Alteração de testa de 1" para 1 1/8"

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Boas,

Eu e a minha namorada comprámos um tandem e andamos a fazer uns quilómetros valentes nele. Estamos a planear fazer a costa vicentina este verão.

Porém, o quadro dela é da “velha guarda” e traz um tubo de testa de uma polegada. A bike vinha com um garfo rígido que não me inspirava confiança nenhuma e cujas caixas estavam constantemente a desafinar, com consequente instabilidade na direção.

Para resolver o problema pela raiz, e não termos que nos sujeitar a meter ali uma suspensão arcaica, decidimos levar o quadro “à faca” e vamos colocar um tubo de polegada e oitavo na frente. Eu é que estou a engenhar o processo todo, apenas vou recorrer a um soldador para fechar a costura.

Procurámos informação na web sobre este tipo de alteração, mas encontrámos muito pouco. Alguém está a par de uma reparação destas ?

Obrigado

PS – Depois de termos concluído a “obra”, contamos postar fotos e legendas de todo o processo :)
 
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Joseelias

Well-Known Member
Não seria melhor ideia comprar uma bicicleta usada mais moderna? Há bicicletas da Berg e da Decathlon em segunda-mão muito baratas, com componentes mais recentes e já têm suspensão, o que pode ajudar muito numa viagem mais longa.

Com o dinheiro que se vai gastar nessa modificação e mais um pouquinho comprava-se de certeza uma bicicleta dessas. E a menos que essa bicicleta seja um topo de gama da velha-guarda, mesmo os componentes baratos actuais vão se portar melhor que os que essa bike tem.

Até comprando alguns componentes de melhor qualidade resolveriam esse problema das desafinações, pois desde que não se pretenda fazer nada de demasiado radical, não há razões para a direcção de 1" se desafinar. Aliás, no passado competia-se ao mais alto nível com direcções de 1", por isso é uma questão de qualidade e afinação.

Não sei se o objectivo de alterar o quadro para 1 1/8 tem a ver com a montagem de uma suspensão. Mas se assim for tem que se considerar a alteração na geometria que isso vai provocar.

No tempo da 1" de direcção as suspensões tinham 30mm e a medida axle-to-crown das forquetas rigidas andava nos 390mm. Hoje não se encontra com facilidade nada com menos de 100mm e cerca de 480mm de axle-to-crown. Isto é, a frente subirá quase 10cm e a direcção ficará com menos 4 a 5º o que a tornará muito lenta de direcção e colocará o peso dela quase toda na roda de trás.

E mais se pode dizer relativamente às alterações que podem ocorrer, mas só esta questão já dá tema para pensar
 
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fabio viana

Well-Known Member
Boas :)

Não aconselho nada essa alteração.. é preferível investir nuns bons pneus e punhos para ter mais conforto, do que andar a "estragar" um quadro e ainda ficar com a possibilidade de ter uma queda..
 
Agradeço desde já as vossas opiniões. Elas coincidem com a maior parte das respostas que encontrei em fóruns estrangeiros, mas eu ponderei muito bem no que vou fazer.
Claro que se estivéssemos a falar de uma bicicleta convencional, jamais me passaria pela cabeça dar-me a este trabalho. A questão é que é uma bicicleta de dois lugares, e um quadro moderno destes custa uma grana.
O material que vinha nela é um pouco antigo mas quase todo de alumínio. Aos poucos estamos a melhorá-la e a modernizá-la.
A ideia de lhe colocar uma boa suspensão não é tanto pelo conforto, mas mais para aumentar a robustez da direção.
Comprámos uma Manitou em 2ª mão e acreditamos que a transformação não irá exceder os 60 ou 70 €, incluindo a mão de obra do soldador !
Não acredito que ligeiras alterações na frente da bicicleta tragam inconvenientes de maior. O ângulo não se vai alterar, pois o novo tubo vai ser abraçado pelo antigo (isto já está tudo engendrado! :) ).
Também acredito que não estou a "estragar" o quadro. Na minha juventude construí 3 ou 4 tandens de raiz, pegávamos em 2 pasteleiras e mandávamos soldar aquilo de qualquer maneira, e usávamo-las à paposeco e em todo o tipo de terreno, nunca tive indícios de falta de robustez.
Espero que não fiquem aborrecidos por estar a pedir a vossa opinião e depois ser contra a mesma, mas precisávamos (e precisamos) de ouvir mais opiniões sobre isto, porque podem surgir ideias diferentes da nossa.
Só mais uma coisa, concordo completamente com o Sr. José Elias, eu mesmo fiz competição no tempo das testas de polegada, mas é um facto que a alteração que os construtores implementaram nos quadros para 1 1/8 e a mudança para headsets foi um passo de gigante para a fiabilidade das direções. E quando se está a falar de uma bike de dois lugares, fiabilidade é tudo...
 

Joseelias

Well-Known Member
Não percebi que a alteração era no próprio tandem. Pensei que era na bicicleta dela. Aí complica mais. :confused:

E já está contabilizado o valor do avanço, direcção e avanço (e eventualmente guiador) nesses 60 ou 70€?

A RST tem suspensões que dão para escolher qual o diâmetro do tubo de direcção que se quer usar, pois este tubo não está cravado na coroa, mas sim apertado com parafusos. E têm vários modelos (Capa, Gila, Omega, etc) de diferentes gamas e cursos com este sistema embora pense que não têm menos de 80mm. Na Rosebikes têm destas suspensões novas a partir do 60€ com 80mm. Existem também adaptadores que permitem colocar um avanço 1 1/8" no tubo de 1" e assim montar um sistema a-headset numa direcção de 1". Isto se não existirem mesmo sistemas a-headset de 1", que é o mais provável.

Aqui está o link:
https://www.rosebikes.es/article/rst-capa-t-26-mtb-suspension-fork/aid:245457

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Não vou discutir o enorme avanço que foram as direcções a-headset relativamente ao sistema de rosca e cunha. Eu passei por essa evolução. Mas não me parece que o diâmetro da direcção aumente muito a segurança neste aspecto. É o próprio sistema que faz a diferença.

E colocar uma suspensão para aumentar a robustez da direcção, não me parece que sejam coisas directamente relacionáveis. Dependendo do estado dela tanto pode ser tão ou mais segura como uma forqueta rígida, como mais insegura. A menos que se esteja a falar de segurança nas travagens com a roda da frente. Aí pode aumentar a segurança. Mas um tandem não é para corridas por isso com uma condução responsável não vejo grande vantagem.

Em relação à soldadura, se for bem feita pode aguentar. Afinal as bicicletas vêm soldadas... O problema é ter a certeza se ficou em condições. E depois tem a questão do estresse que vai ser aplicado sobre a testa do quadro com a colocação de uma suspensão. Se a medida axle-to-crown (da caixa da direcção inferior até ao eixo do cubo) é aumentada a força de alavanca também vai aumentar e a tensão na testa será muito superior. E como disse antes podemos estar a falar de um aumento de muitos centímetros. Como estamos a falar de um tandem que é uma bicicleta muito pesada, ao que se soma o peso de duas pessoas e eventualmente da carga nos alforges não se deve de ignorar minimamente este aspecto.

Uma falha na testa do quadro não é questão para se encarar de ânimo leve, especialmente se se circular em estradas movimentadas. Se isso for para levar em frente aconselhava uns reforços extra nessa área. Mas mesmo assim estou bastante céptico. Eu apostava numa das suspensões que referi acima e montava um sistema a-headset na direcção de 1".
 
Caro Sr. Elias,

É um prazer dialogar consigo, pois vemos que além de grande conhecedor dos aspetos técnicos, está genuinamente empenhado em que tomemos a decisão mais acertada.
Todos os pontos que referiu foram tidos em conta. O grande problema que enfrentámos no início foram precisamente as travagens (tivemos azar que a bike vinha com as rodas todas desgraçadas e travar era tipo ciclar num pudim flan).
Pesquisámos o mercado e encontrámos a RST que menciona. Existem mais algumas marcas topo de gama que permitem a troca da coluna. Mas repare que continuamos condicionados a 2 ou 3 opções, que em Portugal não são fáceis de encontrar.
Daí a decisão de partir para uma modernização do quadro, sendo que assim poderemos lá colocar qualquer suspensão, além de que esta alteração valoriza o quadro numa eventual venda daqui a uns tempos.
Concordamos integralmente consigo no que toca ao reforço da soldadura na testa. A nossa ideia é fazer um corte vertical no tubo de polegada, alargá-lo e embutir nele o tubo mais largo. Depois o soldador fecha a costura na frente (e este soldador é um artista, não meteria isto nas mãos de curiosos), e ainda aplica dois "mentirosos"* na parte de trás da testa.
Seguidamente, sem rebarbar as soldaduras (o que seria um, erro, pois enfraqueceria o conjunto) será aplicado um pequeno segmento de tubo (tipo uma "meia cana" na frente, a cobrir as soldaduras) com 2 propósitos: tapar os cordões de soldadura e reforçar o conjunto. Este segmento será soldado à frente da testa através de 4 "mentirosos". Os vazios serão disfarçados com massa de bate-chapa e as juntas rebarbadas, limadas e lixadas, sendo que no fim a testa ficará com um aspeto ovalizado mas muito mais robusto que a testa inicial. Repare-se que as soldaduras da testa aos restantes tubos do quadro não são chamadas para a confusão :)
Tem toda a razão quando fala do avanço e quiador. Mas até isso foi planeado. Mais tarde ou mais cedo teríamos de mudar de avanço, pois o espigão que está montado atualmente é muito grande para mim e muito desconfortável. O guiador por enquanto pode ser o mesmo, basta colocar um adaptador barato.
Nos sites de 2ª mão aparecem avanços a preço da chuva em ótimo estado.

*"Mentirosos" são pequenos pontos de soldadura. Faz-se um furo de 4 ou 5 mm numa das superfícies e o soldador "enche" o buraco com solda, ligando as duas faces a soldar. Depois de rebarbados e lixados, são indetetáveis.
 
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Joseelias

Well-Known Member
Mas se vão usar parte do tubo da direcção original, e este vai ser alargado para acomodar o novo, não se correrá o risco de as soldaduras originais que o ligam aos outros tubos do quadro ficarem fragilizadas com toda essa manipulação? Se calhar não era má ideia reforçar a ligação do tubo da direcção aos outros dois tubos do quadro com duas pequenas placas triangulares que comecem na lateral/traseira do tubo da direcção e os liguem aos outros dois tubos.

Está aqui um exemplo (bastante exagerado) que mostra mais ou menos aquilo que digo na área da direcção, embora neste caso a placa não sobreponha o tubo da direcção em si mas solde a toda a altura.

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Como disse antes, os quadros metálicos são soldados e o pessoal faz todo o tipo de acrobacias com eles, nomeadamente DH, por isso não é pelo facto de se soldar e alterar um quadro que só por si causará problemas. O pessoal do site Retrobike passa o tempo a restaurar e recuperar bicicletas clássicas de Btt, incluindo quadros rachados até de alumínio, e não me consta que algum mal lhes tenha acontecido. A única questão é a natureza dessas alterações, se a geometria do quadro é tida em conta, a resistência aos esforços e a qualidade das soldaduras.

E já agora, verificar se o tubo da direcção não vai ficar torto (olhando de frente) em relação ao resto do quadro. É que isso vai criar uma inclinação no guiador com uma ponta mais alta que a outra, o que em distâncias longas pode ser muito problemático e até causar problemas de saúde por se colocar a maior parte do peso num só braço/mão em vez de estar distribuído de forma igual. Das imagens que tenho visto de ateliers de construção de quadros, esta é uma actividade de grande rigor. E esta alteração não foge muito às mesmas regras.

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Já pensei nessa questão de inserir dois triângulos reforçantes. Mas se pensar bem, a costura na frente não vai mexer com as soldaduras ao quadro. Penso que seria de todo conveniente introduzir os triângulos se as soldaduras envolvessem os tubos anteriores; nesse caso não teria qualquer dúvida que sim. Mas neste caso...
O reforço deve ser colocado é na nova soldadura, daí a tal "meia cana" a tapar a costura.
Repare que nós também não vamos fazer DH com a bicicleta (nos Açores já vi 2 malucos a fazer !) :).
Quanto ao alinhamento, penso que o facto do novo tubo ficar abraçado pelo velho logo à partida garante uma posição paralela e portanto alinhada.
Ainda está pendente a hipótese de reforçar a soldadura entre os 2 tubos com cordões nos topos inferior e superior. Como o novo tubo não é muito mais alto que o antigo, há de ficar ao critério do soldador se se pode soldar também em cima e em baixo, sem que o calor do maçarico deteriore a zona de encaixe das caixas.
 
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DriveMe

Active Member
Boas.

Parabéns pelo projecto.
Fico a aguardar pelo resultado.

Vou deixar algumas sugestões.
Como já sugeriram, há alternativas de suspensões com tubo 1''.
Além da RST, a Marzocchi também tinha alguma alternativas. As primeiras Z1 permitiam mesmo a troca, mas ainda hoje são caras que dói.
Se tiveres sorte, talvez consigas encontrar uma MX Comp, que já foi uma belíssima suspensão e diria que encaixa na perfeição.
A Pace também permitia essa opção (penso que tens uma montagem algures aqui no forum).

Dá uma olhadela no ebay.co.uk. Tens alguma oferta.
Espreita o subforum Vintage, Retro, Classic no forums.mtbr.com, se não conheceres.

Penso ser possível trocar o tubo na suspensão, mas o processo não é barato e não sei se tem "de ir à fábrica" ou parecido.

Outra alternativa são os garfos em carbono (que encontras com 1'').
Tens alguma experiência aqui no forum de malta que trocou a suspensão por um desses garfos.

Coloca umas fotos do material. :)

Cumprimentos,
 
Obrigado por todas as dicas. Mas como já expliquei, não quero ter de ficar condicionado a esta ou aquela marca, ou ao modelo x ou y, por vários motivos:

a) Mantém-se o problema das roscas arcaicas, mais sujeitas a desafinação que o sistema headset (reparem que estamos a falar de uma bicicleta de 2 lugares, com muito mais tensão na coluna de direção do que uma bike normal);
b) As suspensões que referiu não são fáceis de encontrar em Portugal;
c) Quando nós adquirimos a bike foi com o espírito de a remodelar e modernizar aos poucos, esta alteração integra-se dentro da nossa estratégia inicial. Queremos poder aplicar QUALQUER suspensão na bicicleta..
 
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