Esta história é muito triste, os meus sentimentos à família.
E pode acontecer a qualquer um, é preciso ter muito cuidado e até alguma sorte.
Deixo aqui um excerto do livro do Lance Armstrong, "Vontade de Vencer" (It´s not about the bike):
"Passei a minha vida a competir de bicicleta, desde as estradas secundárias de Austin, no Texas, aos Campos Elísios, e sempre pensei que se sofresse uma morte prematura seria porque um rancheiro qualquer me teria atirado de cabeça para a valeta com uma Dodge todo-terreno. E acreditem, pode acontecer. Os ciclistas travam uma guerra contínua com os tipos dos grandes camiões, e já me bateram tantos veículos, por tantas vezes, em tantos países, que já lhes perdi a conta. Aprendi a tirar os meus próprios pontos: basta uma tesoura para as unhas e um estômago forte.
Se vissem o meu corpo por baixo da camisola de ciclista, saberiam do que estou a falar. Tenho cicatrizes róseas em ambos os braços e marcas descoloradas nas minhas pernas, que mantenho sempre rapadas.Talvez seja por isso que os camiões estão sempre a tentar atropelar-me: vêem as minhas pernas de mariquinhas e resolvem não parar. Mas os ciclistas têm de rapar as pernas porque se ficarmos com gravilha na pele é mais fácil limpá-la e pôr ligaduras se não tivermos pêlos.
Num momento estamos a pedalar na estrada e de repente, boom, estatelamo-nos no chão. Somos atingidos por uma onda de ar quente, sentimos no céu da boca o sabor acre, a óleo, do fumo do escape e tudo o que podemos fazer é praguejar contra as luzes que se afastam."
Pode acontecer a qualquer um. Não sei o que faz um volante de especial que, quando estão atrás dele, as pessoas transfiguram-se. A mesma pessoa que dá educadamente passagem a outra ao entrar no elevador, insulta, buzina e até agride se for ao volante.