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Ramalhal, Santa Cruz, Vimeiro, Ramalhal
Circuito BTT - 75 kms
Pedro Roque e Jorge Cláudio
8 de Agosto de 2009


Confesso que esta é uma zona da chamada “região oeste” que desconhecia. A recente passagem pelo Vimeiro, a caminho do Bombarral, (ver http://velocipedia.blogspot.com/2009/05/hard-but-successeful-lonely-task.html) despertou a minha curiosidade sobre a mesma.

Compilei então um track GPS a partir de alguns materiais que tinha em arquivo. A ideia era efectuar um passeio circular, no sentido horário, ligando o Ramalhal à costa e regressar. Dou com um perímetro que visualmente se assemelhava ao contorno da ilha da Madeira, ainda que, a efectuada extensão táctica a Santa Cruz, tenha acrescentado um apêndice não planeado e aumentado, a um tempo, o contorno, a quilometragem e a satisfação.

No fim-de-semana anterior, em virtude de um incidente operacional de última hora, já no Ramalhal, não pudémos efectuar o trajecto planeado mas, este sábado, na companhia de Jorge ressuscitado Cláudio, a execução foi perfeita. No final uma distância de 75 kms e 1,4 km de altitude acumulada positiva a revelarem-se com a dureza ideal para estados de forma comparativamente pouco apurados em função da presente inconstância temporal do condicionamento físico.

O início deu-se no Ramalhal e, tal como no sábado anterior, repetiu-se o ritual do café e pastel de nata. Seguimos para poente mimetizando, a cota superior, o traçado do vale do rio Alcabrichel, internando-nos, a princípio, pelos eucaliptais e pinhais da zona até perto de A-dos-Cunhados e do Sobreiro Curvo.

Descemos então de cota até ao vale do rio e às Termas dos Frades onde efectuámos uma pausa técnica junto ao buvete. Como não possuíamos uma “receita médica” nem nos atrevemos a experimentar as águas, ficando-nos pelas do depósito do Camelbak. Sem embargo deu para constatar a incrível beleza natural do local, junto ao Alcabrichel, aqui bem encaixado entre ravinas. Foi, precisamente pela ravina a sul que seguimos até ficarmos, no seu topo, com a Praia de Santa Rita e o Porto Novo bem à vista, lá em baixo, num panorama estupendo que só o BTT sabe proporcionar.

A ravina torna-se agora concordante com a linha de costa e acompanha-mo-la para sul até à Póvoa, onde rumamos a poente para descermos a Santa Cruz e percorremos parte da chamada Ecovia do Sizandro (neste caso a ciclovia que liga estas duas praias). Confesso que já não visitava Santa Cruz desde o último milénio. A terra está encantadora com um visual limpo e agradável num arranjo urbano novo e de qualidade junto à praia. Recomendo a visita.

Restabelecidas as energias no paredão da praia, foi tempo de seguir pela linha de costa, na arriba sobranceira, acompanhando o traçado da GR 2 que por ali passa. Tal como no anterior troço da ravina, a elevada exigência técnica requerida aqui, era compensada pela satisfação que o acto de pedalar nos devolvia. Foi, porventura, a parte mais agradável da incursão.

Após Santa Rita e chegados a Porto Novo, avançamos pela pequena terra. No local situa-se a foz do Alcabrichel e foi onde, em 20 de Agosto de 1808, desembarcaram duas brigadas inglesas decisivas na vitória do Vimeiro, sobre os franceses, no dia seguinte. Aqui a tentação deu-se na forma de travessas de sardinha assada que os comensais das várias esplanadas devoravam sem piedade e incomparáveis com a frugal sanduíche que havíamos ingerido em Santa Cruz. Houve que resistir estoicamente e seguir pedalando.

Subimos penosamente a arriba, junto ao hotel e seguimos para norte, em novo percurso técnico paralelo à linha de costa, durante um par de quilómetros, até flectirmos para nascente. Começamos o regresso ao Ramalhal. Primeiro a descida para Maceira, onde situa a entrada das Termas e onde reencontramos o vale do Alcabrichel.

Tempo de avançar até ao Vimeiro subindo até ao monumento evocativo da decisiva batalha, inaugurado há 101 anos. Na comemoração de 2008 (duplo centenário) foi inaugurado um estupendo centro de interpretação que foi por nós visitado. Foi altura de descanso e de se observar um didáctico vídeo recreando digitalmente as batalhas de Roliça e Vimeiro . A batalha do Vimeiro foi decisiva e pôs termo à primeira invasão napoleónica permitindo libertar Lisboa que não mais seria ocupada.

Completámos o regresso via Carrasqueira, Cabeça Gorda e Campelos. No final a sensação de (mais) um excelente dia, como só a bicicleta de montanha e uma dose salutar de espírito de aventura sabem proporcionar.
 
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