Boas
Encontrei isto, pode ser que ajude
Nosso inverno tem como característica, além frio, ser também seco,
principalmente nas regiões sudeste e centro-oeste. A baixa umidade relativa
do ar e a variação na temperatura podem levar a problemas de saúde típicos
do inverno e principalmente às doenças respiratórias. Nesta época do ano o ar
concentra um número maior de partículas suspensas, além de poluentes e a
fumaça das queimadas. Portanto, um dos principais cuidados para minimizar os
efeitos do tempo seco é beber mais água que de costume.
Sendo assim, não podemos dizer que existem restrições ao treinamento no
inverno mas, que a atenção à saúde deve ser bem maior, principalmente no
que se refere à hidratação.
Pessoas com problemas alérgicos ou respiratórios e com predisposição à esses,
devem ficar atentos ao seu quadro e seguir as orientações médicas.
Com o tempo frio, muitos preferem treinar à tarde mas, devemos lembrar que a
tarde é o período do dia em que está mais quente (céu azul e sol constante) e a
umidade do ar cai ainda mais. Isso pode causar desde um simples desconforto
respiratório até um sangramento nasal ou agravar problemas respiratórios pré-
existentes.
Lembramos também que na época fria a sensação subjetiva de fadiga
diminui e muitos podem acabar ultrapassando seus limites no treinamento,
comprometendo sua saúde.
Em um clima seco devemos ingerir maior quantidade de líquidos – estando-nos
exercitando ou não. A perda de calor através da evaporação (pelo suor) é muito
mais eficiente quando a umidade relativa do ar (URA) é baixa.
Nesta situação como parte da água perdida pelo suor vem do plasma
sanguíneo, pode haver redução de aproximadamente 18% no volume
plasmático. A redução do volume sanguíneo combinada com outros fatores
fisiológicos produz um efeito prejudicial não só na capacidade física como
também na termorregulação, que leva a um aumento na freqüência cardíaca,
como mecanismo de compensação.
Portanto, sendo a evaporação o principal mecanismo de controle da
temperatura corporal e a principal defesa contra o superaquecimento, num
clima seco tende a haver maior perda hídrica pelo suor, devido à eficiência
deste mecanismo. Então, se o atleta estiver bem hidratado e mantiver sua
hidratação durante o treinamento ou competição, seu rendimento poderá ser
ainda maior, devido não só aos mecanismos de termorregulação, como também
à temperatura amena desta época.
Assim, o mesmo procedimento do treinamento pode ser adotado para a
competição, sendo fundamental uma boa hidratação prévia e durante a
competição. Não adianta beber água somente alguns minutos antes da prova,
deve-se chegar na prova bem hidratado.
Um dos principais erros dos atletas é dispensar água dos pontos da organização
para não perder tempo. Os ínfimos segundos gastos para se pegar a água
do ponto, serão compensados pela manutenção do rendimento gerado pela
hidratação.
As doenças respiratórias crônicas (sinusite, rinite, bronquite e asma)
A combinação de ar seco, baixa umidade relativa do ar e variação nas
temperaturas, por si só, já podem agravar problemas de saúde de quem tem
doença respiratória obstrutiva crônica - DPOC.
A bronquite (inflamação da traquéia e dos brônquios) aguda é, em geral,
limitante e de curta duração. A bronquite crônica resulta da exposição
prolongada a irritantes inespecíficos. Este quadro causa fadiga e diminuição da
capacidade funcional, podendo ocorrer mesmo com exercício leve. Portanto,
neste caso, o exercício deve ser prescrito e acompanhado por um profissional.
A sinusite é uma doença com base inflamatória e/ou infecciosa que acomete as
cavidades existentes ao redor do nariz. Seus sintomas agudos vão desde uma
simples congestão nasal com secreção, à dor na face, tosse e dores musculares.
Com tal quadro, fica muito difícil fazer exercícios físicos.
A rinite é manifestada com mais freqüência em decorrência de alergia, reações
a poeira, fumaça e outros agentes ambientais.
A inflamação decorrente da rinite resulta na produção excessiva de muco, o
que ocasiona o escorrimento nasal, sintoma mais típico da rinite. A rinite não-
alérgica é geralmente causada por inflamação que não decorre de alergia. Os
sintomas mais comuns são coriza, congestão nasal, prurido e ardor nos olhos,
nariz, boca e espirros.
Com este quadro, a prática do Mountain Bike ou outra modalidade na terra
deve ser evitada até que a crise termine. Como opção, pode-se pedalar no
asfalto.
A asma tem um caráter hereditário, não tem cura, mas pode ser controlada
com tratamento correto e o indivíduo pode praticar exercício físico, inclusive
competitivo. A prática de exercício físico não cura a doença, mas a pessoa fica
mais resistente às crises. Dentro de 5 a 15 minutos após o início do exercício
ocorre uma obstrução aguda das vias aéreas, porém, a recuperação costuma
ocorrer dentro de 30 a 90 minutos.
Algumas dicas para os asmáticos seria fazer um aquecimento antes do
exercício, aumentar gradativamente a intensidade dos exercícios, respeitar
seus limites, sua condição física e a gravidade da doença, realizar tratamento
médico e fisioterapêutico adequados e seguir as orientações de um profissional
de educação física. Deve-se ainda controlar a duração e a intensidade dos
exercícios, tentar sempre fazer a respiração nasal, não exercitar-se quando
estiver em crise e interromper o exercício caso entre em fadiga intensa.
Durante o exercício faça períodos de recuperação ativa (reduzindo a intensidade
sem parar o exercício) ou passiva, parando completamente o exercício.
Praticando exercícios no inverno
Não é porque está frio que vamos deixar de nos exercitar e, principalmente,
treinar. O ideal é usar roupas especiais para preservar o calor produzido pelo
corpo e ao término do treino deve-se agasalhar o mais rápido possível (se
possível já tomar um banho quente). Existem tecidos especiais projetados para
aquecer o corpo do atleta sem bloquear sua transpiração, como por exemplo o
Fleece. Usado diretamente em contato com a pele, além de aquecer, quando
molhado seca com muito mais facilidade.
Quanto mais o vento entra em contato com a pele mais rápido o corpo perde
calor pelo mecanismo de convecção. Sendo assim, nas subidas, devido a baixa
velocidade, o corpo aquece bastante e logo em seguida, desaquece na descida
ou plano. Para reduzir este desaquecimento podemos usar um Anorak ou corta-
vento, que tem a função de apenas bloquear o vento e não de aquecer.
Cerca de 30 a 40% do calor corporal se dissipam através da região da cabeça,
altamente vascularizada e que representa apenas 8% da área da superfície
corporal. Portanto, se o clima estiver realmente muito frio, aconselha-se um
gorro de lá na cabeça ou, depois que já estiver aquecido, mantenha apenas
uma bandana. Para os braços usamos o tradicional manguito, sendo que,
existem os que apenas protegem levemente do frio e do sol e outros que são
forrados com um tecido à base de algodão (geralmente os importados). Para
proteger as penas pode-se usar a calça comprida específica para ciclista ou o
pernito, tendo este a vantagem de se poder retirar quando o clima esquentar.
A tradição no ciclismo é usar luvas sem dedos ou de dedos cortados mas
nada impede que se use luvas fechadas como no Mountain Bike, nesta época.
Atletas de ciclismo também costumam colocar jornal (uma folha grande bem
dobrada) sob a camisa para reduzir o vento no peito. O papel é um ótimo
isolante térmico e entre as folhas forma-se uma camada de ar, que também é
um excelente isolante. A vantagem do jornal é que quando esquentar pode-se
tirar e jogar no lixo. No mais, sempre tem alguém inventando uma nova forma
de se proteger ao pedalar no inverno.
Julio Cezar Queiroz Machado
Graduado em Educação física e especializado em treinamento esportivo em:
Ciclismo, Mountain Bike, corridas e Personal Trainer.