CPI nos dias 20, 21, 22, 23 e 24 de Maio 2013
Agora que já terminou a nossa aventura, deixo aqui algumas impressões que mais nos marcaram e que devem servir para o pessoal que irá fazer este caminho no futuro ter em atenção.
1. É um caminho com muita
dureza de trilhos e com
subidas grandes, como já foi referido antes. Já estava à espera disso e não fiquei decepcionado. É ao meu estilo de fazer BTT e menos que isto era uma desilusão. Não gosto de fazer trilhos com ela à mão e aqui houve muito disso, nada a fazer para quem como nós tentamos fazer o caminho na integra, como se fossemos o normal e tipico peregrino a marchar que percorre este caminho com mais frequencia. Não gostamos muito de alcatrão e tentamos evitar essa vertente, mas também há muitos troços só de alcatrão, alguns bem longos.
2. A
marcação do caminho em Portugal é
pessima e em Espanha também apresenta alguns erros. Já fiz vários caminhos (este foi o 4º) e nunca antes tivemos problemas tão grandes. Em Peso da Régua foi a gota de água. Na descida para Peso da Régua, no meio de vinhas, apareceu-nos um sitio em que havia setas para os dois lados numa bifurcação. Após alguma discussão de grupo optamos para a direita, andamos cerca de 1 km e as setas desapareceram, o caminho torna-se não ciclável e à distancia não se vê nenhuma ponte para atravessar o rio. Chatice....voltamos para trás e vamos pelo caminho da esquerda, que é o caminho certo e que vai dar às pontes. Atravessada a ponte vislumbramos de imediato as setas amarelas e em grande quantidade, sempre a levar-nos à beira rio para a esquerda da cidade. As setas continuam até uma subida impressionante, iniciada a partir da linha ferrea, subida sempre com inclinação brutal, em zigue-zague, quase sempre com ela à mão, etc, etc.....até ao topo e para abreviar pelo Alto Douro Vinhateiro até Mesão Frio..........onde as setas acabam de repente
o que só descobrimos a seguir ao almoço (por sinal bem bom: alheiras
). Após perguntar em vários sitios, descobrimos no posto de Turismo que este caminho deve seguir para Braga (sem marcação) e que o melhor seria voltar para Peso da Régua por alcatrão (20 minutos) para retomar o caminho certo. Grande desilusão, já que perdemos com isto cerca de 5 horas e 40 km de brutal sofrimento a pedalar
. Em P. da Régua decidimos ir pela antiga linha do Tamega até Vila Real para tentar recuperar algum do tempo perdido e não pela marcação original que descobrimos depois. De referir que levamos 3 Gps, dos quais só eu tinha o track original gravado, mas que nunca liguei sequer porque as setas eram bem evidentes (mas falsas). Houve outras confusão de setas também em Ourense, onde havia setas para 2 lados. Optamos por seguir em frente, em direcção da estação da Renfe, mas lembrei-me do episódio ainda recente de Peso da Régua e liguei o Gps para consultar o track original. Mais uma vez descobrimos que o track original nos levava afinal para a direita. Volta para trás e cerca de meia hora perdida com esta peripécia. E houve outros enganos mais pequenos e fácilmente resolvidos, mas que só nos confirmou que era preciso ter sempre atenção.
3.
Os albergues. Na 1ª noite ficamos no Albergue de Penude, da junta de freguesia, após marcação prévia e obrigatória. Condições suficientes, nada de luxos, com jantar numa pequena tasca uns metros mais à frente. Duches frios porque após o 1º cliente acabou-se o gás. Azar. Na 2ª noite pernoitamos no Albergue de Vila Pouca de Aguiar que fica mais precisamente em Parada do Corgo, uma pequena aldeia a 1 km de Vila Pouca. Albergue novo com optimas condições, quase luxuoso, mas com duches frios.....a bailarina quase nova não estava a querer colaborar. Azar. O jantar foi cozinhado no Albergue com as compras a serem feitas num pequeno minimercado da aldeia. Na 3ª noite pernoitamos no Albergue de Laza. Optimo, quase novo e cheio de peregrinos, jantar num pequeno restaurante da localidade. Na 4ª noite pernoitamos no Albergue de Oseira. Um enorme Mosteiro antigo, condições suficientes, quase pobres, mas engraçado. Duches semi-quentes-frios. O jantar foi uma enorme surpresa. Não há restaurante ou minimercado na zona e o único bar da aldeia pediu 20 Euros por pessoa a 4 peregrinos espanhois para lhes preparar uma pequena e ligeira refeição, o que eles prontamente negaram. A solução foi comprar 3 queijos na loja de ''recuerdos'' do Mosteiro e arranjar (pedinchar) algum pão e 2 garrafas de vinho a alguns moradores da aldeia (que pagamos). O bom frade Luis teve a bondade de nos oferecer meia garrafa de licor de eucaliptine, produzido pelos próprios frades do Mosteiro e que nos deixou bem quentes numa noite bem fria
.
4.
A variante de Oseira. A seguir a Cea optamos por esta famosa variante que podem pesquisar em vários sitios na net e que nos leva a um aumento de cerca de 9 km ao caminho original. É um caminho duro e sinuoso com poucas subidas até Oseira, mas muito técnico e cheio de rochas e pedras. O Mosteiro de Oseira é digno de se ver e mete respeito pela enormidade. O albergue fica situado num pequeno anexo do mesmo e é muito engraçado e tipico. Mas as condições do mesmo e da aldeia em si já foram descritas mais acima. A seguir a Oseira é que são elas... O traçado do percurso duro e técnico ainda fica pior porque as subidas são enormes e mesmo com ela à mão é dificil e cansativo de superar, além da vegetação fechada e espinhosa em alguns sitios. Mas depois também há algumas descidas com adrenalina para compensar....
Impressão final: se calhar gostei mais do caminho Primitivo do que deste, devido a outros factores, mas mesmo assim e mesmo tendo tido algum azar na marcação do caminho, foi uma experiência espectacular e divertida que eu espero repetir um dia....