Uma vez que fui desafiado aqui pelo Sr. Moderador :twisted:, vi-me obrigado a deitar as mãos ao Excel, para analisar esta questão, que admito, também me deixava um pouco curioso.
Comecei por fazer umas contas simples, partindo do princípio básico que relaciona Binário com Potência:
Potência = Binário X Velocidade Angular
O binário é a variável deste problema, pois cada comprimento de alavanca permite binários máximos diferentes para forças de perna iguais. Fazendo um gráfico com valores genéricos obtive isto:
Deste gráfico constatamos que para uma mesma cadência somos obrigados a desenvolver potências mais elevadas se optarmos por cranques mais longos. Este efeito acentua-se com o aumento da velocidade de rotação. Para velocidades baixas o tamanho de cranque é pouco importante, mas para quem prefere cadências mais elevadas o tamanho do cranque é importante. Um tamanho de cranque grande usado a grande RPM vai requerer cada vez mais potência, a qual pode não estar disponível nas pernas do atleta.
Em seguida fiz um modelo geométrico da pedalada de uma perna para ver a influência do comprimento de cranque na curva de binário e na extensão da perna.
Na curva de binário nota-se que cranques mais longos proporcionam binários de saída significativamente mais generosos. Este binário extra é importante numa disciplina como o BTT com constantes acelerações e é por isso que os cranques de BTT tendem a ser de comprimento superior aos de estrada.
Para finalizar fui verificar se existe uma variação muito significativa na extensão da perna. 100% neste gráfico representa a Tíbia e o Fémur alinhados, enquanto que um valor proximo de 0 % representa a perna completamente dobrada.
O meu modelo mostra que existe uma diferença muito reduzida na extensão de perna entre os 3 comprimentos de cranque que considerei (perto de 1%). Penso que isso demonstra que o tamanho de uma pessoa não é um factor decisivo ou limitativo na escolha do comprimento de cranque, mas que outras características como o tipo de terreno, acelerações e tipo de pedalada do atleta (força ou rotação) são importantes.
Relembro que isto foi apenas um modelo feito para ver a mecânica base da coisa e não considera factores empíricos e práticos como os que o Nelsonasp menciona no seu informativo post. :wink: