Braga - Castro Laboreiro (84.68K):
Este dia pode ser dividido em várias partes, tendo em conta as diversas tipologias deste percurso.
Sendo de Braga, já estava familiarizado com a parte inicial, desde a Sé até ao mosteiro de Rendufe...percurso maioritariamente a descer e em estradas pavimentadas, o que faz com que os primeiros quilómetros nem para aquecer as pernas sirvam

E como estava a chover, foi até desagradável.
Adjacente ao mosteiro percorre-se uma calçada muito antiga que funciona como "abertura das hostilidades", para logo a seguir continuar por desinteressantes estradas interiores até Caldelas. E a partir daqui, na minha óptica, o percurso começa a ganhar outro interesse, e daqui até à localidade de Covide o percurso torna-se gradualmente mais bonito, na exacta proporção em que se torna também mais duro; começa o rompe-pernas da Geira!
Após Covide e até à Portela do Homem, passamos pela magnifica Mata da Albergaria, que para além de ser um regalo para os olhos (pena a chuva), dá para descansar as pernas e ganhar fôlego para a dura subida até à fronteira, feita em alguns pontos com a bicicleta às costas. Entramos em Espanha.
Daqui até Baños, percorre-se um trilho que tem tanto de técnico como de espectacular! Singletrack por entre pedras, com alguns pontos de água e uma vista deslumbrante tornam esta descida um "rebuçado". E aqui aconteceu-me o maior contratempo (físico) do Caminho; rebentei o aperto Boa do sapato! Não fosse ter levado (conselho de um amigo) um rolo de fita isoladora, e a aventura terminava ali. Enfaixei o sapato com a dita cuja, e lá seguimos viagem.
Já tendo pedalado por estrada por estes lados, julguei que Lobios "seria já ali"...mas não é bem assim. Ainda se percorrem uns trilhos naturais bastante apelativos, com direito a uma valente parede onde se começa a perceber que a passagem da Geira já deixou mossa nas pernas.
Ultrapassadas as ruas de Lobios, algumas delas denotando alguma desertificação, e chegando ao posto de abastecimento a seguir à ponte da estrada nacional, começa aquilo que pode ser resumido desta forma: 1000m de acumulado em cerca de 20 Kms!
A subida a Castro Laboreiro é um monumental rompe pernas! Não só pelo acumulado
per si, mas também pelo constante empedrado que faz corar de vergonha o Paris Roubaix e obriga a desmontar várias vezes.
Mas...e a beleza natural desta parte do percurso? Arrebatadora! Nem a #$%%&%$* da chuva consegue estragar a sensação que é mergulhar por entre campos, ribeiros, caminhos naturais, gado a pastar e localidades esquecidas no tempo. Fica-se teluricamente impregnado com o espírito destas terras.
Tenho ligações a Castro Laboreiro, e como tal, a chegada revela-se tremendamente emocional! Mas isso são "os meus quinhentos".
Retempera-se as energias com um jantarzinho típico da zona...e ruma-se a uma noite de descanso, que se espera seja bem dormida, para acalmar o espírito e descansar o corpo. Saudades de casa...