Anos depois de tentar fazer desta a melhor maratona em Portugal (sim, era esse o objectivo, que vergonha) descobre-se que podemos tirar o Jorge Nice, as estremeadas na Serra, a água-pé e o abafado, talvez não seja necessária tanta simpatia do staff, podem-se também eliminar os singles com possibilidades de criarem lama, descobre-se que o cheiro dos fogareiros causam dificuldades para uma boa respiração, as castanhas assadas fazem gases no dia seguinte, e que o almoço pode ter - como em muitas outras - um elemento da organização a assar umas coisas ou, vá lá, um porco no espeto, para ser original.
Depois de tantos anos na busca da excelência (é só vaidosice), afinal basta meter umas fitas nuns trilhos na Serra perto de casa e despachar a coisa com meia dúzia de amigos espalhados por alguns pontos mais chatos para a segurança do pessoal, e solicitar aos bombeiros uma ambulância na partida para fazer vista, até parece uma coisa assim bem organizada e tal, para o povo ficar satisfeito.
Afinal não é necessário andarem várias dezenas de almas durante meses em reuniões, nem de andarem os velhos (que estão reformados e "perdem" o tempo com os netos) a tentarem arranjar patrocínios (coisa fácil), nem andar a gastar combustível todos os dias antes da prova só para ter a certeza que aquele trilho está ciclável e consegue fazer a delícia dos bttistas amigos e apaixonados por este desporto naturalista, assim como nós próprios.
Nem a perder tempo com burocracias nos gabinetes do nosso querido estado português.
Nem a meter dinheiro do bolso ou a pedir que os fornecedores de material façam um desconto para as contas "pelo menos não ficarem negativas" no fecho das contas do evento.
Afinal não é preciso proporcionar a outros aquilo que nós gostaríamos que nos proporcionassem a nós próprios.
Andámos todo este tempo enganados.
Esta maratona é cara.
Podíamos ter feito mais uma maratona, igual a tantas outras que se fazem semanalmente por todo o país, pão com queijo, que bastava.
Uma garrafa de água-pé, talvez a de abafado, vamos ter de escolher.
Para quê 2 beijos, quando um basta, um abraço apertado, quando um aperto de mão é mais que suficiente?
Para quê viver, se basta sobreviver?
Não sei se haverá a próxima edição (duvido, mas nunca se sabe), mas agradeço, como colaborador durante muitos anos, o esforço de todos os tasqueiros, em especial do presidente Zé Nora, todo o empenho e dedicação demonstrados, embora eu nos últimos 2 anos tenha tido muito menos tempo para ajudar, tenho todo o gosto nisso.
Percebo o desânimo daqueles que mais deram de si, pondo de parte prioridades pessoais, depois de ouvirem uma e outra críitica descabida, mas a vida é assim mesmo. Há um tempo para tudo, até para descansar.
Fica a imagem dos gaiteiros na Serra como alma desta maratona.