Ludos said:
...
It takes one, just one
And then one follows the other one
And then another follows the other one
Next thing you know you got a billion
People doing some wonderful things
People doing some powerful things
Let's change and do some powerful things
Unity could be a wonderful thing
Vamos mudar-nos a nós próprios, aos que nos são próximos, e esperemos que o efeito "bola de neve" nos venha a trazer os resultados que queremos ter.
Boas pedaladas.
Eis o meu dia a dia como residente e trabalhador na cidade de Coimbra.
Por volta das 8.30 horas saio de casa, sita junto à Quinta das Lágrimas, sigo em direcção à ponte de Santa Clara, atravesso-a, apanho o 7 ou o 24 (nº de autocarro) no Largo da Portagem, apeio-o no Arnado ou na Avenida Fernão de Magalhães e dirijo-me para o meu local de trabalho.
No final do dia (não tenho hora certa de saída) faço o percurso trabalho/casa a pé (Rua da Sofia – Praça 8 de Maio – Rua Visconde da Luz – Rua Ferreira Borges – Largo da Portagem – Parque Dr. Manuel Braga – Parque Verde do Mondego – Ponte Pedonal – Lote 2, 5º Dto.)
Alguns colegas de trabalho, residentes igualmente em Coimbra, não fazem as minhas caminhadas (falta de preparação física :mrgreen: ), mas utilizam os transportes públicos.
Quanto aos outros, tentar demovê-los da utilização do automóvel é uma tarefa hercúlea e praticamente impossível. Por vezes fico com a sensação que não estacionam o carro junto à secretária porque tal não é possível.
Claro que, perante este cenário, não estranho a crescente obesidade daqueles que, não sofrendo de qualquer disfunção metabólica, levam uma vida demasiado sedentária em que há muita comida, muita bebida e nenhum exercício.
Ontem, na RTP 2, assisti a um excelente documentário que retrata a vida de uma hospedeira de bordo que, sensibilizada com a miséria extrema que se abate sobre certas populações do Bangladesh, decidiu, a expensas próprias, criar uma Fundação com o intuito de ajudar e minorar o estado de degradação em que essas gentes vivem.
Um dos objectivos a que se propôs, consiste em tentar incutir-lhes hábitos de higiene e consciencializá-los de que da falta dos mesmos podem advir malefícios muito graves para a saúde pública.
Num certo momento, numa determinada aldeia, a nossa benfeitora decide apanhar o lixo que, tal como a erva daninha, abundava no chão.
A população masculina, perante tal acto, ficou simplesmente atónita e boquiaberta.
Ao ver as suas expressões, radiografei-lhes o pensamento e descobri que a sua estranheza e perplexidade eram fruto da seguinte interiorização: O lixo não presta, não serve para nada, para quê apanhá-lo.
A sua lógica de raciocínio não era de todo destituída de fundamento: Eles sabiam que o lixo não presta, mas não sabiam que o facto de estar no chão, à mercê das crianças, poderia causar-lhes graves problemas.
Mas afinal, para quê todo este palratório e o que é que o mesmo tem a ver com o assunto aqui debatido?
Tem muito.
Os portugueses têm a consciência e já interiorizaram a ideia de que a utilização dos transportes públicos ou de outro qualquer meio de transporte alternativo e não poluente são bons e que o dióxido de carbono em excesso é mau. No entanto, e utilizando uma linguagem litúrgica, nós pecámos e sabemos porque pecámos, logo, o nosso pecado é grave. Aqueles homens, daquela miserável aldeia do Bangladesh, pecaram, mas, por ignorância, não sabem que pecaram, logo, o pecado deles não é grave e talvez nem sequer se possa falar em pecado.
Pois é meus amigos.
O “dia mundial sem carros” é muito bonito, mas, na prática, não tem qualquer efeito.
Torna-se imperiosa uma campanha diária, transmitida no chamado horário nobre e por todas as estações de televisão, que nos faça acordar e reflectir sobre tudo aquilo que já sabemos, mas, por preguiça e comodismo preferimos deixar adormecido num qualquer recanto do nosso cérebro.
Perdoem-me mais uma vez, mas, não é uma iniciativa esporádica, levada a cabo uma vez por ano, que nos vai acordar da nossa letargia colectiva.
“Água mole em pedra dura tanto bate até que fura”.
Se a água apenas bater uma vez por ano, é capaz de furar, mas vai demorar muitas centenas de anos.
Cumps.