El Solitario
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“A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: ‘Não há mais que ver’, sabia que não era assim. O fim duma viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre.”
José Saramago in “Viagem a Portugal”
Com este pensamento regressei à “Serra da Cabreira”. Era preciso ver no Inverno o que já vira no Outono, ver com neve os mesmos caminhos onde já reinou o pó, sentir o frio nos mesmos locais onde o Sol já foi inclemente. Como sabiamente diz o mestre, estes passos já foram dados mas o caminho é sempre diferente. Recomece a viagem, uma vez mais
Desta vez não levava track gravado, sabia que havia neve e seria esta a dizer o que fazer.
E à vista da neve, e mais do gelo, abandonei o “veículo de progressão rápida” na Portela (Vieira do Minho). A ascensão, por estrada, até ao parque da Serradela foi negociada com o tapete gelado que obrigava a procurar trajectórias de maior tracção num ziguezague que poderia, a olhos alheios, denotar um certo grão na asa.
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Pedra Escrita
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Após o parque da Serradela, na saída para a Cabreira, um guarda-florestal procedia à vedação da mesma com fitas. «Sabe para onde vai? Sabem onde anda? Vai sozinho?» Respondi sim às três perguntas. Abanou a cabeça “Eu que não tenha que o ir buscar…»
Então, entrei noutro reino. “A noiva, uma vez mais, vestiu de branco” e o seu véu emprestava à paisagem a reverência devida aos espaços sagrados.
[URL="http://img574.imageshack.us/img574/420/img2833.jpg"][URL="http://img574.imageshack.us/img574/420/img2833.jpg"] [/URL][/URL]
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Lá fui progredindo pela famosa “circular da Cabreira”, valendo-me dos sulcos deixados por outros veículos, e cedo percebendo que era impossível andar fora destes, assim, seriam estes sulcos a ditar, daqui para a frente, o destino desta viagem
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Cabeço da Vaca
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Espindo
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Indo eu, indo eu...
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Cascata de Zebral
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Casa do Guarda (Zebral)
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Por vezes a neve encontrava-se ainda fresca (bem, a neve é sempre fresca) o que tornava a progressão uma luta insana, mas, a recompensa vinha sempre em cada nova paisagem.
[URL="http://img59.imageshack.us/img59/2491/img2937a0.jpg"][URL="http://img59.imageshack.us/img59/2491/img2937a0.jpg"] [/URL][/URL]
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Local bem conhecido, o Fojo do Lobo, agora visto com camuflagem adequada à época. Por quantos aqui pereceram um momento de reflexão «Quem eram as feras?»
Fojo do Lobo
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Já próximo do talefe acabaram-se as pistas dos todo terreno.
Devido a efeitos de rarefação de oxigénio, que provocam confusão mental, ainda teimei mais uns metros enterrando-me, em neve até aos joelhos. Sorte a minha que me lembrei do guarda florestal, não queria de modo algum dar-lhe o "gozo" de me vir socorrer. Assim, num assomo de lucidez, regressei à base trilhando o mesmo caminho, mas mesmo este já foi diferente.
a 1175m de altitude
[URL="http://img51.imageshack.us/img51/9439/img2953g.jpg"][URL="http://img51.imageshack.us/img51/9439/img2953g.jpg"] [/URL][/URL]
Uma dica: quando os pedais ficarem envoltos em neve/gelo de tal modo que mais parecem bolas de gelado, deitem-lhe água quente (vocês sabem do que estou a falar ).
e mais algumas vistas em http://picasaweb.google.com/viktor.moreira/CabreiraInvernal#
José Saramago in “Viagem a Portugal”
Com este pensamento regressei à “Serra da Cabreira”. Era preciso ver no Inverno o que já vira no Outono, ver com neve os mesmos caminhos onde já reinou o pó, sentir o frio nos mesmos locais onde o Sol já foi inclemente. Como sabiamente diz o mestre, estes passos já foram dados mas o caminho é sempre diferente. Recomece a viagem, uma vez mais
Desta vez não levava track gravado, sabia que havia neve e seria esta a dizer o que fazer.
E à vista da neve, e mais do gelo, abandonei o “veículo de progressão rápida” na Portela (Vieira do Minho). A ascensão, por estrada, até ao parque da Serradela foi negociada com o tapete gelado que obrigava a procurar trajectórias de maior tracção num ziguezague que poderia, a olhos alheios, denotar um certo grão na asa.
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Pedra Escrita
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Após o parque da Serradela, na saída para a Cabreira, um guarda-florestal procedia à vedação da mesma com fitas. «Sabe para onde vai? Sabem onde anda? Vai sozinho?» Respondi sim às três perguntas. Abanou a cabeça “Eu que não tenha que o ir buscar…»
Então, entrei noutro reino. “A noiva, uma vez mais, vestiu de branco” e o seu véu emprestava à paisagem a reverência devida aos espaços sagrados.
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Lá fui progredindo pela famosa “circular da Cabreira”, valendo-me dos sulcos deixados por outros veículos, e cedo percebendo que era impossível andar fora destes, assim, seriam estes sulcos a ditar, daqui para a frente, o destino desta viagem
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Cabeço da Vaca
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Espindo
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Indo eu, indo eu...
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Cascata de Zebral
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Casa do Guarda (Zebral)
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Por vezes a neve encontrava-se ainda fresca (bem, a neve é sempre fresca) o que tornava a progressão uma luta insana, mas, a recompensa vinha sempre em cada nova paisagem.
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Local bem conhecido, o Fojo do Lobo, agora visto com camuflagem adequada à época. Por quantos aqui pereceram um momento de reflexão «Quem eram as feras?»
Fojo do Lobo
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Já próximo do talefe acabaram-se as pistas dos todo terreno.
Devido a efeitos de rarefação de oxigénio, que provocam confusão mental, ainda teimei mais uns metros enterrando-me, em neve até aos joelhos. Sorte a minha que me lembrei do guarda florestal, não queria de modo algum dar-lhe o "gozo" de me vir socorrer. Assim, num assomo de lucidez, regressei à base trilhando o mesmo caminho, mas mesmo este já foi diferente.
a 1175m de altitude
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Uma dica: quando os pedais ficarem envoltos em neve/gelo de tal modo que mais parecem bolas de gelado, deitem-lhe água quente (vocês sabem do que estou a falar ).
e mais algumas vistas em http://picasaweb.google.com/viktor.moreira/CabreiraInvernal#
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