Crónicas de um Bravo do Pelotão por Terras Helvéticas

AFP70

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Boa noite ao Fórum,

Algumas fotos panorâmicas para abrir o apetite.

Cumpts,
Alexandre Pereira

A amarelo o trajeto efetuado. A azul os teleféricos utilizados.
A = “Le Châble” a 821 mts, ponto de partida e de chegada da volta.
B = “Les Ruinettes” a 2.200 mts, cheguei aqui via teleférico.
C = “Col des Gentianes” a 2.950 mts, ponto de partida previsto inicialmente mas devido a ainda existir muita neve no trilho (em baixo a vermelho) o acesso estava vedado a bicicletas (fica para uma próxima oportunidade).
D = O ponto mais alto atingido de bicla até hoje por este “Bravo” 2.560 mts e só mesmo a neve em gelo me deteve.
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Foto tirada a 2.200 mts.
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Foto tirada a 2.460 mts.
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Foto tirada a 2.470 mts na direção oeste.
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Foto tirada a 2.470 mts na direção este.
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pre_historico

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não faltará muito para vermos uma crónica de um dos locais míticos (para mim) muito perto de Verbier e que sobe mais um bocadinho até aos 2583m: Zermatt.

para já esperamos pela crónica do Verbier
 

AFP70

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Bom dia pre_historico,

Obrigado como sempre por seguir e comentar.

Ainda não tive oportunidade de rolar ou caminhar em Zermatt e acredito que será um local tão ou eventualmente mais “mítico” que os locais por onde tenho andado ao longo destes quase 3 anos.

Antes de continuar cumpre-me fornecer alguns elementos para análise de forma a compreenderem a problemática das viagens (comboio) que se colocam a quem como eu tem fome de conhecimento e variedade.

- De Lausanne a Verbier são +/- 100 kms de carro e +/- 2h15 em comboio.
- De Lausanne a Zermatt são +/- 180 kms de carro e +/- 3 horas de comboio.
- De Verbier a Zermatt são +/- 140 kms de carro e +/- 3h45 de comboio. Claro que em linha reta através de montanhas com picos entre os 3.000 e os 4.000 mts a distância encurta para +/- 42 kms.

Nota: no que toca aos comboios foram incluídas as mudanças de comboio assim como o tempo de espera (já efetuei viagens em que mudei 4 vezes de comboio).

Como podem constatar as distâncias são um problema, mas acima de tudo o “wasted time” que se perde na realização das mesmas, é como se alguém vos dissesse para apanhar o comboio no Porto e ir rolar em Lisboa e regressar à base no final do dia.

Como as minhas saídas só podem ser de um dia, tenho plena consciência que há lugares aqui nas Terras Helvéticas a que nunca acederei, paciência ainda há muito por descobrir, eheheh…

Cumprimentos,
Alexandre Pereira

P.S: a crónica de Verbier não está esquecida, “je travaille dessus, mais par manque de temps j’ai pris un peu de retard”
 

AFP70

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Em “Verbier” este bravo consagrou-se…

O poeta Friedrich Von Hardenberg Novalis escreveu o seguinte “Todos os acasos da nossa vida são materiais de que podemos fazer o que quisermos. Quem possui muito espírito faz muito da sua vida - cada tomada de conhecimento, cada acontecimento seria para ele inteiramente espiritual - um primeiro membro de uma série infinita - o início de um romance infinito”, pois foi exatamente assim que a minha relação com “Verbier” começou.

A ideia de ir a “Verbier” não é de agora, aliás esta começou a ganhar forma quando há cerca de um ano atrás por mero acaso fui contatado por um “user” aqui do fórum que indagava sobre os meios de transporte existentes para chegar a uma das mecas do BTT aqui nas Terras Helvéticas. Como diz o “pobo” “abençoado sejas tu RTC” pois graças a ti pude disfrutar de paisagens que ficarão gravadas para todo o sempre.

Rolar em “Verbier” é um pouco como aceder ao paraíso, toda a gente almeja “franchir” essa porta, mas somente alguns terão esse privilégio e eu considero-me um desses afortunados.

Após quase duas horas de comboio eis-me chegado a “Le châble” (826 mts), ponto de partida da minha aventura. Aqui colocou-se a questão de decidir se subia a “Verbier” (1.550 mts) via estrada (como é do vosso conhecimento, adoro fazer estrada, eheheh…) ou se optava pela utilização dos teleféricos. Como não podia deixar de ser, prevaleceu a meu ver a decisão inteligente, para além de que o fator tempo tem sempre um peso superior aos demais.

Após análise do mapa com as diferentes opções de teleféricos, decidi-me que estava na hora de provar a sensação de fazer uma volta quase sempre a descer. Vai daí, decidi-me iniciar a volta no “Col des Gentianes” a 2.950 mts, uma vez que nesse local inicia um trilho ciclável (a descer) que me conduziria à “Cabane Mont-Fort” a 2.457 mts. São cerca de 4,5 kms para quase 600 mts de desnível.

Enquanto congeminava e uma vez que estamos em meados de Julho, achei estranho a quantidade de pessoas que embarcavam nas cabines, munidas ou de esquis ou de pranchas de snowboard. Quando me “appretava” para tirar o bilhete, indaguei e fui informado que a título excecional tinham aberto a pista que fica no “Mont Fort” a 3.330 mts e que no meu caso por ainda existir muita neve, teria de sair em “Les Ruinettes” a 2.200 mts. Esta notícia caiu que nem um balde de água fria, uma vez que durante a semana liguei a saber se os trilhos estavam limpos de neve e foi-me garantido que sim, enfim… Pagar 45 CHF para ficar a meio caminho não é propriamente um bom negócio, estava quase para desistir quando a funcionária me diz que devido ao facto de nesse dia decorrer um festival bovino, com “chegas de bois”, o preço do bilhete seria somente de 20 CHF. Como diz o adágio “há males que vêm por bem”, eheheh…

À medida que o teleférico subia, ia-me extasiando com a beleza das cercanias e pensava cá para mim “és um privilegiado pois vais andar onde muitos já sonharam”. Agora compreendo melhor a sensação que o Neil Armstrong deve ter sentido quando desceu da Apollo 11 e poisou o pé na lua.

Chegado a “Les Ruinettes” a minha próxima etapa seria atingir a “Cabane Mont-Fort”. Embora esta fique apenas a 2.457 mts era mesmo assim necessário atravessar uma zona de sobe e desce permanente, mas de lá tinha a certeza que conseguiria ver o porquê de não poder subir mais alto.

Enquanto subia na direção da “cabane” cruzei-me com (n) “randonneurs” que como sempre me tiravam o “chapeau”, mal sabiam eles o sofrimento em que me encontrava, eheheh… Se visualizarem esta crónica no site BDP, compreenderão melhor o porquê do sofrimento, mas cada um só tem aquilo que merece.

Chegado à “Cabane Mont-Fort” e após uma amena cavaqueira com a malta que indagava sobre os reais motivos que me conduziam a pedalar por locais mais adstritos a caminheiros, resolvi que não podia ficar por ali, tinha de provar a mim mesmo que não vim aqui para “coçar a micose” mas sim para me superar.

Olhando na direção do meu objetivo inicial, vi a existência de um bulldozer que serviu para limpar partes do trilho carregados de neve, pensei para com os meus botões, se ele conseguiu eu também conseguirei, nem que vá à la “patte”. Assim dito, assim feito e passado algum tempo tinha subido mais 100 metros de desnível, tendo-me ficado pelos 2.560 mts. A partir d’aqui embora a tentação fosse muita, o risco de algo correr mal também o era, pelo que decidi refrear “a piriquita”, tendo iniciado a descida que me conduziria à segunda parte do meu périplo.

Esta segunda parte consistia em regressar ao ponto de partida 2.200 mts “Les Ruinettes” e daí abalar novamente para os 2.500 mts (perto da base de “Les Attelas”). Não foi pera fácil, as fotos falam por si, mas as paisagens atravessadas amenizaram a dor da subida.

Chegado à famosa ponte indicada nas fotos e visível no Google Earth, esta faz de fronteira entre os dois lados de “Verbier”, isto é, a Este temos uma paisagem típica de montanha, pura e dura, com muitos calhaus, muita neve e pouco verde, a Oeste por nos encontrarmos a altitudes mais baixas (mas sempre acima dos 2.000 mts) a paisagem é mais amena, com muitos tons de verde. O contraste é tão evidente que julgarmos estar em montanhas diferentes.

Daí o objetivo traçado era chegar a “Croix de Coeur” a 2.178 mts a +/- 10 kms. Deste lado encontrei muitos betetistas enquanto que na vertente Este não cruzei com ninguém (vá se lá saber porquê, eheheh…). Chegado ao destino e uma vez que nesta secção deu para retemperar forças, enchi-me de coragem (tava com a pica) para fazer um pouco de downhill (afinal não sei quando cá volto, daí que temos de “seizar the moment”). A escolha recaiu sobre um trilho de 600 mts com 200 mts de desnível. Não digo que o fiz sempre montado e até em duas ocasiões estive para malhar, mas aí é que reside a beleza do BTT.

Chegado a “Verbier” a 1.550 mts e como ainda tinha de descer até aos 826 mts, foram cerca de 9 kms numa estrada serpenteante onde em muitas secções atingi velocidades superiores a 70 kms.

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº047).

“Le châble” a 826 mts onde tudo começa (apanhar o teleférico).
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A minha fiel amiga tal como eu não sofre de vertigens.”Malheureusement” não pôde viajar no interior. Não gostou muito da posição pois parecia que ia para abate.
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Esta seria a via do meu regresso, no total falamos de 9 kms desde o centro de “Verbier” a 1.550 mts e “Le châble” a 826 mts. Agora entendem melhor porque resolvi deixar para o fim este desnível de 725 mts (em estrada não se aprende nada).
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Quem vem de “Martigny” (465 mts) tem de passar por este vale. Nesta localidade temos de mudar de comboio e apanhar o famoso “Saint-Bernard Express” que nos conduz até ao “Mont Blanc” (França).
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“Verbier” ao centro e acolá ao fundo “Croix de Coeur” a 2.178 mts, onde irei passar dentro de algumas horas. Desse ponto farei o meu regresso à base.
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A montanha mais alta chama-se “Grand Combin” a 4.314 mts já muito próxima da fronteira italiana. É visível parte do “Glacier de Corbassière” com os seus 9,8 kms de comprido e 1 km de largura.
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Como não podia deixar de ser, para a posteridade.
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Esta zona é uma autêntica galeria de arte com várias obras de diferentes autores de renome mundial. Um verdadeiro regalo para os olhos. Ao fundo do lado esquerdo da foto o meu objetivo.
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Apaixonei-me por este elefante em cobre e madeira. Foi realizado por Zak Ové em 2011 e chama-se “Elephant walk”. Mais informações sobre este espaço em www.3-dfoundation.com.
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Ao fundo em baixo, várias vacas em fila indiana subiam a montanha. Tive sorte pois nesse dia havia um concurso de “chega de bois” e em vez de pagar 45 CHF pelo teleférico, paguei somente 20 CHF. “Merci a los bois”.
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Esta cruz a 2.250 mts não deixa ninguém indiferente.
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Por causa da neve e para meu grande desassossego, não pude começar lá em cima como planeado a 2.950 mts; mas por outro lado temos de ver o lado positivo da coisa, assim pude saber o que é subir até aos 2.560 mts. Do lado esquerdo da foto a “Cabane Mont-Fort” a 2.457 mts, próxima paragem.
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A prova provada da minha presença. Sabem para que servem as escadas em alumínio? Não, não são escadas de socorro.
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Vim d’além e o meu périplo levar-me-á a passar naquela ponte que se vê ao fundo do lado direito da foto.
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Aqui tomei a decisão de não baixar os braços e continuar até onde fosse possível. Não esquecer que a estas altitudes, a neve deixa de ser neve e passa a ser gelo, o que dificulta ainda mais a ascensão.
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A “Cabane Mont-Fort” vista de um outro ângulo. Lindo, não acham!
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Os teleféricos lá continuavam o seu vai e vem. “So far so good”, mas vai ser sol de pouca dura.
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Tirei esta foto somente para que tenham uma ideia das dimensões (homem vs ambiente). Assinalado a vermelho, um caminheiro.
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Aqueles trilhos ali em baixo são para mim.
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Vou descer para depois voltar a subir até à ponte. A beleza da paisagem é de tal forma inebriante que a malta não se chateia com este sobe e desce.
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Por pouco não apanhava a “Heidi”. Uma imagem vale por mil palavras.
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Um último adeus a esta parte de “Verbier”. Quiçá numa próxima oportunidade com companhia (aceito candidaturas, eheheh…) consiga arrancar do topo (B). Agora vamos atacar a segunda parte. Conseguem ver o teleférico? E dois caminheiros?
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Lembram-se da ponte, pois aqui está ela, aliás só se vê um bocadinho. Foi a partir deste ponto que realizei o pequeno filme do “post” 398. Ao fundo no topo, “Les Attelas” a 2.733 mts. Quem desejar pode lá chegar via teleférico ou como eu, via “bike” ou “à la patte”. Neste caso fiquei-me pelos 2.500 mts uma vez que o esforço da subida, pouca alegria me iria trazer.
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“Verbier” novamente em pano de fundo. Vou andar a brincar naquela encosta. Aquelas montanhas ao fundo cobertas de neve vão ser alvo de uma aventura.
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Poderia ter optado por descer por aqui, mas como diz a publicidade, não era a mesma coisa.
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O “berdadeiro” oásis no meio do deserto. Pena não ser “sergas” (está escrito ao contrário por cousa da lei da publixidade).
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Estive ali onde neste momento se encontram aqueles 3 “randonneurs”. Estamos na Suíça e não nos Himalaias.
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Ainda há pouco estava lá em cima como tão depressa estou cá em baixo, 400 mts de desnível em +/- 1,5 kms.
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O meu próximo destino “Croix de Coeur” a 2.178 mts. O trilho é o que se vê na encosta e pelo meio um túnel com +/- 250 mts.
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Como constatam a zona é rica em trilhos.
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Para os amantes de “downhill” todos os caminhos levam a “Verbier”.
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Quando desenhei o “track” tinha planeado uma visita ao outro lado da encosta. Ficará para próximas núpcias, o cansaço não perdoa.
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No final da linha optei por descer que nem um “downhilista” (trilho na vertical).
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Irei passar no meio daquele aglomerado de casas.
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Ao fundo a entrada para o túnel. Impressionante a pouca luz com que os Suíços nos presenteiam, para além do frio que se faz sentir no seu interior.
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Foto tirada a partir de “Croix de Coeur”.
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Este foi o trilho de “downhill” efetuado, 200 mts de desnível em +/- 600 mts de trilho, pelo que já dá para ter uma noção do grau de inclinação.
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Como tirei ao longo da volta +/- 350 fotos, já era de esperar que a bateria da máquina “fosse à vida”, pelo que esta fotografia foi tirada com o telemóvel. Vim d’além, daquele extremo, “Verbier” não mente.
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Tempo de regressar à base mas sem “espigas” uma vez que são +/- 9 kms em curva e contra curva.
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O famoso “Saint-Bernard Express”, comboio que me conduziria a “Martigny” e aí apanharia outro que me levaria a “Lausanne”.
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Na crónica nº28 aquando da minha visita às “Portes du Soleil” afirmei que tinha entrado no paraíso, pois aqui voltei a repetir a dose e anseio por descobrir outro “spot” similar.

No final esta volta ficou-se em 2.130 mts de declive negativo para +/- 38 kms.

Como nota final apenas uma palavra para descrever esta experiência “fenomenal” e se alguém do fórum pensar repetir, que se acuse atempadamente e terei todo o prazer em servir de anfitrião ou simplesmente acompanhar.

Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 

RTC

Super Moderador
Só me apetece chorar! :fpalm:

Mais uma crónica de excelente qualidade. Esta especialmente "toca-me" pois reconheço bem alguns dos trilhos por onde andaste.
Essa subida de Verbier até ao alto de Croix de Coeur é qualquer coisa de impressionante. Lembro-me bem do misto de alegria e adrenalina que senti ao pedalar por esse monte. E também da falta de ar que isto de viver e treinar/andar ao nível do mar tem aí os seus custos. :mrgreen:

Obrigado. ;)
 

acelot

New Member
Boas amigo, em grande esta crónica.
A paisagem é magnifica, estive aí a ver a crono-escalada do Rui Costa no Tour de Romandie.

Fiquei com água na boca.

Olha uma coisa, eu vivo em Morges, se quiseres companhia para algumas aventuras ou simples voltas diz alguma coisa.

paulopereira.mb@gmail.com

forte abraço e continuação de boas pedaladas
 

pre_historico

New Member
mais uma crónica que se não fosse a essência do que qualquer um de nós procura (essa sensação de liberdade e de reverência para com tais paisagens) e a sinceridade e vontade de partilhar com que são escritas, seriam um momento penoso de inveja para quem as lê.

PS - eu sei para que são as escadas pois também as há nas Oberlands do cantão de Bern...por isso vou deixar a pergunta por responder....he he

PPS - obrigado Alexandre
 

salgado52

Active Member
Como o Alexandre disse " Quiçá numa próxima oportunidade com companhia (aceito candidaturas, eheheh…)" eu pergunto amigo,quando abrem as inscrições??fónix,és mesmo um "prebiligiado"!!!!!!

Brutal,é pá,nem sei que dizer,se apanhe já o "fly" para aí,se veja um filme da Heidi..........

Abraço amigo e curte ao máximo,agora com "companhia"tudo se torna mais "easy"
 

AFP70

Active Member
Bom dia ao Fórum,

@RTC
Como cantava o Bonga “Tenho uma lágrima no canto do olho…”. Confesso que por vezes também fico com uma, isto quando penso ou revejo os locais fantásticos por onde já rolei ou andei, daí que compreenda o sentimento.
Realmente subir de Verbier (1.550 mts) ao alto da Croix de Coeur (2.178 mts) em tão curta distância, não está ao alcance de todos. Por opção fiz a descer, mas cruzei com alguns betetistas a subir e acreditem que a malta penava.
Não tens de agradecer, aliás fiz esta crónica a pensar em ti, pois foste o rastilho que conduziu a esta explosão, eheheh…

@acelot
Obrigado pelo convite e aliás até tem piada pois acabei de me mudar para Morges esta semana. Como diz a publicidade “há coisas fantásticas, não há”. Irei enviar-lhe um email com os meus contactos e marcamos um encontro para um café e “faire connaissance”.
Fique bem e até já…

@pre_historico
Pelo comentário vejo que mais uma vez não desiludi quem segue este tópico.
Como diz e bem, procuro nas paisagens aquilo que muitas vezes não encontro nas pessoas. Quem como eu rola ou caminha em solitário, tem mesmo de ter respeito pela natureza e acredite que já por diversas vezes tive alguns percalços, em minha opinião são os chamados “ossos do ofício”.
Como já deve ter reparado ao longo deste tópico e no próprio fórum, tenho uma filosofia de vida que consiste em programar, executar e partilhar, tão simples quanto isso.
Em relação às escadas já vi que sabe, mas deixemos o assunto em “banho Maria” até que alguém se acuse, eheheh…

@salgado52
Há quase três anos que partilho aqui no Fórum BTT e outros locais as minhas aventuras, pelo que desde essa altura as inscrições estão abertas, mas em minha opinião estas aventuras devem “scarar” a malta pois esta foge de mim como o diabo foge da água benta, eheheh…
Hoje em dia podemos pedalar onde quer que estejamos, é tudo uma questão de vontade e $$$$.
Para se motivar a dar cá uma saltada, reveja o pequeno filme que coloquei no “post” 398 e quiçá…
Já me conhece, encaro sempre a vida com um sorriso, agora a triplicar, eheheh…

Obrigado a todos por seguirem e comentarem.

Aquele abraço :D,
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
Boa tarde ao Fórum,

Eis um "preview" do que será a minha próxima crónica.

Esta será publicada logo que possível nos locais do costume (Site BDP, Facebook e Fóruns BTT).

Cumprimentos,
Alexandre Pereira

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AFP70

Active Member
Pois é anarciso eheheh...
Como se diz na gíria "cada um só tem aquilo que merece".
Ainda bem que a administração deste tópico tem sido tolerante ao longo deste tempo para com as minhas imagens consideradas por alguns como que "pornográficas" ;)

Um abraço "and keep following",
Alexandre Pereira
 

AFP70

Active Member
“Le Lac d’Emosson” não se deixou circundar…

Ponto de partida: “Finhaut” a 1.226 mts
Ponto de chegada: “Martigny” a 460 mts
Altitude máxima: 2.010 mts
Altitude mínima: 460 mts
Kms percorridos: +/- 48 kms

Eis parte dos registos do dia… (restantes encontram-se na página Bravos do Pelotão, ver crónica Nº048).

“Finhaut” a 1.226 mts, ponto de partida desta volta.
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“Le hameau de Litro” a 1.190 mts (aglomerado de casas) e mal sabia eu que esta aventura levar-me ia para esses lados. Irei percorrer aquela estrada não por opção mas por um triste infortúnio (ossos do ofício). Do lado direito o “Glacier du Tour” com os seus 5 kms de comprimento e quase a chegar aos 3.600 mts.
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“Finhaut” ao longe. Aquela montanha mais alta ao fundo situa-se na zona de “Verbier”. Irei percorrer toda essa encosta do lado direito da foto.
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Bonita imagem e sempre a subir.
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Este é o comboio panorâmico que nos conduz até aos 1.822 mts e daí apanhamos um pequeno elevador que nos leva até à barragem aos 1.930 mts em menos de 2 minutos. Pena a entrada nestes 2 equipamentos estar vedada às bicicletas.
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E ei-lo o “MontBlanc” a 4.810 mts e a 27 kms (linha reta). Uma vez que ainda este ano pretendo dar uma saltada a “Chamonix” para uma caminhada há muito agendada, irei com certeza vê-lo de mais perto. A ver vamos.
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“Vallorcine” já do lado francês.
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Para poder rolar ali em cima terei de atravessar a montanha através de um túnel com +/- 750 mts e escuro com breu.
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“Barrage d’Emosson et son Lac” a 1.932 mts. Construída entre 1967 e 1975, é a segunda maior barragem das Terras Helvéticas, com os seus 180 mts de altura e 554 mts de largura. Esta barragem substitui a anterior construída em 1925, sendo mais alta cerca de 42 mts.
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Quando desenhei o track, pretendia visitar a segunda barragem desta zona (onde se encontram aquelas gruas), também chamada de “Barrage du Vieux Emosson” a 2.216 mts, mas devido ao adiantar da hora e sabendo ainda o que me faltava fazer, acabei por abandonar a ideia. É bem visível na foto o que me aguardava, mas um homem tem de saber mesmo que a custo quando deve “sossegar a piriquita”.
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O início da tentativa de circundar o lago, que se veio a verificar impossível conforme poderão constatar mais adiante.
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Para a posteridade isto porque estes momentos são únicos. Em pano de fundo do lado direito da foto “Le Grand Perron” a 2.673 mts.
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Agora não há volta a dar, será sempre para a frente ou até onde for possível.
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Existe nesta foto um elemento que me recordou o Gerês e Vilarinho das Furnas. Conseguem vê-lo?
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A natureza tem destas coisas. Já não é a primeira vez e espero que não seja a última que sou premiado com fenómenos d’ilusão ótica desta natureza. Conseguem ver? Vou dar uma pista! Já ouviram falar no “Mount Rushmore” que se encontra nos U.S.A? Aguardo as vossas respostas.
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E o caminho sinuosamente lá seguia. Ali em cima andamos perto dos 2.800 mts.
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Em “Barberine” o empirismo deu de si, isto é, um galo não canta quando debica perto dos 2.000 mts.
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Vá lá, conseguem ficar indiferentes?
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A partir de agora é que a “coisa” se vai tornar interessante, com caminhos estreitos, menos de 60 cms de largura e precipício garantido com perto de 100 mts de queda. Ao longe por uma questão de perspetiva, assinalei um cão e respetivo dono.
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As imagens falam por si. Não deveria escrever o que a seguir vou dizer mas nesta fase do trilho atacou-me o vírus da loucura, isto é, perante a eventualidade da queda e do perigo, ainda mais vontade me deu de pedalar em cima da bicla nesta zona. Talvez seja o efeito da rarefação do oxigénio a esta altitude, eheheh…
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Mais do mesmo mas como dizem os espanhóis “inolvidable”.
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Por falta de espaço para fotos nesta crónica (como sabem só podemos em cada “post” colocar até 40 fotos), não pude colocar a foto do ponto exato onde tive de fazer meia volta (é visível nas restantes fotos que se encontram no site BDP). De qualquer forma aquele trilho que se vê na encosta apenas têm 10 a 20 cm de largura, agora imaginem fazê-lo com a bicla às costas.
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De regresso à barragem, mas sempre em cima dela. Adrenalina ao rubro e “thank God” a “shit” não bateu à porta. Há dias assim.
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Tem lógica, o que dantes estava à esquerda, agora encontra-se à direita, eheheh…
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Deu-me para!
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Gostei desta panorâmica pois aquele aglomerado de casas recordou-me o Japão.
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Este é o famoso túnel com +/- 750 m de comprido. Acreditem que não se vê um “corno”, aqui em destaque a luz do flash. Escuro como breu e geladíssimo; em muitas ocasiões pensei que me ia surgir do nada um zombie com uma motosserra na mão.
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Aqui sim começa a segunda parte da volta.
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“Finhaut” acompanhou-me ao longo da volta. Aquele rio encontra-se quase a 400 mts mais abaixo. Quando tirei esta foto ainda não me tinha apercebido do erro cometido. Em alta montanha os erros pagam-se caro.
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Aqui já o erro tinha sido assimilado e procurava uma forma de o remediar, apenas me custou 350 mts de desnível e +/- 8 kms a mais e acreditem ainda mal sabia o que me aguardava.
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Como homem de fé que sou, ao ver esta imagem senti-me preparado para o que me aguardava. Recordam-se da segunda foto desta crónica, pois é onde me encontro neste momento.
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Dizer que andei lá por cima. Fantástico o quanto nos apercebemos perante estas imagens do quão pequenos somos.
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O erro cometido na leitura do track fez com que tivesse de atravessar para o outro lado do vale. Reparem só nas encostas abruptas e com precipícios de + de 300 mts. Lembram-se do Rambo I, pois é o mesmo tipo de floresta. O meu objetivo era atingir aquele aglomerado de casas a +/- 4 kms, “La Crettaz” a 1.080 mts.
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Aqui foi onde realmente pela primeira vez nas terras Helvéticas vi a minha vida andar para trás, isto é, o telemóvel estava sem bateria, por excesso de confiança não trouxe mapas da zona, a floresta era densa e com árvores que não permitiam sacar pontos de referência; para além disso não trouxe lanterna e para cúmulo dentro de duas horas começaria a escurecer. Enfim, como se diz aqui nas Terras Helvéticas “La totale”.
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Isto é uma pequena amostra do que tive de comer durante os quilómetros que me separaram da civilização. Não foi fácil, mas como sempre “este Bravo ou vai ou racha e voltar atrás não era solução”.
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Mais do mesmo. Foi um subir e descer permanente, não tendo cruzado com vivalma.
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“At Least”, chegada a “La Crettaz” a 1.080 mts.
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Como o mundo é pequeno, acabei por vir parar ao cimo das “Gorges de Trient”, vide crónica nº036 ou o post 292 deste tópico ou seja estou na 3ª mais alta ponte da Europa a 187 mts.
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Vim de longe, de muito longe.
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No regresso a “Martigny”, preferi contornar a montanha pelos restos da estrada antiga ao invés de atravessar o túnel. Assinalei a vermelho uma ovelha tresmalhada que por ali andava.
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Cumprimentos betetistas e até à próxima crónica…

Alexandre Pereira
Um Bravo do Pelotão, neste caso sem…
 

Jean73

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Simplesmente brutal, grd exemplo de determinação, coragem e sentido de aventura...dps do comum dos mortais do btt ver isto, com que moral é q pega na bike e vai dar uma "voltinha"??:mad:

Quem publica estas aventuras e estas imagens devia ser punido por lei:cl:
 

AFP70

Active Member
Boas Companheiros (as),

@RTC
Corretíssimo, mas sem o "Lecter" :D

@lemos
Obrigado por seguir.

@Jean73
Obrigado por seguir e comentar.
Acredito que qualquer volta por mais “insignificante” que seja é sempre uma grande volta para quem a realiza. Em minha opinião, não existem “voltinhas”, tudo depende da perspetiva de cada um e da sua condição física.
A minha maior punição desde que me “deslocalizei” é não ter tanto tempo como o desejado para poder usufruir destas paisagens e partilhar com toda a comunidade, mas vai-se fazendo na medida do possível.

Cumprimentos,
Alexandre Pereira
 

QUEBRA TOLAS

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bolas Alexandre, até me dá vontade de chorar:p...estas imagens ai ai...recordações . Quando aí estive, fiquei uns dias em Les Marecotes, e fui fazer a ligação de Salvan pelo lago Salanfe até a Emossom (à "lá pata" ....que a cabra tinha ficado em Lisboa....(muito me arrependi)!!!! Ver estas imagens é recordar umas férias inesquecíveis !!! Quando em Verbier apontavas o teu próximo destino ...deu me logo a ideia que a direção era para o Dent du Midi....mas como sabemos, destinos por aí não faltam. És um sortudo, e nós também por connosco partilhares estas experiencias. Um grande abraço...e juízo, que aí as alturas a que se circula não perdoam. (essa falha que acompanhaste é a que vai dar a Martigny ?? mete medo !!! )
 
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