Este ano foi a minha primeira participação no Rotas do Marão, como tal não tinha termo de comparação, a não ser com outros eventos semelhantes. Inscrevi-me para a meia maratona, já que os 80km são ainda um objectivo a longo prazo.
Nos dias que antecederam a maratona, manifestei a minha intriga pelo facto de existirem longos troços de estrada pavimentada, que perfaziam quase metade da distância da maratona. Confirmou-se no terreno que assim era, no entanto, aparte do primeiro (e ultimo já que eram comuns) troço logo no início, os restantes pedaços de estrada "civilizada" encaixavam-se minimamente no percurso.
Em jeito de análise rápida, fica aqui a minha lista do que:
O QUE GOSTEI:
Da organização da organização, passe a redundância. É daquelas situações em que se nota claramente que as 3 edições anteriores foram de muita aprendizagem. Conseguiram mecanizar muito bem as coisas. O levantamento dos dorsais foi bastante rápido, o parque quase que chegava para todos os carros e a localização não podia ser mais central e perto de tudo, quer da partida, quer dos banhos.
Do percurso. Aparte da zona inicial mais aborrecida, que no entanto deu para aquecer, as zonas rurais era muito bonitas e as pessoas bastante afáveis. Claro que o verdadeiro interesse estava nas zonas inóspitas!
A paisagem é deslumbrante, especialmente recompensadora no final das longas subidas, com o máximo nuns respeitáveis 23% de inclinação.
O abastecimento era completo como se podia esperar e na zona onde estava era uma verdadeira tentação ficar por ali a ver a paisagem, especialmente os "verdérrimos" socalcos lá em baixo.
Claro, as descidas. Aí parou-me completamente o relógio. Alguns colegas devem ter visto um marmanjola vestido com casaco vermelho, numa Canyon, aos berros "ESQUEEEEEERRRRDA!!!" "MEIIOOOOOOOOO!", tresloucadamente a aproveitar a vantagem da gravidade e a descer disparado por ali abaixo. Foi a verdadeira purificação! Tanto que enfrentei com tremenda boa disposição os últimos quilómetros, a longa subida depois da última ponte e os singles na aldeia, até o motor gripar numa das últimas subidas de paralelo. Depois foi gestão de esforço até à meta, mas o sorriso já lá estava estampado.
A chegada foi muito agradável com nova incursão no centro da cidade e um clima de festa a aguardar quem terminava.
Queria agradecer ao senhor GNR o facto de ter enganado os colegas de pedal que iam à minha frente pelo que, com as pernas a dizer não, e eu a dizer sim, fiz um último sprint na rua antes da ponte e assegurei o meu honroso centésimo quinto posto.
O QUE NÃO GOSTEI:
Da falta de elementos da organização nas zonas perigosas. Após o primeiro posto de controlo, só voltei a ver elementos da organização uma boa dezena de km depois, após passar as descidas perigosas e as zonas de singletracks. A rever, já que, são zonas onde podem surgir quedas (e segundo um amigo meu efectivamente aconteceu nos singles da aldeia).
Havia também zonas com um pouco menos de sinalização do que o devido. Especialmente durante uma descida mais rápida, eu e mais 15 a 20 colegas que iamos largados, acabamos por falhar um corte à direita e ficamos um pouco à nora. Basta colocar uma porção de fita maior nessas zonas, fazendo quase um corredor de fita, bem como aumentar a sinalização nos cruzamentos mais confusos.
O single serpenteante no início trouxe alguma confusão, mas continuo a achar que é mais por falta de desenvoltura de muitos participantes do que pela dificuldade do trilho em si. Era completamente ciclável embora seja natural que em certas zonas possa demorar mais a passagem. Para tentar passar a pedalar abrandava a velocidade uns metros antes para deixar os colegas que estavam na subida começar a rolar, ou acabar de subir à mão, para depois avançar eu para poder fazer tudo de seguida. No entanto há sempre alguém que não tem capacidade de análise, vem disparado pelas laterais, tenta subir à frente daquele morcão que está ali quase parado, param eles a meio da subida e acabam por congestionar ainda mais aquela zona complicada. Se houvesse um pouco mais de paciência, passávamos mais devagar, mas todos a pedalar.
Total desorganização e falta de limpeza da zona onde era servido o almoço. Perante o desespero dos elementos da organização e em particular de uma jovem que se fartava de discutir com o responsável pelo almoço, já que a fila já chegava ás escadas e comida de grilo, os fulanos do restaurante riam-se e diziam "Calma, calma que já vem aí. Eles esperam mais um bocadinho". Tive a sorte de apanhar a última rodada de rojões. Depois... febras grelhadas. Sublinhando que a culpa da organização se esgota na má escolha do parceiro alimentar, é um ponto a rever no próximo ano.
Não gostei também do sistema tipo fila de cantina. Se houve pessoal com lata para isso, eu não tive coragem de ir repetir, sabendo que me ia por à frente de toda a gente e que ainda havia colegas do pedal sem almoçar, especialmente os dos 80km. É preferível ser buffet e as pessoas vão formando filas individuais, mais pequenas, para cada um dos itens do menu. Fiquei com um pouco de fome, mas pronto... o espírito também é de entreajuda.
VEREDICTO
Os pequenos nãos, ficam diluídos no grande SIM que foi o evento, o que o rodeou, e por onde passou. Portanto, para o ano, se assim for possível, estarei de volta, quiçá para os 80km.
Bem hajam!