Boas noites amigos...
Os preparativos estão andar a bom ritmo para o 1ºBTT Ganhões..,os percursos tambem já estão definitos e já agora um pouco de seca:fpalm: mas também historia do nosso povo e o porquê de chamar-mos este evento de
BTT Ganhões.....
uau , que moralista e grande historiador o sr merino me saiu
Há muito que foi sobejamente demonstrado que o Alentejo é uma região com uma identidade cultural própria. Assim o atesta a sua paisagem singular, o carácter do seu povo, o trajo popular, a arte popular, o cancioneiro popular, o cante, a casa tradicional
e é claro a gastronomia, que anualmente está em grande destaque em Estremoz, na Cozinha dos Ganhões, que em Novembro de 2010 vai ter a sua XVIII edição.
Na Cozinha dos Ganhões é possível partilhar com os outros, o prazer da gastronomia alentejana.
Mas afinal o que é um ganhão???
Ganhões eram os moços da lavoura e de outros serviços, como cavas, acarretos, eiras, etc. A colectividade que os agrupava denominava-se por ganharia ou malta. Muitas vezes existiam rapazes de 14 a 16 anos, que só se consideravam ganhões depois de lavrarem toda uma época de uma sementeira outonal.
Entre os ganhões de uma casa havia duas categorias: os de “pensão” (anuais, que se acomodavam por muito tempo e que, por vezes, eram encarregados interinos) e os “rasos” (eram temporários, de poucos dias). O ganhão raso era simplesmente máquina de trabalho, ganhava pouco e era constantemente fiscalizado.
A “casinha dos Ganhões” era o dormitório, a casa de descanso dos ganhões ou dos moços da lavoura, que constituíam a ganharia. Como se pode supor, tem semelhanças com as casernas dos soldados. Na maioria dos casos era uma casa ampla que acomodava vinte a trinta homens. Todas elas tinham sempre uma lareira espaçosa, num dos cantos ou no centro, que era por eles designada de chaminé. As paredes eram caiadas de branco, mas na sua maior parte estavam enegrecidas do fumo da lareira. Era aí que se juntava a criadagem nos serões, sentados nos burros (bancos rústicos de pernadas de azinheira) aquecendo-se e enxugando-se das chuvadas que sofriam durante o dia. As tarimbas erguiam-se em redor das paredes, formadas por leitos de carros velhos, portas inutilizadas, tábuas, etc., revestidas com rama de piorno, giesta e palha. A copa (vestuário), safões, chapéus, esteiras e calçado amontoavam-se, sem que mão bondosa se lembrasse de os arrumar. Mas para os ganhões estava tudo bem. O arranjo, a compostura e a limpeza eram para as mulheres e para as suas casitas de vila ou aldeia.
A copa (vestuário), safões, chapéus, esteiras e calçado amontoavam-se, sem que mão bondosa se lembrasse de os arrumar. Mas para os ganhões estava tudo bem. O arranjo, a compostura e a limpeza eram para as mulheres e para as suas casitas de vila ou aldeia.
As noites eram divertidas. A maioria eram rapazes novos, cheios de vida e sem grandes preocupações. Faziam simulações de touradas, jogos de brincadeiras para logro dos novatos e dos mais velhos que, já cansados, rejuvenesciam e recordavam as partidas que eles mesmos já haviam feito e das quais tinham saudades. Noutras noites os papéis invertiam-se, eram os mais velhos que distraíam os mais novos, tomando ares de superioridade paternal. Propunham adivinhas, recitavam décimas, narravam contos e episódios de guerra ao ponto dos moços exclamarem:”Caramba rapazes! Sempre o tio fulano sabe muito!... É poço sem fundo! Não sei como lhe cabe na cabeça tanta coisa!!! Se fosse homem de letras era doutor!...''
Como era então a sua cozinha???
A Cozinha dos Ganhões era pobre de meios e alimentação. Os Ganhões eram trabalhadores agrícolas que tudo faziam, alimentando-se do que lhes era dado pelos ricos Lavradores das Herdades.
A comida fornecida aos Ganhões era frugal, e sempre pouca em quantidade, excepto no pão, que era servido com abundância.
O almoço era às 7 da manhã, o jantar ao meio dia e a ceia ao sol posto. Entre as grandes refeições merendava-se pão com azeitonas, ou outro “conduto” como queijo.
Ao almoço dava-se sopa de cebola ou alho, com conduto de azeitona e meio queijo. À ceia comiam açorda (pão aos bocadinhos, água quente, alho batido, muito pouco de azeite e raramente coentros ou poejos) com azeitonas no Inverno e gaspacho (água fria, bocadinhos de pão, muito pouco azeite e alho esmagado) no Verão.
Tudo podia variar entre Herdades, e áreas regionais, pois outras havia que davam refeições como grãos de azeite ou carne (toucinho ou enchidos velhos), cozinhados com hortaliças e batatas (refeição que podia ser dada ao jantar). As gorduras que compunham as refeições eram de origem vegetal e animal, eram dadas em dias certos da semana, sendo as de carne as mais apreciadas pelos ganhões, se bem que era sempre muito pouca.
Contam antigos Ganhões que dentro da sua Cozinha (Casa dos Ganhões), na hora das refeições, quando o Abegão (que era quem mandava nos Ganhões e distribuía tarefas) chamava para almoço, tinha de se tirar o chapéu logo à entrada. Depois de todos sentados, com o Abegão à cabeceira da mesa invulgarmente comprida, mas modestamente construída por grossas tábuas, só podiam principiar a refeição após o chefe dizer - “Com Jesus”. Depois só se levantavam quando o Abegão dissesse - “Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo” (aliás o mesmo se passava no principiar e finalizar do dia de trabalho).
Em certas Herdades comiam todos do Barranhão, que era um grande recipiente onde era preparada a comida, e pelo qual todos tinham de comer à vez, com as suas colheres. O Abegão distribuía toucinho, morcela ou farinheira em partes mais ou menos iguais entre os Ganhões.
Como surgiu a ideia da Cozinha dos Ganhões em Estremoz também muito conhecida pelas "TASQUINHAS"??..
"Em Abril de 1985, num convívio de vinhos e petiscos, sentámo-nos à mesma mesa o João Albardeiro, o Jacinto Varela, o Armando Alves, o João Paulo e o Aníbal Alves . Petiscos saborosos e vinho de qualidade, e a ideia nasceu: e se fizeram uma casa de petiscos para a feira de Maio! (...) Cada tasca, cada restaurante, cada cozinheiro, em dias diferentes, apresentaram as suas especialidades. Tratou-se ainda, com grande participação, da promoção e divulgação de vinhos alentejanos."
(COZINHA DOS GANHÕES - Boneco de Estremoz das Irmãs Flores. Fotografia de José Cartaxo)
Bibliografia
Blog "Eu tu e o gadanha... Estremoz aqui"- retirado de: Aníbal Falcato Alves – Os comeres dos Ganhões. Memória de outros sabores,
Porto, Campo das letras, 1994, página 7.
Site da Wikia-Museu Municipal de Estremoz
Blog:viagens por ca e por la -Fonte de:A.J. SARDINHA DE OLIVEIRA -Verbo Enciclopédia Luso-Brasileira de Cultura
Blog: do tempo da outra senhora- Hernâni Matos
Cmps e boas pedaladas...