Boas,
Agora que a noite de natal passou e eu mal me posso mexer :lol:, parece que estou grávido de 7 meses, lá arranjei vontade para o relato do meu primeiro Tróia-Sagres, e espero eu, que não seja o último, então cá vai. A minha história com o Tróia-Sagres começou sensivelmente há um ano quando pensei em participar na edição de 2005 mas devido a coincidência com a data da festa de natal da empresa da minha mulher e principalmente devido à falta de companhia acabei por abortar a ideia e adiar por um ano a minha participação.
Este ano estava então prometido e selado com um aperto de mão com o meu amigo de outras andanças, leia-se ½ maratonas e maratona (sim só ainda fiz uma) e afins, que iríamos participar no TS, começamos por ser mais alguns mas à medida que a data se aproximava, as desistências iam aumentado e acabamos como tínhamos começado, ou seja, eu e o Paulo Bruno.
Decidimos então que sendo só dois a carrinha GOLF do PB chegava, faltava-nos apenas arranjar uma vitima para aguentar um dia de seca a dar assistência durante o percurso e depois de alguns “ah e tal! Eu ate ia mas…” o Paulo Martins mais sensível a este tipo de acontecimento, ele próprio bmx’r da velha guarda já com 35 anos, aceitou a árdua tarefa de nos apoiar.
No dia D, já com 15min de atraso, lá apareceu o PB na minha casa, foi meter a bike na carrinha e arrancar para Setúbal para apanhar o Ferry das 7:15min, nós já atrasados e o PB na A2 sempre no seu limite, ou seja, ainda afloramos uma vez os 130km/h, e a minha camada de nervos sempre a aumentar :evil:. Mas afinal chegamos mais do que a tempo e lá embarcamos sem problema de maior.
Depois foi sair do barco, montar as bikes o mais depressa possível e começar a pedalar. Mal arranco deixo logo de ver o PB, ainda olho para trás umas poucas de vezes e nada, decido parar e esperar, um minuto depois lá apareceu, tinha-se acendido a luz de falta de óleo da GOLF. Boa! Estamos a começar bem pensei eu… :shock:
Tinha ficado combinado então que o PM ia tratar de meter óleo na carrinha e esperava por nós em frente à central termo eléctrica em Sines.
Este primeiro troço até Sines correu muito bem, nada de exageros, uma média de quase 30km/h e sempre a reboque de grupos grandes, pelo que, chegamos a Sines com a moral em alta. Quando estamos quase a chegar ao ponto combinado para reabastecimento começamos a procura do nosso carro de apoio e nada então o insólito acontece chegamos primeiro a Sines que o carro de apoio. :s
Decido ligar: – “Então Paulinho tas aonde?”
- “Não sei, estou aqui numa rotunda mas não te preocupes que já estou a ver as chaminés, espera só 5 min que devo tar quase a chegar?”
NO COMMENTS
Combinamos então que a próxima paragem seria em VNMF a seguir à ponte, e como havia dúvidas sobre o nível correcto do óleo colocado na carrinha disse para o PM – “ Paulinho arrancas já e páras a seguir à ponte, esperas que a carrinha arrefeça, e confirmas o nível do óleo, nós em principio não paramos mas esperas que nós passemos por ti “.
Depois de comer alguma coisa e reabastecer arrancámos, mas a moral em alta com que chegamos a Sines depressa de foi embora, o vento contra, a falta de grupo para nos integrarmos, e o piso pouco rolante em nada ajudou, mas lá fomos os dois no nosso ritmo um pouco desmoralizados é certo. Para mim foi a pior parte do percurso pouco ou nada de lembro por onde passei e até chegar a VNMF foi sempre a sofrer. Depois de passada a placa de VNMF descemos em direcção a ponte e …f*d@-se não é possível aonde é que o PM se enfiou? –“Olha gordo paramos no topo da subida, no cruzamento das Furnas, e ligamos ao Paulinho”. Mal estou a parar sou vítima de uma caimbrã na perna direita como nunca tinha tido, um misto de desespero e de alegria invadiu-me o espírito, não havia volta a dar naquelas condições era humanamente impossível continuar, tinha ali a oportunidade de saltar para dentro da carrinha sem pesos na consciência.
Ligo para o PM para saber onde andava ao que ele me responde:
–“ Estou em S. Teotónio”.
-“Mas eu não te tinha dito para esperares por nós em VNMF?” com a voz mais calma que consegui, no que ele responde:
–“Esta tudo bem com a carrinha por isso decidi parar só aqui”.
-”Mas nós não estamos nada bem”
-“Até aqui é um pulinho mete-te em cima da bike e vem andando.”
NO COMMENTS PARTE II
Descansamos um bocado, as dores na perna amenizaram, mas avisei o PB que a qualquer momento teria de parar definitivamente, para mim tinha acabado ali, nunca pensei chegar a S. Teotónio quanto mais a Sagres, mas lá fomos e assim que viramos em direcção ao Cabo Sardão decidimos fazer aquilo que se deve fazer num TS apreciar a paisagem e rolar sem grandes preocupações, tentei manter o ritmo o mais alto possível nas partes planas, mas sem forçar, porque nas subidas estava mesmo acabado, de vez em quando rolávamos com mais dois ou três companheiros de viagem, trocava-se dois dedos de conversa, mas invariavelmente acabavam por seguir viagem com ritmo mais alto do que o nosso e nós lá acabamos por chegar a S. Teotónio.
Nova paragem, reabastecemos e a dor que sentia na perna não era motivo para parar, bolas vou ter de continuar, nem a porcaria do cubo do eixo traseiro que começou a fazer um barulho de esferas soltas parecia querer colaborar, ou seja, tirando o barulho continuava a trabalhar na perfeição.
Deixei S. Teotónio para trás e na minha cabeça só pensava: vou bater contra a parede na subida de Odeceixe, calma, é preciso é calma.
A subida lá apareceu e o subir da corrente na cassete foi uma constante em toda a subida, mas acabei por chegar ao topo com mais facilidade do que o previsto. Por esta altura já rolava muito tempo sozinho uma vez que o ritmo do PB nas subidas era completamente diferente do meu.
Nova paragem rápida no Rogil (eu sei…foram muitas paragens :lol
e foi a partir daqui que comecei a acreditar que chegar a Sagres seria possível, até Aljezur é praticamente a descer e foi rapidamente que lá chegamos. Na descida para Aljezur acabo por passar por dois companheiros um de BTT outro com Bike de estrada com os quais acabo por rolar a maior parte do tempo até Sagres.
Bem agora temos a subida da Carrapateira pensava eu, e que subida, para mim mil vezes mais penosa que a de Odeceixe, nunca mais acabava e eu sem poder puxar, porque a qualquer momento a caimbrã podia voltar, e se isso tivesse acontecido uns 50 km atrás eu até agradecia, agora já não tinha piada nenhuma, era morrer na praia, mas a maldita subida acabou e a Vila do Bispo apareceu no horizonte, virámos à esquerda, virámos à direita e a placa informativa mais linda que já vi até hoje, arriscava mesmo em dizer sexy, e com uma caligrafia perfeita indicava Sagres 8 km.
Aqueles 8km pareciam 800m, pouco antes de chegar a Vila do Bispo já rolava com um grupo de pessoal com bikes de estrada, e o ritmo até Sagres na via rápida foi digamos… vivo.
Quando chegámos à placa do início da vila, o relógio indicava 17.15 min, tínhamos gasto 9.15min a ligar Tróia a Sagres, gastámos um total de 45 min nas paragens, pelo que, foram 8.30 min efectivamente a pedalar.
E se quando trocávamos de roupa no estacionamento da fortaleza o PB dizia que TS só daqui a cinco anos e com a bicicleta em cima do carro, é certo que, se nada de força maior o impedir, lá estaremos em 2007 com outra preparação, não para baixarmos o tempo da ligação, o objectivo para nós será sempre chegar antes do anoitecer, mas para diminuir o sofrimento e poder desfrutar mais da viagem.
Não podia deixar de publicamente agradecer aqui ao Paulo Martins porque se ele tem esperado por nós conforme combinado em VNMF possivelmente tinha metido logo ali a bike na carrinha e terminado o TS.
Desculpem o testamento, boas entradas e boas pedaladas em 2007.