Já há muito que tinha esta atrás da orelha. Mas como até já conheço a zona de andar muito por lá, fui sempre adiando. Desta vez queria umas micro-ciclo-férias lowcost e foi o momento ideal.
Vai de pesquisar na net, fóruns, tracks, um ou outro telefonema, falar com pessoal e em dois dias tinha o esquema montado; nada demais, para ser sincero.
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Dia 1 – Troia – Sines (80km)
Comecei bem o primeiro dia. Queria acordar as 7h30m e acordei as 9h. Até cheguei cedo ao comboio que me ia levar ao ferry para Tróia. Surpresa minha, o comboio atrasou-se 30min mas lá consegui apanhar o Ferry à tangente.
Tive a sorte de me levarem a maior parte da carga de carro para Sines. O percurso é bem rolante e foi bem agradável a companhia dos arrozais a seguir à localidade da Comporta. Encontrei uns bttistas pelo caminho e terminei o ciclodia em menos de umas míseras 4 horas.
Aproveitei o final do dia em Sines para visitar amigos e beber uma mine!
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Dia 2 – Sines – Aljezur (110km)
Com a experiência do dia anterior, descobri que tinha carga a mais na mochila, aproveitei a (ultima) possibilidade de largar peso e reduzir 2kg na mochila.
Comecei o dia por estrada, pelas praias até apanhar estradas de terra batida e uns trilhos até Porto Covo.
Parei em VN Milfontes para abastecer de água e perdi as únicas luvas num café. Após sair do trilho que foi dar à ponte de VNMF encontrei um senhor numa Zundapp que me pediu ajuda para desbloquear o ecrã do telemóvel, perguntou-me para onde ía e se passava por Almograve.
Segui caminho e cerca de 3km à frente voltei aos trilhos. Uns 10km à frente, o estradão onde circulava cruzava-se com a estrada de asfalto onde voltei a encontrar o companheiro da Zundapp que me apontou para outro estradão, que até coincidia com o track no GPS; dizia ele que era um atalho para Almograve e que estava cheio de covas.
Segui junto à falésia, junto ao mar e depois de alguns trilhos mais giros, resolvi cair num estradão. Tíbia inchada e uns estragos na pintura, mas nada demais.
Entrada em Odeceixe, terra que não me queria deixar sair. Foi uma subida longa, com 10kg a mais em cima da bicicleta.
Encontrei-me com o Canal que vem desde a Barragem de Santa Clara e com direito a uma Fuga aos cães e um furo. Confesso que não furava há alguns anos.
Chegando ao parque de campismo do Serrão, descobri que era dia de folga do restaurante e o supermercado estava fechado. Três grandes km’s a descer até Aljezur e a avózinha a ajudar a voltar ao parque.
Deu para orientar uma sopinha quente e ingredientes para uma salada. Não costumo ser esquisito, mas estava horrível sem temperos… Experimentei Isostar em pó e até não foi mau…
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Dia 3 – Aljezur – Sagres (70km)
De volta à descida para Aljezur, uma subida até ao castelo e um BTTista daqueles que não falam. Passei por alguns trilhos numa mata, planícies e campos de cereais e uma fantástica descida até à Carrapateira onde aproveitei para um banquete a solo à sombra dum moinho.
Seguindo caminho, fantásticas paisagens e miradouros, singletracks borra-cueca por cima das praias, muito sobe e desce, um calor abrasador e uma paisagem seca.
Aconteceu outra coisa daquelas que nunca acontece, partiu-se o cabo do desviador da frente. Afinei o limitador e foi a 1x9 (prato do meio) o resto do caminho – mais tarde desmontei o desviador.
Depois das eólicas segui por ecovias e fugas aos cães até conquistar o forte de Sagres.
Cruzei-me com um Alemão que não falava muito bem inglês. Estava a fazer o percurso inverso e planeava terminar no caminho de Santiago que começa no Porto.
Encontrei também uma família cujos pais pedalavam enquanto os filhos seguiam em atrelados a curtir a vida!
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Dia 4 – Sagres – Cabo de São Vicente - Lagos (55km)
Faltava colocar uma bandeira no Cabo de São Vicente, lá fui contemplar mais um pouco de natureza. Segui para Lagos pelas ecovias e um pouco por estrada nacional onde me encontrei com o Pedro, que dizia ser de Lagos e ia visitar o Cabo de São Vicente, nunca lá tinha ido. O Pedro deu-me o nº de telefone do pai e explicou-me onde o encontrar, caso precisasse de alojamento em Lagos. O Pedro queria largar tudo e pegar apenas nabicicleta e numa mochila, e viajar pela Europa, “como os Alemães que têm rastta“.
Chegada a Lagos, fui trocar o suor por sal à Meia-Praia.
Passei na estação da CP para “tirar nabos da púcara”, mas a possibilidade de transportar a bicicleta no comboio Intercidades (a partir de Tunes) dependia da boa vontade do revisor.
Fui ao Intermarché comprar fita isoladora e chorar por caixas de cartão. Fui à estação dos autocarros e disseram-me que se desmontasse a bicicleta (tirei as rodas, suspensão, guiador e espigão de selim) e embalasse bem, podiam transporta-la. Fui um bocado mal tratado pelo motorista – possivelmente nunca aprendeu a andar debicicleta – mas a minha tarefa estava cumprida e adormeci ao 1ºkm.
Chegado a Sete Rios, montei tudo de novo e voltei para casa.
Dicas:
Levem material suplente: Raios, Cabos de mudanças e travões (se forem mecânicos), Câmeras de ar / remendos.
Alimentem-se e hidratem-se sempre um um pouco antes de terem fome ou sede.
Usei sempre a mesma roupa, lavava e no dia a seguir já estava seca, mas levei backup para mais um dia.
Enrolei a tenda ao saco cama e meti-os num saco presos no porta-carga.
Levem máquina fotográfica e pilhas/baterias/memórias extra.
Meto sempre coisas como a roupa e o saco cama dentro de sacos do lixo. Nem sempre se sabe quando caimos numa ribeira ou se chove, e há coisas que queremos mesmo manter secas.
Caso fiquem em sítios pagos para alojamento, confirmem antes se estão abertos, se os serviços disponibilizados se encontrem disponíveis para o momento em que vão lá estar e se é possível guardar as bicicicletas.
Curtam o percurso e façam nas calmas se levarem peso extra.
PS:
Um agradecimento aos users do forum MHenriques (http://www.mhenriques.net/) e Froids (http://olimpaneves.blogspot.pt/) pelas dicas! :cheers:
Abraços,
Pedro Sanches
Vai de pesquisar na net, fóruns, tracks, um ou outro telefonema, falar com pessoal e em dois dias tinha o esquema montado; nada demais, para ser sincero.
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Dia 1 – Troia – Sines (80km)
Comecei bem o primeiro dia. Queria acordar as 7h30m e acordei as 9h. Até cheguei cedo ao comboio que me ia levar ao ferry para Tróia. Surpresa minha, o comboio atrasou-se 30min mas lá consegui apanhar o Ferry à tangente.
Tive a sorte de me levarem a maior parte da carga de carro para Sines. O percurso é bem rolante e foi bem agradável a companhia dos arrozais a seguir à localidade da Comporta. Encontrei uns bttistas pelo caminho e terminei o ciclodia em menos de umas míseras 4 horas.
Aproveitei o final do dia em Sines para visitar amigos e beber uma mine!
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Dia 2 – Sines – Aljezur (110km)
Com a experiência do dia anterior, descobri que tinha carga a mais na mochila, aproveitei a (ultima) possibilidade de largar peso e reduzir 2kg na mochila.
Comecei o dia por estrada, pelas praias até apanhar estradas de terra batida e uns trilhos até Porto Covo.
Parei em VN Milfontes para abastecer de água e perdi as únicas luvas num café. Após sair do trilho que foi dar à ponte de VNMF encontrei um senhor numa Zundapp que me pediu ajuda para desbloquear o ecrã do telemóvel, perguntou-me para onde ía e se passava por Almograve.
Segui caminho e cerca de 3km à frente voltei aos trilhos. Uns 10km à frente, o estradão onde circulava cruzava-se com a estrada de asfalto onde voltei a encontrar o companheiro da Zundapp que me apontou para outro estradão, que até coincidia com o track no GPS; dizia ele que era um atalho para Almograve e que estava cheio de covas.
Segui junto à falésia, junto ao mar e depois de alguns trilhos mais giros, resolvi cair num estradão. Tíbia inchada e uns estragos na pintura, mas nada demais.
Entrada em Odeceixe, terra que não me queria deixar sair. Foi uma subida longa, com 10kg a mais em cima da bicicleta.
Encontrei-me com o Canal que vem desde a Barragem de Santa Clara e com direito a uma Fuga aos cães e um furo. Confesso que não furava há alguns anos.
Chegando ao parque de campismo do Serrão, descobri que era dia de folga do restaurante e o supermercado estava fechado. Três grandes km’s a descer até Aljezur e a avózinha a ajudar a voltar ao parque.
Deu para orientar uma sopinha quente e ingredientes para uma salada. Não costumo ser esquisito, mas estava horrível sem temperos… Experimentei Isostar em pó e até não foi mau…
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Dia 3 – Aljezur – Sagres (70km)
De volta à descida para Aljezur, uma subida até ao castelo e um BTTista daqueles que não falam. Passei por alguns trilhos numa mata, planícies e campos de cereais e uma fantástica descida até à Carrapateira onde aproveitei para um banquete a solo à sombra dum moinho.
Seguindo caminho, fantásticas paisagens e miradouros, singletracks borra-cueca por cima das praias, muito sobe e desce, um calor abrasador e uma paisagem seca.
Aconteceu outra coisa daquelas que nunca acontece, partiu-se o cabo do desviador da frente. Afinei o limitador e foi a 1x9 (prato do meio) o resto do caminho – mais tarde desmontei o desviador.
Depois das eólicas segui por ecovias e fugas aos cães até conquistar o forte de Sagres.
Cruzei-me com um Alemão que não falava muito bem inglês. Estava a fazer o percurso inverso e planeava terminar no caminho de Santiago que começa no Porto.
Encontrei também uma família cujos pais pedalavam enquanto os filhos seguiam em atrelados a curtir a vida!
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Dia 4 – Sagres – Cabo de São Vicente - Lagos (55km)
Faltava colocar uma bandeira no Cabo de São Vicente, lá fui contemplar mais um pouco de natureza. Segui para Lagos pelas ecovias e um pouco por estrada nacional onde me encontrei com o Pedro, que dizia ser de Lagos e ia visitar o Cabo de São Vicente, nunca lá tinha ido. O Pedro deu-me o nº de telefone do pai e explicou-me onde o encontrar, caso precisasse de alojamento em Lagos. O Pedro queria largar tudo e pegar apenas nabicicleta e numa mochila, e viajar pela Europa, “como os Alemães que têm rastta“.
Chegada a Lagos, fui trocar o suor por sal à Meia-Praia.
Passei na estação da CP para “tirar nabos da púcara”, mas a possibilidade de transportar a bicicleta no comboio Intercidades (a partir de Tunes) dependia da boa vontade do revisor.
Fui ao Intermarché comprar fita isoladora e chorar por caixas de cartão. Fui à estação dos autocarros e disseram-me que se desmontasse a bicicleta (tirei as rodas, suspensão, guiador e espigão de selim) e embalasse bem, podiam transporta-la. Fui um bocado mal tratado pelo motorista – possivelmente nunca aprendeu a andar debicicleta – mas a minha tarefa estava cumprida e adormeci ao 1ºkm.
Chegado a Sete Rios, montei tudo de novo e voltei para casa.
Dicas:
Levem material suplente: Raios, Cabos de mudanças e travões (se forem mecânicos), Câmeras de ar / remendos.
Alimentem-se e hidratem-se sempre um um pouco antes de terem fome ou sede.
Usei sempre a mesma roupa, lavava e no dia a seguir já estava seca, mas levei backup para mais um dia.
Enrolei a tenda ao saco cama e meti-os num saco presos no porta-carga.
Levem máquina fotográfica e pilhas/baterias/memórias extra.
Meto sempre coisas como a roupa e o saco cama dentro de sacos do lixo. Nem sempre se sabe quando caimos numa ribeira ou se chove, e há coisas que queremos mesmo manter secas.
Caso fiquem em sítios pagos para alojamento, confirmem antes se estão abertos, se os serviços disponibilizados se encontrem disponíveis para o momento em que vão lá estar e se é possível guardar as bicicicletas.
Curtam o percurso e façam nas calmas se levarem peso extra.
PS:
Um agradecimento aos users do forum MHenriques (http://www.mhenriques.net/) e Froids (http://olimpaneves.blogspot.pt/) pelas dicas! :cheers:
Abraços,
Pedro Sanches
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