PSD prepara-se para chumbar rede de bicicletas em Lisboa

Hugo Jorge

New Member
"Assembleia municipal prepara-se para chumbar rede de bicicletas em Lisboa"
Jornal Público
18.11.2008, Ana Henriques

"Comissão de urbanismo e mobilidade fala em custos absurdos, vereador da Mobilidade
acusa o PSD de querer impedir o executivo socialista de mostrar obra até às eleições


A Assembleia Municipal de Lisboa, onde o PSD tem maioria, prepara-se para chumbar, hoje, a proposta camarária socialista de criar uma rede de bicicletas de uso partilhado na cidade.

Dada a actual situação financeira do município, que se prevê que não melhore tão cedo, "será um absurdo investir cerca de cinco milhões de euros por ano durante dez anos" num sistema cuja adesão por parte dos lisboetas se desconhece, refere um parecer da comissão de urbanismo e mobilidade da assembleia municipal, órgão onde estão representados todos os partidos. "Com cinco milhões de euros compravam-se, por exemplo, 33 novos autocarros de última geração para a Carris, ou seja, 300 autocarros nos dez anos do projecto", refere o mesmo documento, que foi redigido pelo presidente da comissão, o social-democrata Victor Gonçalves. Os cinco milhões anuais dariam ainda para oferecer uma bicicleta - embora das mais baratas - a cada habitante, diz o mesmo deputado.

A ideia dos vereadores da Mobilidade e dos Espaços Verdes, respectivamente Marcos Perestrello e José Sá Fernandes, é distribuir 2500 bicicletas por 250 pontos de Lisboa, a maioria deles junto a interfaces de transportes públicos. O projecto prevê um pagamento por parte do utilizador e deveria começar a funcionar no próximo Verão, juntamente com as pistas para bicicletas que a autarquia vai abrir ligando vários locais da cidade. De resto, já começaram os cursos de condução de bicicletas em meio urbano lançados pela câmara com a orientação da Federação Portuguesa de Cicloturismo.
A segurança dos ciclistas foi, aliás, uma das objecções iniciais da comissão quando, no final de Outubro, pediu a Marcos Perestrello mais dados sobre o sistema, nomeadamente no referente aos encargos dele resultantes quer para a câmara quer para os ciclistas. "Não custará um tostão à câmara", promete o vereador da Mobilidade, explicando que as receitas provenientes quer do aluguer dos veículos quer da publicidade que estes podem transportar afixada "têm de pagar o seu funcionamento".
144 mil utilizadores/ano

"O PSD está a usar a maioria que tem na assembleia municipal para empatar o processo e impedir que esteja tudo pronto antes das próximas eleições", protesta. "Está a bloquear a acção do executivo" socialista, "como tem feito noutros casos", acrescenta Marcos Perestrello. Em seguida menciona algumas estimativas: a Câmara de Lisboa espera ter 144 mil utilizadores do sistema por ano, 24 mil dos quais com assinaturas anuais de 25 euros. Só com estes, o município espera arrecadar 600 mil euros. Depois haverá ainda passes semanais, diários e mensais. "Em Paris, cada bicicleta tem seis a 20 utilizações diárias, consoante factores como a época do ano. Nós admitimos ter dez", refere o autarca. Segundo Perestrello, a publicidade nos veículos poderá render até 670 mil euros anuais, a cinco euros por dia e por bicicleta, enquanto nos pontos de amarramento das bicicletas ela poderá valer qualquer coisa como 780 mil euros/ano. Estimativas de receitas todas somadas, o vereador chega aos 4,25 milhões de euros anuais.

Foram estes dados transmitidos à comissão de urbanismo e mobilidade? "Não mos pediram", responde. "E estas contas não têm de lhe ser entregues", disse Perestrello. Quando o assunto foi a votos na reunião de câmara em Setembro o PSD absteve-se, tal como o movimento Lisboa com Carmona, tendo todas as restantes forças políticas votado favoravelmente a proposta, que pretende que a rede de bicicletas seja complementar da rede de transportes públicos de Lisboa."

Fonte:
http://jornal.publico.clix.pt/
 
Bem, há alturas em que melhor mesmo será ler a notícia e não apenas o título.

Se algum partido chumba a medida, seja ele qual for, será sempre de aplaudir - 1 milhão de contos por ano?! Tirando a parte da chicana política, temos sempre que desconfiar de quem faz grandes negócios, nem sempre por concurso público, ex. novo terminal de contentores.

No lado oposto está o Porto, com uma rede de bicicletas gratuitas,e que não custarão, nem de perto nem de longe, 1 milhão de contos/ano. Será o projecto BUTE.
 

Hugo Jorge

New Member
As BUTE são bicicletas de utilização estudantil, logo destinam-se a um público específico e não para a população em geral como será o caso de Lisboa. Aconselho a visita ao site das BUTE para um conhecimento mais aprofundado.

http://bute.com.pt/index.php

Um abraço,
Hugo
 

José Martins

Administrator
Apesar de amante e aficionado das bicicletas, também me parece que esta ideia requer outro tipo de abordagem.
Antes de mais, devo esclarecer que para mim e em Portugal, politicos são politicos e cada um trabalha em prol de si próprio e da côr que representa e não em prol da população.
É apenas a minha opinião, respeito as diferentes, mas até hoje, não me recordo de ninguém que se tenha sacrificado pela politica ou que se tenha retirado da mesma em pior situação do que quando para lá foi.

Passando o off tópic, cinco milhões de euros por ano em bicicletas para circular em Lisboa?
Ao fim de um mês, já só se encontravam metade, a outra metade já estaria em vários lares de "potenciais amantes da duas rodas".
Antes disso, seria importante educar, fazer sentir que aquilo se tratava de um bem publico, para ser utilizado por todos e normalmente, neste nosso país, as medidas são atiradas ao ar, sem se pensar das necessidades para implantação das mesmas.

Mais importante ainda, qualquer um de nós, portugueses, poderia circular com elas, mas onde?
Quais são os locais dentro de Lisboa onde se possa andar de bicicleta, onde um cidadão que o queira, pode fazer uma viagem para o emprego ou simplesmente estando em Lisboa, pode fazer a ligação entre um ponto da cidade e outro, sem estar a entrar quase na práctica de uma verdadeira roleta russo com os automóveis?

Acresce ainda o facto de Lisboa não ser própriamente uma cidade plana.
Parece-me demasiado dinheiro para uma medida que é capaz de ter uma vertente um bocado de charme face ao que aí vem.
Talvez fosse preferivel gastar bem menos, numa experiência piloto e com menos bicicletas, para ver qual seria a adesão dos cidadãos.
É um facto que atravessamos uma época de vacas magras, como diz o povo e quando em situações destas, temos politicos dispostos a gastar montes de dinheiro em assuntos que, quer gostemos ou não, não são uma prioridade, fico sempre de pé atrás, normalmente a tentar perceber quem é o principal interessado nisto tudo.

Desculpem o testamento.
Um abraço.
 
Hugo Jorge said:
As BUTE são bicicletas de utilização estudantil, logo destinam-se a um público específico e não para a população em geral como será o caso de Lisboa. Aconselho a visita ao site das BUTE para um conhecimento mais aprofundado.

http://bute.com.pt/index.php

Um abraço,
Hugo

Agradeço o link, mas dispenso.

Já tinha conhecimento do projecto, por isso o citei. E, ao citá-lo, não referi que era para uso universal, ou referi?
Reitero: à parte a chicana, que devemos reservar aos políticos, temos 2 projectos com intenções e custos previstos diferentes - se preciso for, coloco neste, ou noutro tópico, pormenores sobre o projecto BUTE - para que não falte nada...

Para enriquecer a análise, por comparação, relembro o pioneiro projecto das BUGAS de Aveiro que, em minha opinião, foi/é exemplar.
 

Xure

New Member
Boas!

Tb me parece que a verba falada seja algo demasiado.

No entanto participei neste topico apenas e só para falar do caso da minha cidade. O projecto das bugas em Aveiro, não foi nem é ainda perfeito, muito menos exemplar.

Em Aveiro, existem caracteristicas, quer do terreno, quer da dimensão da cidade, que na minha opinião não passa de uma vila grande, quer em termos culturais no que respeita ao uso da bicicleta, portanto foi uma aposta ganha, porque tinha todos os motivos para o ser, mas o projecto em si teve alterações, desde o projecto inicial.

No inico, como as bugas estavam presas a uns suportes e bastava uma moeda, (tipo carrinho de supermercado), para as utilizar, verificou-se que a utilização não era a mais adequada, pois não existia qq tipo de responsabilização do utente pela bicicleta, e inevitavelmente começaram a aparecer bugas na ria, atiradas para lá por puro acto de vandalismo.

Portanto alterou-se esse acesso, e hoje em dia é preciso um registo e ir buscar e devolver as bugas a um parque criado para o efeito.

http://www.moveaveiro.pt/04mobilidade/movebuga/condicoes.htm

Deixo aqui o link para verificarem as condições.

Eu aponto apenas duas, que verifico que não são cumpridas, todos os dias.

"É proibido ultrapassar o sinal identificativo de “Fim de área da BUGA”. - Falso, vejo mtos casos de desrespeito a esta norma.

"É proibido danificar, reter ou furtar a BUGA. Qualquer um destes actos é considerado crime e, por isso, punido por lei." - Bugas retidas em predios, em mto mau estado, o que presupõe que são utilizadas por pessoas que não as estimam, nem tão pouco as entregam.

Existe forma de punir que não cumpra, talvez, mas quero com isto dizer que este modelo está longe de ser perfeito, e numa cidade pequena, portanto para Lisboa, imagino o que terá de ser feito, para prevenir e responsabilizar. Acho que com as medidas certas é possivel.

Portanto talvez seja bom pegar nos exemplos existentes e ver o que correu bem e o que correu mal, e tirar dai conclusões. Devo confessar que vejo com frequencia um programa de debate politico onde entra esse senhor M. Perestrello, e duvido que ele saiba o que significa essa verba, usada sem o devido e previo estudo, necessário a qq investimento, ainda por cima na conjuntura actual.

Concluindo todos gostamos de bicicletas, mas é preciso ter cuidado com a areia que nos atiram aos olhos, isto pk apesar de não morar em Lisboa, estou certo que mais cedo ou mais tarde, tb do meu bolso vai sair qq coisa, para pagar um projecto que pode ou não ter viabilidade, que pode ou não ir parar onde não deve, e todos sabemos o que se tem passado com a autarquia lisboeta e as empresas municipais.

Desculpem, mas é apenas a minha opinião.

Abraço

Ps- Não quero com isto dar nota que estou contra o projecto, mto pelo contrário, gostaria é que fosse feito um projecto a uma escala reduzida, com baixo custo, para verificar se as pessoas vão aderir ou não.
 

ruimssousa

New Member
Olá.

Segundo percebi, os cinco milhões de contos por ano não são para construção de ciclovias? É que o sistema de bicicletas alugadas paga-se a si próprio...

Cristóvão, não sei se és de Lisboa ou não. Mas vou contrapor algumas dos teus comentários:

"Ao fim de um mês, já só se encontravam metade, a outra metade já estaria em vários lares de "potenciais amantes da duas rodas".":
Se o sistema for como em Paris, é penso que é necessário ter cartão de crédito para usar as bicicletas. Se ela desaparecer, eles cobram a caução. Além de que a criminalidade de Paris deve ser muito pior do que a de Lisboa, basta lembrar os distúrbios que aconteceram à alguns anos.

"Quais são os locais dentro de Lisboa onde se possa andar de bicicleta":
Eu faço todos os dias o percurso Lumiar-Av. da Liberdade. Se alguns anos era raro ver outro ciclista, agora normalmente vou sempre com 1 ou 2 à vista. Experimenta vir ao final do dia ao cruzamento do Campo Grande com a Av. do Brasil e passado uma hora conta a quantidade de ciclistas!


"...quase na prática de uma verdadeira roleta russo com os automóveis?"
Eu este ano tenho feitos 3.500 km em Lisboa. O ano passado fiz 2.500 km. Estes valores já se repetem mais ou menos desde 1995. Felizmente ainda não tive nenhum acidente. É preciso saber escolher os caminhos e cumprir uma série de regras (que não são necessariamente as que estão no Código da Estrada).

"Acresce ainda o facto de Lisboa não ser propriamente uma cidade plana."
Que subidas apanho da Av. da Liberdade ao Lumiar? Apenas a do Marquês ao Saldanha (que faço pela Duque de Loulé). Mas a maior dificuldade nem é a subida, é o mau piso. É certo que eu não sou uma pessoa com a forma física normal (ainda o mês passado fiz o Geo-Raid), mas com as mudanças que as bicicletas têm não é preciso muito esforço para subir.

"Talvez fosse preferível gastar bem menos, numa experiência piloto"
Estou de acordo. Mas o plano é a 10 anos. Se não funcionar pode ser mudado...mas acho que o que vai acontecer é que vai ser antecipado. Basta ver a quantidade de propostas relacionadas com o a bicicleta no orçamento participativo e a quantidade de pessoas que diz que gostaria de me imitar...


Rui Sousa
 

banjix

New Member
Eu não quero pôr em causa a honestidade dos políticos, mas o orçamento proposto parece-me ser completamente desajustado e só irá servir para ajudar a tapar outros "buracos". Quero acreditar que não é nada disso que se está a passar mas, ainda assim, parece-me um orçamento a roçar o absurdo.

Por outro lado, há o civismo (ou a falta dele) que fazem com que um projecto deste tipo esteja condenado logo à partida. O exemplo dado Xure é flagrante. Toda a gente conhece as Bugas de Aveiro mas pouca gente sabe o que realmente se passa. O que, à partida, seria (e é) uma boa ideia, a verdade é que não é assim tão bom quanto o que se desejaria. E tudo por culpa da falta de civismo das pessoas. Infelizmente, isso tem que ser algo a ter em conta quando se parte para um projecto deste tipo e tudo tem que ser bem pensado, de modo a evitar os abusos.
 
Devemos acabar com a forma de locumoção automóvel porque existem condutores que revelam falta de civismo?

O projecto BUGA, até pelo que diz o Xure - que sofreu alterações de melhoramento e adequação ao uso dos aveirenses - só pode ser considerado exemplar. Pelo que li, as alterações de fundo que defendem serão para aplicar às pessoas, não às BUGAS. :lol:
 

Xure

New Member
Desde já agradeço ao pedalofilo, pelo relato do que se passou na referida assembleia, só vem confirmar aquilo que penso da classe politica. Como já alguem disse aqui, eles não estão lá pelo interesse do povo, mas sim pelo seu proprio interesse e alter ego, numa qq luta de argumentos, onde mtas vezes o essencial passa a acessório, pk o que conta afinal é ficar por cima, e fica bem na fotografia.

Quanto às bugas, sim àsperadascale, as alterações foram efectuadas para os utentes, na medida em que as bugas são para os utentes e não andam sozinhas. Ou melhor elas existem para que devam ser utilizadas, pois se assim não fosse não teria qq sentido a sua existencia. :lol:
Já agora gostaria de saber se existe no link que enviei, alguma regra ou norma, feita para a Buga em si... :mrgreen: :lol: e como lhe é transmitida. :lol:


Eu acho que isso foi claro e eu continuo a dizer que o modelo não é o mais correcto, apenas e só pelo que avalio no terreno, mas compreendo que existam visões das coisas diferente da minha e respeito. Apenas dei o meu ponto de vista.

Abraço
 
Não utilizei o link - como referi, já conheço o projecto desde a sua origem, na óptica do utilizador.

Quanto ao resto, Xure, nem sei que diga: não percebo sequer se insultas a minha inteligência, a dos restantes foristas, ou mesmo a tua...

Voltando ao tópico, segundo notícias de hoje, parece que o impasse na CML se mantém, e para durar...
 

nelson_r

New Member
Considerando o ano de eleições que se avizinha (3 actos eleitorais) qualquer medida lançada por uma autarquia será sempre associada a um acto eleitoralista.
Porém parece-me que a ideia é até bastante interessante e se funciona noutras capitais europeias, porque é que não funcionará em Lisboa?
A criação de uma rede desta natureza e em especial no caso das bicicletas tem sempre associados alguns problemas, que podem e devem ser resolvidos ao longo do cumprimento do projecto, ao longo do tempo.
Quando começaram os eléctricos em Lisboa, num século passado, decerto que apareceu quem quisesse contrariar a ideia e no final ela ficou e os problemas que surgiram foram solucionados e continuam a sê-lo ano após ano. Podemos até falar de qualquer outro meio de transporte.
O problema principal neste momento não está na geografia da cidade ou nas pessoas que utilizarão as bicicletas de uma forma correcta ou não, o problema principal está associado a uma conjuntura económica que tanto afecta o nosso país, como todos os outros neste planeta.
Se o projecto se autofinancia ou não é uma questão que vai ser ajustada no tempo. E estamos a falar de 5 milhões de euros, num orçamento de uma autarquia que ascende aos 600 milhões (ou pelo menos lá perto) - 0.83% do total.
Temos que ter ainda em atenção que este tipo de obras terão as contas devidamente fiscalizadas pelo Tribunal de Contas (TC) e por experiência própria, os senhores juízes do TC não deixam passar nada, nem mesmo um grãozinho de areia.
Há que ter ainda atenção que a autarquia existe para contribuir também para a "felicidade" dos munícipes. Se a felicidade é a construção de ciclovias e disponibilização de bicicletas, qual é o problema? Existe muito mais a discutir do que uma pequena medida, que poderá no futuro tornar-se uma boa solução ambiental, económica e social.

Cumprimentos betetísticos e boas pedaladas
 

Xure

New Member
àesperadascale said:
Quanto ao resto, Xure, nem sei que diga: não percebo sequer se insultas a minha inteligência, a dos restantes foristas, ou mesmo a tua...

:shock:

Realmente não vejo onde é que fiz isso, mas vejo sim que as visões e diferentes pontos de vista, contigo são simplesmente ignoradas, o que de resto não é novidade para mim.
Devo sugerir-te que te ofereças, na ajuda do projecto de Lisboa, uma vez que és um expert dos projectos de Aveiro e Porto, ao ponto de não precisares de consultar os links.


Para não alimentar o offtopic, leva lá a bicicleta... :lol:

Ps- está encerrada a minha participação neste topico, por motivos obvios.
 
Xure said:
Devo sugerir-te que te ofereças, na ajuda do projecto de Lisboa, uma vez que és um expert dos projectos de Aveiro e Porto, ao ponto de não precisares de consultar os links.

Xure, a sério que não é má-vontade, mas, mais uma vez, declino a sugestão. Interpretarás isto como um sinal de expertise em... ? :lol: :lol:

Já quanto à bicicleta... :p :p :p

Fim de off-topic
nelson_r said:
Há que ter ainda atenção que a autarquia existe para contribuir também para a "felicidade" dos munícipes. Se a felicidade é a construção de ciclovias e disponibilização de bicicletas, qual é o problema? Existe muito mais a discutir do que uma pequena medida, que poderá no futuro tornar-se uma boa solução ambiental, económica e social.

Eu concordo, mas mesmo as pequenas medidas terão que ser discutidas na óptica da relação custo/benefício, que é o que está em causa. Se se chegar à conclusão, não sei por que vias, de que 1 milhão de contos por ano é sustentável para o projecto, então, avance-se.
 

exumer

New Member
Bom, apanhei agora esta discussão que me pareceu bastante interessante..

Epah, desculpem la.. mas estamos a falar em 1 milhão de contos por ano durante 10 anos!? Será que é isso que faz mesmo falta ao país neste momento? Eu como contribuinte tenho obviamente que concordar que é absurdo num momento de crise economica como o nosso pais atravessa estar a gastar esse dinheiro num projecto com grandes contornos "eleitoralistas", assim meio inventado à pressão e sem grande ponderação a varios niveis..

Com a economia, o ensino, a saude e a justiça, as bases de suporte de uma sociedade pelas ruas da amargura, alguem tem a coragem de dizer que era mesmo isto que fazia falta ao país? Cinquenta milhões de euros para dez anos parece-me um claro abuso, ainda para mais quando toda a gente sabe dos muitos (mesmo muitos) milhoes de euros que são o buraco que a autarquia de lisboa cavou durante anos.. e agora o contribuinte que pague!

Alem disso ha outras formas de incentivar o uso da bicicleta que nao pressuponham tanto despesismo desmesurado! Concordo em criar condições, mas cada um que compre a sua bicicleta. Porque é que o estado é que tem que as comprar, manter, repor as roubadas? Temos que ser realistas e perceber que na sociedade onde vivemos, numa elevada quantidade de casos, o que é de todos é pra estragar! Há bicicletas a 40 e 50 euros nos hipermercados, que fazendo as contas à poupança em combustives, facilmente está paga num mês ou dois..

Vejam este exemplo da cidade de Münster na Alemanha:
Living in an environmentally aware manner - German bicycle capital : http://www.muenster.de/stadt/livcom/index256.htm

Eles nao "alugam" bicicletas, criaram foi as infrastruturas necessarias para as pessoas poderem circular em segurança, criaram parques onde elas podem ser guardadas, etc etc.. Com isto eu concordo, mas ainda assim, no actual estado das coisas, só se houver viabilidade financeira para o projecto.

Outros exemplos:

Bogotá -> http://www.streetsblog.org/2007/10/29/what-it-looks-like-when-bikes-are-part-of-the-transit-system/

Amsterdão -> http://www.jafitzgerald.ca/images/Amsterdam:bicycle_parking.jpg

O exemplo Hi-tech de Tokio -> http://www.youtube.com/watch?v=wE4fvwTBtno


Boas pedaladas!
 

cconst

Member
* "'Não custará um tostão à câmara' (...) as receitas provenientes quer do aluguer dos veículos quer da publicidade que estes podem transportar afixada 'têm de pagar o seu funcionamento' "

*"distribuir 2500 bicicletas por 250 pontos de Lisboa"

Ora, depois de ler, fiquei com a ideia de que os 5 M€ por ano se referem a infraestruturas, pois 2500 bicicletas dificilmente custarão os tais 5 M€ (teriam que ser bicicletas de 2000€ :shock:).

As transcrições acima são do primeiro post que cita uma noticia de um jornal. Ao ler pela 4ª ou 5ª vez reparei que nunca falaram em infraestruturas cicláveis (vou reler outra vez... afinal encontrei: "juntamente com as pistas para bicicletas que a autarquia vai abrir ligando vários locais da cidade").

A minha opinião é que se os 5M€/ano são para investir em bicicletas e num sistema que as mantenha e criar uma rede ciclável em Lisboa, penso que é uma mais valia. O que me parece é que o artigo está escrito de uma forma a criar polémica, referindo apenas que os 5M€ dariam para comprar autocarros (33 por ano) e bicicletas para todos os habitantes de lisboa...

Outra questão que se deve levantar é: na actual conjuntura é pertinente este investimento todo?! DEPENDE!
PRÓS:
- Ao criar uma unidade de manutenção das bicicletes criam-se postos de trabalho;
- Ao criar uma rede de infraestruturas cicláveis em Lisboa, criam-se postos de trabalho e melhora-se a qualidade de vida dos habitantes;
- (caso seja um sucesso) Diminui o tráfego dentro da capital, logo melhora a qualidade de vida dos habitantes em muitos aspectos;
- podem influenciar o orçamento familiar, pois com uma rede ciclável (eventualmente) os miudos podiam passar a ir de bicicleta para a escola (com o preço do passe de 2 meses compra-se uma bike de supermercado), bem como os graúdos para o trabalho;

CONS:
Gasta-se 5M€/ano... (ou para custar mais a digerir: é um projecto que custa 50M€)

Resumindo:
Se a maior fatia do orçamento for com o objectivo de contruir uma rede ciclável em Lisboa, para que os ciclistas se possam deslocar em segurança, estou plenamente de acordo, caso contrário, se for para despejar bicicletas na rua para qualquer um poder destruir, tenho que descordar.
 
F

fuel100

Guest
Passando o off tópic, cinco milhões de euros por ano em bicicletas para circular em Lisboa?
Ao fim de um mês, já só se encontravam metade, a outra metade já estaria em vários lares de "potenciais amantes da duas rodas".
Antes disso, seria importante educar, fazer sentir que aquilo se tratava de um bem publico, para ser utilizado por todos e normalmente, neste nosso país, as medidas são atiradas ao ar, sem se pensar das necessidades para implantação das mesmas.

Utilizando como mote, parte da resposta do Cristovão Martins acrescento.
Aveiro foi a cidade pioneira em Portugal, deste tipo de política com vista a uma maior sustentabilidade do ambiente urbano.
É uma cidade plana, há imensa tradição na utilização de bicicletas, a sua utilização é gratuita e as bugas (de seu nome) são umas bikes muito feias e pesadas, para além de que foi construída uma rede de ciclovias que une pontos tão diversos como estratégicos da cidade como a estação da C.P. e a universidade.
Este projecto já possui alguns anos e o que aconteceu foi o que mesmo assim os utentes fizeram suas as bikes de todos e com medo que se estragassem na via pública trataram de recolhe-las nas suas garagens.
Quando tal não acontecia, isto é quando, estavam estacionadas nos terminais, muitas delas estavam presas com cadeado...privativo.
Em Lisboa, como vai ser? Penso que, com a nossa mentalidade de chico espertismo, poderá acontecer a mesma coisa com evidente prejuízo para o intere$$e público.
Já estive em Paris, Lyon e algumas cidades suissas e mesmo espanholas (para não falar nas holandesas) que adoptaram há muito esta politica de mobilidade urbana, que funciona, não porque as cidades são planas, o clima é bom ou as bikes são giras, mas porque as pessoas sabem que o interesse colectivo se sobrepõe ao individual incluindo nisto o comportamento dos automobilistas e o respeito pela bicicleta. Sei do que falo e quando vi estações de comboio ou terminais rodoviários cheias de bikes estacionadas, ou quando vi redes de ciclovias que unem a Suiça inteira,por exemplo, deixou-me a pensar sériamente se eu não vivia no país errado.
Receio que o investimento camarário, sem uma prévia e macissa campanha de sensibilização, possa ser dinheiro atirado ao Tejo.
 

nelson_r

New Member
cconst said:
PRÓS:
- Ao criar uma unidade de manutenção das bicicletes criam-se postos de trabalho;
- Ao criar uma rede de infraestruturas cicláveis em Lisboa, criam-se postos de trabalho e melhora-se a qualidade de vida dos habitantes;
- (caso seja um sucesso) Diminui o tráfego dentro da capital, logo melhora a qualidade de vida dos habitantes em muitos aspectos;
- podem influenciar o orçamento familiar, pois com uma rede ciclável (eventualmente) os miudos podiam passar a ir de bicicleta para a escola (com o preço do passe de 2 meses compra-se uma bike de supermercado), bem como os graúdos para o trabalho;

CONS:
Gasta-se 5M€/ano... (ou para custar mais a digerir: é um projecto que custa 50M€)

Resumindo:
Se a maior fatia do orçamento for com o objectivo de contruir uma rede ciclável em Lisboa, para que os ciclistas se possam deslocar em segurança, estou plenamente de acordo, caso contrário, se for para despejar bicicletas na rua para qualquer um poder destruir, tenho que descordar.

Ora aqui estão bons argumentos e apresentados de forma sucinta.

A questão dos 50 milhões de euros não custa a digerir pois é tal como as prestações de um carro: custa mais pagar tudo de uma vez do que em prestações.

Quanto à questão de "extravio" das bicicletas, resolve-se de forma fácil: se existem pontos pré-definidos para ir buscar e levar as bicicletas, se as mesmas serão utilizadas por utilizadores registados, é muito fácil criar um sistema que controle a entrega da bicicleta. Se o mesmo não acontecer, sabe-se sempre quem foi o último utilizador de cada veículo, logo terá que ser o mesmo a repor o "valor".

Mas a verdade é que estamos a discutir a idéia e não a possibilidade da medida ter sido ou vir a ser chumbada pela assembleia municipal. Parece-me ser um caso de pura oposição eleitoralista a um bom projecto (que até se pode pagar a si mesmo).

Eu trabalho numa câmara municipal e uma vez o meu patrão disse à minha frente, que se não pudesse satisfazer os munícipes então o que estava ali a fazer. Foi uma afirmação muito interessante e muito verdadeira. Se as pessoas querem uma ciclovia, porque é que não se constrói uma? Se as pessoas não podem pagar um ginásio, porque é que não se pode instalar equipamentos (apropriados) num jardim público?

É deste tipo de questões que estamos aqui a falar, penso eu de que...
 

exumer

New Member
nelson_r, devo-te dizer que são péssimos argumentos. Estas a falar em 50 milhoes de euros como se fosse trocos..

- Se vais pelos posto de trabalho a conta é simples. Se dividirmos 50M€ por ordenados de 700€ (acima do ordenado minimo) estamos a falar em cerca de 71429 ordenados mensais, o que dá para pagar a muita gente durante muito tempo e obviamente retirar os dividendos do produto do seu trabalho qualquer que ele seja.

- 2500 bicicletas não serão um numero tao significativo face aos veiculos que entram todos os dias na capital,  para que haja uma diminuição significativa do trafego. Muito menos a taxa de adesão será de 100%, arrisco a dizer que em dias de chuva, que serão muitos ao longo de um ano a taxa de utilização será muito proxima do zero.

- Quantas ciclovias é possivel construir em todo o país com 50M€? Não faço ideia dos numeros, mas certamente serão muitas mesmo. Quantas maternidades, lares, hospitais com urgencias, etc poderiam manter-se abertos com 50M€?

- À conta de muitas obras megalomanas, projectos sem pés nem cabeça e outros motivos de despesismo exacerbado é que a camara de Lisboa tem um buraco superior a 330M€ (em 2007), são 66 milhoes de contos em moeda antiga!!. De empréstimo em empréstimo, uns para pagar os outros, para tapar buracos e buracos esta autarquia caminha para onde??

- Uma vez que quem paga toda a factura são os contribuintes, acho que seria de bom senso Lisboa parar para pensar um bocadinho. É que existe mais país para alem da capital e com problemas bem mais sérios e urgentes de resolver onde o nosso dinheiro é mais necessario. Ou só a "qualidade de vida" dos lisboetas é que interessa, mesmo que só meia duzia deles é que usufruam desta obra?

- Ah, e quanto a isso do pagar-se a si mesmo.. já ouvi demasiadas vezes essa historia e sempre com o mesmo desfecho: em vez de custar 50M€ e se pagar a si mesmo custa 60 ou 70M€ por causa dos desvios orçamentais e afinal isso do pagar a si mesmo ja nao era bem assim e tal, bla bla bla...

Resumidamente, e segundo os teus argumentos, és a favor que para criar 15 ou 20 postos de trabalho, dar mais "qualidade de vida" a um numero pouco significativo de habitantes (se a cidade tiver 1 milhao de habitantes, muito poucos são os que vão realmente utilizar as estruturas) e para tirar meia duzia de carros da cidade, o estado deve gastar 50M€? Desculpa mas não posso estar mais em desacordo...
 
Top