Travessia da via algarviana....

proque

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Sim foi abolido com a implantação de República. No entanto, sendo um segundo reino no território continental português, de direito, após a reconquista nunca foi, de facto, um reino com instituições próprias. O rei era simultaneamente "rei de Portugal e do Algarve".
 

juik

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E na bandeira nacional ali se encontram sete castelos algarvios. Também poderemos dizer que vocês "passaram as passas do Algarve" expressão cuja origem também nunca vi bem esclarecida. A divulgação da vossa travessia em várias frentes, estou a par, é muito bom para que mais descubram esta parte do meu Algarve e o pessoal agradece. Mas nesta altura é melhor mergulhar nas águas tépidas das nossas praias que pedalar à torreira impiedosa do sol por esses montes. Os que se aventurarem a fazê-lo previnam-se bem. Às vezes até parece que as pedras que pisamos de tão quentes poderem derreter os pneus.
 

RTC

Super Moderador
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Inicia-se aqui o sector 2 que nos haveria de conduzir a Furnazinhas e ao cruzamento da fronteira com o concelho vizinho de Castro Marim. mas, para tanto, após a típica povoação de Palmeira, era necessário proceder à difícil transposição da Ribeira da Foupana por um profundo vale a que se seguia uma subida longa e penosa. Este é, sem embargo, um momento mágico com a extensa decida junto ao enorme viaduto do IC22 e o cruzamento a vau da Ribeira por um trilho muito pouco óbvio. A longa subida culmina em planalto e após a mesma rapidamente cumprimos os 14kms. até às Furnazinhas onde, o único café, se encontrava encerrado em virtude de ser feriado nacional.

De facto é uma pena que uma das secções mais miticas da via seja "estragada" por um atravessamento a pé e mesmo assim dificil da Ribeira, que se tivesse em bom estado faria uma excelente ligação entre a descida logo após o IC e a magnífica e dura subida do vale.
Merecia intervenção esta parte.
 

proque

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Bem verdade RTC.

Já para não falar daquele "petisco" a subir que se vê na foto ao fundo ;)

A alternativa era fazer o viaduto do IC 27 mas creio que o trânsito de bicicletas está interdito ou, ainda, a N122 que transpõe a Foupana mais a jusante.

Fizemos a passagem a vau por cima de seixos rolados enormes e não foi fácil mas já vi fotos de gente com água acima da cintura o que julgo ser ainda muito pior.

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proque

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IV – INFERNO E PARAÍSO NA MESMA ETAPA

DIA 3
SILVES – BARÃO DE SÃO JOÃO (LAGOS) 87,76 kms. – 2327 m. de Altitude Positiva Acumulada (Garmin Data)
Sectores 10, 11, 12 e parte do sector 13.


ABSTRACT: The “hadness forecast” in these 28 kms. until Monchique and beyond to Fóia (900 meters) was extreme. The 14 meters high of Silves at the start combined with the recent memory of the last few miles of the eve promised hell. Fortunately the rest of the raid was a long descend to Marmelete and afterward to the end in Barão de São João.

A previsão de dureza nestes 28 kms. até Monchique era extrema. A saída dos 14 m. de altitude de Silves conjugada com a memória recente dos derradeiros quilómetros do dia anterior prometiam um inferno. Logo ao início, olhando para o azimute apontado pelo aparelho de GPS, não se conseguia vislumbrar por onde se passaria tal era a densidade do relevo.

Ganhamos coragem, avançamos e, desde logo estava sugerido o mote: ascensões insanas na maior parte dos casos impossíveis de vencer a pedalar seguidas de descidas abruptas que nos deixavam na mesma cota que anteriormente e isto milha após milha, por cerros calvos e áridos, com muita poeira, desgaste intenso e progressão lenta.

Quando já estávamos na cota acima dos trezentos metros iniciamos uma descida fortíssima, onde nos cruzamos com um grupo de ciclistas em sentido contrário, para nos repor ao nível da albufeira da nova barragem de Odelouca. Aí a ascensão tornou-se permanente dos 120 metros até aos 774 da Picota, o segundo ponto mais alto da Serra de Monchique. Apesar da dureza os panoramas deslumbravam vislumbrando-se desde Faro, a sotavento até Lagos a barlavento ao mesmo tempo que a paisagem ia cambiando e se avançava penosamente.

Descemos então para Monchique, não pelo trilho sugerido, antes pela estrada já que era impossível pedalar pelo meio de um mato impenetrável. Aproveitamos para uma reposição energética em elevado estilo: nada mais, nada menos que um precioso spaghetti napolitano em pleno centro de Monchique numa esplanada à sombra contemplando o refrescante repuxo.

Foi a détente breve mas necessária para se abordar o início do sector seguinte (o 12.º) tido como fácil mas que, na sua fase inicial, tinha apenas a mítica subida à Fóia - ponto culminante do Algarve - que, do alto dos seus 902 metros, prometia complicar a vida de quem se atrevesse a conquistá-la. Se a abordagem tradicional por estrada é já muito complicada (categoria extra, pelos critérios da Volta à Portugal em Bicicleta) subir por caminhos impossíveis até ao Convento do Desterro and above revelaram-se como uma tarefa duríssima.

Após se cruzar a estrada municipal entra-se num estradão de elevado gradiente que faz a entrada na paisagem de alta montanha e, finalmente, lá se chega às antenas e aos vislumbres dos altos afloramentos rochosos em simultâneo com uma enorme sensação de alívio: a partir daqui só se desce.

Ainda antes da descida para Marmelete um vale mágico encaixado na vertente poente da serra e a visão de pequenos soutos de castanheiros (em pleno Algarve), manadas de saudáveis bovinos, um rebanho de cabras e um pastor que passava pelas brasas ao sol - fantástico.

Após um parque eólico de magníficos estradões de terra batida, a descida vertiginosa ao longo de quilómetros até Marmelete onde retemperamos as forças na esplanada de uma singela cafeteria no terminus deste sector.

Iniciamos a nossa abordagem dos 30 quilómetros do sector 12 que nos conduziria a Bensafrim, já no concelho de Lagos. Apesar da distância ser grande dois factos se conjugaram para que se percorresse num abrir e fechar de olhos: um, de carácter estrutural, que era o de uma pendente de descida praticamente contínua e outro, de carácter conjuntural, pelo facto do vento soprar constante e moderado do quadrante norte.

Tal concorreu, em conjunto com a elevada agradabilidade da paisagem, para que este tenha sido, provavelmente, o sector mais simpático de toda esta travessia. De resto os longos quilómetros ao longo das margens da albufeira da Barragem da Bravura ficam indelevelmente marcados na memória.

Talvez tenha sido por isso que, quando menos se esperava, estávamos em Bensafrim e daí avançamos para os seis quilómetros finais até Barão de São João, não pela estrada, antes fora desta por uma paisagem típica do barrocal com inúmeras quintas de produtos biológicos e rapidamente chegamos à aldeia onde reinava um ambiente bizarro. De facto este era o serão em que a seleção nacional de futebol defrontava a sua congénere alemã pelo que, não era de estranhar que todos os restaurantes onde existisse uma pantalha disponível estivessem a abarrotar de povo nos seus cachecóis garridos. Valeu uma preciosidade italiana, onde não havia TV mas que tinha uma gastronomia divinal a preços módicos.

As dificuldades estavam ultrapassadas e o dia seguinte afigurava-se como muito simples, uma espécie de etapa de consagração até ao Cabo de São Vicente. O único senão foi mesmo a vitória tangencial alemã no futebol.
 

proque

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UM LEVE EXCURSIONISMO VELOCIPÉDICO

DIA 4 – BARÃO DE SÃO JOÃO (LAGOS) - CABO DE SÃO VICENTE
41,220 kms. – 549 m. de Altitude Positiva Acumulada (Garmin Data)

Sectores 13 e 14


ABSTRACT: This was beyound any doubt the stage of consecration. In fact, either by distance or by altimetry but above all by the inevitable comparison with any of the three previous days, we were faced with a simple and nice bike ride.

Esta era, inevitavelmente, a etapa de consagração. De facto, seja pela distância, seja pela altimetria mas sobretudo, pela inevitável comparação com qualquer dos três dias anteriores, estávamos perante um simples passeio de bicicleta.

Ainda assim o arranque correspondeu à maior dificuldade altimétrica do dia com um gradiente pouco suave na subida pelo enorme pinhal da Mata de Barão de São João até chegarmos a um parque eólico. Sabemos, por dolorosa experiência que, numa travessia de vários dias, os quilómetros iniciais são sempre trabalhosos pelo cansaço muscular acumulado e aqui a regra não foi excepcionada. De facto a subida iniciou-se logo ab initio sem qualquer intróito que nos permitisse rolar em plano umas centenas de metros que fosse.
Sem embargo, dois quilómetros após, a dificuldade estava superada e internamo-nos, de novo, numa paisagem tipicamente serrana com a sucessão típica de montes e vales embora, uns e outros, fossem suavíssimos comparativamente com o que havíamos vencido anteriormente.

Um golpe de teatro ia comprometendo a incursão: um dos jockeys do desviador traseiro resolveu gripar esticando a corrente e a mola do mecanismo e quase comprometendo a sua integridade e a possibilidade de progredir até final. Instalou-se, por momentos, aquela sensação de morrer na praia . Todavia, com calma lá, se resolveu o assunto embora condicionando o andamento que agora ficou limitado às relações mais elevadas (os carretos maiores da cassete falhavam). Ainda assim nada que comprometesse irreversivelmente o andamento já que através do alternar entre 32 e 22 dentes se conseguia prosseguir.

A partir das Sesmarias a paisagem muda entrando-se numa zona de planalto agrícola muito semelhante à ideia que se tem dos montes alentejanos e das extensões cerealíferas - esta região era outrora o celeiro do Algarve. E, pela primeira vez em toda a travessia cruzamos a N125 e aproximamo-nos do litoral sul. Chegamos então a Vila do Bispo onde paramos para retemperar as nossas energias.

Entramos no sector final a caminho do mítico cabo, em pleno Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina e, pelo meio de extensos campos agrícolas num ondulado suave que permitia pedalar de modo bastante rápido, a presença do farol do cabo, ao fundo, começa a impor-se e a anunciar o final da travessia.

Avançamos por estreitos caminhos planos e pavimentados percorridos a uma velocidade cada vez maior até encontrarmos a N628 que abandonamos a menos de um quilómetro do final para percorrermos essa derradeira distância junto às falésias pelo meio de um piso de lapiás calcário impossível de ser pedalado, que implicou um ultimo esforço até se atingir a glória e o Cabo de São Vicente 320 kms. e 7840 metros de acumulado depois.

O grau de satisfação e alívio só foi proporcional ao da intensidade da dureza da travessia.
 

rp23

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Tanta conversa!!! e as fotos?????????:p

Não é que a conversa não seja util e agradável, mas a malta quer é ver mais umas fotos da vossa aventura.
 

Bmiguelpaiva

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Porque nao abrir um topico relacionado com todo a material necessario nas viagens em autonomia,pois alguns de vós ja têem experiencia nestas andaças. No meu caso visto ter uma Full Suspension tenho o problema do Pannier/Rack de carga traseiro,pois os poucos que á custam acima de 120€. A unica solução que vejo,é adaptar um dos vendidos numa dessas grandes superficies a minha bike.
 

rp23

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Desculpa Bmiguelpaiva, mas não concordo com o preço do suporte de carga traseiro, pois eu tenho uma bike Full Suspension e tenho um que me custou + ou - 15 €, garanto que é muito bom.

Na travessia da Via algarviana utilizei-o com 13,5 klg e ele aguentou todo o percursso. (e se é duro)

Já tem centenas de kms e está ali para o que der e vier.

Não te posso dizer onde o comprei porque aqui não é permitido dizer o nomes das lojas, mas se quiseres manda-me um email que eu digo-te.

joao_elisiario@hotmail.com
 

Bmiguelpaiva

New Member
Pois Acredito caro RP,mas por esse preço julgo que seja daqueles de fixar ao espigão do selim,e alem de esforçar bastante o suporte do mesmo,a alguns utilizadores aqui do forum que ja tiveram más experiencias com esses suportes,ja para nao falar que o volume de carga e bem reduzido,eu sei que os da topeak aguentam com 10Kg,o que deve ser suficiente,mas nao convem esquecer que mesmo falando de 5kg,essa massa suspensa deve quase duplicar com os sulavancos a que a bike esta sujeita numa passagem por buracos,desliveis ou descidas com muita pedra.

Mas sim,tou curioso lol,eu o que ando a pensar fazer é adaptar um daqueles daquele vulgarissima loja de material,a minha bike,basta fazer uns apoios prorpios como os que se vendem nessas muitas lojas on-line.....carissimos,mas vendem lol
 
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