ricoliveira:
Deixa-me só raptar o tópico e fazer um pequeno grande reparo, para que não se propague essa ideia de que a autarquia de Valongo nada faz em prol do BTT no concelho e especialmente pela preservação do suporte físico do desporto, que são as serras do concelho.
A esmagadora maioria dos utilizadores lúdicos da Serra de Santa Justa e Pias, desconhece que já pedalam em Área de Paisagem Protegida de Âmbito Local desde Dezembro de 2010.
A competência de classificação destas áreas protegidas locais foi, durante muito tempo, exclusivamente governamental. Por isso, em 2003 a autarquia apresentou ao então Instituto de Conservação da Natureza uma proposta de classificação das Serras como área protegida, na sequência de várias reuniões prévias com esse organismo e depois de contactos com as Autarquias de Gondomar e Paredes. Não obteve qualquer resposta ao longo dos anos de contactos quer com o ICN, quer com diversos organismos de influência local.
Assim, o processo foi-se arrastando. Felizmente, existiu uma mudança de paradigma que passou para as autarquias a capacidade de instituirem autónomamente Áreas de Paisagem Protegida de Âmbito Local. De imediato Valongo pegou na oportunidade e deu andamento ao processo, que culminou com a aprovação em Assembleia Municipal, por unanimidade, do projecto de classificação.
Na prática isto traduz-se no facto de que a serra começará a ser monitorizada, organizada e transformada de acordo com os padrões de protecção ambiental que se impõem numa Área de Paisagem Protegida de Âmbito Local.
Obviamente uma situação que levou 30 ou 40 anos a criar - numa primeira fase com a invasão de eucaliptos na serra e, mais recentemente, com a persistente destruição de trilhos por parte de alguns praticantes de desportos motorizados e erosão circundante que daí advém - não se resolve em meia dúzia de meses.
Ainda mais quando falamos de espécies vegetais com períodos de crescimento na ordem das décadas...
Há planos muito concretos no sentido de desafectar grandes áreas de eucalipto que actualmente são exploradas para fins comerciais, substituíndo-as por espécies autóctones como carvalhos, sobreiros, castanheiros, medronheiros, entre outros.
Aliás, já foram efectuadas diversas campanhas de reflorestação, quer em área ardida, quer em área previamente ocupada por eucalipto, que visam precisamente recuperar essa mancha florestal original da serra.
Conseguirás encontrar uma delas vindo do parque da cidade, quando se sobe pelas Águas Férreas e que foi recentemente reflorestada com espécies que se enquadram na mancha de vegetação que há longas décadas recobria a serra.
Existe também uma orientação no sentido de proibir futuramente a circulação de veículos motorizados na área protegida, como parte de uma clara intenção de preservação da serra.
Tudo isto irá, a longo prazo, beneficiar também a comunidade BTTista que utiliza a serra de forma recreativa e, certamente, criar melhores condições para a prática deste desporto que tanto gostamos.
No imediato, já terás notado certamente que as bermas do estradão de couce se encontram bastante mais limpas do que em anos anteriores, e que o corredor ecológico continua a ser um sucesso, junto de todos que querem usufruir da serra.
São pequenos passos, mas que vão sendo tomados para devolver a serra à cidade e a todos os que dela queiram usufruir, em respeito pela preservação do último grande pulmão da área metropolitana do Porto.
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Para não fugir muito mais ao tópico, resta-me dar os parabéns à organização por, mais uma vez, ter conseguido o feito de levar os participantes a conhecer o complexo Xisto-Grauváquico de Valongo e a sua implacável dureza, arrancando não mais que sorrisos à chegada. Quando somos sacudidos assim e terminamos mais contentes do que começamos, é sinal que foi mesmo muito bom!
Venha a próxima!