The true test of partnership…
Como podem 5minutos mudar o rumo de corrida? Como pode acontecer que num momento estar no pelotão da frente e pouco depois pensar se conseguiríamos terminar a etapa e mesmo o Cape Epic? Como é que a palavra desistir ameaçou a nossa participação?
À partida para a 5ª etapa nada fazia prever o pesadelo que seria estes 146km de estradão africano. Ia com o pelotão da frente, sentia-me bem e conseguia acompanhar o ritmo intenso que era imposto pelos candidatos à vitoria final. Completei os primeiros 30km em menos de uma hora!!!! Decido olhar para trás e saber se o Zé estava neste grupo, não estava, começo a abrandar à medida que os atletas vão passando o meu desespero começa a aumentar, decido parar no cimo de uma colina e esperar pelo Zé enquanto apreciava a Savana. O Zé finalmente aparece, com um ritmo lento comecei a estranhar o andamento dele, perguntei o que se passava apenas disse que não se sentia bem. Acompanhei-o sempre a partir deste ponto, a condição dele estava cada vez pior, os atletas passavam e o Zé não tinha resposta, pensei que fosse apenas um mau momento e que iria melhor.
Os kms passavam a cara do Zé mudou de cor, estava branco e quase não se equilibrava na bike. Passam duas equipas tugas por nós, primeiro os R Bikes e depois o Team M&M, ambos se assustaram com a expressão do Zé. Peguei na bike do Zé enquanto ele a caminhava pela areia desorientado. Faltavam mais de 80km e já íamos com 3h de prova, comecei a fazer contas ao fecho do controlo e com este andamento seria complicado conseguirmos completar a etapa dentro do tempo previsto pela organização. A situação não estava nada fácil para os nossos lados.
Continuei a acompanhar o Zé no meio do nada, tentei motiva-lo para chegar ao próximo abastecimento e aí descansar um pouco.
Os kms não passavam, as horas iam aumentando no conta kms e a vida a andar para trás. No final de uma descida junto a lagoa com as lágrimas nos olhos disse-me que não iria chegar ao fim da etapa. Não irei esquecer esse momento, comecei a empurra-lo para conseguirmos chegar ao 3º e ultimo abastecimento a cerca de 35km da meta. A mota da assistência medica acompanhava-nos temendo o pior. Passaram umas amigas nossas da Nova Zelândia, perguntaram se queríamos alguma coisa e oferecendo o que tinham com elas ficando desoladas por nos ver. Momentos arrepiantes, nunca tinha visto o Zé assim e já ando com ele há muito muito tempo. :shock:
Conseguimos chegar ao ultimo abastecimento com muito sacrifício, o Zé começava a melhorar. A partir deste momento o Zé recuperou algumas forçar e pedalou até ao fim como se já estivéssemos a pedalar há mais de 7horas, estava 500% melhor, completar a etapa era possível e assim continuarmos em prova.
Terminamos na 228 posição com mais de 8h de prova…
Quando um abraço tem verdadeiramente o seu significado foi nesse dia, no final da etapa
A resposta para este dia está na anestesia que o Zé teve de levar na mão no final da 4ªetapa devido a uma deslocação do dedo mindinho da mão direita que o o desidratou e lhe retirou a energia toda. A fractura aconteceu durante a 2ª etapa enquanto pedalava.
Desculpem não ter colocado mais nada mas tem sido impossível tal, temos tido muitos problemas para resolver e não temos tido tempo nem para descansar.
Em breve mais informação