Sudoex - Aljezur - 24 e 25 Setembro 2011

Trilhos Vivos

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No passado fim-de-semana Aljezur recebeu a 2ª edição do Sudoex.
Foram dois dias de grandes pedaladas pelas paisagens fantásticas do barlavento Algarvio.

Palavras para quê, quando vos podemos deixar algumas imagens bem marcantes:

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Com o fim do Sudoex, chegámos também ao fim da 1ª edição da Ultra Series, composta pelas nossas três Ultras: SRP160, eoX240 e Sudoex.

Queremos agradecer particularmente aos que ao longo deste ano acreditaram neste projecto e nos acompanharam ao longo de mais de 650Km com 12 000m de desnível acumulado, foram três duros desafios, que apenas alguns conseguiram superar, e sem dúvida com muito sacrifício e determinação pessoal.

Agradecemos também a colaboração de todos os que fizeram parte do staff destes três eventos, a todos eles sem uma única excepção, um sincero obrigado, sem vós não teria sido possível.

Para o ano há mais. Deixamos o tópico aberto, para que os participantes do Sudoex, façam o seu balanço de participação na prova, e no geral das três.

Aspectos positivos, menos positivos, criticas construtivas, deixem o vosso contributo para que em 2012 possamos fazer um trabalho melhor.

Boas pedaladas a todos.
 

imarbles

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Grandes Fotos, grandes trilhos, fiquei com saudades de pedalar por esses lados!

Espero em breve recuperar a minha forma para fazer umas aventuras destas
 

paidoroy

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boas. deixo-vos um muito obrigado pelo vosso esforço em conseguirem arranjar trajetos magnifico principalmente na prova que fiz "SRP160" a minha primeira do gênero, tudo belicismo mas com um senão foi não ter tido direito ao golnutrition.....desde a primeira paragem até á ultima paragem de reabastecimento e com isto não ter tido forças para subir na classificação..:).no próximo ano lá estaremos mas com algum desconto devido á circunstancia ..:)
 

jp98

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Trilhos magníficos, paisagens arrebatadoras e uma organização muito próxima dos atletas... são, sem dúvida, ingredientes suficientes para querer voltar. Já estou a pensar no próximo ano!
 

Stevenson

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Pronto! Já está!!! Consegui concluir o UltraSeries.

Vou partilhar aqui o rescaldo da minha aventura no UltraSeries, em 3 capítulos.

Capítulo 1 – Do início até ao SRP160

Tudo começou no dia 14 de Dezembro de 2010, quando o Vitor (um amigo do pedal) distribuiu um mail da Trilhos Vivos que dava a conhecer as 3 provas do UltraSeries (US). Depois de ter começado a fazer meias maratonas em Abril, tinha acabado de fazer a minha primeira maratona (a de Canha, com 90 kms), daquelas onde a altimetria não chega aos 700m e onde não faço ideia como consegui ir do km 55 até ao km 90. Apesar disso sentia-me um grande atleta. Dentro desse espírito pensei “com treino, hei-de conseguir fazer o SRP160 em 12h” e, em conjunto com o Vitor, meti na cabeça que ía fazer a primeira prova do US. A participação noutras dependeria de como evoluiria a preparação.

Estipulámos um plano de treinos, apanhámos um empenos valentes, alongámos as nossas voltas domingueiras, fizemos corrida para ganhar resistência e fomos gradualmente acreditando que seria possível. Para alternar o treino, comprei uma bicicleta de estrada e foi em cima dela que fiz uns kms largos. Para poder treinar mais, trouxe uma bicicleta para o local de trabalho em Lisboa, onde chegava à hora do nascer do sol, para ir fazer uns kms até à Expo e até Belém. Que bem que sabe dar uma voltinha de bicicleta ao nascer do sol. De regresso ao trabalho, tomava banho num balneário na garagem, que noutros horários era partilhado pelas funcionárias da limpeza, e às 8:45 estava sentado ao computador, ainda de cabelo molhado. Noutros dias ia correr 11 kms à hora do almoço; muito os meus colegas se interrogavam porque é que eu chegava de banho tomado a seguir ao almoço e me limitava a comer uma sandes.

No dia 12 de Abril lá estávamos os dois em Serpa, com a certeza de que iríamos até ao fim, nem que fosse a pé. Comecei com optimismo (e ritmo demasiado forte). Ao km 50 fiquei com a transmissão toda marada por ter torcido a corrente – com a corrente sempre a saltar na cassete, pensei que não tinha hipótese de chegar ao fim. Mas consegui habituar-me às circunstâncias, utilizando apenas metada das mudanças, e lá fomos andando pelos belos cenários do percurso. Por volta do km 120 comecei a acusar cansaço e ao km 130 estava todo roto: tinha-me cruzado com o homem da marreta. Daí para a frente foi o Vitor a incentivar-me e eu a dizer asneiras sempre que tinha fôlego. Cada subida era uma tormenta e o coitado do Vitor e tinha que esperar eternidades. Mas cheguei ao fim, embora, quando parei, tenha ficado com a sensação de que estava prestes a desmaiar. Estava tão arrasado, que nem consegui sentir a satisfação de ter acabado. Uns dias depois senti-me orgulhoso, mas acho que não consegui sentir o mesmo prazer que descobri nas provas seguintes.

Apesar da satisfação de ter concluído a prova e com um tempo melhor do que esperava (8’47’’), tal foi o sofrimento no SRP160, que durante duas semanas estive convencido que não tinha queda para a longa distância, que tinha que ganhar juízo e voltar às meias maratonas feitas em ritmo moderado.

(continua)
 

Stevenson

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Capítulo 2 – do SRP160 até ao eoX240

O eoX240 deixou de ser uma hipótese, nomeadamente porque o Vitor, o único gajo que me acompanhava em aventuras realmente longas, não podia ir a essa prova. Como estava inscrito para a maratona de Portalegre, continuei a treinar, e quando lá cheguei senti-me bem e fiz bem melhor do que esperava (6’06’’), o que me deu alento. Pela mesma altura, o Francisco, o meu colega de trabalho e a minha referência nas provas de longa distância (atleta de ironman, actualmente mais dedicado a provas de aventura e ultratrails de corrida) mostrou-se interessado em fazer o eoX240 e fez-me acreditar que eu também conseguiria.

Com um colega experiente na gestão do esforço e decidido a tentar fazer uma prova de que me parecia uma loucura, mas com uma recompensa irrecusável: a possibilidade de fazer uma prova épica, pedalando da fronteira até ao mar pelas paisagens do Alentejo (que eu adoro) num dia. Com uma condição física que estava longe de dar garantias, foi altura de pedalar com mais frequência. Foram, durante várias semanas, 2 a 3 treinos de uma hora nos dias de semana, a dormir entre 4 a 5 horas, a sair da cama às 5h da manhã, a acordar verdadeiramente já em cima da bicicleta, e mesmo assim trabalhar entre 12 e 14h por dia (porque o trabalho nunca dá folga); volta curta ou corrida de 12kms no sábado e volta longa no domingo; aproveitar ainda uns buracos para dar umas corridas rápidas. Foi de arrasar.

Quando chegou a semana do eoX240 sentia-me nervoso, mas com a certeza de que não podia fazer mais nada. Dez dias antes da prova tinha-me lesionado nas costelas a jogar basket e tinha dificuldades em respirar fundo. Quando tive, no dia 11 de Junho, que ir ao hospital fazer radiografia pensei que o eoX240 estivesse cancelado. Mas não estava nada partido e, felizmente, pedalar era o único exercício que eu conseguia fazer sem grandes dores, embora passar nos buracos fosse dramático. Tive que andar encharcado de anti-inflamatórios/analgésicos durante vários dias, incluindo durante a prova.

Uma semana antes da prova fiquei a saber que o Luis (mais um valente dos ultratrails e amigo do Francisco) também se iria juntar ao grupo; toda a companhia era bem vinda.

Na véspera lá rumámos a V.V. de Ficalho, já bastante tarde. Chegámos ao destino às 2h da manhã e às 4:30h acordámos para começar a pedalar às 6h. Eu só pensava, como é que me vou aguentar fazer 250 kms sem ter descansado?

Eu, o Francisco e o Luis lá arrancámos às 6h. Furo para mim no 2º km. Furo para o Francisco uns 50 kms à frente. Outro furo para o Francisco e pneu rasgado. O Francisco descobre que levou câmaras-de-ar de estrada. Paragem para pôr ar no pneu do Francisco… umas 3 vezes. O Luis desesperava…

Lá fui pedalando, desfrutando dos trilhos e das paisagens, mas sem deixar de pensar como é que iria conseguir fazer o que faltava. Ao km 148 tive uma arritmia que me lançou para os 200 bpm e que nunca mais abrandava. O Luis disse que era melhor eu ficar por ali. Eu estava a ver as coisas mal paradas. Após 5 minutos, de repente, passei de 200 para 130 bpm. Meti-me em cima da bicicleta cheio de medo, a pedalar com muito jeitinho, mas não estava preparado para desistir. Passados 20 kms, o coração continuava calmo e comecei a sentir-me mais à vontade e passei a acreditar que aquilo até que se fazia – afinal de contas, já só faltavam 80 kms e atravessar a serra de Odemira… coisa pouca, portanto.

Nesta fase, tirava mais gozo de cada pedala do que em qualquer outra situação que me recorde. As paisagens, os trilhos, a companhia, o clima (que estava excelente), a serra, as barragens, a sensação de liberdade e de autonomia, o facto de já ter feito mais kms do que alguma vez tinha feito e a convicção de que iria alcançar o meu objectivo, criaram uma mistura única e um conjunto de sensações que dá satisfação só por as recordar. Fantástico!!! (acho que acabei de decidir que em 2012 volto ao eoX240).

O tempo foi passando, os kms também. Nesta altura estávamos a navegar com o geraldinho (GPS) do Francisco. De 30 em 30 minutos tínhamos que parar para ele substituir as pilhas que tinha comprado à entrada do Metro. Para além disso, o geraldinho tinha a mania de indicar onde é que estávamos há 10 segundos atrás, o que fez com que nos enganássemos cada vez que o caminho tinha duas alternativas. Ultrapassámos e fomos ultrapassados pelas mesmas equipas uma quantidade infindável de vezes. Quando nos aproximávamos do final caiu a noite e os últimos kms foram aborrecidos, porque não dava para perceber o caminho e não se fazia ideia de onde estávamos. Às 22:35 fomos cobertos de glória: fomos recebidos ao som dos aplausos do staff da prova na praia da Zambujeira do Mar. Sensação indescritível e inesquecível.

Para nos ajudar a enfrentar o desafio tivemos um apoio logístico de luxo. Uma carrinha tripulada pelo Helder, cheia de tudo o que era necessário, incluindo quantidades industriais de arroz-doce e coca-cola, esperava por nós em todos os abastecimentos.

Os percalços, as paragens retemperadoras e o ritmo abaixo do limite, fizeram com que o tempo demorado não seja motivo de orgulho (16’35’’), mas, claramente, não estávamos lá pelo cronómetro.

(continua)
 
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