Vamos então ao habitual rescaldo:
Como não me canso de repetir, um evento não se resume ao dia em si, mas começa muito antes, por alturas das inscrições. Neste campo, nada a assinalar. O processo era bastante simples, apoiado por um website próprio, com a informação necessária bem como algumas fotografias de uma edição anterior. Após o pagamento a confirmação foi célere e a lista devidamente actualizada.
No dia da prova, uma novidade. Placas indicadoras logo à saída da auto-estrada permitiram um acesso rápido e sem enganos ao local de concentração, aspecto importante para um forasteiro como eu.
Como fiz questão de chegar cedo, perdi menos de um minuto e meio no secretariado. Rapidamente assinei o levantamento do frontal 692 e recebi o respectivo saco com as ofertas. No entanto não confirmei o conteúdo no local, o que se veio a revelar um erro, por dois motivos. O primeiro foi o facto de apenas ter uma senha de almoço, quando tinha pago 3 acompanhantes e o segundo, menos relevante para mim, foi o facto de não trazer o anunciado galo de barcelos. Entretanto no decurso da prova foi resolvida a questão dos almoços no secretariado e prontamente foram entregues as 3 senhas de almoço em falta.
Houve alguma hesitação no programa destinado aos acompanhantes. Ás 9h o speaker anunciava a saída do percurso pedestre para as 10h20 e pouco depois informava que afinal a saída pedestre tinha sido cancelada devido ao mau tempo. Ora, quem esperava ter algo programado e se tinha preparado devidamente para as condições metereológicas previstas, não iria desistir por estar a chover... Pelo que sei acabou por se fazer alguma coisa mas, segundo o que as pessoas que foram comigo me disseram, perante o "vamos não vamos, da organização" acabaram por decidir tomar a iniciativa e fazer alguma coisa sozinhas. Acabaram por preferir assim até porque conseguiram ver a minha chegada ao contrário do grupo pedestre, que encontramos a terminar a sua jornada, já eu regressava do carro para o banho.
Voltando ao BTT.... Começamos logo com um exemplo a seguir: partida à hora marcada! Ainda havia bicicletas em cima dos carros quando foi dada a partida. Acima de tudo está o respeito por quem chegou atempadamente e estava naquela altura parado e já à chuva. Portanto foi um ponto que registei com bastante agrado. Aliás, a hora mais avançada da partida em relação ao normal, não permitia grandes atrasos.
Ritmo simpático a começar para rodar bem as pernas antes da primeira subida séria logo aos 4km e primeiros quilómetros suficientemente espaçosos para permitir fraccionar o pelotão nos vários andamentos o que se veio a revelar crucial mais à frente. Tenho ideia que cheguei rapidamente aos 25% da frente e portanto o andamento mais vivo nessa zona não deu lugar a engarrafamentos ou confusões.
No entanto, no melhor pano cai a nódoa, ou melhor dizendo, a lama.
De véspera, ao ver o track GPS em detalhe no google earth, já tinha ficado com um mau pressentimento, que se veio a confirmar no terreno. O percurso passava predominantemente em zonas agrícolas que, dado a composição do solo, com esta chuva o mais certo era estarem completamente ensopadas. E estavam mesmo...
Foram quilómetros e quilómetros muito pouco divertidos. Infelizmente nem o percurso em si ajudou a esquecer a lenta progressão. Praticamente sem zonas "UAU!", na maior parte do tempo senti estar a pedalar quase por obrigação. Não foi interessante, e com o agravamento (imprevisível é certo) causado pela metereologia dos últimos dias, piorou. Foi com invulgar agrado que recebi as zonas de alcatrão e paralelo, verdadeiras tréguas para as pernas e para o material. Lembro-me de ter passado uma altura terrível por volta do quilómetro 20 em que pensei seriamente que o conta quilómetros estivesse avariado, tão lenta era a progressão dos números face ao esforço que aplicava nas pernas a vencer caminhos e caminhos de lama.
Não quero com as linhas anteriores, ressalvo e sublinho bem, ser pretensioso ou desagradável para com a organização. Sei perfeitamente que BTT significa exactamente "todo-o-terreno", sendo que neste caso o terreno era quem mais ordenava. Sei também que quem organiza não pode agradar a todos ou não controla factores imprevisíveis como a metereologia. Recordo que o raid da Lama à 15 dias foi realizado no mesmo tipo de terrenos, mas a um ritmo muito mais alto (fiz mais 12km no mesmo tempo) e praticamente sem zonas de lama, precisamente porque não choveu na semana anterior.
Mas acima de tudo, é a mim pessoalmente que tenho de satisfazer e o Trilho dos Moinhos nesse aspecto não me encheu as medidas.
Consegui no entanto manter alguma motivação e acabar abaixo das 3 horas, que considero ser um tempo interessante para o meu nível físico e para o percuso em si.
Do percurso importa no entanto dizer que na generalidade estava bem marcado, sendo que as maiores dúvidas acabaram por ser causadas mesmo na parte final, num misto de cansaço com um ou dois elementos da organização um pouco distraídos. As pequenas placas amarelas eram de uma simplicidade importantíssima, já que nas viragens cegas eram o suficiente para nos colocar rapidamente no caminho certo.
Inúmeros assistentes em grande parte dos cruzamentos facilitavam a tomada de decisões rápidas e senti-me perfeitamente confiante em todos os atravessamentos de estradas principais com a presença das forças de segurança a regular o trânsito.
Uma nota que já tinha referido no rescaldo dos 5 cumes. As fitas parecem já estar gastas do sol dada a cor esbatida utilizada na impressão, e como são brancas diluem-se bastante com a envolvente em algumas zonas. No percurso citadino foram descortinadas com alguma dificuldade...
Chegada sem problemas, com o registo de tempo a ser feito de forma eficaz. Como já referi, completei o percurso em 2h51m15s.
Na altura em que cheguei, estavam 4 companheiros do pedal na zona de lavagem das bicicletas pelo que foi um processo rápido. Quando voltei para o banho a fila ainda era reduzida.
O banho foi uma recompensa muito agradável. Água quente e com bastante pressão a fazer esquecer a dureza das últimas horas. Tal como nos 5 cumes, os balneários eram adequados e em número suficiente, sem filas de espera.
O almoço foi mais uma vez a prova de que as organizações se reinventam deixando ficar o que está bem. Agora com quatro zonas de distribuição de comida, melhoraram face aos 5 cumes há alguns meses, com as coisas de forma muito organizada e que permitiram fazer o escoamento rápido de quem ia chegando.
A sopa estava um pouco salgada mas a massa estava bem apurada e muito boa, para algo confeccionado para tanta gente. Nota igualmente positiva para a existência de salada e claro, a famosa bola de berlim a rematar. Fruta, pão e sumos também estavam presentes.
Em suma: Apesar da excelente organização por detrás do Trilho dos Moinhos, de muito pouco ter falhado na parte logística e apesar de reafirmar que esta é uma das boas equipas de organização de eventos de BTT no norte do país, caso estejamos numa situação metereológica semelhante não tenciono participar no próximo ano.
O desgaste de material e o custo global da participação sobrepõe-se claramente ao prazer que retirei do evento e portanto, nessas condições, prefiro ficar cá pelo quintal onde a lama não é tão abundante. No entanto, deixo a porta aberta para que uns dias ensolarados em Fevereiro de 2011, possam fazer com que mude de ideias.
Resultado final: 26º com 2h51m15s.