Who's Back?

Who's?

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Fabulosa crónica do 3º reconhecimento Who's Back? by Rui Appelberg Estrelando

(Julho de 2012)

Prólogo

Conheci o “pequeno” Nuno há um ano atrás quando ele se juntou ao David para umas etapas da Travessia de Portugal. Cruzámo-nos uma segunda vez numa iniciativa da Seara-Trilhos e foi por intermédio do David que organizei uma rota do Homem expressamente dedicada ao Nuno e seus colegas. Desde então, muitos têm sido os convites para operações especiais. Em boa hora aceitei visitar o seu território na serra da Boa Viagem mas tinha escapado por duas vezes a convites para incursões na Estrela. Na segunda-feira passada recebo mais uma intimação: partir na quarta-feira para um épico de dois dias com desníveis a vencer sobre a serra da Estrela que me deixaram arrepiado. Talvez por não ter tido muito tempo para meditar sobre o que tal empreendimento realmente significava, aceitei. Assim, na terça-feira viajei para o Interior, em direcção a Unhais da Serra. O Nuno tinha organizado a dormida com o H2otel. Foi neste formidável local que o voltei a encontrar. Fazia-se acompanhar por um jovem e redondinho atleta cujas proezas atléticas foram devidamente apresentadas, provavelmente para me deixar ainda mais apreensivo. O bouquet seria completado no dia seguinte com um colega local conhecedor da serra.

Aos poucos fui percebendo o cenário. Ao Nuno caberia a incumbência de organizar um projecto desportivo sob a égide do hotel. Cabia-lhe desenhar o trajecto dos percursos Unhais-Guarda e seu regresso. Fui suspeitando do papel que os seus acólitos iriam representar neste presépio serrano. O local, Rogério de seu nome, faria de batedor, conhecedor como era dos trilhos da serra. O jovem Rui, seria o atleta que testaria os mínimos. Se conseguisse sentir alguma dificuldade, o projecto já tinha credibilidade. A mim caber-me-ia o papel oposto. Se sobrevivesse, o projecto seria viável para qualquer um.



Ao jantar fui conhecendo o jovem Rui cujas rotundidades teriam sido adquiridas, segundo informação do próprio, após uma corticoterapia de combate a uma acne rebelde na sua juventude. No entanto, pequenos fragmentos de informação tornavam a explicação mais complexa e incluíam caipirinhas, que mencionava com olhar sonhador, e outros desaforos alimentares como contribuintes da circunferência abdominal. Fiquei também alertado para as capacidades do homem no que respeita às descidas técnicas.

O primeiro dia

Acordei com Sol a começar a espreitar sobre a cumeada da serra e a bater na janela do quarto. O pequeno-almoço só começaria a ser servido às 8h00. Afinal, aquele era um lugar de repouso e não de gente atarefada. Preparei a mochila e verifiquei que me faltava magnésio. Este elemento teria sido o meu segredo contra as cãimbras. Fiquei apreensivo. Ainda visitei a farmácia local mas abriria tarde demais. Paciência, talvez em Manteigas. Despedimo-nos das gentes simpáticas do hotel e partímos.

A primeira subida



O dia começava com a subida à serra pela pouco utilizada estrada que arranca de Unhais, serra acima. Ainda cheios de fôlego, os meus colegas conversavam sobre o deficit público, a ladroagem dos políticos e o crédito mal parado. Quase toda em asfalto, não é difícil avançar nesta estrada a um ritmo razoável e vencer os primeiros mil metros de desnível.



Lá no alto, saímos do tapete negro e entrámos num trilho descendente de alguma dificuldade dada a instabilidade do solo.

O granito local, mercê das inclemências do tempo, sofre uma erosão rápida, esfarelando- se e proporcionando um terreno de reduzida aderência. Mesmo assim achei-o muito divertido e caprichei nalgumas zonas mais inseguras, capitalizando algum respeito entre os meus colegas relativamente à habilidade técnica já que, no que diz respeito ao físico, ficaria sempre a perder para os restantes elementos



Os passeantes descreviam as suas peripécias com a roda da frente a não obedecer ao navegador, davam as suas desculpas sobre as paragens precipitadas e salientavam o

valor da segurança e integridade física. Apesar de tudo, a descida decorreu sem incidentes e levou-nos, a meia encosta, até ao cimo de Manteigas.

O trilho das nórdicas

Já próximo de Manteigas, o Nuno alertou- nos para mais uma calçadazita. A entrada era manhosa mas, tolo, arrisquei fazê-la montado. Assim o esperavam de mim e cumpri sem sobressaltos mas com um baque no coração pois o piso era escorregadio e os relevés ao invés do desejado. Estava colocado no topo de uma descida acentuada, pavimentada a calhau grande. Vi duas pessoas, que me pareceram um casal estrangeiro, paradas a 50m. Comecei a descer e dei-me conta que eram duas louras e formosas donzelas que cumprimentei com um nacional “bom dia”. Mais abaixo, mais duas raparigas subiam com ar cansado. Outro “bom dia” e continuei. A descida era interessante e não apresentava grandes dificuldades técnicas. Parei num local onde pensei que pudesse captar um bom postal. Aguardei pelos meus colegas de máquina fotográfica em punho mas eles não apareciam. Desconfiei que a nacional atracção pelos cabelos louros os tivesse retido. Isso e a sua juventude hormonal.



Aguardei, meditando nesse gosto pelo pêlo claro que faz as nossas senhoras, desde as dondocas mais pernósticas até às mulheres da limpeza mais simplórias, lavarem o cucuruto da cabeça com água oxigenada e levam o português mais machão a salivar abundantemente face a essas searas maduras.

Finalmente, “meia-hora” passada, vejo-os descerem a calçada, de olhos injectados, babando baboseiras e comentando relevos anatómicos, zonas desnudas, abanares de saias refrescando zonas acaloradas e outros detalhes que ficarão resguardados de mais publicidade. Alternavam comentários brejeiros com preocupações sérias relativamente à saúde e segurança das donzelas dado estas não levarem água, chapéus ou sequer indicações seguras de como chegarem ao destino que tinham programado. Já na estrada, o jovem Rui escreveu o número do seu telemóvel no vidro poeirento da viatura estacionada e que deveria ser a que as meninas nórdicas utilizavam. Ri-me da sua tola esperança enquanto debicava umas cerejas penduradas numa árvore próxima. Este pequeno fait-divers iria definitivamente matar as conversas sobre o deficit público, a ladroagem dos políticos e o crédito mal parado. Daqui para a frente, um tema “sueco” iria dominar as conversas...

Antes de atingirmos Manteigas ainda houve tempo de descer uns estradões rápidos, dentro de uma aprazível zona florestada. Foi nessa descida que o jovem Rui teve que enfiar a borrachinha dado o rasgão que tinha feito no seu pneumático. Esta juventude fica muito desconcentrada com a visão de umas belas ninfas e torna-se demasiado descuidada nos trajectos que escolhe. Aproveitei para comer um pequeno



biscoito. O pequeno-almoço tinha sido excelente mas havia que manter a glicemia a níveis adequados.

Intervalo para repasto

Em Manteigas procurámos um local para repor as energias. Recaíu a escolha sobre uma pizzaria. Entretanto lá encontrava um boteco de farmacêutico e comprava uma caixa de Magnesona. Senti-me ridículo com tanta ampola mas os meus colegas não fizeram grandes reparos. De facto, o jovem Rui cravou-me logo uma para tomar ao almoço. Senti-me um autêntico dealer, traficando drogas pesadas. A pizza estava bastante boa dando-nos energia que sobejava para uma tarde de dificuldades.

Ao reiniciarmos as pedaladas fomo-nos dirigindo para o monte em frente a Manteigas e, aos zig-zags, fomo-lo subindo, abrigados por castanheiros. O caminho suavizava inclinações a meia encosta com o Sol a bater nas estevas e a encher o ar da sua intensa fragância. O Rogério tinha-nos avisado que entraríamos, então, numa mancha de faias, a maior do país. Fiquei verdadeiramente maravilhado com tanto Fagus e comecei a planear uma incursão outonal para as ver douradas. Menos maravilhado ficou o Rogério mais à frente quando foi confrontado com uma rampa de que não estava à espera. Apeado, gritou por socorro: “Nuuuuuno”. A mim pareceu-me ouvir “fuuuuro” e, por isso, parei. Reparei que os pneumáticos pareciam suficientemente tesos antes de perceber o que se tinha passado. A pé, empurrando a sua máquina, Rogério lá ia dizendo que por ali era assim e assado e por acolá mais fácil e que ia dar ao mesmo sítio e que esta inclinação não estava nada à espera e assim por diante. Reagrupados, subimos o pouco que faltava até ao alto onde nos esperava a capela de S. Lourenço e umas vistas magníficas do vale.





Continuámos por estradões rápidos e apontámos à Cabeça da Azinha, outro alto, mas este com um posto de vigia em vez de uma construção da igreja católica. Uma placa no local informava, com linguagem rebuscada, que a paisagem (“plano visual blá blá blá”) era bonita (“rica em flora blá blá blá”) e que era riscada por corta-fogos de modo a controlar os incêndios. Ironicamente, logo abaixo de nós, todo o pinhal tinha ardido recentemente.

Nova descida, com passagem pela quinta do Fragusto e apontámos para o vale onde corre o Mondego. Aqui, o trilho era desconhecido. Foi preciso passar descaradamente portões fechados com sinais de propriedade privada. O rio corria morno lá em baixo. O Nuno descalçou-se cuidadosamente para não molhar os calcantes. Os restantes chapinharam alegremente rio adentro entre amieiros e salgueiros. O trilho não existia na margem oposta. Havia um pequeno canal, uma levada de água semi-vazia que aproveitámos durante alguns metros antes de ficar submersa em mato. Passámos, então, para o lameiro contíguo por onde avançámos com erva alta a acariciar as canelas. Gostei. Fez-me lembrar outras explorações mais espinhosas.



No final do lindo prado voltámos a cruzar o rio. Desta vez o Nuno teve preguiça e molhou o cabedal.

Vínhamos desde Manteigas em total isolamento e a água escasseava nalguns cantis. Lá no alto, o homem da vigia tinha assegurado a potabilidade da água do Mondego. ...”que não havia esgotos a montante!” era o argumento dele. Dando-lhe crédito de Microbiologista, os meus colegas atiraram-se a beber sofregamente do leito do rio, quais cães sedentos. “Era boa”, diziam. Um dia voltarei lá para estudar os seus coliformes...



As rampas

Subimos a margem do rio a custo mas, mais à frente, voltámos a descer para acompanhar outra vez o Mondego por uns trilhos muito interessantes. A subida a Trinta começava com uma calçada inclinadíssima que se recusou a ser subida comigo em cima da Vanessa. Obedeci- lhe e desmontei. De seguida, havia um estradão também muito inclinado. Foi aí que o drop-out da montada do Rogério deu por findos os seus dias. Fiquei a fazer-lhe companhia já que os meus conhecimentos de mecânica de nenhum uso lhe serviriam. Lá em cima, o jovem Rui ia dormitando junto ao chafariz. Depois de insultar várias vezes o pedaço de metal, Rogério lá foi discernindo o problema. Com uns sopapos, aliviou tensões, desapertou uns parafusos e, com alguma dificuldade e mais alguns insultos que não transcrevo, conseguiu pôr a coisa mais ou menos. Conforme subíamos para nos juntarmos aos companheiros, lá ia havendo uns ruídos mecânicos pouco recomendáveis, acom



panhados de interjeições sugestivas do dito cavalheiro.



O último esforço

Durante todo o dia tinha evitado olhar para os quilómetros percorridos e para o acumular de desnível. Não me queria assustar. De vez em quando perguntava ao Nuno o que faltava mas a resposta era sempre a mesma: “Temos a próxima subida e a seguinte!”. Havia sempre a próxima e a seguinte. Avançamos para a Corujeira onde alguém invejou uma montada mais eficiente.



Depois de alguma navegação trapalhona, subimos a Maçainhas onde uma cerejeira deixava pender gordas cerejas negras e doces. Não resisti e fiquei ali a debicar juntamente com o jovem Rui, feitos melros. Faltava o que o Nuno apelidava de “negra”, uma subida às eólicas do Tintinolho. Realmente não era fácil mas também ninguém obrigou ninguém a fazê-la montado. No topo, uns pais balofos exercitavam-se com as crias nas lides do BTT. Faltava rolar até ao Hotel, para lá da linha dos caminhos de ferro. A dada altura, os três da frente foram rodeados por uma “matilha” de crianças aos saltos e a pedir para andarem nas suas bicicletas. Lá atrás, eu seguia o espectáculo, divertido. Quando as crianças desistiram, voltaram para trás, deparando- se comigo. Um deles, provavelmente influenciado pela cor da minha camiseta, suspirou “Olha o Porto”. Um outro encarou-me e, olhos nos olhos, perguntou num tom triste: “Porque é que vais em último?”. Confesso que não consegui responder...



Foi com alegria que, após 98Km com 3150m de desnível acumulado deparei com o Hotel. Pedi um quarto individual onde pudesse recuperar. Não mo deixaram pagar. Malandros!

O jantar

Depois de nos instalarmos no Hotel Lusitânia Parque, gerido com a mesma simpatia a que me começava a acostumar, era tempo de alimentar o corpo. O Nuno recorreu aos seus conhecimentos para recrutar um local para nos levar a jantar. Amontoados no seu Opel, seguimos para uma churrasqueira onde afincámos os dentes em carnes bovinas e porcinas, acompanhadas por uma feijoada de arroz e regadas por duas Quintas dos Termos. A conversa andou em volta do ciclismo e do seu equipamento pois eram todos aficcionados ou mesmo profissionais do ramo. Os números de série voavam de um



lado da mesa para o outro, os acrónimos eram mencionados com uma ligeireza displicente enquanto nomes de marcas de que nunca tinha ouvido falar ou de atletas cujos nomes nunca tinha visto escritos desfilavam imparáveis. Senti- me num congresso de astrofísicos. De vez em quando ouvia algo familiar: “Os Rolhoff são isto e aquilo...” e, então, eu mandava uma boca “são muito pesados!” (verdade; já tinha sopesado uma bicicleta com essa coisa e aquilo parece chumbo!). Dei por mim a pensar que não sou ciclista, que apenas uso uma bicicleta para passear. Só ousei afirmar-me quando o jovem Rui nos informou que os atletas de down-hill removiam o baço porque, sendo um filtro do sangue, reduzia o power. Imaginei aquelas Famel Zundapp sem escape dos meus tempos de juventude. Fui parco em palavras. Tolice: o corpo humano não é um motor de combustão. Rapidamente a conversa reverteu para temas mais mecânicos, do conforto dos conversantes.

Só muito mais tarde, quando a segunda garrafa estava no casco é que as nórdicas voltaram a ser o tema central da conversa.

O regresso

Após uma excelente noite de recuperação, levantei-me cedo e preparei tudo a tempo. Não faria esperar os meus colegas. Quando me preparava para colocar o trilho no monitor do GPS dou-me conta que me tinha esquecido de o carregar. Tive um calafrio: sem trilho, nunca poderia perder de vista os meus companheiros. Teria um dia muito difícil pois o seu ritmo é bem mais vivo que o meu. Felizmente, o Rogério trazia um Garmin com ligação sem fios e pude fazer uma transfusão de track de uma máquina para outra. Foi a primeira vez que utilizei esta funcionalidade e fiquei maravilhado com a tecnologia. Talvez ela avance tanto que, quando eu fôr completamente senil, haja uma máquina que me oriente pelo mundo fora.



Entretanto, foram todos chegando e preparando as suas coisas. Montámos. De cada vez que um se punha em cima do selim seguia- se um gemido doloroso. O dia anterior tinha feito estragos nos fundilhos do corpo.

Iríamos começar o regresso rodeando a Guarda, utilizando trilhos rurais e dentro de pequenos bosques. Quinze quilómetros depois e ainda parecia que não tinha avançado, a Guarda ainda ali à mão. Finalmente iniciámos a subida, passando por uma torre da Portugal Telecom. Curiosamente (ou não), depois de atingir altitude, o trilho levou-nos rapidamente para baixo outra vez, para o vale onde já tínhamos passado, junto a Corujeira. Apesar de fazer o mesmo trajecto mas em sentido oposto, não o reconheci. Não iríamos lá ficar muito tempo, iniciando (curiosamente) uma brusca subida até Fernão Joanes. Para além de um nome interessante, esta terrinha tinha vários motivos de interesse, desde a sua igreja até às Eiras, amontoado de antigas casinhas, agora entremeadas de pequenas esculturas alusivas às actividades da terra. Por lá ficámos um pouco, a fotografar e a palrar. Avançámos. Uns canídeos correram atrás de nós, quebrando a monotonia da sua vida isolada. Esperem até Setembro e terão com que se entreter!



O Nuno prometia alguns quilómetros tranquilos no “planalto”. Não foram muitos. A descida foi feita entre pinheiros, rápida, adrenalínica. Ainda parei para tentar captar o ambiente em píxeis mas não consegui. No final, os meus parceiros olhavam com um sorriso rasgado como quem pergunta “então? gostaste?”. O que se seguiu não foi tão agradável. Contudo, a empinada subida foi curta. Tentei mas apeei-me nas zonas mais inclinadas. O Nuno lá continuava a insistir na sua luta contra a gravidade.



O repouso

Descemos para o Ski Park próximo de Sameiro. Foi com alegria que verificámos que o bar estava aberto e que poderíamos aí fazer uma refeição. Os meus três companheiros saltaram corajosamente para dentro das frias águas do Zêzere mas eu acobardei-me. Em vez disso, atirei-me às pequenas cerejas que abundavam nas árvores do recinto.



Empanturramo-nos com enormes tostas mistas e frescas colas. A vontade de continuar era pouca mas lá nos decidimos a arrancar. Mal dou duas pedaladas verifico que o meu pneu de trás estava em baixo. Era a minha vez de empatar a caravana. Só uma borrachinha resolveu a incontinência do Larsen.

O grande esforço final

Com gravidade, o jovem Rui informava- me dos suplícios que se seguiriam. É bom ter gente positiva, assim ao lado, para nos animar...

O primeiro dos engulhos não era esperado pelos organizadores pois apenas o tinham experimentado previamente no Google. Como sabemos, nesse mundo virtual, todas as subidas são fáceis. Esta não o era. Encostada à descida para os esquiadores, não era de esperar outra coisa. Se para fazer descer um esquiador é essencial arranjar um bom declive, o mesmo declive feito em sentido inverso não é bom para o coração de um velho ciclista. Assim, depois de algum esforço brioso, resolvi a contenda empurrando a máquina à mão enquanto bufava o excesso de dióxido de carbono que a brincadeira tinha custado. Até o jovem Rui se desfazia em justificações sobre a falta de necessidade de tentar fazer tudo montado. Apenas o Nuno persistia nos seus brios. Arre!

Depois de muito sofrer algumas centenas de metros, entrou-se num sobe e desce razoável até encontrarmos a estrada. Subimos mas rapidamente se iria voltar ao terreno pe





dregoso. Os meus colegas referiam-se a este troço como o caminho dos castanheiros. Aparentemente estaria agora em melhor estado do que em anteriores explorações pois as folhas já não escondiam o xisto fragmentado a decorar o caminho. Comecei bem mas conforme avançava, o intestino dava sinais de vida. “Malditas cerejas!”, pensei. Ainda persisti mas quando cruzei os meus companheiros avisei-os que iria fazer uma breve paragem para reencontrar a serenidade intestinal. Afinal eram só ventosidades. Estalando como material pirotécnico de S. João, lá fui subindo até ao Poço do Inferno. Uma bica debitava uma água excelente. Os meus companheiros aparentavam alguma desilusão. Parece que ainda tinham acalentado a esperança de encontrar beldades nórdicas nesse local.

O meu aspecto não devia ser grande coisa pois os meus companheiros não se cansavam de me assegurar que já não faltava muito, que era só mais uma subida, que depois era só rolar e assim por diante. Lá fui avançando e o almejado destino dos Piornos sempre chegou, depois de 2400m de subidas. Agora seria descer até Unhais. Mesmo assim, o Nuno ainda resolveu acalentar mais um desafio, o de ultrapassar o recorde da descida. O tempo a bater seria de 23 minutos. Eu resolvi acabar calmamente aqueles 82 Km, absorvendo as últimas paisagens, concentrando os meus sentido na serra nesse fim de tarde de um dia menos duro que o anterior mas que, mesmo assim, me tinha deixado agradavelmente dorido.

 

KoTaM

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Brilhante crónica.....:bompost:
Só lhe notei uma falha, uma bela foto das tais nórdicas claro está!!
1 abraço
KoTaM
 

hugo almeida

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Estou a pensar seriamente em participar, quando divulgam os graficos e respectivas altimetrias para me ir conformando com a "coça".

Boas pedaladas
 

TabJr

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valeu mesmo a pena o tempo "perdido" a ler a crónica.
os meus Parabéns! ;)

KoTaM tens toda a razão! fiquei mesmo curioso para ver tais ninfas :D
 

Who's?

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Estou a pensar seriamente em participar, quando divulgam os graficos e respectivas altimetrias para me ir conformando com a "coça".

hugoalmeida,

Mais do que coça, o Who's Back? é desafiante, épico e para alguns inesquecível.

Esta crónica, com algum sentido de humor, dá-nos uma imagem do evento.

Os tracks requerem pequenas "afinações" mas andarão perto destes valores:
- 1º dia: 100 kms - 3.500 d+
- 2º dia: 90 kms - 2.600 d+

Foram já 3 os reconhecimentos com atletas de variados andamentos, alguns que apenas fazem as "clássicas domingueiras" de 50/60 km e todos adoraram e mais importante... chegaram ao fim.
 

Myrage

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reconhecimentos com atletas de variados andamentos

Com MAGNESONA e CAIPRINHAS qualquer um é atleta o suficiente para Estrelar nas cotas mais altas do continente :)

Até Setembro ;)

MY
 

Pdrito

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Excelente crónica.... Conhecendo eu alguns participantes o tema "Suecas" deve ter dado pano para mangas ;)
 

nunoklein

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Boas.

Tenho sido o elemento presente em todos os reconhecimentos e digo-vos têm sido experiências inesquecíveis.

No primeiro reconhecimento, que eu achei o percurso mais duro fui... sozinho. Foi a primeira vez que me aventurei a solo numa aventura assim e gostei. É diferente de ir acompanhado mais introespectivo e mais espontâneo, fazemos tudo de acordo com a nossa vontade.

No segundo reconhecimento já tive mais três companheiros. Fizeram-se uns ajustes ao percurso, inverteram-se algumas partes, substituiram-se outras e conseguimos decidir o regresso, a ida ainda não estava do nosso agrado.

O terceiro recon e o que está relatado aqui foi um grande passo em frente e ficou-se com os percursos praticamente finalizados.

O "Who's Back?" será concerteza uma aventura para todos os corajosos. Preocupámo-nos em que fosse aliciante, bonito, mas não exessivamente duro prova disso é que apesar de irmos carregados com mochilas com os nossos pertences sempre o concluimos dentro dos horários previstos.

O "Who's Back?" poderá ser considerado por uns como uma competição, para outros será um desafio, outros podem aproveitar para conhecer os recantos mais bonitos da nossa maior serra aproveitando as condições oferecidas, para outros será uma diversão com os amigos.

Uma coisa posso garantir, ninguem irá ficar indiferente e será uma aventura que irão recordar nos próximos tempos.
 

fernanpires

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Grande Nuno, "sempre por maus caminhos, sempre nas melhores rotas!"

Quanto a crónica do Rui, até faz criar água na boca! É uma autêntica "droga"! Uma pessoa ainda não experimentou, e já está viciada!

Vamos ver se na Figueira alguém quer fazer uma "desintoxicação"...
 

nunoklein

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Boas Durval.

Já tenho saudades duma volta em tão agradável companhia.

Como tu bem sabes fazer destas coisas sozinho é impossível mas com a ajuda de bons amigos tudo se torna mais fácil.

O projecto "Who's?" está a crescer de boa saude e é com muito orgulho que faço parte dele. Concerteza será uma mais valia para o Btt em Portugal.

Seria com muito gosto que veria a tua participação no "Who's Back?". Em jeito de fruição ainda é melhor do que em competição, e companhia Figueirense não te faltará.

Fala-se do Cação, do João Vaz, do Cajão, do Pedrito.... e concerteza muitos mais.

Vamos lá.
 
Last edited:
Vou acompanhando pela net,pois por aqui acho que tenho andamento.
Um grande abraço e parabens pela iniciativa e pelo projecto.
Cump
 

n10061973

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Tentarei não falhar. Estão previstos abastecimentos intermédios (sólidos e liquidos) e apoio mecânico ou a participação será em autonomia completa?
 

Who's?

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Tentarei não falhar. Estão previstos abastecimentos intermédios (sólidos e liquidos) e apoio mecânico ou a participação será em autonomia completa?

Caro n10061973,

No projecto inicial idealizamos total autonomia. No entanto, por questões de segurança e dado que a logística o permite, temos garantidos abastecimentos líquidos (pelo menos 2 em cada dia). O apoio mecânico estará disponível na Guarda (final do primeiro dia).

http://www.whos.pt
 
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