Hugo Jorge
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"Assembleia municipal prepara-se para chumbar rede de bicicletas em Lisboa"
Jornal Público
18.11.2008, Ana Henriques
"Comissão de urbanismo e mobilidade fala em custos absurdos, vereador da Mobilidade
acusa o PSD de querer impedir o executivo socialista de mostrar obra até às eleições
A Assembleia Municipal de Lisboa, onde o PSD tem maioria, prepara-se para chumbar, hoje, a proposta camarária socialista de criar uma rede de bicicletas de uso partilhado na cidade.
Dada a actual situação financeira do município, que se prevê que não melhore tão cedo, "será um absurdo investir cerca de cinco milhões de euros por ano durante dez anos" num sistema cuja adesão por parte dos lisboetas se desconhece, refere um parecer da comissão de urbanismo e mobilidade da assembleia municipal, órgão onde estão representados todos os partidos. "Com cinco milhões de euros compravam-se, por exemplo, 33 novos autocarros de última geração para a Carris, ou seja, 300 autocarros nos dez anos do projecto", refere o mesmo documento, que foi redigido pelo presidente da comissão, o social-democrata Victor Gonçalves. Os cinco milhões anuais dariam ainda para oferecer uma bicicleta - embora das mais baratas - a cada habitante, diz o mesmo deputado.
A ideia dos vereadores da Mobilidade e dos Espaços Verdes, respectivamente Marcos Perestrello e José Sá Fernandes, é distribuir 2500 bicicletas por 250 pontos de Lisboa, a maioria deles junto a interfaces de transportes públicos. O projecto prevê um pagamento por parte do utilizador e deveria começar a funcionar no próximo Verão, juntamente com as pistas para bicicletas que a autarquia vai abrir ligando vários locais da cidade. De resto, já começaram os cursos de condução de bicicletas em meio urbano lançados pela câmara com a orientação da Federação Portuguesa de Cicloturismo.
A segurança dos ciclistas foi, aliás, uma das objecções iniciais da comissão quando, no final de Outubro, pediu a Marcos Perestrello mais dados sobre o sistema, nomeadamente no referente aos encargos dele resultantes quer para a câmara quer para os ciclistas. "Não custará um tostão à câmara", promete o vereador da Mobilidade, explicando que as receitas provenientes quer do aluguer dos veículos quer da publicidade que estes podem transportar afixada "têm de pagar o seu funcionamento".
144 mil utilizadores/ano
"O PSD está a usar a maioria que tem na assembleia municipal para empatar o processo e impedir que esteja tudo pronto antes das próximas eleições", protesta. "Está a bloquear a acção do executivo" socialista, "como tem feito noutros casos", acrescenta Marcos Perestrello. Em seguida menciona algumas estimativas: a Câmara de Lisboa espera ter 144 mil utilizadores do sistema por ano, 24 mil dos quais com assinaturas anuais de 25 euros. Só com estes, o município espera arrecadar 600 mil euros. Depois haverá ainda passes semanais, diários e mensais. "Em Paris, cada bicicleta tem seis a 20 utilizações diárias, consoante factores como a época do ano. Nós admitimos ter dez", refere o autarca. Segundo Perestrello, a publicidade nos veículos poderá render até 670 mil euros anuais, a cinco euros por dia e por bicicleta, enquanto nos pontos de amarramento das bicicletas ela poderá valer qualquer coisa como 780 mil euros/ano. Estimativas de receitas todas somadas, o vereador chega aos 4,25 milhões de euros anuais.
Foram estes dados transmitidos à comissão de urbanismo e mobilidade? "Não mos pediram", responde. "E estas contas não têm de lhe ser entregues", disse Perestrello. Quando o assunto foi a votos na reunião de câmara em Setembro o PSD absteve-se, tal como o movimento Lisboa com Carmona, tendo todas as restantes forças políticas votado favoravelmente a proposta, que pretende que a rede de bicicletas seja complementar da rede de transportes públicos de Lisboa."
Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/
Jornal Público
18.11.2008, Ana Henriques
"Comissão de urbanismo e mobilidade fala em custos absurdos, vereador da Mobilidade
acusa o PSD de querer impedir o executivo socialista de mostrar obra até às eleições
A Assembleia Municipal de Lisboa, onde o PSD tem maioria, prepara-se para chumbar, hoje, a proposta camarária socialista de criar uma rede de bicicletas de uso partilhado na cidade.
Dada a actual situação financeira do município, que se prevê que não melhore tão cedo, "será um absurdo investir cerca de cinco milhões de euros por ano durante dez anos" num sistema cuja adesão por parte dos lisboetas se desconhece, refere um parecer da comissão de urbanismo e mobilidade da assembleia municipal, órgão onde estão representados todos os partidos. "Com cinco milhões de euros compravam-se, por exemplo, 33 novos autocarros de última geração para a Carris, ou seja, 300 autocarros nos dez anos do projecto", refere o mesmo documento, que foi redigido pelo presidente da comissão, o social-democrata Victor Gonçalves. Os cinco milhões anuais dariam ainda para oferecer uma bicicleta - embora das mais baratas - a cada habitante, diz o mesmo deputado.
A ideia dos vereadores da Mobilidade e dos Espaços Verdes, respectivamente Marcos Perestrello e José Sá Fernandes, é distribuir 2500 bicicletas por 250 pontos de Lisboa, a maioria deles junto a interfaces de transportes públicos. O projecto prevê um pagamento por parte do utilizador e deveria começar a funcionar no próximo Verão, juntamente com as pistas para bicicletas que a autarquia vai abrir ligando vários locais da cidade. De resto, já começaram os cursos de condução de bicicletas em meio urbano lançados pela câmara com a orientação da Federação Portuguesa de Cicloturismo.
A segurança dos ciclistas foi, aliás, uma das objecções iniciais da comissão quando, no final de Outubro, pediu a Marcos Perestrello mais dados sobre o sistema, nomeadamente no referente aos encargos dele resultantes quer para a câmara quer para os ciclistas. "Não custará um tostão à câmara", promete o vereador da Mobilidade, explicando que as receitas provenientes quer do aluguer dos veículos quer da publicidade que estes podem transportar afixada "têm de pagar o seu funcionamento".
144 mil utilizadores/ano
"O PSD está a usar a maioria que tem na assembleia municipal para empatar o processo e impedir que esteja tudo pronto antes das próximas eleições", protesta. "Está a bloquear a acção do executivo" socialista, "como tem feito noutros casos", acrescenta Marcos Perestrello. Em seguida menciona algumas estimativas: a Câmara de Lisboa espera ter 144 mil utilizadores do sistema por ano, 24 mil dos quais com assinaturas anuais de 25 euros. Só com estes, o município espera arrecadar 600 mil euros. Depois haverá ainda passes semanais, diários e mensais. "Em Paris, cada bicicleta tem seis a 20 utilizações diárias, consoante factores como a época do ano. Nós admitimos ter dez", refere o autarca. Segundo Perestrello, a publicidade nos veículos poderá render até 670 mil euros anuais, a cinco euros por dia e por bicicleta, enquanto nos pontos de amarramento das bicicletas ela poderá valer qualquer coisa como 780 mil euros/ano. Estimativas de receitas todas somadas, o vereador chega aos 4,25 milhões de euros anuais.
Foram estes dados transmitidos à comissão de urbanismo e mobilidade? "Não mos pediram", responde. "E estas contas não têm de lhe ser entregues", disse Perestrello. Quando o assunto foi a votos na reunião de câmara em Setembro o PSD absteve-se, tal como o movimento Lisboa com Carmona, tendo todas as restantes forças políticas votado favoravelmente a proposta, que pretende que a rede de bicicletas seja complementar da rede de transportes públicos de Lisboa."
Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/