12 Horas da Figueira da Foz

agirão

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Amigos, cá vai...

Esta competição foi: linda, revivalista, excelente para quem se quisesse iniciar, fascinante, viciadora, "praística", curtidíssima...

Num próximo post, irei utilizar palavras/expressões como "Sousa" - nome de organizador e de segundo classificado; "Dias" - nome de amigo e grande Bttista (um dos incentivadores, "àcanos atrás" para eu cá andar e do 1º classificado; "Silva" - amigo e pedalador; "Ivo" - amigo e organizador; "amigos" - muitos; "incentivos" - o que mais eu ouvi; "curtir" e mais...muito mais!
E..."MOCA" - aquilo com que eu ficaria, muito grande, se não tivesse participado! E...o nome do Homem que fez da minha SID uma verdadeira maravilha! Não há a eleição das sete maravilhas do Tunning em Portugal!? É pena!
 

agirão

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Cá vai...

Tomei contacto com a realização deste evento na própria semana e, entendi dever participar! Afinal, trata-se da praia com a qual sonhei em criança! Nunca mais era Verão para ir chapinhar nas águas daquela praia que nunca mais acaba, comer uma bolacha americana e jogar à bola na areia! A visão da célebre Bola Nívea era uma alucinação!

Alucinação foi ver o percurso! Se, quando por lá passo de bike, não resisto à tentação de ir gincanear por entre as pessoas naquelas pontes/passadeiras, naquela noite, seriam só para mim...

As Escadas do Relógio, outro vício! Naquele dia eram obrigatórias!

Passar a abrir no Calçadão...outro sonho!

Competir na Figueira, com gente a assistir! Na minha praia...

Ainda não tinha o carro parado e já o Rui Silva da RDA Bikes me indicava um espaço ao lado da tenda do ND (Nuno Duarte), o Mago das Suspensões, para esticar a tenda da Rocky Mountain, montar o roll-up da Douro Bike Race e colocar a Rocky Vertex no cavalete para quem a quisesse montar!

Primeira ordem: "Não coloques aí a tenda! O gajo da mota aí estacionada vai utilizar esse espaço!" Era mesmo isso que eu queria! O gajo da mota era mesmo o meu Amigo Zé Sousa! Esse mesmo, o do Down-Hill! Sim, o que foi Campeão Nacional! Ele que estacionasse a mota e a tenda no areal...

Primeira pessoa a cumprimentar - Zé Sousa! A mota iria para mais longe! Ali ficaria eu! O Zé é assim...primeiro os Amigos!

Antes da tenda, o homem da NoTubes obriga-me a cumprir uma promessa - beber uma imperial numa das roulotes ali estacionadas! E são muitas! Cerveja, farturas, hamburgueres, sandes, coca-cola...tudo para a suplementação de uma prova de 12 Horas!

Não montei a tenda! Montaram-ma! Afinal, ser velho não é só desprazer!

Fui testar o circuito! Melhor, curtir a praia de bike! E, as escadas!

Estava montado o negócio! Para ser perfeito, aparece o Cláudio Dias! Vejo-o com alguma regularidade! Não é difícil, pois está um pouco mais espaçoso!

(Voltarei mais tarde, pois estou a ser pago para escrever aos poucos...)
 

agirão

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Continuação...

A conversa com o Cláudio foi a desculpa para alguém montar a tenda da Rocky Mountain e o roll-up do DBR! Enquanto conversávamos, lá se iam erguendo rumo ao céu!

As bocas eram a constante, versando peso...o peso a mais do Cláudio, do Rui Silva e, de quase todos! A Figueira não é só Serra da Boa Viagem para pedalar, praia para nadar e calçadão para correr...há, pelo menos, um bar em cada canto para abastecimento líquido e sólido. Muito abastecimento se faz para aqueles lados!

Não obstante (esta palavra fica sempre bem! É mais ou menos como feedback!) a massa corporal (não digas peso, para pareceres letrado...) elevada, a capacidade de rotação dos membros inferiores alcança (poucas vezes...) os três dígitos (também fica bem, no lugar de algarismos...) por minuto, mormente (a palavra "sobretudo" cheira a inverno...) quando se aproximam da zona de transição e vão com 50 metros de avanço, ou de recuo ("atrasado", parece mal...)!

O Cláudio dizia-me, e com muita graça, que as rodas dele são iguais às minhas (da minha bike, claro! Eu já não rodo, arrasto-me...) e pesa mais uns gramas do que eu! (Combinámos isto dos gramas...) Pudera, a pressão que mete nos pneumáticos (pneus é para iniciados...) é uns bars (não é desses bares com um "e", é mesmo bars de medir a pressão...) a mais do que nas minhas! Mas que são NoTubes e com cubos A2Z, lá isso são! (não vou pedir desculpa pela publicidade, pois fiz de propósito...)

Para a coisa estar mais composta, sofri na pele uma investida de piada da senhora da roulote dos hamburgueres! Após eu ter afirmado que, após as 24 Horas de Castelo Branco, penso que há dois anos, comi cinco hamburgueres e bebi oito colas, desafiou-me a comer cinco das suas iguarias (não, não são de plástico e eu como hamburgeueres! Até já ouvi bocas por causa disso e, por norma respondo: "Eu vou comer dois Mac's mas já pedalei 100 quilómetros hoje! E tu? quantos cigarros e horas de cama...?")

Vamos ver o que terá acontecido mais tarde! Vou parar, por agora, tenho de abrir o correio e enviar umas encomendas...
 

agirão

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De volta...

Um dos momentos fascinantes destas provas de ultra-resistência é a hora da partida, pela multiplicidade de emoções que acarreta! Pese as já muitas vezes em que nos encontrámos neste ponto de reflexão sobre o que irá ser mais uma aventura (ao todo são 28 corridas de 24 Horas, cerca de 11 000 quilómetros percorridos), nunca a tranquilidade é total! Há um misto de inquietude e de paz; de desejo que soe a hora e de vontade que o tempo desacelere a sua marcha implacável; de resignação perante as vicissitudes da vida e de revolta pelas injustiças; de insaciável vontade de querer vencer e amor por quem vai viver por dentro tantas horas connosco; de verificação da necessidade de ter treinado mais e de ganas de dar o melhor e...sobretudo, um pensamento que temos a coragem de dizer aqui e que nos desculpem os mais puristas: "Vou até onde este corpo já envelhecido por mais de cinco décadas de vida e de quatro de competição me levar! Se morrer, será a fazer o que gosto!"

Talvez dramático, quiçá a realidade pura e dura! Enfim, a definição dos nossos traços de personalidade! A tarefa será até ao final, custe o que custar, alicerçada no princípio fundamental que só haverá fins, se houver meios e a vitória não poderá ter um preço qualquer! Terá, inquestionavelmente, de se fundamentar num princípio que nosso avô nos ensinou:" Luta, mas com honestidade!"

Assim será!

Os minutos longos, longuíssimos, são amenizados por olhares fraternos dos nossos adversários/amigos, dos quais não sei o nome de todos, mas que me transmitem um carinho enorme, dando a ideia que têm de que eu posso ganhar! "Não, meus filhos, já sou velho!", pareço dizer à minha companheira de pedaladas, segredando-lhe que não adoeça antes do apito final! "Mas, ir-vos-ei fazer a vida negra!", prometo a mim mesmo!

Embora estas cogitações possam transbordar de mim, o carinho continua, ao ponto de me deixarem passar para junto à linha de meta!

OBRIGADO, COMPANHEIROS!

Voltarei, claro...
 

luis_andre

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Não conheço pessoalmente o Sr agirão, apenas de ler post´s aqui no forum, mas deixe-me dar-lhe os parabens, por duas coisas...primeiro, enquanto o Sr pedalava, estive a admirar a sua Rocky Mountain, mas apesar de ser de noite e haver pouca luz, está um bicicleta de categoria. E segundo pela maneira como pedala e como vive este desporto. Os meus parabens.
E os parabéns tambem a todos os outros bravos que participaram neste evento.

cumprimentos
luis
 

agirão

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Luís, muito obrigado pelas tuas palavras! (Esquece o Senhor...)

Estou com alguma regularidade pela Figueira da Foz e, quando quiseres, combinamos e pedalas na Rocky. Eu estava a competir com outra bike para ter a minha jóia da coroa estacionada para quem a quisesse testar, bem como a SID tunned by Nuno Duarte.

Provavelmente, foste umas das muitas pessoas que me incentivaram! Isso é muito bom!

Um abraço!
 

jotaefe

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Companheiro Agirão "Professor Girão",

Como já tinha ouvido falar inumeras vezes de si, tive a oportunidade de o ver a fazer uma das suas actividades preferidas.
Embora seja vulgar ouvir o comentário "ele anda bem", fiquei surpreendido com o seu nível de andamento uma vez que já não é nenhum teenager tal como eu.
Vi-o passar por diversas vezes na marginal e acredito que em velocidades acima dos 30...Kms/h, já decorridas algumas horas de prova!
Parabéns, pois competir 12 horas em single é de enaltecer.
Comparativamente ao seu curriculum, comecei "ontem" a andar de bike já com mais de 50 anos e penso que não chegaria ao fim numa prova single.

Bravo:clap:

J.F.
 

agirão

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Amigo jotaefe, muito obrigado pelas palavras! São um incentivo para tentar colocar garra nestas coisas!

Deu-me um gozo especial pedalar na Figueira da Foz, aquela que considero a mais bela praia do mundo (desculpem os amigos de outras praias, que terão razões para dizer o mesmo das suas), pois cresci por ali perto.

Nós, os mais de cinquenta, colocamos muita paixão naquilo que fazemos!

Penso que já tive o prazer de pedalar num grupo onde o meu amigo estava, juntamente com outro pessoal aí da Praia da Claridade!

Um dia destes voltarei a pedalar com esse grupo.

Um abraço!
 
Amigo Girão OBRIGADO pelas palavras em meu nome...Kg é a minha medida, seja na bike ou em mim...Cada vez que te vejo a pedalar lembra me quando andávamos juntos com aquele pessoal de coimbra, voltas fantásticas, e aos fim de semana lá estávamos nós numa "terriola" deste país para fazer o que mais gostamos, pedalar por esses montes fora...Sempre apreciei o teu esforço e dedicação ao BTT(devia servir de exemplo para mim), e a tua maneira de estar e ver as coisas como elas são...Foram bons anos...
Mas a minha vida deu muitas voltas, principalmente a nivel profissional, o que me levou a desmotivar, faltava me a competição e adrenalina das provas de XC. Não parei totalmente, tinha um grupo porreiro para andar,e consegui manter a "linha", mas depois apareceu um problema nas minhas costas( hérnia discal junto com dois discos espalmados), o que me deitou abaixo por completo. Os primeiros dias foram complicados, vários médicos disseram me bike nunca mais, e então descobri os prazeres da nossa gastronomia, o que aliado a sem fazer nada, contribuiu para estes 93 kilos, até ao dia a que voltei a sentar me numa bici, depois de tratadas as costas claro. Depois casei, veio a minha filhota, e aí começou a falta de tempo para a bici, já lá vão 3 anos em que é só umas voltas de vez em quando, mas esta situação está prestes a mudar, pois em setembro a pequena vai para a escolinha e aí já me sobra tempo para mim, daí ter já começado a preparar a minha bici, pois tenciono em não lhe dar descanso...

Quanto á 12h na Figueira, foi uma brincadeira engraçada.BTT a este nivel, nesta cidade que tem tudo e os responsáveis não aproveitam, seja em que formato for, só se eu não poder...Foi o reviver da competição, e andar no calçadão e nas passadeiras só para nós é um sonho tornado realidade, eu que sempre andei por ali de bici...Mas o meu sonho ainda está para vir, e penso que um dia vai ser possivel, que é fazer uma prova de XC urbano no Bairro Novo junto ao casino, e se for de noite melhor. Ruas com sobe e desce não faltam por ali...E os bar(es) também não ...
Venha a próxima nesta bela localidade...

Boas pedaladas
 

agirão

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Estou nessa, Cláudio!

Não te esqueças que "Quem sabe nunca esquece!" e ainda és um jovem!

Concordo contigo na vontade de ver na Figueira uma grande prova e eu, não sendo daí, mas amando essa terra de gente de luta, gente do mar, tentarei ajudar, quanto mais não seja com a teimosia das minhas palavras e com a irreverência aprimorada dos anos, ir massacrando até que a pedra deite leite!

E, como nunca me esqueço das pedras do molhe que começaram redondas e estão corroídas pelo impacto permanente da água, nunca abandonarei o lema "Água mole em pedra dura..."

Força, companheiro!
 

agirão

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Olá, Amigos!

"Beijou sua mulher como se fosse a única!" Chico Buarque esteve permanente no meu pensamento nestas 12 Horas da Figueira da Foz!

Cada prova é por mim amada como se fosse a última! Como se morresse na contramão atrapalhando o tráfego! A minha missão é contrariar a lógica da cronologia, tentar demonstrar que, querendo conseguimos!

Aquela noite não foi mais uma! Foi uma, bem vivida e usada no máximo que o pode ser! Pedalar num local que amamos, faz-nos sonhar, leva-nos a ultrapassar a nossa normalidade e a entrar no onírico, nos sonhos do impossível! Somos pequeninos, mas sonhamos!

E que bom é sonhar!

Perante adversários que são amigos e que respeitamos, tentamos chegar mais longe e mais depressa, como que apoderando-nos do mundo, sendo apenas mais um!

Todos estávamos a competir para chegar primeiro do que o outro, ninguém o escondia! Todos tentávamos fazer mais quilómetros, para contar que conseguimos pedalar do Porto a Lisboa, numa noite, por terra e saibro! Sonhos, quem os não tem!?

Passava pela praia, com o mar ali tão perto, ouvia o marulhar desafiando-me a persistir, via a areia como o horizante a quebrar! Queria ir mais longe, resistir mais tempo, ter histórias para contar! E tive, e tenho...!

Histórias de uma noite, com a bicicleta por cúmplice, por ter incentivo de quem nos ama e está deitada a torcer por nós, por ouvir o nosso nome, na nossa pequenez permanente, mas grandiosidade, naquela passagem para a madrugada!

Sentir é isso mesmo! É a incapacidade de descrever o que nos vai cá dentro, o que sentimos por nós, por ti, por vós, pela vontade de ir mais longe!

Estava ali para ganhar! Não a vitória, que só o primeiro alcança, mas a vitória de ter conseguido, de ter experimentado e de dizer, entre o exausto e o corajoso: "Consegui! Era capaz de mais!"

Não, não são os primeiros que experimentam estas sensações de dever cumprido, são todos! Todos os que tentam, todos os que se aventuram! E, naquela noite, todos se aventuraram! O mar estava ali tão perto! O mar de Gama, da Cabral, de Carneiro e de Cunhal! O mar das cascas de noz, de ti, de mim e de nós! O nosso mar...!

É bom pedalar ouvindo o Mar...! Esse mesmo, o que nos desafia, o que nos encobre o outro lado do mundo e nos desafia, murmurando: "Anda, anda daí! Vem descobrir! Vem tentar...!"

Eu tentei, tu tentaste...! Nós tentámos!

E, o mar ali tão perto..,.a murmurar!

Já volto, ó Mar..!
 

agirão

New Member
Olá, Amigos!

"Beijou sua mulher como se fosse a única!" Chico Buarque esteve permanente no meu pensamento nestas 12 Horas da Figueira da Foz!

Cada prova é por mim amada como se fosse a última! Como se morresse na contramão atrapalhando o tráfego! A minha missão é contrariar a lógica da cronologia, tentar demonstrar que, querendo conseguimos!

Aquela noite não foi mais uma! Foi uma, bem vivida e usada no máximo que o pode ser! Pedalar num local que amamos, faz-nos sonhar, leva-nos a ultrapassar a nossa normalidade e a entrar no onírico, nos sonhos do impossível! Somos pequeninos, mas sonhamos!

E que bom é sonhar!

Perante adversários que são amigos e que respeitamos, tentamos chegar mais longe e mais depressa, como que apoderando-nos do mundo, sendo apenas mais um!

Todos estávamos a competir para chegar primeiro do que o outro, ninguém o escondia! Todos tentávamos fazer mais quilómetros, para contar que conseguimos pedalar do Porto a Lisboa, numa noite, por terra e saibro! Sonhos, quem os não tem!?

Passava pela praia, com o mar ali tão perto, ouvia o marulhar desafiando-me a persistir, via a areia como o horizante a quebrar! Queria ir mais longe, resistir mais tempo, ter histórias para contar! E tive, e tenho...!

Histórias de uma noite, com a bicicleta por cúmplice, por ter incentivo de quem nos ama e está deitada a torcer por nós, por ouvir o nosso nome, na nossa pequenez permanente, mas grandiosidade, naquela passagem para a madrugada!

Sentir é isso mesmo! É a incapacidade de descrever o que nos vai cá dentro, o que sentimos por nós, por ti, por vós, pela vontade de ir mais longe!

Estava ali para ganhar! Não a vitória, que só o primeiro alcança, mas a vitória de ter conseguido, de ter experimentado e de dizer, entre o exausto e o corajoso: "Consegui! Era capaz de mais!"

Não, não são os primeiros que experimentam estas sensações de dever cumprido, são todos! Todos os que tentam, todos os que se aventuram! E, naquela noite, todos se aventuraram! O mar estava ali tão perto! O mar de Gama, da Cabral, de Carneiro e de Cunhal! O mar das cascas de noz, de ti, de mim e de nós! O nosso mar...!

É bom pedalar ouvindo o Mar...! Esse mesmo, o que nos desafia, o que nos encobre o outro lado do mundo e nos desafia, murmurando: "Anda, anda daí! Vem descobrir! Vem tentar...!"

Eu tentei, tu tentaste...! Nós tentámos!

E, o mar ali tão perto..,.a murmurar!

Até já, ó Mar...!
 
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