Limpeza na Serra de Sintra

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biosintra

Guest
Olá a todos!

Encontrei este forum porque pelos vistos temos uma preocupação comum, o desbaste continuado que está em progresso na serra de sintra. Para quem conheceu a serra como eu como um local de forte densidade florestal, entrar em certas zonas de serra hoje é uma tristeza. Pode-se falar de prevenção de incendios e combate a pragas de acácias mas aquilo mais parece terra-planagem em alguns locais.

Apenas deixam plantas rasteiras e arvores de grande porte, tudo o resto é para abater. Neste momento já se consegue subir para o castelo pela entrada de s.pedro e ir a gozar a paisagem até lá cima de tal modo aquilo foi desbastado. Há zonas no topo da serra que não têm 1 arbusto. Como é que é suposto haver observação de animais quando os habitates estão a ser dizimados daquele modo?

Não foi com surpresa que observei a queda de todas aquelas arvores (algumas centenárias) quando houve o temporal. Com a ausência de arvores de pequeno e médio porte, as arvores de grande porte não têm sustentação e ficam extremamente sensiveis a esse tipo de calamidade.

Defendendo a biodiversidade da serra, penso que o que está em curso vai bastante para além de um simples controlo de acácias. A densidade biológica está a ficar reduzida a muito pouco.

Se alguem quiser avançar com algo significativo por fazer contactem-me. Estou disponível.
 

miguelcarromeu

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Ainda bem que alguém tocou neste assunto porque há algum tempo que me andam a afligir algumas questões.

Por exemplo, à parte de todo esse abate calamitoso que os madeireiros têm feito em várias zonas da serra, uma zona que me tem incomodado bastante é a zona da Peninha. Há por ali autênticas clareiras de mato desfeito na zona dos bosques de sequóias.

Outra coisa que me faz alguma confusão é o facto de algumas árvores centenárias caírem "sempre" em zonas de corte de estrada, o que "desculpa" a intervenção dos madeireiros nessas zonas, teoricamente, de protecção integral.

Como é que é feita esta gestão? A empresa (Silvapor) é paga para fazer e limpeza e ainda ganha com a madeira que vende. Mas não há um organismo da CMS responsável pela gestão correcta dos parques?
 
Desenterrar um bocado.

Após algum tempo pensei que as limpezas da serra tinham abrandado mas qual o meu espanto quando hoje me deparo com uma equipa distribuída por várias dezenas de metros a fazer limpeza nos terrenos paralelos à estrada que vai de Sintra para os Capuchos e por trás da Tapada D. Fernando, todos os trilhos e single tracks que haviam nessa zona foram nas últimas duas semanas (última vez que lá passei) completamente destruídos, apenas ficam de pé os pinheiros, tudo o resto desapareceu ou está a desaparecer, parece um parque de merendas, só faltam as mesas. Quem costuma passar por esta zona vai perceber o que digo quando vir.

Para quem defendia a eliminação das acácias, à cerca de 2/3 anos, onde andaram a limpar na altura, está muito pior agora, limitaram-se a espalhar e contribuir para o aparecimento e crescimento de arbustos, nomeadamente à beira dos trilhos onde já se tornou complicado passar devido aos mesmos
 

miguelcarromeu

Active Member
Já lá andam há uns tempos. Se reparares também andam a cortar pinheiros. Essa zona pertence aos Parques da Lua, pelo que pouco resta fazer a não ser aguardar que acabem para depois voltar a trilhar a zona.
 
Sim, também vi muitos pinheiros cortados, mas o que me chamou mesmo a atenção foi o desbaste completo que fizeram. A Parques Sintra apesar de ser privada foi criada para gerir os monumentos de Sintra bem como os terrenos do parque natural que têm sido adquiridos ao longo dos últimos anos, por toda a zona ser património mundial e os palácios mesmo geridos pela Parques Sintra continuarem a pertencer ao estado, penso eu, acho que a cms pode intervir.
Depois vem um temporal como o de à 2 anos e metade das árvores aparecem no chão e aparece toda a gente a falar na tv a dizer que não se podia fazer nada e que foi azar, enfim.
Na minha opinião, nem 8 nem 80, acho muito bem que se tomem medidas para diminuir o risco de incêndio, mas daí a só deixarem pinheiros... Como disse em cima, a partir do momento em que há intervenção humana daquela magnitude deixa de existir um parque NATURAL para passar a haver um parque de merendas
 
Outra zona que tem sido nas últimas semanas completamente desarborizada é a mata em Rio de Mouro, local onde costumam realizar a taça nacional de xco. Alguém sabe o que estão a fazer? Mais betão?
 

MiGuEl_82

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No sábado ao regressar da serra tb reparei nesse "desbaste" que estão a fazer na Mata de Rio de Mouro. De qlqr das formas, o traçado da prova de XCO, pelo menos um deles, já estava ao abandono, sendo que em algumas partes o mato é já muito denso e outras estão cortadas/ocupadas por troncos resultantes dessa desarborização.
 

gcaetano

Member
Sobre as intervenções na flora que têm vindo a ser feitas na Serra de Sintra, prefiro não me pronunciar porque não sou muito conhecedor das implicações que as espécies invasivas causam ou dos motivos por detrás dessas limpezas. Atenção é que a Parques de Sintra não é privada. É uma S.A. mas de capitais exclusivamente públicos, ou seja, é uma empresa do setor empresarial do estado. Quem detinha o capital social eram 3 ou 4 entidades, e sei que a CM Sintra era uma delas. Provavelmente o ICN e alguma DG do Ministério da Agricultura ou algo da DG do Património Arquitetónico tinham o restante capital. Isto para dizer que, enquanto entidade pública, está sujeita ao escrutínio público, pelo que se a malta se organizasse e fundamentasse posições havia uma certa probabilidade de eles levarem em conta algumas opiniões.
 

miguelcarromeu

Active Member
Se repararem, as zonas intervencionadas têm sido as tapadas do lado norte, ou seja, sobretudo de pinheiros e eucaliptos. Tendo em contas estas duas espécies, não admira que as "negociatas" floresçam, até porque, não esqueçam, algumas dessas tapadas são privadas. Por exemplo, a tapada onde fica o Maravilhas é uma delas, ou não tivesse até lá o portão para nos recordar.

Depois temos a mata do lado este que pertence quase toda à Herdade Vale Flor. Aqui nem pedalar se pode e, tanto quanto sei, nem o Parques de Sintra lá mete o bedelho. A parte que não pertence ao Vale Flor, é a zona das acácias que tem sido altamente fustigada pelos madeireiros nos últimos anos. Esta zona que inclui trilhos como os Torgas, Morangos, Sobreiros, já se sabe que é "a prazo". Muito frequentemente é "intervencionada". Resta a zona oeste, a zona sobretudo protegida, com sequóias e outra vegetação protegida. Aqui as reservas são maiores, no entanto, é frequente ver a SilvaPor a cortar algumas árvores. Enfim, pouco há a fazer.

Os eucaliptos de Rio de Mouro estão a ser cortados para pasta de papel. Percebe-se pelo corte.
 
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