Olá todos.
Quero deixar aqui a minha opinião sobre esta maratona e meia-maratona.
A Maratona (prova de 85 km) foi das melhores em que já participei, não foi a mais exigente fisicamente, pois noutras houve em que passei mais tempo no selim, tinham mais metros de subida acumulada, tinham mais quilómetros, tive um gasto energético maior com uma frequência cardíaca média mais alta.
Estou a lembrar-me da PTG100 de 2007 com os seus 107 Km e mais de 2000 metros de acumulado, também da G100 de 2007 que acabou por ser G80 onde demorei mais de 6 horas para completar os quase 2100 metros de subida, ou mais recentemente a Maratona do Tremoço com os trilhos super-lentos devido à muita lama. Não me refiro à Ultramaratona SRP 160 de Abril de 2008, pois apesar lá ter estado não a pude fazer devido a uma queda um mês antes, essa com mais de 3000 metros de acumulado.
Esta maratona também não foi a mais exigente tecnicamente, pelo menos nas descidas, pois apesar das elevadas pendentes, o piso era pouco pedregoso e irregular e não eram descidas muito longas, cerca de 100 metros de desnível em 400 ou 500 metros. A descida do Ventoso tem um desnível de 300 metros em quase 3 Km de extensão com pedra solta, aguçada e muito irregular, essa, para mim é de impor respeito. Já no que se refere às subidas eram do mais exigente que já fiz, não pela extensão que eram curtas, mas devido a serem logo a seguir a curvas fechadas ou a descidas pronunciadas, razão pela qual exigia que se desmontasse e se subisse com a bicicleta às costas, mas isso, na minha opinião, também é BTT, na versão XC-Maratona. Não sei precisar, mas que tenha feito 2 km desmontado, incluindo alguns troços de descida, passagem de valas e rios, isso são cerca 2% do percurso total, o que na minha humilde opinião não me parece muito.
Esta é a minha opinião sobre o percurso que tanta polémica gerou e que eu considero que teve muitos dos ingredientes para se tornar uma prova de referência na zona centro deste país de surpresas.
Quanto à Meia-Maratona penso que o traçado era descabido, pois não tenho ideia de nenhuma prova de 40 Km que tivesse tanto acumulado de subida. De referir que ao km 32 já se tinha subido cerca de 800 metros e tendo em conta que os primeiros 5 km eram quase planos isso equivale a uma subida mais pronunciada que de Águeda para o Caramulo. Nem mesmo a PTG-50 tem uma inclinação média tão pronunciada e é uma das "meias" mais exigentes fisicamente em que já participei. De referir que a Meia-Maratona do Vale do Vouga anda na casa do 600 metros de desnível em quase 50 Km e a PTG-50 de 2008 anda na casa dos 1200 metros em quase 60 Km e foi por muitos considerada a meia mais dura de sempre em Portalegre. Para quem não tem por hábito treinar mais de 1 vez por semana, usando a bike para uma volta de cerca de 40 a 50 km ao fim-de-semana com os amigos esta prova era um calvário. Acho que os percursos deviam separar-se aí ao km 5 e o pessoal da "meia" fazia a segunda metade da maratona de 80. Eram uma solução como havia outras.
Gostava ainda de apontar dois pontos a melhorar, primeiro a falta de óleos de lubrificação nos postos de abastecimento, pois com a passagem de rios e zonas muito enlameadas, com os kms em cima as transmissões sofrem muito. Segundo, falhas nas classificações que possibilitou a atribuição de um trofeu e depois a rectificação justa para salvaguardar a verdade desportiva. Aliás a verdade desportiva deve ser um valor sagrado que devemos sempre respeitar e fazer cumprir. A talhe de foice digo também que quem se inscreve numa determinada prova, recebe o dorsal ou frontal para essa prova e depois faz outra, para mim deve ser dado com desistente, pois não termina a prova para a qual se inscreveu. Por exemplo as "lebres" das provas de fundo e meio-fundo do atletismo não são qualificadas. O Lewis Hamilton em Spa à algumas semanas atrás ao "atalhar" numa chicane também foi penalizado e passou de 1º para 3º. Contudo esta é apenas a minha opinião.
Concluindo gostava de referir que o nível desta organização, da Maratona, merece o meu apreço, pois pelo que tenho lido e visto quer em termos de segurança, marcações, logística, riqueza do traçado e paisagens está com certeza a elevar o nível de exigência do BTT português.
Para o ano contem comigo, melhor preparado, espero eu.