INTRODUÇÃO
Este é um produto com interesse apenas para quem possua uma viatura com o pneu suplente na traseira do carro. Ainda assim, julgo que haverá membros e leitores suficientes nesta situação para valer a pena apresentar um teste a este suporte.
Comprei-o há cerca de 1 ano, após pesquisar na net e em algumas lojas as várias opções. Tendo eu um Suzuki Samurai de capota de lona, imediatamente as opções para o tejadilho ficaram de fora.
Havia alguns modelos para fixar em bola de reboque, mas como também não tenho nem preciso, o custo da montagem da bola de reboque iria encarecer demasiado essas soluções.
Assim, sobrou este modelo da Mont Blanc, e mais um do qual já não me recordo a marca. Como a Mont Blanc é comercializada numa loja perto de casa, e não encontrei a outra marca em lado nenhum, a escolha foi relativamente fácil.
Neste ano de uso nunca me deu nenhum problema, mas também não é isento de defeitos. Para uma marca com a reputação da Mont Blanc, esperava um pouco mais, tanto em termos de qualidade de materiais nalguns pormenores, como mesmo em termos de algumas opções de design.
MONTAGEM
Este suporte vem numa caixa relativamente baixa, com as peças separadas, mas a montagem foi simples, com a ajuda do manual.
Tem um pormenor bem pensado: os tubos que suportam a bicicleta têm uma curvatura que pode ser colocada para a esquerda ou direita, permitindo assim centrar a posição da bicicleta relativamente ao carro, caso o pneu esteja mais chegado à esquerda ou direita da traseira do carro. No meu caso o Samurai tem o pneu suplente à direita, pelo que coloquei os tubos com a curvatura para o lado esquerdo.
A montagem do suporte no pneu também é simples: basta abrir a peça em U que abraça o pneu por cima, regulando a inclinação através de duas peças de "fecho rápido" com multiplas posições, colocar no sítio, e apertar duas fitas (pretas), uma que passa por trás do pneu e fixa numa fivela em baixo, e outra fita que envolve a periferia do pneu e aperta com duas fivelas, uma de cada lado do suporte.
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Após isso, levanta-se os tubos que vão suportar a bicicleta, e aperta-se com outras duas peças de "fecho rápido" semelhantes às descritas anteriormente, também com possibilidade de regular a inclinação.
As instruções recomendam colocar estes tubos de suporte da bicicleta na horizontal, mas eu prefiro com uma pequena inclinação para cima. Parece que fica mais "seguro". E a foto do site da marca, com o modelo actual, também mostra essa inclinação...
O pneu do Samurai é de uma medida menor que o que se encontra normalmente em "jipes grandes". Daí este suporte ficar um pouco inclinado para trás, mas isso não traz qualquer problema de segurança, tanto quanto consigo perceber. Com pneus muito largos, a peça em U que abraça o pneu por cima poderá não entrar, impossibilitando a sua colocação.
TRANSPORTE DA BICICLETA
Também de colocação simples, a bicicleta apoia-se nos tubos horizontais, sobre umas "calhas" de borracha que protegem o quadro de riscos, e supostamente a seguram, impedindo de escorregar nos tubos, seja contra o carro, ou afastando-se até cair dos tubos.
Para além destas calhas, a bicicleta fica segura à estrutura principal através de duas fitas (vermelhas), uma que aperta no quadro, outra na suspensão frontal, impedindo a bicicleta de baloiçar.
E aqui começam os meus problemas com este modelo: as calhas não têm profundidade suficiente para impedir que num qualquer salto a bicicleta caia fora delas (e o Samurai salta bastante...). Por outro lado, as fitas que apertam no quadro e na suspensão só impedem que a bicicleta se afasta do carro, e apenas na zona de baixo. Ou seja, logo na primeira vez que coloquei a bicicleta no suporte, olhei para aquilo e pensei que a bicicleta não durava ali 1km! Bastaria um buraco maior na estrada, para a bicicleta saltar, cair fora dos tubos, e ir arrastada pelas fitas.
Como este suporte traz também uma placa para colocar a matrícula e luzes (não incluídas), que segura à bicicleta através de duas fitas com fivela, usei estas fitas para segurar o quadro às calhas, impedindo assim que os saltos levantassem a bicicleta do suporte. Comprei 2 fitas de aperto dos estribos de bicicletas de estrada, para segurar a segunda bicicleta.
Só assim me pareceu que houvesse segurança suficiente para o transporte. E na realidade, o modelo actual que se vê no site da Mont Blanc mostra umas calhas diferentes, com fixação para o quadro.
Este suporte pode levar 2 bicicletas, sendo que o fabricante recomenda um peso máximo de 30kg. Já transportei diversas vezes duas, e o certo é que o peso extra traz um problema: por mais que aperte as fitas que seguram ao pneu, e tente equilibrar o conjunto jogando com a posição das duas, o suporte acaba sempre por ir deslizando para um dos lados. Dependendo de estar molhado ou seco, do estado da estrada, de uma condução mais ou menos cuidada, etc, chego a ter de parar de meia em meia hora para ir endireitar o conjunto.
É fácil e simples, basta desapertar um pouco a fita que abraça o pneu, endireitar o suporte, e voltar a apertar a fita. Mas não deixa de ser incómodo, e da primeira vez que olhei para traz e vi aquilo tudo inclinado, apanhei um belo susto. A partir daí, com duas bicicletas, vou sempre atento. Só com uma, é muito raro acontecer, mesmo em viagens de mais de 4 horas.
Outro problema com duas bicicletas: há tendência para as calhas deslizarem nos tubos, fazendo com que ambas acabem encostadas, com possibilidade de risco, mossas com a trepidação, etc. Evito isto colocando-as logo encostadas, com uns panos entre elas.
CONCLUSÕES
Com um ano de utilização moderada, e algumas semanas seguidas montado no carro, os tubos, as peças plásticas e as calhas de borracha mantêm o aspecto original, e não me trazem qualquer preocupação. As fitas que seguram a estrutura ao pneu e as que seguram a bicicleta estão naturalmente um pouco gastas, mas não desfiaram até agora, nem apresentam qualquer problema também.
Uma das tampas dos tubos de suporte desapareceu nas primeiras semanas, mas tem um efeito apenas estético.
Já as peças metálicas que unem as fivelas das fitas que seguram o pneu, e que apresentam corrosão, fazem-me temer o pior.
Se uma destas fivelas se parte, a propria geometria do suporte, modo como segura no pneu, e a existência de uma segunda fita, fazem ter quase a certeza que o conjunto suporte+bicicleta não vai parar de repente ao meio da estrada. Mas o mais certo é rodar de repente no pneu, fazendo as bicicletas bater na estrada, eventualmente provocando um belo susto ao condutor que pode levar ao acidente, e certamente arruinando as bicicletas mesmo sem acidente.
Se comprava novamente este suporte? Sim, mas via melhor as opções.
É certo que o modelo actual resolve pelo menos o problema das calhas não apertarem o quadro. Pelo site, não consigo perceber se o resto se manteve inalterado, mas assim parece. O próprio preço, cerca de 150€ há um ano, numa loja física (quis "ver com as mãos" antes de comprar), e a reputação da marca fazia-me esperar algo um pouco melhor.
Mas também é verdade que até agora, o único problema real que aponto é a corrossão das peças metálicas de suporte das fivelas. Só este será de solução mais complicada. O facto do suporte rodar em certas condições não devia acontecer, e decerto há soluções que o impediriam, mas decorre do próprio design e leis da física.
Link da página do produto (modelo actual, com alterações relativamente ao aqui apresentado): Mont Blanc Cross 4x4
Qualquer dúvida, crítica, ou sugestão, é bem vinda.
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