Coutada, no geral estou de acordo contigo, e só discutiria dois pormenores:
A questão do perfil das grandes voltas é sempre relativo, já que o problema para um hipotético não dopado no pelotão não é tanto o perfil das etapas mas o ritmo imposto. Agora, obviamente, quanto mais selectivo for o perfil, mais vantagem retira daí um dopado.
Depois, não me parece verdade que todos dopem, mesmo em grandes voltas onde a recuperação é mais difícil, e isso é uma tese muito útil a equipas ou DD's que querem convencer os seus atletas a doparem. Há um bom exemplo, de um leak de uma conversa de e-mail entre dois ex ciclistas da US Postal, onde o Jonathan Vaughters referia-se precisamente a isso. Na época áurea do doping, início de 00's, eles dopavam-se na US sob o pretexto que "toda a gente o faz". Ora o homem sai para a Crédit Agricole, e eles lá não o faziam... inclusive o Christophe Moreau fez um top 30 a começar o Tour com hematócrito de 37 ou 38%, quando quase toda a gente andava a bater no limite dos 50, mesmo no último dia de prova. Talvez fosse o exemplo de outro Christophe, o Bassons, com quem conviveu na Festina e que era o único da equipa que se recusava a dopar e era marginalizado e gozado por muitos colegas de equipa ao jantar... E mesmo assim tinha qualidade para lá andar, como gregário. Valia-lhe a consolação de dar malhas no Virenque e em todos os outros nos estágios de inverno e início de época... Hoje em dia, com o controlo mais apertado, acredito que haja por aí uns top 10 em grandes voltas limpos.