Re: Rescaldo Grande Maratona 5 CUMES 04 de Outubro
Primeira participação na Maratona de Barcelos e, avisado que ia, este ano a participação ficou-se pelos 3 cumes.
(Último quilómetro - Foto cortesia do Renato aka Stimpy)
Vamos então ao testamento da praxe:
O POSITIVO (+)
Todo o "circo" montado na zona da partida demonstrou desde logo a forma como a cidade se entregou à maratona e cedeu uma bela sala de visitas, para a concentração inicial. Bons lugares de estacionamento, perto de tudo (partida, banhos e almoço) e animação abundante fizeram desta uma excelente zona para começar a maratona.
O Jersey era, conforme já tinha sido avançado por quem levantara o kit mais cedo, interessantíssimo, de boa qualidade e minimamente aprumado em termos estéticos. Só aqui se justificam de imediato os 15 euros de inscrição.
O galo de barcelos era uma nota de bom gosto e representativa da região. Nada de papelada que iria directamente para o lixo. Bastante ecológico!
A partida foi praticamente à hora marcada o que revela uma tendência que deveria imperar nestes eventos. Quem está está, quem não está parte com atraso, como foi referido e bem no site.
As marcações na generalidade estavam boas, sendo que foram utilizadas placas colocadas ao nível dos olhos e não marcações no chão. Isto permite visualizar com bastante mais antecedência e de uma forma muito mais natural o percurso a seguir.
Sempre úteis as placas de descida perigosa, bem como a aproximação de postos de controlo e abastecimentos.
O percurso é sem dúvida o grande ponto positivo. Barcelos rodeia-se de belíssimos trilhos, uma orografia generosa e como tal, conjugando isso com a boa organização e boa gestão, temos os ingredientes para o excelente traçado apresentado. Muito equilibrado: era, apesar das longas subidas, bastante rápido em todas as outras secções, obrigando a uma cadência sempre elevada. As descidas obrigavam a uma grande responsabilidade técnica mas o BTT é também a adrenalina que dessas descidas se extrai. Portanto o esforço a subir era devidamente recompensado.
De louvar também o facto de o percurso não ser "falso" com voltinhas para fazer quilómetros. Ou dito de outra forma, se as houve, não se notou e o filme da maratona era um constante descobrir de trilhos e direcções novas.
Queria saudar também todos os habitantes que, ao longo do percurso, calorosamente saudaram os atletas à passagem e dizer aos colegas mais apressados, que um pequeno gesto de simpatia de volta, um aceno, um obrigado ou um bom dia a essas pessoas, não custa nada e não faz perder lugares.
Todos os cruzamentos perigosos ou com estradas mais movimentadas estavam devidamente acautelados por elementos da organização, bem identificados e que permitiam manter um bom ritmo mesmo em zonas potencialmente perigosas.
No final das descidas perigosas estava pelo menos um bombeiro com um kit portátil de primeiros socorros que, certamente dará uma resposta imediata a qualquer mazela menos grave, ou ajudará a acompanhar uma situação mais grave. Não é preciso ter um destacamento de ambulâncias, porque os meios são poucos. Por isso outra organizações deveriam olhar para este exemplo. 1 pessoa que sabe o que está a fazer pode fazer toda a diferença e é reconfortante a sua presença, mesmo não sendo necessária a sua intervenção. Mais vale prevenir do que remediar.
Não parei nos abastecimentos no entanto pareceram-me bem situados, especialmente com pontos de água em cada cume, essenciais para uma correcta hidratação.
A chegada foi controlada com a precisão que só o chip proporciona sendo este o caminho a seguir, agora cada vez mais com o preço destes dispositivos a descer vertiginosamente. Não é obrigatória a integração com um sistema de SMS como havia em Barcelos, mas esta é uma mais valia digna de nota.
Banhos, pelo menos na altura em que fui, com água quente, balneários a cumprir a missão e processo rápido sem filas.
O almoço é o segundo grande ponto positivo! Quando fui almoçar ainda não havia fila, mas mesmo quando se gerou fila cá fora foi devidamente controlada, apesar da natural demora, dado o elevado número de pessoas que se ia acumulando. Só ia para a fila interior um pequeno grupo de atletas de cada vez para não gerar confusão desnecessária. 2 zonas de serviço a ajudar a escoar, tudo muito bem posicionado com as bebidas no final. Impecável.
O almoço rivaliza com o que de melhor já comi em maratonas. Chaves que se cuide (embora ainda esteja bem no topo).
E que boa escolha. A sopa estava boa, para a quantidade que foi feita. Salada! Um must e que me soube pela vida. A massa então foi um tiro na mouche. E passo a explicar com toda a minha sabedoria culinária: Ao contrário do arroz que ou é vaporizado e insabido ou que recoze, abre e fica intragável, o esparguete coze um tempo predefinido, sempre igual, sejam 20 quilos ou 200. Fica sempre no ponto. O picado também não se altera muito com o tempo de espera, desde que se mantenha quente e, portanto, é uma combinação de sucesso. Além do mais é uma bem-vinda variante ao porco no espeto que já enjoa e ajuda a recuperar energia rapidamente. 3 peças de fruta mais uma saborosa bola de berlim que rematou em beleza o excelente almoço. A bebida à descrição é também de saudar, já que para quem vem sedento, os habituais 2 copos de sumo não dão para nada...
Última nota para o preço pago: 15 euros para o jersey de qualidade, um percurso exemplar, banhos quentes e um almoço à descrição sem racionamento. É, mais uma vez a prova de que as grandes organizações dispõem de um poder negocial extraordinário e que conseguem oferecer uma maratona de elevada qualidade por um preço justo. É uma simbiose perfeita para quem anuncia, para quem está presente e para quem participa.
O NEGATIVO (-)
Nem tudo corre bem e como tal ficam aqui aqueles pontos que foram menos conseguidos:
Poderia haver indicações para a zona de partida a partir da auto estrada, especialmente para quem vem de fora. Quem tem boca vai a Roma, bem sei, mas é uma cortesia que não custa muito e fica sempre bem.
Os sacos do kit, por não estarem directamente relacionados com o frontal, não incluíam a braçadeira de almoço para o acompanhante. Por acaso lembrei-me de perguntar. Não sei que tipo de entraves poderia haver se fosse pedir mais tarde mas se por um lado legitimamente eu teria direito, por outro poderá haver quem se aproveite para conseguir mais um almoço à borla. Uma sugestão seria agrafar as fitas aos termos de responsabilidade e frontais.
Na entrega de frontais não havia também muita informação sobre a que horas e como se procederia a marcha de montanha. Mas lá se resolveu.
Marcha de montanha, acabou por ser mais marcha de cidade. No entanto deu para dar a conhecer Barcelos.
O sistema de som na partida (no arco de partida) era sub-dimensionado. Por isso nem briefing, nem indicações, nem boa sorte, nem vamos partir dentro de 5 segundos. A rever.
Este ponto não tem directamente a ver com a organização, mas com o bom senso dos participantes. Eu sei que a maratona é um convívio e queremos os amigos lá ao pé, e saber se eles estão bonitos para a fotografia, mas por favor! No meio de 2000 pessoas, a rolar compacto, olhar é para a frente! Vi algumas travagens apertadas de malta que ia a ver a paisagem e se ia estampando, ou porque ia em frente nas rotundas, ou porque começava a virar para cima do colega de lado.
Soube também de algumas quedas nas rotundas por parte de colegas que iam a tentar fazer a classificação nos primeiros 5km. Eu também fiz a minha preparação da maratona em casa, vi que era preciso atacar forte nos primeiro quilómetros para fugir ao engarrafamento anunciado, mas fui cedo para a partida (quase 1hora antes) e tentei rolar forte mas com segurança. Não é preciso estragar a maratona de ninguém por causa de 1 minuto.
O primeiro checkpoint, como já foi dito, poderia ser dispensável, especialmente no local onde se encontrava. Talvez a ideia fosse ajudar a controlar o engarrafamento, mas não resultou. Talvez, e sujeitando-se a organização à ira popular, fosse pertinente organizar, apartir da altura do grande congestionamento, um sistema tipo aquaparque, com partidas de 20 betetistas espaçados para evitar o congestionamento.
Uma palavra aparte para o colega da Scott branca que na primeira zona técnica tentou desenfreadamente passar toda a gente. Acabou por passar apenas 4 ou 5 pessoas, e quando o tentaram sensibilizar para o facto de ser uma zona perigosa respondeu "Eu antes disto já fiz Downhill!". Facto é que o padroeiro do BTT se calhar castiga, e na descida do terceiro cume esse colega espalhou-se ao comprido, e acabou por ficar bem atrás dos lugares que ganhou e com algumas mazelas. Há que notar que não estamos sozinhos no monte com a nossa técnica mas também que há outras pessoas no trilho que pagaram o mesmo para lá estar. Depois acontecem quedas colectivas sem necessidade. Um voto de que da queda tenham apenas resultado pequenas mazelas.
Voltando à maratona, as fitas do percurso só pecaram pelo facto de terem a inscrição em laranja o que as fazia parecer já gastas pelo sol. Havia também um ou outro ponto menos esclarecedor em cruzamentos que poderia ser revisto. Onde andei mesmo ás aranhas foi no centro hípico, valeu-me a ajuda de quem estava a ver a prova.
Mais um reparo a quem tentou cruzar a meta em estilo e se espatifou contra as barreiras. "Foi a chegada mais espectacular" segundo palavras do próprio mas qualquer dia corre mal e as organizações é que têm de andar ás turras com os seguros.
VEREDICTO
Foi sem dúvida uma experiência positiva, uma maratona dura, mas que se tornou numa das mais equilibradas do ano, a juntar-se no meu pódio à maratona do Marão e à de Valongo.
Fiz os 3 cumes em 3h04m o que deu um honroso 121º lugar entre os 1300 atletas desta versão.
Para o ano certamente irei repetir, contando também com a natural melhoria das organizações que sabem retirar ilações deste local privilegiado de feedback que é o forumbtt.net
Bem hajam!