Em relação ao tópico de entrada quero dizer que apesar do sentimento de impotência e raiva com que ficamos nestas circunstâncias, devemos sempre pensar que não há bicicleta ou outro bem material qualquer que seja equiparável à nossa vida!
De que vale mantermos a bicicleta se nos arriscamos a perder a capacidade de voltar a andar nela?!! De certeza que para esses criminosos a vossa/nossa vida vale bem menos que a bike reluzente, por isso um tiro ou uma facada é apenas um meio para atingir um fim. De uma maneira ou de outra o prejuízo será sempre nosso, de modo que vale mais ficar com a mágoa de um roubo do que com a vida estragada para sempre.
Em relação à conjuntura para que estas situações se repitam com cada vez mais frequência, eu penso que não será muito de estranhar e que cada vez o problema será maior. A grande questão prende-se, para não ir mais longe, com a emergência dos chamados "estados-providência", sobretudo na Europa, que a partir dos anos 60/70 assumiram junto das sociedades uma preocupação social muito forte. Esta consciência social deveu-se muito ao desenvolvimento das ciências sociais e humanas, tipo a sociologia, psicologia, etc. que passaram a ver na sociedade e sobretudo nos seus governos os "culpados" pelas diferenças existentes entre ricos e pobres, para ser simplista.
Este peso das questões sociais tornou os estados reféns, obrigando-os a dispender tempo e dinheiro com politicas sociais de forma a tentar diminuir o grau de desfasamento entre pobres e ricos. Estas tentativas, a meu ver falhadas na maioria dos casos, promoveram uma cultura de facilitismo e de dependência dos estados muito excessiva que leva a que hoje em dia qualquer governo se encontre "obrigado" a encarar estas questões. Ciências como a sociologia e a psicologia, entre outras, rapidamente encontraram explicações e justificativos para os comportamentos desviantes na sociedade, procurando enquadrá-los em questões mais vastas quase sempre de natureza económica. Daí que os governos actualmente mais não façam do que aplicar medidas que visem "atenuar" as marginalidades e as diferenças sociais dos mais desfavorecidos, mas sempre com prejuizo para nós, os que nos encaixamos na sociedade e sabemos viver segundo as regras que nos são impostas. Simplesmente porque nós que somos o garante da sociedade, que pagamos impostos e respeitamos as leis, temos de "saber viver" com estes abusos. Ai de algum de vocês que tocasse num "miúdo desfavorecido" (criminoso!)...estavam feitos para a vida..!! É que nós é que ainda somos acusados de criminosos..engraçado não é?!! não tem é graça nenhuma..!!
Isto tem pano para mangas, mas deixo por aqui a minha humilde contribuição..!!