Ensaio de Componentes:
Hope Race X2
Texto e fotos: Eduardo Marques
Os Hope Race X2 são a mais recente iteração de gama mono-pistão da linha de produtos da marca sediada em Barnoldswick. Ocupam o lugar que os X2 Mini Pro detinham na linha de produtos de 2009, ou seja, são os novos travões peso-pluma da marca, peças leves e suficientemente potentes para o uso em XCO/Maratonas. O layout básico continua a ser o mesmo dos X2 Mini Pro, com manetes e pinças monobloco em alumínio 2014 T6, totalmente talhadas em máquinas CNC. São travões obcecados no peso, de pequena dimensão e design simples, sem qualquer tipo de ajustadores como os encontrados na gama Tech da Hope. A decoração segue o mesmo padrão de simplicidade sendo também bastante discreta. Por todo o lado a cor preta impera e o lettering é reduzido. Nas tampas dos reservatórios encontra-se um pequeno logótipo gravado a preto e branco e nas faces interiores das pinças encontramos um "X2" estilizado. Embora os protótipos deste travão tenham sido apresentados com manetes de carbono, as versões de produção disponíveis nas lojas vêm equipadas com manetes de alumínio perfuradas. Os manípulos são agressivamente maquinados, com o reservatório de óleo colocado em ângulo, de forma a fazer praticamente parte do corpo central da peça. A parafusaria das manetes é de alumínio mas, embora permitam perdas de peso significativas, estes parafusos requerem cuidado no manuseamento e ajuste para evitar danos. Para que a montagem possa ser feita sem necessidade de remover os punhos do guiador, os apertos da manete apresentam a placa inferior totalmente removível, algo que já é tradicional na Hope há bastantes anos.
As pinças são mono-bloco de um só pistão, também trabalhadas para reduzir o peso. É perceptível o grande esforço para remover material supérfluo. Os conectores da tubagem hidráulica são rotativos de modo a permitir o correcto ajustamento do ângulo de entrada e assim evitar percursos impróprios de tubagem que podem originar danos.
Os discos são baseados no design flutuante da marca. Como habitual, um disco exterior de aço é rebitado a uma estrutura central em alumínio. Nos discos flutuantes destes Race X2 ambos os componentes são mais finos que o habitual para reduzir mais umas gramas. 12 parafusos T25 de titânio são fornecidos para unir os discos ao cubo das rodas.
A manutenção mantém-se a já típica da Hope, com um método de sangramento baseado em gravidade que não requer seringas ou outros sistemas de injecção de óleo complexos. Basta adicionar óleo ao reservatório da manete e deixar sair o óleo antigo por um tubo de plástico instalado no orifício de sangramento da pinça. Este procedimento pode ser feito com os travões montados na bicicleta,desde que sejam tomadas as precauções necessárias para manter o óleo longe dos discos e pastilhas. O óleo usado para actuação do sistema hidráulico é o usual DOT, sendo permitidas as variantes 3, 4 ou 5.1. Para substituir vedantes e pistões, é necessário retirar a tampa roscada lateral. Apesar da manutenção poder ser feita de modo bastante simples, como ponto negativo aponto o facto desta tampa apenas poder ser aberta com uma chave especial, fabricada e vendida pela Hope.
Para o nosso teste recebi um par de travões equipados com discos de 160 mm em ambas as extremidades. Os travões eram novos, com zero quilómetros, e logo pude verificar que o período necessário para que estes travões acamem é relativamente reduzido. Em cerca de 20 quilómetros de uso verificou-se uma estabilização da potência de travagem.
Já com os travões devidamente acamados, pude então constatar as reais capacidades dos Hope. Para quem está habituado à linha de travões de disco Hope de um só pistão, o funcionamento é muito familiar. A travagem é feita de forma muito progressiva e linear, sem nunca chegar a ser esponjosa. A manetes são pequenas, para ser usadas com poucos dedos, e apresentam um funcionamento bastante ligeiro. Ao longo da duração do ensaio não encontrei nenhum tipo de folga vertical no pivot de encaixe das manetes.
Quanto à potência de travagem máxima, considero-a decente, mas não avassaladora. Não são travões fracos pois existe potência mais que suficiente para controlar a velocidade em qualquer situação que nos apareça pela frente mas nunca encontramos aquele efeito de desaceleração súbita com bloqueio fácil das rodas que travões de outras marcas apresentam. Penso que isto é uma decisão consciente da Hope para privilegiar a facilidade de doseamento. Introduzir muita força num sistema de travagem é relativamente fácil, mas torna-se extremamente complicado oferecer um doseamento preciso se o bloqueio das rodas ocorre com pouca força de actuação das manetes. Embora dependa muito das pastilhas e de eventuais contaminações, não encontrei qualquer tipo de guincho durante as travagens, mesmo com as pastilhas e os discos molhados. Em termos de vibrações, foi notório apenas um pequeno zumbido causado pelo contacto intermitente entre a pastilha e a superfície serrada do disco. Neste tipo de travão, leve e pequeno, existe a possibilidade da fadiga térmica reduzir substancialmente a capacidade de travagem. Fiz algumas longas descidas de alta montanha mas não foi no entanto notada perda de potência significativa e os travões mantiveram o funcionamento constante e previsível mesmo após largos minutos a ser usados de forma quase contínua.
Os Hope Race X2 são então travões de XC eficazes, extremamente leves e com excelente tacto. Estão longe de ser a opção mais potente na sua gama, mas são peças de excelente qualidade de construção, com a experiência e design cuidado típico da Hope. Estes Race X2 são uma boa escolha para todos aqueles que favoreçam o baixo peso e o tacto refinado nos seus travões de disco.
Agradecimentos: Loja Pernalonga pelo fornecimento dos travões e bicicleta (análise a ser publicada brevemente)
Hope Race X2
Texto e fotos: Eduardo Marques
Os Hope Race X2 são a mais recente iteração de gama mono-pistão da linha de produtos da marca sediada em Barnoldswick. Ocupam o lugar que os X2 Mini Pro detinham na linha de produtos de 2009, ou seja, são os novos travões peso-pluma da marca, peças leves e suficientemente potentes para o uso em XCO/Maratonas. O layout básico continua a ser o mesmo dos X2 Mini Pro, com manetes e pinças monobloco em alumínio 2014 T6, totalmente talhadas em máquinas CNC. São travões obcecados no peso, de pequena dimensão e design simples, sem qualquer tipo de ajustadores como os encontrados na gama Tech da Hope. A decoração segue o mesmo padrão de simplicidade sendo também bastante discreta. Por todo o lado a cor preta impera e o lettering é reduzido. Nas tampas dos reservatórios encontra-se um pequeno logótipo gravado a preto e branco e nas faces interiores das pinças encontramos um "X2" estilizado. Embora os protótipos deste travão tenham sido apresentados com manetes de carbono, as versões de produção disponíveis nas lojas vêm equipadas com manetes de alumínio perfuradas. Os manípulos são agressivamente maquinados, com o reservatório de óleo colocado em ângulo, de forma a fazer praticamente parte do corpo central da peça. A parafusaria das manetes é de alumínio mas, embora permitam perdas de peso significativas, estes parafusos requerem cuidado no manuseamento e ajuste para evitar danos. Para que a montagem possa ser feita sem necessidade de remover os punhos do guiador, os apertos da manete apresentam a placa inferior totalmente removível, algo que já é tradicional na Hope há bastantes anos.

As pinças são mono-bloco de um só pistão, também trabalhadas para reduzir o peso. É perceptível o grande esforço para remover material supérfluo. Os conectores da tubagem hidráulica são rotativos de modo a permitir o correcto ajustamento do ângulo de entrada e assim evitar percursos impróprios de tubagem que podem originar danos.

Os discos são baseados no design flutuante da marca. Como habitual, um disco exterior de aço é rebitado a uma estrutura central em alumínio. Nos discos flutuantes destes Race X2 ambos os componentes são mais finos que o habitual para reduzir mais umas gramas. 12 parafusos T25 de titânio são fornecidos para unir os discos ao cubo das rodas.

A manutenção mantém-se a já típica da Hope, com um método de sangramento baseado em gravidade que não requer seringas ou outros sistemas de injecção de óleo complexos. Basta adicionar óleo ao reservatório da manete e deixar sair o óleo antigo por um tubo de plástico instalado no orifício de sangramento da pinça. Este procedimento pode ser feito com os travões montados na bicicleta,desde que sejam tomadas as precauções necessárias para manter o óleo longe dos discos e pastilhas. O óleo usado para actuação do sistema hidráulico é o usual DOT, sendo permitidas as variantes 3, 4 ou 5.1. Para substituir vedantes e pistões, é necessário retirar a tampa roscada lateral. Apesar da manutenção poder ser feita de modo bastante simples, como ponto negativo aponto o facto desta tampa apenas poder ser aberta com uma chave especial, fabricada e vendida pela Hope.
Para o nosso teste recebi um par de travões equipados com discos de 160 mm em ambas as extremidades. Os travões eram novos, com zero quilómetros, e logo pude verificar que o período necessário para que estes travões acamem é relativamente reduzido. Em cerca de 20 quilómetros de uso verificou-se uma estabilização da potência de travagem.

Já com os travões devidamente acamados, pude então constatar as reais capacidades dos Hope. Para quem está habituado à linha de travões de disco Hope de um só pistão, o funcionamento é muito familiar. A travagem é feita de forma muito progressiva e linear, sem nunca chegar a ser esponjosa. A manetes são pequenas, para ser usadas com poucos dedos, e apresentam um funcionamento bastante ligeiro. Ao longo da duração do ensaio não encontrei nenhum tipo de folga vertical no pivot de encaixe das manetes.

Quanto à potência de travagem máxima, considero-a decente, mas não avassaladora. Não são travões fracos pois existe potência mais que suficiente para controlar a velocidade em qualquer situação que nos apareça pela frente mas nunca encontramos aquele efeito de desaceleração súbita com bloqueio fácil das rodas que travões de outras marcas apresentam. Penso que isto é uma decisão consciente da Hope para privilegiar a facilidade de doseamento. Introduzir muita força num sistema de travagem é relativamente fácil, mas torna-se extremamente complicado oferecer um doseamento preciso se o bloqueio das rodas ocorre com pouca força de actuação das manetes. Embora dependa muito das pastilhas e de eventuais contaminações, não encontrei qualquer tipo de guincho durante as travagens, mesmo com as pastilhas e os discos molhados. Em termos de vibrações, foi notório apenas um pequeno zumbido causado pelo contacto intermitente entre a pastilha e a superfície serrada do disco. Neste tipo de travão, leve e pequeno, existe a possibilidade da fadiga térmica reduzir substancialmente a capacidade de travagem. Fiz algumas longas descidas de alta montanha mas não foi no entanto notada perda de potência significativa e os travões mantiveram o funcionamento constante e previsível mesmo após largos minutos a ser usados de forma quase contínua.
Os Hope Race X2 são então travões de XC eficazes, extremamente leves e com excelente tacto. Estão longe de ser a opção mais potente na sua gama, mas são peças de excelente qualidade de construção, com a experiência e design cuidado típico da Hope. Estes Race X2 são uma boa escolha para todos aqueles que favoreçam o baixo peso e o tacto refinado nos seus travões de disco.
Agradecimentos: Loja Pernalonga pelo fornecimento dos travões e bicicleta (análise a ser publicada brevemente)
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