mts
Lindo brinquedo (Hummer H2), pena o preço. Neste local justifica-se, uma vez que as bermas da estrada apresentavam mais de um metro de neve
Cada vez mais próximo do meu destino
Pormenor da linha de comboio (diagonal preta) que dá acesso ao “Rochers de Naye” 2.045 mts
Zona mais técnica (evitar quedas devido ao degelo e raízes de arvores) da caminhada
“Após a tempestade vem a bonança”, assim diz o povo
Esta foi a minha “boleia” que me levou de “Blonay” até “Les Pléiades”. Ao longo de toda a linha temos uma cremalheira na parte central, a fim de imobilizar o comboio em caso de falha de travões
“Château de Blonay”, construído em 1152 e ainda pertencente à família “Blonay”. Mais informações em
www.deblonay.ch
Mais uma foto do “Château” (bem bonito diga-se de passagem)
Após este interregno forçado de quase 2 meses, esta caminhada soube mesmo muito bem e permitiu-me ter uma ideia de como é estar e andar lá em cima. Há muito por onde escolher e inclusive já tenho em meu poder um mapa topográfico que indica todos os caminhos pedestres existentes, desde Vevey até Montreux e arredores (a ideia é tentar conciliar trilhos de caminhadas com BTT, a ver vamos se é exequível).
Gostei muito da estação de ski “Les Pléiades” pelo fato de ter pouca gente e ter boas pistas (compridas Q.B), isto para quem se quiser iniciar nestes domínios. Em minha opinião, uma boa alternativa às estâncias mais concorridas que ficam na periferia.
Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…
Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…