Crónicas de um Bravo do Pelotão por Terras Helvéticas

salgado52

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Mais uma excelente foto-reportagem,ainda que não em duas rodas mas em duas pernas,e como diz o "outro" para a próxima "abre a pestana" os fechos são sempre virados para o exterior,eh!eh!eh!

Abraço

JAndrade
 

AFP70

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Boas JAndrade,

Nos próximos tempos vai ser assim.
Na minha terra usa-se uma expressão similar “arreguila as lanfranhas”, eheheh…
“Rookie” é assim mesmo…

Um abraço,
Alexandre Pereira
 

AFP70

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Boas Companheiros (as),

Eis o mote para a minha próxima crónica. Infelizmente a alta montanha ainda está coberta de um manto branco que se vai manter por mais 1 a 2 meses (ossos do ofício).

Cumprimentos ;),
Alexandre Pereira

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AFP70

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Do “Col du Pillon” quase que dava um salto ao “Glacier 3000”…

À semelhança do que acontece no BTT, os trilhos de raquetes e/ou caminhadas também estão classificados em fáceis, médios e difíceis. Ora como não podia deixar de ser, resolvi que estava na hora de experimentar um trilho difícil (acima de uma caminhada com raquetes, para mim já é experiência suficiente, eheheh…). A escolha recaiu sobre um percurso para os lados do “Col du Pillon”, percurso Nº03 e que se situa muito perto da famosa estância de ski “Les Diablerets”.

O problema destas deslocações é que demoramos em cada viagem de comboio cerca de 2h00, daí que tudo tem de ser milimetricamente cronometrado de forma a chegarmos a casa em horários aceitáveis.

Eram 10h30 da manhã quando iniciei o meu périplo, tendo arrancado do “Col du Pillon” (1.550 mts). Tratando-se de um trilho circular, passadas 4h00 já me encontrava de regresso ao ponto de partida.

Foi um dia inesquecível, quer pelas paisagens, quer pelo sol que me acompanhou ao longo de todo o dia.

Realmente quem classificou esse trilho de difícil não se enganou porque em muitas ocasiões estive para deitar os b.f.s de fora, tal era o grau de inclinação das escarpas que tive de superar. Mas como sou fã de São Tomé, tive de ver para crer, pronto agora já sei que difícil means difícil, eheheh…

No total foram cerca de 8 kms sendo a altitude mínima de 1.300 mts e a máxima de 1.690 mts.

Chegado ao “Lac de Retaud” e estando este congelado, resolvi não arriscar caminhar em cima dele, uma vez que não sei nadar e por vezes as “shit happens” e sei de antemão que a “senhora da catana” anda desde que nasci, mortinha (nem de propósito) por me deitar a mão.

Foi também junto ao lago que pude ver o aspeto de uma avalanche, neste caso quatro e acreditem que não gostava de estar perto quando aquilo aconteceu (as fotos falam por si), tal é o poder da neve.

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº041).

O meu transporte desde “Aigle” (406 mts) até “Les Diablerets” a 1.158 mts.
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Os diferentes locais por onde o comboio irá passar.
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As 12 pistas que vão desde os 1.300 mts aos 3.000 mts e os 10 teleféricos, tudo isso na zona do “Glacier 3000”.
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Para atingir o “Glacier 3000” temos de subir via 2 teleféricos. O primeiro conduz-nos do “Col du Pillon” (1.550 mts) a “Cabane” (2.525 mts) e depois daí, o segundo leva-nos até “Scex Rouge” (2.925 mts). Quando a neve derreter irei fazer a caminhada desde o ponto A ao ponto B e depois até à “Quille du Diable”, agora era muito perigoso (muito escarpado, só com grampões).
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Os teleféricos no seu movimento de vai e vem.
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Viagem completa (ida e volta) sem desconto custa +/- 65 EUR “c’est pas donné à tout le monde”.
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Escolhi o trilho nº03, por ser considerado um trilho de nível difícil, o que se veio a confirmar. Foram cerca de 8 kms com 1.300 mts de altitude mínima e 1.690 mts de altitude máxima.
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Início das hostilidades. O dia estava convidativo.
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Aquela mancha branca vertical que se vê do lado esquerdo da foto junto ao pinheiro é uma cascata congelada.
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A neve não podia estar mais macia.
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Algumas zonas perigosas. Não esquecer que caminhamos em escarpas com mais de 200 mts de altura.
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Pequeno aglomerado de casas, só faltava ver o Pai Natal. Reconhecem aquela montanha lá ao fundo? Visitem a crónica Nº024 e talvez reconheçam a “Tour D’Aï” a 2.331 mts.
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O trilho lá prosseguia sempre bem sinalizado.
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Mais do mesmo e como constatam, não faltam alternativas fora de track.
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Mesmo com tração às quatro, não sei não.
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Estes trilhos no inverno são para as raquetes e no verão são para as biclas, o chamado dois em um.
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Nesta fase do trilho, aguardavam-me longas retas.
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“Le Tarent” a 2.548 mts.
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Mais uma bifurcação. É muito fácil perdermo-nos quando seguimos estes trilhos, umas vezes por falta d’ indicações e outras vezes porque as placas estão colocadas em zonas “invisíveis”.
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La “Tour D’Aï” a 2.331 mts e o famoso restaurante rotativo “Kuklos” que efetua uma volta completa em cerca de hora e meia. Já fui muito feliz nessa zona (ver crónica Nº024)
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Para continuar tinha de descer esta escarpa.
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Só mesmo a madeira para aguentar o peso da neve (mais de 1 mt no telhado).
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“Les Diablerets” a 1.158 mts. Nesta zona percebi o porquê deste trilho ser considerado difícil.
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E a subida que nunca mais acabava. Foram cerca de 1,5 kms a subir para vencer +/- 350 mts de desnível (F..a mesmo).
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Para mais tarde recordar e em pano de fundo a zona do “Glacier 3.000”.
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Ainda estou a meio caminho.
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“Palabra da salbação”, mas não deixam de ter razão.
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Chegada a “Les Moilles” (1.650 mts). Trata-se de uma extensa zona de planalto conforme poderão constatar pelas próximas fotos.
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Conseguem ver a cascata congelada? Olhem por cima dos pinheiros na zona central da foto, são apenas 120 mts, eheheh…
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Não, não era o único e ainda bem!
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Nesta zona podia praticar-se ski de fundo.
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Simplesmente porque a zona merecia mas complicado em termos de qualidade devido à posição do sol (fez-se o possível).
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“Lac de Retaud” a 1.690 mts. Trata-se de um pequeno lago com apenas 175 mts de comprimento. Embora congelado, não arrisquei isto porque sei que o Diabo anda mortinho por me apanhar.
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Mais uma do lago e na encosta podem ver os restos de 4 avalanches.
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Vim d’além.
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Os teleféricos acompanharam-me ao longo de toda a volta. Agora é sempre a descer.
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Mais uma de pormenor.
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E é aqui que tudo começa na estação do “Col du Pillon” a 1.550 mts, isto para quem se desejar aventurar na zona do “Glacier 3000”.
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O meu transporte (yellow bus) de regresso a “Les Diablerets”.
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Um último adeus ao teleférico. “My friend, dentro de 2 a 3 meses conta comigo para mais uma aventura digna de registo”.
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Dentro de 2 a 3 meses (logo que a zona esteja limpa de neve) irei novamente visitar “Les Diablerets” isto porque descobri via Google Earth que existe um trilho pedestre que liga “Cabane” (2.525 mts), 1ª zona de paragem do teleférico a “Scex Rouge” (2.925 mts) zona final de paragem do teleférico e daí irei até “La Quille du Diable”.

Daqui até lá, tentarei encontrar outros locais de “brincadeira” a pé ou de bicla.

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 

RTC

Super Moderador
Fantástico...como sempre! Que branco lindo!
Já conheço a Suiça de verão. Agora era conhecê-la de inverno, mas pelo que leio...não é para "curiosos"! ;)
 

AFP70

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Boas JAndrade e RTC,

Neste momento o meu problema é o tempo, isto é há 3 semanas que me vejo impossibilitado de realizar qualquer atividade aos fins-de-semana e pelos vistos no próximo a coisa vai manter-se (chuva Q.B.)
O branco neste momento é a cor dominante e ainda bem que adoram…
Quiçá terei de mudar de paragens para poder usufruir de uma volta de bicla em montanha ;)

Obrigado por seguirem e comentarem,
Alexandre Pereira
 

AFP70

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Boas Companheiros (as),

Eis um “preview” da minha próxima crónica. Neste caso a neve resolveu pregar-me uma partida. A seu tempo postarei nos locais do costume.

Cumprimentos ;),
Alexandre Pereira

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AFP70

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“Mont Tendre”, I will come back and I will kick your ass!...

A última vez que andei de bicla foi em Fevereiro aquando da minha estadia nas Terras Lusas, tendo optado durante este período por fazer caminhadas já que rolar em alta montanha é missão impossível. Aqui a neve e o frio não perdoam e como sabem detesto rolar em estrada.

Após este interregno, era com grande expetativa que aguardava um dia bom ou excelente para poder fruir de uma das minhas grandes paixões.

Como ainda nunca tinha rolado na zona do “Jura”, acabei por delinear um “track” que me conduzisse ao topo do “Mont Tendre” (1.679 mts). A volta iniciaria em “Montricher” (675 mts) e daí era sempre a subir gradualmente através de uma extensa floresta.

Jean de la Fontaine escreveu que “Cada um acredita, facilmente, no que teme e no que deseja”, pois bem, eu acreditei que não iria encontrar neve ao longo da volta e se porventura a encontrasse, passava-lhe por cima.

Nos primeiros kms da volta e até atingir os 1.000 mts, esta prometia pois o dia estava maravilhoso, calor Q.B., mas eis que a partir daqui as “coisas” começaram a complicar-se, isto é, começaram a surgir as primeiras manchas de neve.

Não há-de ser nada, pensei para comigo, mas à medida que avançava, notava que a quantidade de neve aumentava em espessura e extensão. A partir de certa altura, desmontei e a progressão fez-se a passo de caracol (não consultei a minha bola de cristal pelo que não trouxe as minhas raquetes).

Sempre pautei a minha existência por nunca desistir independentemente das vicissitudes encontradas, mas à medida que avançava e perante o cenário que agudizava, questionava-me se realmente valia a pena o esforço despendido, isto porque a cada passo dado enterrava-me cerca de 30 cms, para além de que ainda tinha que arrastar a minha fiel companheira.

Fui meditando, meditando, meditando, meditando e acreditando que o cenário iria melhorar até que tive de pôr um travão a este rebuliço interior e por volta dos 1.245 mts, resignei-me a voltar para trás e procurar uma alternativa que me permitisse rolar a uma altitude mais baixa.

Como estava no meio de uma floresta, era impossível ver o quer que seja acima das copas das árvores, pelo que após uma extensa descida encontrei um caminho que me permitiu regressar por um caminho alternativo à aldeia de “Montricher”.

Uma vez que o meu corpo e a minha mente clamavam por mais kms, acabei por não apanhar o comboio na aldeia, mas sim em “Morges”, isto é, uns 15 kms mais à frente.

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº042).

O meu meio de transporte até ao destino final.
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De “Lausanne” segui para “Morges” e daí para “Montricher” onde a volta inicia. Foram no total cerca de 50 minutos de viagem.
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“Montricher” situa-se a 675 mts de altitude e a partir de agora é sempre a subir até atingir o “Mont Tendre” a 1.679 mts.
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São hectares e hectares de floresta com imensos caminhos que se cruzam, possibilitando uma infinidade de alternativas; aliás esta floresta assemelha-se a muitas das zonas do Gerês por onde já rolei.
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Aqui já me encontrava perto dos 1.000 mts. É por isto que gosto de “Lausanne”. Quem já leu a crónica 024 e 034 ou acompanha este tópico sabe porque já fui feliz nos pontos B e C.
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O local merecia esta panorâmica.
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A partir de agora começam os meus problemas. Sabia de antemão que porventura iria encontrar alguma neve, mas nunca nestas quantidades.
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A minha fiel amiga nunca se sentiu tão bem.
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Não desejando dar por mal empregue o meu tempo e porque o dia estava lindíssimo resolvi continuar mesmo assim. Pedalar em neve macia é missão impossível daí ter sido presenteado com uma queda.
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À medida que avançava com a minha fiel companheira pelo braço ia-me enterrando na neve. Por vezes cheguei quase à altura do joelho, mas a norma era no mínimo 30 cms. Só mesmo para malucos viciados em BTT.
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Para mais tarde recordar.
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À medida que subia, por vezes surgiam alguns metros sem neve o que me levava a acreditar que talvez daí para a frente não houvesse neve ou esta estivesse num estado que talvez permitisse rolar.
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Mas para mal dos meus pecados, tal como na “real life”, por vezes, não basta acreditar. Neste caso, bastava ter trazido as raquetes.
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Quem me segue, sabe que não desisto facilmente, daí que continuei a insistir.
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Após quase 1 km e porque não via forma do cenário se alterar (1.245 mts), resolvi que estava na hora de tentar um caminho alternativo, pelo que toca a descer.
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Do lado de cá temos o “Jura” e do lado de lá temos os “Alpes”. O “Mont-Blanc” foi escalado pela primeira vez em 1786 e é considerado mundialmente como o berço do alpinismo. Notar que do ponto onde me encontro até lá são apenas 95 kms em linha reta.
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Não conforme com a situação, arranjei uma alternativa para rolar a uma altitude menor.
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À exceção desta montanha, o “Jura” nunca me seduziu, acho-o demasiado plano, recordando-me as planícies ribatejanas ou mesmo alentejanas. Demasiado horizontal para meu gosto, mas não há dúvida que os tons de verde são de uma beleza sem igual.
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Leiam a crónica 025 e saberão o porquê de ter indicado os pontos A e B. Como constatam, na Suíça nada fica assim tão longe.
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Para além dos campos, o “Jura” também se carateriza pelas suas imensas florestas. Durante a volta, cruzei com três veados.
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Esta zona merecia.
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Ao fundo a estação onde tudo começou. Quiçá qualquer dia não calcorreio aquelas montanhas, haja saúde e tempo.
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Mais uma do mesmo.
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A caminho da estação. Não fossem as montanhas e dir-se-ia que estávamos na lezíria ribatejana.
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Um último adeus à neve ou como diria um meu amigo “F..k Y.o B…h”.
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Insatisfeito, chateado, revoltado e todos os demais adjetivos, resolvi não entrar no comboio e prolongar a volta por mais 15 kms, isto para apaziguar a mente e o corpo.
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É fácil perceber pelas manchas brancas que a minha tarefa de subida estava condenada ao fracasso.
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A caminho de “Morges” ainda deu para recordar aventuras ocorridas nas crónicas 023 e 024.
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Avioneta rebocando um planador.
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Afinal as Terras Helvéticas não são assim tão diferentes de Portugal.
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“Goodbye my friend. I will come back and I will kick your ass”.
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Cenário para próximas aventuras.
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Por norma detesto rolar em estrada, mas perante estas paisagens não consegui resistir.
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“Lausanne” ao fundo.
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Primeiro que resolvessem olhar para mim foi como diz o povo “um dia de juízo”.
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“Morges” e pelos vistos geminada com “Lisboa”, eheheh…
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Mais uma de “Morges” para finalizar.
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No final acabei por realizar cerca de 40 kms. Soube a pouco pois o objetivo não foi cumprido, mas como diria o Arnold Schwarzenegger “I’ll be back” e o “Mont Tendre” que se prepare.

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 

salgado52

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Boas Alexandre,mais um rol de belas imagens,o amigo não consegue mesmo estar parado,com neve ou sem neve,"aventura precisa-se"acho que um dia ainda te vou ver com uns skis montados nas rodas da mérida.


Abraço
 

AFP70

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Bom dia JAndrade,

Obrigado pelo post e tal como V.EXª, não posso estar parado pelo que necessito “coçar-me” em permanência, eheheh…
A “comichão” é tanta que resolvi dar uma perninha à terra (muito curta).
Como não podia deixar de ser, ainda vai dar para amanhã fazer algo de diferente em companhia do amigo Pereira. Novo trilho em zona nova ( o dia promete).
Há tipos que são viciados em trabalho, eu e presumo que vossemecê também, somos viciados em BTT e neste tipo de experiências.
Enquanto houver saúde, dinheiro e tempo vamos gozando estes momentos.

Um abraço sincero aqui das Terras da Maria ;).
Alexandre Pereira
 

anarciso

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Olá Alexandre,
Sendo eu um praticante deste género de BTT, guiado por GPS e para apreciar a paisagem, já à muito tempo que acompanho estes teus relatos, principalmente aprecio a beleza das fotos e vou-me imaginando a percorrer esses trilhos magníficos. Como só sigo o tópico, hoje senti o dever de escrever aqui algo que denunciasse isso mesmo, para que pelo menos com isso alimentar a continuação destes relatos magníficos. Aguardo o próximo e mesmo sem dizer nada garanto o meu seguimento do tópico. :yeah:
 

AFP70

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Boa tarde António Narciso,

Obrigado por seguir este tópico e por hoje ter dado o seu contributo.
É sempre bom, não por uma questão de ego, mas sobretudo para sentirmos (quem escreve sabe do que falo) que o que aqui partilhamos ajuda a passar bons momentos.
Por minha culpa, sei que muitos “users” se viciaram neste tópico e dentro da medida do possível, tento aliviar-lhes as dores da privação, eheheh…
Amanhã tentarei recolher matéria para a próxima crónica.

Um abraço “and keep following” ;),
Alexandre Pereira
 

AFP70

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Bom dia ao Fórum,

Encontro-me em contagem decrescente para o regresso às Terras Helvéticas. O tempo foi pouco (agenda com poucos furos), mas mesmo assim consegui realizar em companhia do grande amigo Pereira, uma volta que em nosso entender ficou gravada para a posteridade, tal era a beleza e variedade dos trilhos calcorreados.

O seu a seu tempo pelo que não irei revelar “mai nada” sobre a volta, apenas vos deixo algumas chapas só para aguçar a vossa curiosidade (repórter é chato quando quer, eheheh…).

Cumprimentos,
Alexandre Pereira

Um dos muitos cruzamentos concorridos.
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“El yellow canary in action”.
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Quem nos dá isto, dá-nos a vida. “Thank you god”.
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Viemos d’além. Sim, é o que estão a pensar, é a “cordilheira” do Gerês ao fundo.
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O descanso merecido dos dois “galos” no café restaurante “O Ribeiro” em Salto. Provavelmente a melhor mostarda que alguma vez comi, qual Heinz e outras, afinal sempre é verdade a publicidade “o que é nacional é bom”.
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salgado52

Active Member
Apesar de serem "poleiros"semelhantes,os "galos"nem por isso,um white,outro yellow.Quanto ás fotos,poucas mas boas.....

Um Abraço para o amigo Alexandre e outro para o amigo Pereira
 

AFP70

Active Member
Amigo Salgado52,

Pelo comentário depreendo que atingiu a “chalaça”, eheheh…
As fotos só mesmo para “avoir envie de plus”, eheheh…

Como sempre vossemecê está no nosso coração.

Um abraço,
Alexandre
 

AFP70

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De “Cabeceiras de Basto” dei um salto a “Salto”…

"Eu gostaria de ser lembrado como um homem que teve um tempo maravilhoso a viver a vida, um homem que teve bons amigos, uma boa família e penso que não poderia pedir mais do que isso, afinal."

Esta deixa não é minha, mas de Frank Sinatra, mas poderia ser de quaisquer um de vós que tal como eu está de bem com a vida apesar das vicissitudes com que somos confrontados no dia-a-dia.

Cada vez mais me convenço que sou um “junkee” do BTT, necessito tanto dessa droga como do ar que respiro, é algo que me ultrapassa e para o qual até ao momento ainda não encontrei explicação plausível.

Tendo por motivos que não vale a pena aqui explanar, dado um salto à Terra da Maria e uma vez que tinha necessidade de procurar novas paragens, incumbi o meu grande amigo Pereira (“junkee” de BTT tal como eu) de delinear uma volta que me enchesse as medidas e me fizesse esquecer o desaire da última crónica.

O Pereira quando é para surpreender, não deixa a “coisa” pelo meio, aliás é sempre agradável ouvi-lo dizer “perde-se o mesmo tempo a fazer-se algo de bom como algo de mau, então para quê desperdiçar tempo”.

Uma semana antes da minha chegada às Terras Lusas já o Pereira me tinha remetido o “track” para análise. Sabia de antemão que a volta iniciaria em “Cabeceiras de Basto” a 271 mts e que daí seguiríamos para “Salto” onde iriamos “cassar a croute”. Tratando-se de uma volta circular o regresso far-se-ia por um caminho alternativo sem que antes não tivéssemos alcançado os 1.075 mts.”

Se porventura alguém repetir esta volta, aproveito para informar que devem visitar o café- restaurante “O Ribeiro”, mesmo à face da estrada na vila de “Salto”. Não há como enganar, possui uns painéis solares por cima do telhado e é frequentado por todo o tipo de tribos (betetistas, caminheiros, motoqueiros, trialeiros, 4x4 eiros, caçadores, etc…). Foi lá que me apaixonei pela mostarda Lusa “Dona Sarah”, que depressa me fez esquecer a minha anterior amante francesa de “Dijon”.
Este condimento fez-me regressar ao passado, aos tempos do S.M.O (serviço militar obrigatório) e já lá vão mais de 20 anos. É curioso como um simples gesto, cheiro, nos pode fazer retroceder e reviver “coisas” boas, ou sou eu que estou a ficar “velho”.

Uma vez que o nosso quintal “Gerês” e “Serra da Cabreira” está se tornando cada vez mais pequeno, o Pereira desta vez resolveu inovar e indagou sobre o que poderia eventualmente se encontrar depois desta.
Afinal a conclusão a que chegou foi que após a “Cabreira”, temos mais “Cabreira”, eheheh…
Fora de brincadeiras, sabíamos que para os lados de “Cabeceiras de Basto” haveria pano para mangas, não tivéssemos nós acompanhado ao longo dos tempos os diferentes rescaldos de provas que por lá se realizaram. Aproveito para mandar cumprimentos aos diferentes grupos que por essas paragens continuam a fazer um trabalho memorável. Um grande bem-haja.

O dia não podia estar melhor conforme poderão ver pelas chapas, estava calor (+/- 25ºC) mas corria um ventinho forte Q.B. o que fez com que no final da volta as zonas abaixo da coxa estivessem queimadas e hoje sou detentor do famoso bronze à la “maçon” nas pernas.

Embora tenhamos arrancado nos 271 mts, atingimos e rolamos por diversas vezes acima dos 1.000 mts. Ficamos admirados com as subidas porque embora não fossem tão abruptas como as que conhecemos no “Gerês” e nas zonas de “Vieira do Minho”, aqui eram mais “softs” (como se isso fosse possível nestas zonas, eheheh…).
Aqui as subidas são muito mais longas, são kms e kms, mas aí é que reside a beleza desta zona, isto é, enquanto pedalamos (processo mecânico), podemos ir ocupando a mente com outros assuntos e é precisamente nestes momentos que gosto de me autoanalisar, de fazer introspeção, de ver tudo aquilo que já fiz e tudo aquilo que ainda tenho para fazer. É precisamente nestes momentos que me dou conta da sorte que tenho em estar vivo, de boa saúde, dos bons amigos que tenho e sobretudo da motivação e energia que meto em tudo aquilo que faço.

Não sei se foi dos líquidos ingeridos (loirinhas neste caso) ou das paisagens, mas ninguém a meu ver consegue “stay the same” ao percorrer estas montanhas e estes planaltos, não sei, talvez seja da simplicidade das suas gentes, do bucolismo das paisagens, das casas, dos campos, dos animais, dos aromas, do próprio serpentear dos trilhos. Há algo aqui que nos muda e nos obriga a repensar a nossa existência.

Aqui perante a vastidão da Serra, sentimo-nos tão pequenos. Não quero com isto dizer que não o tenha já sentido nas Terras Helvéticas, mas aqui é diferente, aqui é o meu Portugal car…o.

À semelhança dos marinheiros de água doce que sofrem do “mal de mer” sempre que andam em alto mar, eu como deslocalizado por obrigação padeço do mesmo, sempre que rolo nas Terras Lusas, é como diz o poeta (Camões neste caso) “…amor é fogo que arde sem se ver…”.

Mas chega de “ejecs” e vamos ao que nos trouxe cá.

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº043).

Monumento bem representativo destas gentes existente no Largo Barjona de Freitas bem no centro de Cabeceiras de Basto, onde inicia e termina esta volta.
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Em muitas zonas do “track” encontramos muitas fitas (talvez deixadas propositadamente) para quem quer descobrir esta zona. Não sou dos que defende que após uma prova as fitas devam ser imperativamente retiradas nos dias ou semanas subsequentes. À falta de melhor meio indicador, estas cumprem a sua função de segurança orientadora, isto para quem pela primeira vez se dirige para estas paragens. Obrigado aos mentores da ideia, pois em muitas ocasiões, estas fitas foram uma preciosa ajuda.
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Ao longo da volta atravessamos (n) cursos de água, uns mais representativos que outros.
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A beleza desta volta reside no facto que subir é uma constante, mas gradualmente, pelo que nem nos apercebemos.
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Cruzamo-nos imensas vezes com “amigas” de 4 patas, ocupadas nos seus afazeres diários.
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Junto ao Parque de Merendas da Veiga.
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O nosso trilho passa acolá em cima (final dos sss).
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Daqui (860 mts) até ao Santuário de Nossa Senhora do Sameiro, são apenas uns 31 kms em linha reta.
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Chapa interessante pois conseguem entender o grau de inclinação a vencer. O trilho encontra-se por cima da copa da árvore central da foto.
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À semelhança de outras zonas da Serra da Cabreira por nós visitadas, aqui não faltam trilhos para todos os gostos.
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Esta chapa em profundidade representa bem as distâncias que fomos vencendo ao longo da volta assim como as paisagens belíssimas com que fomos brindados. O tempo nem se fala, céu limpinho. Que mais pode um homem desejar…
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Viemos d’além ao fundo e sempre rodeados da Serra da Cabreira. Não esquecer que esta faz fronteira com 3 concelhos (Vieira do Minho, Montalegre e Cabeceiras de Basto).
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Mais uma subidita para animar a malta. Desculpem-nos os “downhilistas”, mas é disto que a malta gosta. Cada um é como cada qual.
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“Coucou” conseguem ver-me?
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A partir de agora o tão almejado planalto com vistas a perder de vista.
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Poderíamos ter optado por aquele trilho, mas não era a mesma coisa, eheheh… A partir de agora é que a serra se vai encher de cor.
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Reconheci imediatamente esta zona, pois serviu de pano de fundo à crónica Nº022. Recordar é viver e acreditem que quem por aqui passa, não fica indiferente. “Cabreira at her best”.
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Ainda não foi desta que perto desta ponte encontramos a famosa cara esculpida na rocha e já lá vão duas, mas como diz o povo, não há duas sem três, a ver vamos. Acredito que no verão deva ser um “great spot” para tomar banho. Vejam só a limpidez destas águas.
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Mais uma chapa que não nos deixa indiferentes.
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Encaixada entre as Serras da Cabreira e do Barroso, eis ao fundo a Vila de Salto (concelho de Montalegre), onde iriamos “cassar a croute”. Nem de propósito, d’aqui lá é um salto, eheheh…
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Parque de lazer de Salto onde podem ser apreciadas algumas Antas Megalíticas.
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Sempre que passo por Salto, o café restaurante “O Ribeiro” é uma paragem obrigatória. É frequentado por todo o tipo de tribos (betetistas, caminheiros, motoqueiros, trialeiros, 4x4 eiros, caçadores, etc…). Provavelmente a melhor mostarda que alguma vez comi (Dona Sarah) e as “loirinhas” são sempre geladinhas. Como tudo na vida, o que é bom tem um fim pelo que toca a “abalar”.
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Sempre por trilhos magníficos.
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Rolar na Serra da Cabreira e não ir ao Talefe é como ir a Roma e não ver o Papa. É mesmo já ali (7 kms em linha reta).
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As Minas da Borralha aqui tão perto e em pano de fundo o nosso Gerês.
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A caminho de uma frondosa floresta.
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Desta vez optamos pelo trilo do meio da foto.
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Lindos exemplares de gado barrosão também conhecido por “cachena” (raça autóctone).
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Devido à morfologia do terreno, aqui os agricultores possuem pequenas parcelas, todas elas delimitadas por pequenos blocos de granito empilhados (o que melhor aguenta as intempéries a que esta zona está sujeita), contribuindo desta forma para uma infindável rede de caminhos de uma beleza ímpar. A caminho da aldeia de Torrinheiras.
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Aquele trilho já está em agenda para a próxima repetição desta volta.
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Todos nós em princípio temos uma (alma). Neste caso as Alminhas de Torrinheiras. Este local convida mesmo à meditação.
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Agora, parem um pouco e tentem imaginar as árvores cobertas de folhagem. Lindo não é!
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Miradouro de Porto d’Olho.
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Aldeia de Travassô e a cerca de 20 kms (linha reta) o Santuário de Nossa Senhora da Graça. D’aqueles locais a visitar pelo menos uma vez na vida.
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Início de um “single” muito, mas mesmo muito técnico e que se prolongou por 2 kms. Uma “aubaine”, verdadeiro achado. Segundo uma placa informativa encontrada, este trilho na sua totalidade mede 9 kms (De Moinhos de Rei até Além do Rio).
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A caminho da aldeia de Abadim, passamos nos famosos “Moinhos de Rei”. Como podem constatar não foram só os Astecas, Maias ou Incas que dominaram as técnicas do “encarreiramento” da água. São mais de 3 kms de canalização a céu aberto até esta água desaguar na Barragem do Oural.
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Barragem do Oural (770 mts) e respetiva zona de lazer junto ao aeródromo de Cabeceiras de Basto.
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Início de outro “single” fantástico, muito equilibrado, uma pérola no meio destes campos todos.
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Mais um rio atravessado já muito próximo de Cabeceiras de Basto.
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Mesmo a finalizar a volta um último “single”.
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Após quase 60 kms de volta e 1.625 mts de acumulado de subida, posso apenas agradecer ao amigo Pereira pela escolha do trilho.

Esta volta pelos locais por onde passamos, pela variedade dos trilhos, pelos “singles” efetuados, pela quantidade de animais com que cruzamos, faz parte do nosso TOP 10 de voltas e oportunamente será catalogada no nosso cardápio de voltas online.

Esta zona promete, pelo que de hoje em diante e se outros convites não houver, irei à semelhança de um explorador, investigar a zona como quem descasca uma cebola ou se preferirem numa linguagem “stripteasada”, descascá-la-ei peça a peça.

“En guise de ending” e perante a felicidade que foi para mim rolar na companhia do amigo Pereira", termino com algo que li em tempos de Jean Guéhenno “A recordação do esforço é sempre uma boa recordação, enquanto as misérias antigas que ultrapassámos nos fazem sorrir."

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 
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