Travessia do Alentejo - Serpa - Zambujeira do Mar 28 e 29 de Abril 2007

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A Travessia do Alentejo em BTT passou a ser um clássico desde 2004, quando dois elementos da Cabra Montêz - Pedro Capelinha e Carlos Azedo - decidiram converter um passeio de TT, numa travessia para BTT...

Posso-lhe garantir que resulta bastante bem, porque apesar das duas centenas de Km's que separam Serpa da Zambujeira do Mar, todo o caminho abraça uma agradável sensação que se vai conquistando km após km até ao último minuto, e que me apetece fazer outra vez já amanhã...

Em vez de um programa, optámos por relatar este magnifico passeio de travessia, aquando da sua primeira realização...

1º DIA, SÁBADO, 2 DE OUTUBRO DE 2004: DE SERPA A OURIQUE: 106 km a pedalar!

Olhando a calma noite de Ourique, do pequeno quarto da residencial onde decidimos ficar, após muitas hesitações na escolha do local de pernoita, procuro relembrar este primeiro dia de aventura, que persegue uma ideia que me acompanha desde os tempos de criança, em que pedalar no campo por caminhos desconhecidos já era, para mim um hábito:

Terá este imenso Alentejo um fim?

Bom, é melhor começar o relato, antes que o cansaço me derrube, como ao meu companheiro de viagem, que nesta altura faz mais barulho do que a corrente da minha bicicleta depois de atravessar a ribeira de Terges e Cobres, ali para os lados de Mértola!

PARTE I: de Serpa até Entradas

Bom, lá consegui minimizar o já de si escasso equipamento (um polar, um par de cuecas, e umas meias...) felizmente esteve calor durante toda a travessia) e fiz-me ao caminho, não sei se estão de acordo comigo mas, a melhor parte do passeio é esta mesmo: é quando temos todo o caminho pela frente e a certeza da partida: que sensação de liberdade!

É costume dizer-se que o "Alentejo não tem sombra, senão a que vem do céu" e neste dia, o céu matinal parecia prenunciar isso mesmo.

Salvada e Cabeça Gorda, aldeias gémeas, mais castiça e antiga a primeira, fundada para rivalizar com a outra - dizem da segunda - mas muito baixinhas e asseadas ambas, como também é costume, neste imenso Alentejo, que por agora, parece não ter fim!

Depois de atravessarmos a planície ligeiramente ondulada que caracteriza esta zona, aparecem as primeiras descidas dignas desse nome e as respectivas subidas, após o que avistamos Entradas, concelho de Castro Verde, onde almoçamos umas sandes de pão caseiro, no "Celeiro", que teriam feito o Ilustre Conquistador D. Afonso pensar duas vezes, antes de entrar por aqui com as suas tropas e fazer rolar, no lugar de S.Pedro das Cabeças, as ditas dos Mouros.

PARTE II: de Entradas a Ourique

Uma das coisas que já se perdeu, a meu ver, nisto do BTT, foi a capacidade de olhar e apreciar, quer a paisagem, quer os lugares, que só neste veículo conseguimos alcançar! Pois bem, a seguir a Entradas, recomendamos que façam como nós: sigam devagar, muito devagar e olhem para os lados com atenção; quem sabe se avistarão uma ave extraordinária e rara, a Abetarda, ou um imponente Tantaranhão, pois na Herdade do Vale Gonçalinho (Centro de Interpretação Ambiental da LPN) tudo isto é possível!

Com Castro Verde à vista, de repente surge uma possibilidade de atenuar o calor infernal: no Monte Garrochal, um pipote de água parecia constituir a salvação em estado líquido. Não acreditam na Divina Providência ? Pensem nisto... Quase 2000 litros de água em pleno Alentejo às duas da tarde, com o simpático Sr. Zé a ligar o tractor para a água ter mais pressão e um valente repuxo nos molhar integralmente... a nós, às costas do camelo, e das nossas "bichas", se não fôr a Divina Providência é algo bem mais forte...

Atingimos Ourique ao cair da tarde, sem termos tombado ao calor. Tal como o Conquistador, também nós sentimos um certo sabor a conquista, ao chegar a esta vila, onde depois de procurar alojamento e de fazer alguns alongamentos nos relvados dos jardins alentejanos.

Ao início da noite saboreávamos um excelente jantar num restaurante regional... A noite acabava a seguir ao jantar...

2º DIA, DOMINGO, DIA 3 DE OUTUBRO DE OURIQUE A ODECEIXE: mais 121 km a pedalar!


Acordar outra vez muito cedo, arrumar tudo de novo, lubrificar os principais pontos da bicicleta, tomar um grande pequeno almoço - sempre com água com gás por causa do sódio - e respirar, uma e outra vez aquela sensação de liberdade, que nos transmitem os primeiros momentos em cima da bicicleta, talvez por pensarmos que, temos um dia inteiro para fazer aquilo de que mais gostamos (embora hoje seja apenas mais um dia).

Parte I: de Ourique a Cortes Pereiras

Pedalamos com grande velocidade por uma estrada de alcatrão já pouco usada e que parece levar-nos na direcção contrária à daquela que queremos rumar hoje: o mar, o fim do Alentejo!

Pouco depois abandonamos esse velho troço e começamos a nossa aventura em direcção a sudoeste.

A visão da água, na Barragem do Monte da Rocha é apaziguadora do forte calor que já se faz sentir e isso motiva-nos a enfrentar as primeiras subidas a sério. Nesta parte da Serra de Odemira a vegetação é tão densa que quase conseguimos esquecer o sol. A beleza é imensa e só nos falta mesmo aparecer na frente um exemplar do Jurássico para percebermos que isto já era assim há milhões de anos! Só gostava que fosse possível a sua conservação por outros tantos!

Chegámos com alguma dificuldade a uma pequena povoação perdida na Serra de Odemira: Cortes Pereiras. Uma estrada, quatro ou cinco casas, ninguém nas ruas e uma espécie de mercearia tem-tudo.

Entramos e escolhemos o Almoço: um enorme pão alentejano, que mandamos cortar às fatias e um melão de casca verde, ainda maior do que o pão, que a dona da mercearia, contente e assustada com aquela invasão de inabituais e estranhos clientes lhe provoca, corta em fatias para nosso regalo.

Uma mangueira cá fora, com a possibilidade de uso livre faz-nos recuar no tempo mais uns anitos, tal é a alegria com que, uma e outra vez nos molhamos e lavamos as bicicletas e as mochilas, capacetes, tudo.

Parte II De Cortes Pereiras a Odeceixe - Afinal o Alentejo tem fim!

Saímos tão encharcados dali que, foram precisos muitos quilómetros para secar! Mas o arrefecimento provocado pela deslocação do ar devolveu-nos o ânimo e rapidamente atingimos Santa Clara a Velha e subimos até a vista da Serra de Monchique e quase que adivinhávamos os primeiros contornos do mar.

É quase o fim do dia quando finalmente chegamos à Zambujeira do Mar. Serpenteamos pela estrada que corre a par da Ribeira de Seixe e assistimos a um magnífico pôr do sol naquela que é de certeza uma das praias mais bonitas do país.

Afinal o Alentejo tem mesmo um fim, mas não se perdeu nada pois a beleza do local compensa-nos daquilo que deixámos para trás e de que já começamos a sentir saudades!

Nota Final: O relato que aqui se fez não consegue, de modo algum, captar a totalidade e a singular beleza de um percurso que atravessa o Alentejo. Muitos episódios terão ficado por contar. Por outro lado, gostaria de realçar a enorme diversidade do percurso, o que faz dele uma excelente Rota para BTT. Mas nunca se esqueçam de que é preciso ir devagar para saborear bem os lugares e a paisagem.... será com este espírito que realizaremos todas as Travessias do Alentejo...

"Texto escrito por C.Azedo e P.Capelinha e editado para o forum por B.Martins"

Contamos convosco para nos acompanharem nos dias 28 e 29 de Abril de 2007.

Mais informações em www.cabramontez.com

CABRAMONTEZ
 

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Salientamos que os interessados que pretendem transporte de regresso desde a Zambujeira até Serpa, ou desde Lisboa a Serpa, e regresso da Zambujeira a Serpa deverão efectuar a sua inscrição através do site da Cabra Montêz com a máxima brevidade.

Até breve,

Cabra Montêz
 
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