Au château, les moutons de la rue n’auront pas d’ennuis (*)…
Decorreu mais de um mês desde a minha última crónica, pelo que depositava grandes expectativas nesta volta. A mesma já tinha sido abortada há cerca de 3 semanas em virtude de uma avaria inexplicável no cartão do meu equipamento fotográfico. Durante estas últimas semanas o tempo esteve sempre chuvoso, pelo que a cada dia que passava aumentava o meu desespero até que no dia anterior consegui ver uma aberta (céu nublado com eventual possibilidade de chuva e temperaturas entre os 8º e 16º, isto segundo informação do
www.yr.no ). Perante este cenário e como a “fome” era tanta, não pensei duas vezes.
Quando planeei a volta, baseado em informações turísticas presentes na net e mapas, decidi arrancar de Lausanne, passando por Oron (Castelo) com destino a Moudon (Cidade medieval) +/- 33 kms e se ainda tivesse pernas ainda dava uma saltada até aos arredores d’Yverdons-Les-Bains (Castelo de Grandson); sendo que o regresso seria decidido em função do estado deste viciado (Ahhhh! Como a mente pode ser tão ingénua, mas é como digo a fome era tanta e tenho tendência a comer mais com os olhos do que com as pernas, não medindo os efeitos colaterais pós digestão).
Como disse, o dia prometia, mas alguns companheiros de infortúnio (deslocalizados tal como eu), tinham-me advertido que aqui na Suíça é possível num só dia termos aleatoriamente as quatro estações (não sei porquê mas soa a Vivaldi, eheheh…). Não liguei e lá segui “a minha demanda”, tendo durante o percurso feito a descoberta do “Château de Rue”, que por sinal não vinha assinalado nos mapas consultados (há azares que vem por bem).
Quando cheguei a Moudon eram cerca das 14h30, eis que sem aviso prévio cai uma carga de água (em Portugal, nunca me recusei a rolar à chuva, lama, etc…, mas aqui devido a contingências do hotel 5* onde habito, estou um pouco limitado).
Perante este cenário, saquei do meu impermeável, abandonei o projeto de dar uma saltada ao terceiro castelo e toca a definir o trajeto mais curto para regressar à “Home, sweet home”. A opção mais inteligente, atendendo às condições climatéricas que se degradavam a cada momento foi seguir via estrada nacional até Lausanne. Não me arrependo da opção, mas foi complicado uma vez que cruzei muitos carros, camiões, subi montes e vales de elevada inclinação, tudo isso regado com chuva, vento e frio à vontade do freguês (Why god?)
Enquanto rolava, por vezes em desespero de causa, tal era o esforço requerido, rezava para que não fosse atropelado, embora quanto a isso, os condutores suíços são muito respeitadores dos ciclistas (distância de segurança para efetuar uma ultrapassagem), mas como diz o ditado “um azar, nunca vem só”.
Iniciei o meu périplo por volta das 10h00 e terminei por volta das 18h00, tendo percorrido cerca de 75 kms (vale o que vale…)
Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página
Bravos do Pelotão, ver crónica Nº021).
À saída de Lausanne. Catedral em pano de fundo e o dia prometia (puro engano, conforme vim a descobrir, mas “hélas” já era tarde).
Mais uma foto com as montanhas francesas. Como referi em crónicas anteriores, a partir de agora, a bruma que impedia bons instantâneos vai deixar de surgir (ainda bem).
Início da minha entrada em zona de monte.
Confesso, que gostei da paz que o local incutia. Um verdadeiro oásis de meditação e contemplação.
Agora sim, trilhos como eu gosto. Afinal não planeei esta volta em vão.
Mais do mesmo através de frondosas florestas, que nesta altura do ano voltam a ganhar cor e forma (Winter rules).
Considero-me um “homem de monte”, na verdadeira aceção da palavra, pelo que sempre que se justifica, coloco fotos destes locais
Gostei do contraste e o tempo começava a querer dar sinais de mudança. Há quem defenda que na Suíça, num único dia, podemos passar pelas 4 estações.
Em pano de fundo do lado esquerdo, os dois dentes da “Tour D’Aï” com os seus 2.331 mts. Por enquanto impossível lá ir já que neve é o que não falta.
United Colors of Benetton (Moutons), bem representativo do estado atual da Suíça.
Já fui muito feliz, junto aquela torre (Mont Pélerin – 1.080 mts) no cimo do monte (ver crónica nº018).
Início do single track que me conduziria até ao “Château D’Oron”.
“Château D’Oron”, construído no Séc.XII. Mais informações em
www.chateaudoron.ch .
Entrada principal do castelo.
Mais do mesmo, vista traseira.
Ponto de situação, com vista a seguir para Moudon (destino final da aventura). Acabei por descobrir mais um castelo em Rue, digno de registo.
Esta zona de planalto, está salpicada de pequenas florestas, bosques e os campos são de um verde resplandecente, onde predominam estas flores de cor amarela.
“E a ponte pá!”. Nada a fazer, tive de atravessar à la mano, sem problemas (deu para aproveitar as árvores caídas)
“Château de Rue”, construído antes de 1155. Mais informações em
http://www.swisscastles.ch/fribourg/rue.html
Único acesso possível ao castelo. Sinceramente não sei como fazem as pessoas em cadeiras de roda ou com mobilidade reduzida (Swiss Rules).
Entrada principal sob o olhar da minha fiel companheira, que nesta altura já me azucrinava a moina, clamando por um banho. Aguenta filha, não és a única!
Vista traseira do castelo.
Não. Não estamos na Póvoa de Lanhoso. Os Suíços têm “penedos” mais pequenos, ehehehe…
Toca a seguir viagem para Moudon.
Vim detrás daquele monte ao fundo.
Ao longo do percurso, atravessei muitos caminhos similares, por entre aldeias similares, florestas similares, ou seja aqui nesta zona, tudo é similar.
At least “Moudon”. A vila é atravessada por dois rios e existe desde a época romana. Mais informações em
http://www.moudon.ch/fr . Gostei muito da zona medieval e centro histórico.
Nas zonas junto ao rio, julgamos estar em Amarante.
Igreja St.Etienne de Moudon, cuja construção foi iniciada em meados do Séc.XII. O relógio não engana, ainda tenho de pedalar cerca de 2h30 até chegar à “home, sweet home”.
Foi uma volta como se diz na gíria portuguesa “assim, assim”, pois permitiu-me adicionar mais dois castelos à coleção, no entanto as zonas atravessadas eram muito similares (em relevo, florestas, bosques, campos, etc…).
Voltei a sofrer do síndrome “rolar abaixo dos 1000 mts”, pelo que a próxima aventura deverá compensar esta lacuna.
Por natureza sou alguém de muito prático, pelo que quando cheguei ao “domus” e uma vez que a “cabra” vinha toda camuflada, optei por dar-lhe banho no curral, neste caso na banheira. Porquê? Perguntam vocês. Porque é o único lugar do apartamento onde tenho uma mangueira que “esguicha” água sob pressão (chuveiro). Foi uma “cena” bastante hilariante, mas como devem calcular, estamos na Net e não podia postar aqui uma foto, sob pena de represálias, eheheh…
Para finalizar o título da crónica, embora não diga nada à primeira vista, foi tão simplesmente um jogo de palavras que encontrei para mencionar os locais por onde rolei, em que:
Mouton (ovelha), rima com Moudon (Cidade medieval)
Rue (rua), igual a Rue (Castelo de Rue)
Auront (verbo ter, no futur simple), rima com Oron (Castelo de Oron)
Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…
Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…