Ora aqui vai o meu relato da prestação no Geo-Raid
Etapa 1
Preocupação inicial - A incerteza metereológica, estará frio? chuva? calor?
Acabei por optar por um corta-vento por cima do Jersey - má opção pois mesmo em tempo frio não permite respiração, mas com a vantagem de ser pouco volumoso e caber num bolso do jersey.
Tive de o tirar após 15min da partida, já estava com calor e ainda tinha muito que subir...
Apesar da preparação pré-logistica, acabei por me esquecer de meter oleo na corrente. 2min depois de arrancar tive de parar para o fazer (inclusivé esqueci-me do oleo na pousada, valeu o oleo do meu companheiro de equipa).
Ou seja, em 15min paramos 2x o que já estava a ser um presságio de mau começo...
Entretanto, ao km5 passam os que viriam a ser indiscutiveis líders da prova Team Amarante Bike Zone (J.Marinho/J.Silva). Pedalavam em pé como se de uma prova de 30km se tratasse :S
Após um pequeno sobe e desce de 200m acum. prepara-se a 1ª grande subida a S.Macário onde se "acumulam" 800m nas pernas
momentos antes da subida cruzava-mos uma pacata aldeia, onde um senhor já velhote dizia - "para onde vós ides!?" - Eu disse "Vamos para S.Macário" - ele prontamente respondeu: "Estais f@d$d0s!"
aproveitei o "incentivo" para me moralizar que era ainda apenas a 1ª das 5 serras que ia-mos subir :s
O terreno no inicio da subida fazia lembrar Sintra, estradão batido com boa aderência e não demasiado inclinada. Assim foram uns 200m acum. depois uns 100m de alcatrão e novamente para terra batida, desta vez com maior grau de inclinação até cerca dos 1000m. Pensava para comigo, a 1ª já cá canta
faltam 4 subidas grandes.
Nos 1000m andamos a rolar em alcatrão uns 4-5km até ao Portal do Inferno, com vista para quedas de água e a tal zona que fazia lembrar as paisagens do Sr.Aneis.
Começam as descidas "manhosas" totalmente em pedra (xisto) direcção a uma aldeia com o nome de Drave (Drave é uma aldeia perdida numa cova entre a Serra da Freita e a Serra de São Macário, neste momento desabitada mas não abandonada), onde a organização alertou para o perigo, por ser um local remoto e resgatar um ferido naquela zona, poderia significar demorar 2-3h a chegar a um hospital.
Eu e o meu colega fizemos cerca de 90% em cima das burras, apesar de parecer muito perigoso era ciclável. O amigo Borrego aka Mr.Lamb tirou lá umas fotos ao pessoal.
Após Drave tinha-mos uma subida de 450m acum. em 3km - foi puxada, mas ainda haviam energias para a subir a um ritmo aceitável.
Entretanto encontrámos os outros "pedra's" a rolar nos planaltos, fomos juntos alguns km's. Passámos algum pessoal que abastecia água no km60 e fizemos algumas subidas com pedra não ciclável, onde tivemos de as levar à mão algumas centenas de metros (detesto andar a empurrar a bicicleta à mão). Penso que estes cerca de 20min a pé, fizeram o mesmo efeito que 20min parado, quando voltei a pedalar as pernas já não eram as mesmas. Senti prisão no tendão da perna esquerda, que perdurou até ao dia seguinte.
Durante o planalto cruzamos uma rota pedestre e aldeias bastante rurais, onde havia palha pelas calçadas fora, bostas de kg, tudo a que uma aldeia rural tem direito.
1ª paragem do dia para abastecimento de água km78. Eu já estava a denotar alguma dificuldade para subir, assim que partimos andei sempre na cauda do pelotão atrás do prejuízo
a recorrer várias vezes à PiPi (Pidaleira Piquena).
Ao km90 começamos a descer para o tão desejado final e ao km 108 lá estavamos nós a cruzar a meta com 8h51m média de 12.2km/h +- 15min de paragens.
Nessa noite participamos no buffet do Hotel onde estava sediada a organização, que comunicou, estar satisfeita com a prestação dos participantes, onde apenas cerca de 54equipas conseguiram terminar devido ao tempo limite imposto por etapa, abandonos, etc... Apesar disso superando o esperado pela organização.
Etapa 2
No dia seguinte igualmente despertar às 07:00 para preparar a 2ª dose, desta feita na serra do Caramulo
Estava uma neblina matinal fresca, apesar disso, decidi ir so com o Jersey e manguitos (boa opção, pois o dia abriu com sol radiante).
Começamos a rolar e mais uma vez ao fim de 4km lá "deixamos" passar o Team Amarante (não encontraram adversário à altura neste evento), a pedalarem em pé como se não houvesse amanhã
Médias de 20km/h pois a subida de 300m acum. era diluida em 20km pela linha ferrea desactivada do Vouga. Aparece entretanto o single do dia com 3km numa zona muito bonita.
Seguimos com a sensação que neste dia tinham passado por nós mais pessoas que no dia anterior...
Km30 começa o "pesadelo" cerca 18km a subir até aos 1050m, com terreno variado e no final para "facilitar" alguns trilhos totalmente em pedra, exigindo força extra para os passar.
Começam as descidas rápidas, com alguma pedra solta, outras com regos, pediam velocidade, mas muita atenção.
Ainda 2 subidas para o final pensava eu e fui assim a gerir de maneira a dar o máximo sem ter de ficar a pé. Passamos um parque de merendas de nome "pernoita" muito bonito, fazia lembrar as trufas em Sintra, onde o track era dificil de identificar no meio de tanta folha e ramo.
As 2 subidas fizeram-se, tendo eu na ultima, dado o meu melhor para tentar recuperar alguns lugares de equipas que estavam ao nosso alcance visual, quando a memória me falha e aparece mais 1 malfadada subida para a Senhora do Castelo. Nessa subida 2 equipas voltam a passar por nós, no entanto começa a melhor maneira de terminar uma barrigada de BTT -> singles técnicos a descer!!
e conseguimos recuperar 3-4 lugares nos ultimos 5km. Não somos nenhuns prós a descer, mas estavamos claramente mais à vontade que a malta das rigidas. Sprint final de 2km até à meta com vel. acima dos 40km/h.
Cruzamos a meta com 4h59m média de 14.2km/h - 5min paragens
Parabéns a todo o Staff da organização! É sem dúvida um evento ímpar em Portugal, com o rigor, dedicação e profissionalismo habitual da Ciclonatur!
Os meus objectivos foram atingidos plenamente (divirtir-me, terminar sem quedas, disfrutar da natureza envolvente, conviver e rever algumas caras amigas "abraço ao José Carlos e Carlos Borrego")
Até Junho
Rui Valente -> pedrAmarela 2