Bom, logo à partida não se tratam de provas mas sim de passeios organizados. Parece-me que se fossem provas a situação seria mais ofensiva que passeios.
E não vejo muita diferença entre esse passeio e os guias turísticos que levam grupos pelas cidades para mostrar os seus monumentos e que entram nas igrejas com esse objectivo. Também não contribuem para a manutenção das igrejas, não entram lá com o objectivo de rezar ou meditar, e estão a lucrar com o trabalho dos outros. Porque é que num caso se contesta e noutro não? Qual é a diferença?
E toda a gente que lucra com os peregrinos, tais como supermercados, cafés, restaurantes e hospedarias que não tendo nada a ver com o caminho não se coíbem de apresentar uma factura igual a toda a gente a quem é peregrino? Porque não se contesta isso? A meu ver há muita gente a comer à conta dos peregrinos mas só agora é que se incomodam.
De qualquer forma parece-me que a forma como a coisa está a ser anunciada é que levanta mais contestação. Anunciar que serão três dias de "Puro prazer" vai completamente contra a lógica de uma caminho de peregrinos. Vale-lhes a sinceridade mas não deixa de ser uma forma idiota de expressar a coisa. Se falassem de passeios organizados para quem quer fazer o caminho, experimentar a rota da peregrinação, mas que não se sente capaz de o fazer sozinho, acho que ninguém diria nada. Bastava ter mascarado a coisa. Mas como disse ao menos são honestos... ou burros...
Mas é-me muito difícil de entender o nível de agressividade e animosidade demonstrado por pessoas que se querem passar por cristãs. Entendo que possam não estar agradados com a questão mas acho que toda a gente se esqueceu dos valores da tolerância, de dar a outra face e de evitar a ira e a agressividade. Sim, porque estamos a falar de uma questão religiosa e de pessoas que pretendem passar por cristãs. A meu ver, mesmo não gostando deveriam de demonstrar mais calma e tentar ser pedagógicos e encarar isto como uma oportunidade de evangelização.
E se são verdadeiros cristãos e acreditam em Deus, seria de pensar que ao mostrarem serem tolerantes, e ao encararem isto como uma prova de fé a suportar saberiam que ganhariam uns pontinhos na caderneta da salvação quando o dia do juízo final chegasse. Chiça, se Jesus morreu pregado a uma cruz por todos aceitando o seu sacrifício, como é que os seus seguidores se transformaram tão intolerantes perante um pequeno incómodo?
Se estivéssemos a falar de um percurso criado e mantido por um grupo de amantes do Btt voluntários, sem qualquer valor religioso ou moral por detrás da sua actividade que não apenas o criar trilhos para desfrutar da prática do Btt, e depois houvessem empresas a lucrar com isso entenderia os protestos pois era apenas uma questão económica. Nessa altura teriam o direito de querer uma parte dos lucros. Mas assim...