Estávamos então no início do terceiro dia, depois de tomar-mos um pequeno-almoço composto por as tostadas do costume, despedimo-nos desta querida que tudo fez para que nos sentíssemos em casa,
pois até comida marroquina nos deu a provar.
Deixo aqui uma nota para quem passe por essa terra que é “Puebla de Sancho Perez” não deixe de lá dormir, porque é um albergue embora seja particular é muito bonito e acolhedor com várias particularidades, pois tem um misto de religioso e pagão, porque para além da capela,
também tem uma praça de touros.
De Publa de Sancho Perez a Zafra foi um “tirinho”, Pois tínhamos saído ainda de noite, e em poucos minutos percorremos a distância que nos separava dessa terra que em minha opinião não passa de uma terra industrial.
Logo depois de Zafra ao sair da localidade existe uma espécie de mosteiro que é precedido de uma subida que nos leva perto da antena retransmissora que deve servir as rádios e televisões
[/IMG]
Ao vencer tal subida demos com uma descida e uma vista deslumbrante, que nos viria a trazer a uma terrinha onde bebemos (Café de saco) quem quis, porque eu bebi um (aquários).
Depois voltámos a deixar a civilização e entrámos num caminho em que o cascalho se fazia anunciar, mas logo depois estávamos a pedalar numa terra de tão seca mais parecia pó.
Passados alguns quilómetros eis que nos aparece uma placa a informar a existência de um albergue, mas teríamos de nos desviar do caminho, escusado será dizer que mais uma vez o nosso amigo Néz lá teve de ser ele a deslocar-se. Para carimbar as respectivas credenciais.
Entretanto quando eu e o César aguardávamos na encruzilhada, passaram por nós os nossos amigos (Bascos), e que viriam a ser alcançados de novo quando chegamos à terra seguinte, que da pelo nome de Villafranca de Los Barros, e já com vontade de tomar novo pequeno-almoço, terra essa que chegamos com tal velocidade que os nossos amigos se assustaram e gritaram de aviso para que não tivéssemos um acidente, porque havia algum transito e eu nem sequer me apercebi de tal situação.
Depois de alguma procura lá encontrámos um supermercado e calhou-me a mim fazer as compras para que abastecesse-mos de novo; Depois de comprar o sumo a agua o pão e o não menos famoso Jamom-serrano fomos degustar tais iguarias para a praça que em meu entender é a maior da localidade e que se viria a revelar uma excelente decisão,
porque o que estava guardado para depois desse reforço nutricional, mas antes disso o amigo Néz foi à esquadra lá da terra colocar o carimbo da ordem e então nos deparámos com uma estrada agrícola em que as vinhas eram de perder de vista.
Numa das paragens técnicas durante a travessia da tal propriedade, e visto que nem sempre existem equipamentos sanitários o amigo Néz solicitou apoio logístico “papel” e deixou-se ficar com a promessa de nos “apanhar no desdobramento”
tal esforço não viria a ser preciso porque tive de fazer também uma paragem forçada (um pincho) para mudar a câmara-de-ar da roda da frente,
durante a tal travessia passamos por uns peregrinos pedestres, aos quais perguntamos se estavam com agua suficiente para percorrer tal caminho, porque para além da extensão que tinham pela frente não havia maneira de se fornecerem de agua ou outros quaisquer mantimentos.
Uma vez superada a tal propriedade, tivemos de vencer uma subida para regressar à estrada,
que nos levaria a uma povoação que no meu entender mais parecia um bairro de barracas do que outra coisa, mas que estavam a montar o equipamento para uma festa, parámos então num bar em que eu fiz questão de ficar cá fora a tomar conta das bikes, mas através da janela do bar me mandaram cá para fora duas cervejinhas sem álcool bem fresquinhas, estava já na segunda “Jóla”, eis que aparecem os peregrinos pedestres, para espanto meu… Conversa puxa conversa até que ficámos a saber que eram galegos.
Fizemo-nos de novo ao caminho, mas ainda houve tempo para procurar mais um albergue para carimbar, mas que se encontrava fechado e quando retoma-mos o caminho passamos por uma obra em que estavam a trabalhar alguns Portugueses que nos saudaram efusivamente ao verem a bandeira de Portugal que costuma andar no porta-bagagem da minha bike; O caminho era paralelo a uma estrada, e que iria desembocar num caminho rural, mas que depois de vencida a tal estrada começaria a descer para Mérida,
o calor era agora insuportável e o Sol tornara-se inclemente, mas a coisa não ficaria completa se eu não dissesse que o Néz antes de chegar a Mérida teve a ideia de por em cima de uma viga de ferro onde os peregrinos depositaram a celebres pedrinhas como que a testemunhar a sua passagem por ali, ele queria por lá um pedregulho que tinha pelo menos uns duzentos quilos,
mas que eu tive o bom senso de dizer que alguém se podia ferir e não era o sito apropriado para fazer tal brincadeira, dito isto só me resta relatar a descida para Mérida que havia ainda de ter mais um contratempo, em que o César teve furo nas duas rodas ao mesmo tempo,
Porque já eu e o Néz estávamos a ver Mérida quando demos pela falta do César,
o que nos pareceu estranho ele demorar tanto tempo sem aparecer, porque nas estávamos a aguardar para entrarmos juntos na ponte Romana, escusado será dizer que lá voltámos para trás para saber o que acontecera, porque o telemóvel do “rapazinho” não dava sinal de vida; Uma vez resolvida o contratempo que nos atrasou lá chegámos então a Mérida,
onde o calor estava perto dos 40º centigrados fomos de imediato à procura do albergue o que se viria a revelar uma má escolha, porque em todas as peregrinações que fizera até ali nenhum tinha sido tão “merdoso” quanto aquele,
e para mal dos nossos “pecados” ao chegar perto do dito albergue o nosso Néz a quando estava a inserir caracteres no GPS para marcar o local do albergue no trilho, e fê-lo em andamento e foi contra um poste de iluminação pública e entalou um dedo o que lhe viria a causar dores intensas durante toda a viagem, tendo segundo ele pensado em desistir, a sorte é que ele ainda é novo e o teorema de zebrocas ainda prevalece em vigor, porque macho que é macho nunca se vai abaixo, e assim conseguiu percorrer todo o caminho.
Depois do banho tomada lá fomos à procura de um sitio para comer mas como já passava das três horas e nisso os nuestros hermanos não brincam sentámo-nos numa explanada e bebemos umas canhas, e como a telepizza era mesmo ali ao lado o Néz foi comprar uma pizza familiar mas que se viria a revelar escassa,
porque estes três meninos não se deixam intimidar nem por o calor insuportável que estava nesse dia e tiveram de mandar vir mais uma “pizanita” e desta vez calhou-me a mim ir lá compra-la e no final não conseguimos come-la toda mas o César fez o favor de levá-la a conhecer a cidade, levando-a debaixo do braço;
nesse dia ainda deu para comprar fruta descansar no relvado de umas ruínas no meio da cidade e depois fomos comer a uma tasca em que o dono dizia que conhecia Lisboa, pois tinha estado no Estoril a passar umas férias, essa tasca tinha um movimento estranho, e quanto a nós havia ali mais qualquer coisa para além do negócio das “sandochas” mas como não tínhamos nada a ver com o assunto nem sequer nos preocupamos com a coisa, depois lá pegámos na fruta e na caixinha da pizza e lá regressamos ao albergue, mas o calor era de tal ordem que ainda viemos para o jardim onde se situava o albergue e o Néz foi comprar umas bebidas para estar-mos deitadinhos no relvado a ver os “Méridianos” , uns a fazer joging e outros a passear,
só depois mesmo em cima da Hora do albergue encerrar é que nos fomos recolher, para a noite mais difícil que tive em todas as minhas peregrinações.
Desejo atodos muita saudinha da boa e boas pedaladas.