Dia 27/04/2011
No 2.º dia tive de compensar o ligeiro atraso causado pela paragem e dormida em Azeitão.
Comecei a pedalar pelas 07h e rapidamente cheguei a Setúbal, ainda a tempo de tomar um segundo pequeno-almoço e beber um café nas calmas.
Na travessia de barco para Tróia apanhei uma bela (?) surpresa... não é que paguei 5€ para poder levar a bicicleta comigo?
E tive de viajar nos barcos que vão atracar junto à base da marinha, pois directamente para a zona dos hotéis não é permitido viajar com a bicicleta...
Em Belém, na viagem para a Trafaria, o bilhete não chegou a 2€ e o transporte da bicicleta é gratuito... parece que há empresas que ao contrário de inovarem, dão alguns passos para trás.
A viagem foi rápida e a manhã crescia fresca...
Trabalhei alguns anos no Complexo turístico de Tróia e a viagem trouxe-me à cabeça muitas recordações desses tempos...
"Por vezes somos muito felizes, sem termos a noção disso mesmo."
Após dois ou 3 cliques, a máquina fotográfica deixou de funcionar... tive de passar a usar o tlm, embora a qualidade deste para as fotografias deixe muito a desejar.
Já do outro lado, dava as primeiras pedaladas e começava a cair em mim. Estava mesmo a começar o caminho que tanto estudei e planeei fazer...
Uma longa estrada de alcatrão iria levar-me até à entrada da Comporta.
Cheguei à comporta e entrei por um desvio que existe um pouco antes do "conhecido" restaurante Museu do Arroz.
Esse desvio iria fazer-me atravessar as plantações de arroz, pedalar ao lado de um canal e chegar mais tarde ao Carvalhal, onde fiz uma paragem para uma coca-cola bem fresca.
"são 11H, acabo de chegar ao Carvalhal. O percurso junto ao canal até aqui é bonito! Ainda é só o começo e já estou completamente envolvido em tudo isto."
Deixo o Carvalhal e regresso novamente à estrada de alcatrão, por onde sigo uns bons kms até chegar à localidade de Caveira (Melides), onde paro para comer alguma coisa.
Depois do estômago aconchegado, retomo novamente o caminho, fazendo mais uns poucos kms em alcatrão até chegar à zona do Moinho do Vau, onde apanho (finalmente) caminho em terra batida. Infelizmente foram poucos kms neste tipo de terreno e em Aldeia de Brescos retomo novamente o alcatrão e assim sigo até Sines.
Estando a sorte do meu lado, a estrada até Sines (começando uns bons kms antes de Santo André) estava em fase terminal da colocação de novo tapete numa das faixas, logo tinha essa faixa de rodagem exclusivamente para mim
O caminho tem em Sines o seu ponto de viragem.
Até aqui o percurso é na sua maioria em alcatrão e isso faz com que após alguns kms torne-se naturalmente aborrecido. O volume da música tem de ser baixo, os sentidos sempre em alerta e tirando o percurso inicial a beleza paisagística é pouca. Mas em Sines, tudo muda.
De Sines a Porto Côvo o percurso é sempre feito junto ao mar, onde podemos apreciar as belas praias, sentir a brisa marítima...
Em Porto Côvo fiz uma curta paragem. Não só para refrescar-me com uma coca-cola, mas para absorver um pouco daquele "espírito cool e tranquilo" que por ali se vive.
Mas como foi curta a paragem, pouco tempo depois já deixava Porto Côvo para trás e passava ao lado da ilha do Pessegueiro.
Aqui o tempo ainda assustou-me um pouco, pois embora estivesse calor, começaram a cair uns pingos e o céu começou a escurecer rapidamente e muito.
De Porto Côvo a Vila Nova Mil Fontes, sem afastar-me muito do mar, passei a pedalar por estradões em zonas mais interiores. Não via o mar, mas sabia que ele estava logo ali. As paisagens foram, parte do tempo, substituídas por campos agrícolas ou zonas de pasto com animais.
Qualquer coisa como 07h a pedalar e 130 kms depois, chego a Vila Nova Mil Fontes. O corpo já está mostrava sinais de cansaço...
Dou entrada no parque de campismo pelas 17h30 e o céu ameaçava fazer cair uma enorme chuvada a qualquer momento.
Não ia minimamente preparado para o tempo de chuva, tanto que para dormir só levava um saco-cama... o excesso de peso de uma tenda e até pelo aspecto pratico, pensei eu, que seria suficiente.
comecei a ficar preocupado, pois assim não sabia muito bem como iria dormir.
Amavelmente indicaram-me um lugar abrigado onde prender a bicicleta enquanto tomava um bom e merecido banho.
Poucos minutos depois e a chuva começou a cair em grande força...
Mas, mais uma vez, a sorte acompanhou-me e a chuva durou pouco tempo... como também o céu começou novamente a abrir, deixando a promessa de uma noite seca e um dia seguinte de calor.
Banho tomado, troquei de roupa e decidi ir andar um pouco para esticar as pernas. ainda era cedo e tinha de procurar um lugar para jantar.
De regresso ao parque, fui procurar um cantinho para dormir e onde fosse possível prender a bicicleta a uma pequena árvore. Depois de instalado fui beber um café e dar uma espreitadela ao jogo Real-Barça que dava na Tv. Oportunidade para carregar tlm e escrever algumas palavras no "diário de bordo".
Eram 22h quando decidi ir descansar, tinha que começar a pedalar novamente cedo no dia seguinte.
"A música sempre como boa companhia... alguns momentos, poucos e já no final, que senti-me sozinho. Tenho pensado imenso, na vida, nas coisas que fazem ou não sentido."