O lado simples da vida...

Skyforger

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Acredito que a esmagadora maioria de vós utilize nas suas voltinhas de bicicleta um conta quilómetros, um GPS ou um outro qualquer gadget que vos forneça toda e qualquer informação, mesmo aquela de que não necessitam. Eu não sou excepção e normalmente uso GPS ou, no mínimo, um conta Km´s simples, com indicação de velocidade, velocidade média, temperatura, calorias, etc... Ao longo dos anos fui olhando para esses aparelhómetros como ferramentas essenciais para a prática de ciclismo/btt e sem os quais não conseguia sair de casa.
Ontem, antes de sair para uma voltinha de bike de estrada, reparei que não tinha comigo nem GPS nem conta km´s. Confesso que inicialmente, e estupidamente, cheguei a ponderar abortar a volta por considerar essencial levar um desses dispositivos. Mas a manhã convidava a pedalar e lá arranquei eu, a bike, um telemóvel, alguma água, alguma comida e algumas ferramentas. Temia estranhar a ausência do GPS e de toda a informação que ele me dá, mas aquilo que aconteceu foi deveras surpreendente e deixou-me a pensar.
Não me lembrava da última vez que tinha andado de bicicleta sem ir atento a médias, velocidades, cadências, calaorias, altimetrias e tantas outras informações que, muitas vezes, passam a representar complicações. Ontem foi só eu, a bicicleta e o meu corpo. Senti o prazer de pedalar ao ritmo do meu corpo e não de um aparelho, usufrui da bicicleta como há muito não usufruia, apenas concentrado no prazer real e simples de andar de bicicleta e disfrutando de todo o prazer que essa simplicidade esconde e que muitas vezes esquecemos. Não sou radical ao ponto de considerar que nunca mais irei recorrer a esses aparelhos, até porque gosto de, pelo menos, ter algum controlo sobre os km's que percorro. Mas esta experiência fez-me ver que talvez não precisemos de tudo aquilo que nos impingem, que muitas vezes o prazer está no lado simples das coisas e que a nossa mente e o nosso corpo interagem de uma forma muito mais fluída sem interferências e complicações pelo meio. Nem que seja por um dia, deixem as modernices em casa, limitem-se ao realmente essencial e descrevam o que sentiram. Desafio-vos a experimentar!
 

jv-

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De facto já tive 2 conta-kilómetros que acabei por tirar da bike ao fim de uma semana de uso. GPS só utilizo em viagens grandes e com fim em orientar-me. De resto não percebo como é que as pessoas não se fartam dessas coisas, ao final da volta apenas guardam número e gráficos, mas se há coisa que não gosto quando ando de bicicleta são essas complicações que desaparecem da memória em menos de nada e apenas nos dão preocupações. E contar kilómetros acho que é outra cómica... só conto kilómetros a andar de carro, pois aí por cada um que se faz sái sempre caro.
 

FMCurto

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O conta-quilómetros da jeito, mas quando vou dar voltas ao fds quase sempre me esqueço de por a zeros antes de começar:)
Mas dá jeito sobretudo a longo prazo pq gosto de saber quantos kms duram os pneus,quando está na altura de mudar a corrente,esse género de coisas.
Uso o endomondo numa base diária mas mais na esperança de que um dia me calhe qualquer coisa grátis: uma camisola ou assim, alias esqueço-me de fazer o upload dos tracks e ao final de umas semanas perco um tempão a fazer upload um a um :p
GPS no telefone só quando vou para sítios que não conheço.
 

mpc

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Eu uso o conta-kms, mas de uma forma despreocupado, ponho a zero antes iniciar a volta e pronto! :p

Durante a volta, não me preocupo com os kms que faço, veloc. max. ou média, nem nada dessas coisas . . . afinal para mim isso é o que menos interessa ;)
 

tekzz

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Eu simplesmente traço um percurso de tantos quilómetros no GPSies e faço-os apenas eu, a bicicleta e a agua xD
 

BikeTrepaTudo

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Também ontem fui sem conta-quilómetros. Não sei quantos fiz, andei durante duas horitas e soube-me que nem nozes.
Querem ver que aquela mariquice não faz falta...
 

Skyforger

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Se faz falta ou não, isso dependerá de cada um. Mas aquilo que senti foi que muitas vezes complicamos coisas tão simples ao ponto de lhes tirar o encanto e o prazer que reside precisamente na simplicidade. O marketing, as modas e toda a enxurrada de informação que nos inunda diariamente de todos os lados faz-nos acreditar que precisamos de algo e quando damos por ela parecemos uns tontinhos dependentes de máquinas, maquinetas e afins... A volta de ontem sem qualquer tipo de acessório ou montra de dados foi das que melhor me soube em muito tempo nestas lides. Quando pensava que passados 20 minutos me iria fartar de andar sem a aparelhagem toda atrás e que voltaria para casa desmotivado, aconteceu exactamente o oposto. A volta fluiu, as horas passaram a voar, as pernas não se sentiam pressionadas pelo lado psicológico de algo que nos diz que já fizémos X km's, que devíamos aumentar a cadência, que a média está muito baixa e que é preciso acelerar o ritmo para parecer um pró, que é preciso dar mais uma volta ao quarteirão, ainda que não me apeteça, só para alcançar a barreira dos X km´s percorridos...Foi o puro prazer de andar de bicicleta em total sintonia com o nosso corpo e com a nossa mente e com os sinais e sensações que isso nos transmite.
 

abelha2

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Eu não uso nada disso.

Recentemente adquiri um conta km (cujo principal objectivo era poder ver as horas com facilidade) mas dos mais basicos mesmo, horas, velocidade,tempo e media.

Uso geralmente quando vou pa siteos desconhecidos, para saber que ao km X tenho de virar a esqueda ou a direita etc, ja que nao tenho GPS.


A meu ver esses resgistos todos só^têm interese para quem compete e "treina" agora para uma volta ao fim de semana com os amigos isso nao me diz nada, apenas quero andar à mesma velocidade que eles, nem mais nem menos, pois o nosso lema é ninguem fica para trás, ou seja, não adianta andar a "contar rotações do coraçao" nem nada do genero
 

brunno

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Só uso telemóvel para gravar o percurso (sports-tracker).
Gosto de ver depois no mapa por onde andei (até porque normalmente gosto de inventar especialmente quando vou sozinho), comparar trilhos e partilhar para que mais alguém os possa fazer.
Claro que acabo por ver quantos km fiz e quantos metros subi, no fim do passeio, pois sempre dá para ver a evolução (ou não).
 
Uso o Endomondo no telemóvel, mas vai ligado e esquecido no bolso do jersey. Serve para registar quilómetros feitos, tempos, etc, mas não olho para ele durante as voltas.

De resto não uso conta KM's, mas dava jeito para ver as horas, escusava de parar para sacar o telemóvel :)
 

froids

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O meu GPS vai sempre na bike. Tem milhares de kms feitos agarrado ao suporte.
Mas serve essencialmente para seguir aquela linha cor de rosa. E ver as horas. Todos os restantes dados são-me completamente indiferentes.
Quando não vou a seguir um track qualquer, o gps vai ligado sim, mas em modo mapa. Novamente, apenas para ter acesso ao relogio.

Não me interessam (durante a volta) médias, frequências cardíacas, acumulados de subidas ou totais de quilómetros.

Abraços
:xau:
 

Mach3

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Boas,

SKYFORGER percebo perfeitamente o que dizes, e acho que essa sensação de liberdade pode de facto ter sido algo agradável, agora na minha opinião não passa disso uma sensação.

Explico o motivo, é que mesmo sem gadgets eletrónicos, se calhar andas com uma suspensão XPTO, ou se for em estrada, com uma forqueta especial de corrida,ou outro qualquer componente que te faça, desviar de buracos, ou teres de te lembrar de bloquear, ou desbloquear...enfim o que quero dizer é que a nossa independencia à muito que foi perdida, porque devido ao nosso espirito competitivo, vaidade, necessidade de evolução, ou por qualquer outro argumento tão válido como os que apresentei, nos submetemos voluntariamente ao uso de este ou quele componente ou gadget, que de uma forma ou de outra nos vão condicionar na utilização dos mesmos, mas que paralelamente nos vão também conferir um sem numero de vantagens.

Compete é a cada um de nós saber ver, quando estamos a ultrapassar o limite do razoável para as nossas necessidades, e quando não estamos claramente a utilizar artigos que não nos conferem qualquer vantagem.

O problema não é usares GPS....mas sim deixares que a informação no mesmo te condicione...podes na mesma nem olhar para ele, seguir os caminhos que der na tua real gana...e voilá se deres por ti em caminhos desconhecidos...lá está o gadget a dizer-te como voltar a casa..e isso para mim é simples e também é mais um importante auxilio à liberdade.

Cumps,

Mach3
 

nasp

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A umas semans o meu contakm ficou sem pilha, e a partir dai fiquei sem registo, e ate nem sinto falta alguma. Para uma volta por sitios dsconhecidos gosto de levar o sports tracker ligado apenas para ver por onde andei, mas km, medias ou acumulados nunca me interessei, porque apenas pratico btt para me libertar a mente aos domingos de manha.
 

oliana

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Não uso gps porque basta levantar a cabeça para ver um cume de uma montanha famíliar e em caso de urgência, encurtar caminho. A Arrábida é toda minha. Pelo menos toda em redor. Porque trilhos por descobrir, ainda há muitos. E quero fazê-lo sem gps. Levo o telemóvel porque é muitas vezes a minha unica companhia. E o conta km, serve de relógio. Eventualmente posso comparar umas voltas com outras e ver os km. Penso que será essa a vantagem.
 

Mach 4

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Foi o puro prazer de andar de bicicleta em total sintonia com o nosso corpo e com a nossa mente e com os sinais e sensações que isso nos transmite.

E não foi assim que tudo começou?
E não são essas sensações que contam?

Tudo bem que não podemos prescindir totalmente da tecnologia mas existe gente que usa e abusa da mesma, de tal modo que passado um tempo ficam completamente dependentes dela. Saímos de casa sem telémovel e parecemos que andamos nús...

Tentem trocar um GPS por um simples mapa e uma bossúla e vão ver que até se torna muito mais divertido e sem se preocuparem com pilhas ou baterias. E é essa independência dos "gadgets" que para mim é que ajudam a reter o espirito da coisa, do puro btt e do genuíno divertimento.
Quanto mais nós tentarmos reduzir estes contrastes, entre a natureza que nos envolve gratuítamente e a cara tecnologia "made in Japan", mais nos aproximamos das raízes e origem deste desporto.

Não sei se já viram o filme "The Beach" (A Praia), onde mostra muito bem como uma comunidade de pessoas se querem alhear do resto do mundo para viverem em total harmonia com a natureza, mas ainda assim continuam a querer conservar alguma tecnologia que lhes proporciona outros prazeres que a natureza não lhes consegue proporcionar. Querem ser livres mas nunca o são na realidade por não quererem abdicar da sua dependência tecnológica.

[video=youtube_share;1EJ1T0cf-Wk]http://youtu.be/1EJ1T0cf-Wk[/video]


Eu tenho 2 conta-Km, um da "Sigma" que traçou um fio e está para arranjar, e depois comprei um Wireless em promoção que me custou €38,00. Montei-o numa bike e agora tenho de o retirar para o colocar na outra...mas sabem uma coisa?
Cada vez acho mais que um acessório como esse não faz assim tanta falta numa btt. Numa bike de estrada até compreendo mas numa btt...não sei, pus-me a olhar e imaginei a bike com isso e achei que não fazia muito sentido. Afinal quando vamos para o monte não é para nos esquecermos do PC, do MAC, do GPS, da PSP, da LED TV??

Para além de liquidos e alguma coisa para comer levem as ferramentas essenciais e depois basta 1 telémovel, 1 mini-lanterna e uma máquina fotográfica e não precisam de mais nada para pedalarem...e passam a ser uns bttistas mais livres, mais leves, mais aventureiros e acima de tudo mais independentes porque...

...a vida É mesmo simples, nós é que a complicamos.
 
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froids

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Nós é que complicamos a vida, isso é verdade.
Mas é com todas as nossas manias e vaidades. Porque razão é que achamos sempre que nós é que estamos do lado da verdade.
Começo a ficar cansado com essa estória toda dos purismos, dos conceitos e de que "no meu tempo é que era"...

Vão mas é pedalar. Como queiram e achem por bem, e acima de tudo, como vos der prazer!
Não se venham meter acima dos outros só porque acham que da vossa maneira é que está bem.

Abraços
:xau:
 

Mach 4

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Acho que aqui ninguém se está a "querer meter acima dos outros", ou achas que foi isso que o Skyforger fez?

Apenas teve um desabafo ao fazer uma observação sobre um ponto que eu acho extremamente interessante - o de estarmos tão habituados a lidar com a tecnologia que por vezes nem sabemos gozar a sério uma volta ou um passeio. Onde é que está o problema afinal? -Nos purismos?

Então eu vou-te falar "no meu tempo é que era" :
Eu sou da altura em que se faziam muitos pic-nics em familia. Passei tardes e tardes em "Entre-os-Rios", só nós, a areia e o rio. Foram tardes que nunca mais me irei esquecer, marcaram-me mesmo. Era saudável, era lindo...era simples.
Quando é que foi que fizeste o teu último pic-nic em familia Froids?

O problema é que nós levavamos um rádio (transistor pequeno) para o meu pai ouvir o relato da bola e de repente eu pensava que já estava em casa outra vez. O problema é ver pessoas a fazer campismo com a Tv dentro da tenda, e as crianças a jogar PSP em vez de irem caçar rãs.
Não sei se me estás a acompanhar, mas as pessoas hoje estão realmente tão vincadas aos gadgets que até me mete impressão assistir a algumas coisas. Por exemplo essa juventude que acaba uma relação por SMS...que é isso? - Já nem tem um tempinho para dar a cara á namorada(o)?

Muitos outros exemplos existem, como aquela situação que o país todo assistiu quando a aluna insultou a professora e arrancou-lhe o telémovel das mãos. Nós precisamos da tecnologia mas podemos muito bem a continuar a viver sem ela, ou vais-me agora dizer que durante um ano tu não irias conseguir pedalar mais SEM qualquer tipo de gadget na tua btt??

Claro que ias pedalar e até sei que irias colmatar essas carências com outros improvisos, como o uso de cartas topográficas, bossulas, saber tirar um azimute, confiares nos teus instintos, fazer perguntas á gente local, seres mais expedito com os sinais que a natureza te dá de borla (como o exemplo que o Oliana deu), entre outras coisas.
A tecnologia desvia-nos muitas vezes do que realmente importa e interessa e acho que foi exactamente isso que o autor do tópico quis demonstrar no 1º post e eu concordo totalmente com ele. Se tu não concordas assim tanto com essa evidência é apenas porque ainda não te deparaste com uma situação idêntica á dele, mas se calhar esse dia ainda está para vir e depois nessa altura até irás entender melhor a sensação que por ele passou.
 
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