O problema apresentado, é normal em qualquer peça de compósito.
A fibra de carbono, não foi "elaborada" para receber impactos. Os impactos podem ser vistos como coisas pontuais em que num curto espaço de tempo (0,01s) exerce no material grandes forças.
Quando estas forças passam o regime elástico (básicamente quando o material deixa de ter linearidade entre extensão e carga aplicada) acontece o seguinte:
- Aço - dobra (caso seja uma força enorme, e pode partir) ou fica moça
- Alumínio - pode partir (caso seja uma grande força) ou ficar uma moça
- Carbono - Pode partir ou fica igual... mas apenas por fora.
E aqui é que é o "bezílis" da situação.
No alumínio e aço, fissuras/dobras são muitas vezes visíveis a olho nu, podendo ser fácilmente controlados.
No caso do carbono... as fissuras podem ocorrer nas fibras interiores, não sendo visível do exterior (pelo menos a olho nu). O que fazer? usar um aparelho de ultra-sons! Coisa que temos no canto de casa... certo? :roll:
Uma coisa que se tem de perceber é que em fibra de carbono, a resina não é estrutural. As fibras é que são. Podendo haver quebras no interior, e não se apresentarem do lado exterior. Ora... se temos fibras cortadas, que não estão lá a fazer o seu trabalho, o resultado é que o conjunto total não irá suportar um impacto para o qual foi projectado.
Como normalmente os fabricantes dão a volta a isto:
Simples, aplicam factores de cagaço (ou segurança) mais elevados, e aplicando mais umas telas engrossando a peça - e sendo um pouco mais pesadas.
Podemos dizer que para regra geral, o carbono (tecido pré-impregnado) possuí uma densidade há volta de 2200 kg/m3, e como tal, não será mais uma camada que irá incrementar estupidamente o peso final da peça.
Fibra compósita que se utiliza para receber impactos costuma ser o Kevlar, mas que tem um baixo valor de resistência.
Pessoalmente, sou um pouco contra o compósito em BTT. Sao máquinas sujeitas a quedas, e uma coisa que poderia ser apenas uns arranhões ou muitas vezes uma gargalhada, passa a ser uma dor de cabeça... e leveza (na carteira)!
O compósito será o futuro... mas ainda falta muito para que se deixe de pensar em designs de "metal" e aplicar material compósito. Cada material tem o seu design, e hoje em dia a tecnologia empregue não me parece competitivo se compararmos directamente ao alumínio (+/-2700 kg/m3).
Num futuro muito próximo... usando designs 100% compósito...e fabrico mais avançado (tipo RTM - resine transfer moulding), acredito que o BTT irá ter uma evolução enorme.
Mas isto é a minha opinião... e hoje, ando a ponderar a compra de um quadro em cromolly! Confortável... leve qb, mas acima de tudo, à prova de bala! :twisted: