miguelcarromeu said:
E mesmo aqui, há que apontar o dedo à falta de regulação do sector - quer dizer, vocês vão a passear num Hiper, e, vindo do nada, um individuo "oferece-vos" um cartão de crédito com um plafond com 2500€ de plafond. Claro que vão dizer que só aceita quem quer; que é burro quem não vê imediatamente a TAEG ou quem não sabe fazer contas ao que ganha e ao que pode gastar. Mas, mesmo aqui, não pensam por um pouco, naqueles que pouca formação tiveram ao longo da vida, que pouco mais tiveram que "nada" e que são tentados com a possibilidade de terem "aquela televisão gigante"?
E porque não proibir toda e qualquer publicidade e todo e qualquer produto que possa ser vendido? Assim evitava-se que aqueles que não tiveram formação, caíssem na tentação de comprar…
Estive aqui a pensar e não tive formação sobre juros e taeg’s em absolutamente nenhuma das disciplinas que tive na escola e tive sempre nega a matemática, fui mesmo burro em não comprar a tal televisão gigante pá!
miguelcarromeu said:
Que dizes a um jovem casal que quer formar familia? "Olha, esperem uns tempos, juntem umas massas, comprem um terreno e façam uma casa à medidas das possibilidades, ao mesmo tempo que vão andando de transportes". E esperam o quê - 25 anos, depois lá casam, a mulher já não pode ter filhos e passaram a gastar o dinheiro em medicamentos?
Andar de transportes é muitas vezes caro. Os meus pais, como tinham pouco, andavam de motorizada durante a semana, e só quando precisavam de ir às compras de qualquer coisa maior é que tiravam o carro da garagem. Hoje, família jovem que cada um não tenha o seu carro e que tenha que andar de motorizada, é vergonha…
E a escolha de ter família ou não, é de cada um. Ou escolhe ter família cedo e um carro usado, mobílias baratas e levar o farnel de casa para o trabalho (farnel, tal como se faz em todo o norte da Europa), ou escolhe o smartphone topo de gama e o MEO/ZON juntamente com o CDI/GT e as roupas da salsa. A escolha é de cada um. Vesti até aos 17 ou 18 anos só roupa de feira, sem vergonha nenhuma. No tempo andava-se à procura do cigano que vendesse a roupa mais barata, hoje entra-se na salsa e compra-se sem pensar, e depois a culpa de não haver dinheiro é dos outros que não nos deixam levar a nossa vidinha…
oliana said:
Não devemos comprar casa porque a mensalidade é exorbitante, a rondar os 500 euros. Devemos antes pagar 480 numa alugada.
Tens vários estudos que aconselham a alugar em vez de comprar. Mas quem tiver segurança financeira boa o suficiente para comprar, força!
Comprar deve-se fazer quando se tem a certeza que temos um trabalho estável. Quem vêm que está numa situação de trabalho que tanto pode haver, como não, alugar é muito melhor, dá-lhe mobilidade. Tal como se vê em muitos outros países mais desenvolvidos que nós.
Na estabilidade há sempre o risco das crises, tal como a de agora. E numa crise, não vamos dizer que a culpa é do banco porque emprestou…
oliana said:
Carro novo a crédito nunca, porque é melhor pagar 150 euros em passes e horas de espera nas paragens.
Tal como disse lá e cima, passes são muitas vezes caros. Motorizada não é vergonha nenhuma, e é barato. Espanha e Itália têm dessas coisas aos milhões, nós temos vergonha de as usar. Quando eu andava só de mota, tive amigos que me perguntavam porque é que não comprava um carro, se era por falta de dinheiro… A nossa sociedade mesquinha tende a discriminar quem não tenha o mesmo que o vizinho.
O meu carrinho está a fazer 19 anos. Pelas minhas contas, mesmo que me dê entre 500 a 750 euros de despesas em arranjo por ano, compensa em relação a comprar um novo. Comprar carro novo para “poupar”, como muita gente diz…
oliana said:
Esquecemos a corrupção dos governantes porque parece que quem gastou dinheiro a mais foram os pagadores de impostos
Têm culpa, claro, e acho que ninguém esqueceu isso. E acho que isso nunca foi dito neste tópico… Se sim, diz em que mensagem.
Foram culpados, mas não passam de Portugueses. Qualquer um de nós fazia o mesmo. Quem nunca teve um amigo que tivesse pedido uma cunha para um emprego? Até nos trabalhos mais normais, temos sempre um amigo que diz: Vê lá se consegues meter uma cunha para me arranjares trabalho lá no teu emprego.
O mal de Portugal é ter Portugueses, a nossa mentalidade é lixada.
oliana said:
Parem de atirar culpas a que passou anos e anos a pagar impostos, e ao ficar sem trabalho, sem culpa própria, ficou impossibilitado de cumprir as suas obrigações!
Posso dizer outra vez que a culpa é de todos?
Dando o exemplo das fábricas todas que fecharam e que tinham sido abertas na época do mau do Salazar nos anos 60.
É do governo que aumentou tanto a carga fiscal da empresa que a obrigou a fechar e relocalizar por já não lhe compensar ficar cá.
E é do povo, que prefere comprar a t-shirt feita na china, em vez da que é feita em Portugal.
miguelcarromeu said:
trabalho todos os dias com crianças e custa-me muito ver um miúdo sem dinheiro para o lanche, sem manuais escolares porque os pais não conseguem dar-lhes comida e livros ao mesmo tempo
Nas Ferreiras em Albufeira havia um desses casos de um puto que chegava à escola sem ter comido, nem lanche para comer. O pai ia deixá-lo à escola de BMW…
E quanto a dinheiro para o lanche, eu sempre levei sandes de casa. Hoje é vergonha…
miguelcarromeu said:
Mas voltemos ao ponto que referiste e eu dou-te um exemplo:
- acabei a minha formação;
- só arranjo emprego na zona de Lisboa;
- estou longe de todos os meus familiares;
- tenho 2 opções - ou arrendo ou compro casa;
- opto pelo arrendamento;
- passado 2 anos, o preço que pago pelo arrendamento chega-me e sobra para comprar casa;
- faço o raciocínio lógico - "que diabo, vou comprar" seguindo a velha máxima "pelo menos é minha" (errado, eu sei);
- a taxa de juro está a 2% e a taxa de esforço é abaixo dos 30% - perfeitamente viável;
- em 2007 a taxa bate nos 5% (nem as projecções do empréstimo previam um aumento desses valores) e a renda passa de, por exemplo, cerca de 450€ para 690€;
- a crise implanta-se a partir de 2010 e perco o emprego; resta o do cônjuge.
Achas isto ignorância? (foi um exemplo baseado em imensos casos que conheço pessoalmente). Aponta-me alternativas para a vida deste casal fictício (que entretanto continua a adiar os filhos, o carro novo, a vida no geral...)
Despedimento por culpa de crise são acontecimentos imprevistos, é impossível planear. Não consigo ver como se pode culpar um banco por causa disto.
Mas dessas contas, com um ordenado de 1500€ por mês, se poupou o que devia ter poupado, teve seguro que cubra o despedimento e subsidio de desemprego, aguenta-se uns tempos. Talvez seja de considerar, cancelar o MEO desde o dia em que fica desempregado para poupar mais qualquer coisa. E, já que está no desemprego, aproveitar os cursos dos centros de formação, ir estudando. Só como exemplo, canalização e electricidade a fazer pequenos serviços domésticos em cidades grandes, desenrascam-se sempre. Desde que procurem trabalho, em vez de ficarem à espera que o trabalho os encontre… Agora com a crise há menos oportunidades, mas para quem tem vontade, ainda as há. Lembrei-me agora dum amigo meu que começou a vender pipocas. Trabalho de vergonha para muitos, mas que lhe mete dinheiro no bolso a ele e que permite que mesmo sozinho consiga pagar a casa que comprou. Não estou a dizer para toda a gente vender pipocas, mas sim que há oportunidades escondidas que muitas vezes nem pensamos nelas. Tal como um dos gajos das bolas de berlim nas praias do Algarve que vendia médias de 600 por dia em Julho e Agosto. 300 a 400€ de lucro por dia, para quem tiver uma ideia simples na hora certa e no sítio certo. Vender bandeiras nestas manifestações, também deve dar qualquer coisa, e ainda vão haver bastantes. Em tempos de crise, infelizmente não há trabalho certo, tem que ser o que aparecer. Ou isso ou ir para fora. Ainda ontem me mandaram um anúncio para torneiro mecânico em Aberdeen, Escócia, a £16,75 à hora...