Ora aqui vai o meu habitualmente alongado rescaldo:
Como sempre, uma palavra para o processo pré-maratona. Apesar de ainda não ser totalmente automatizado, o processo de inscrição foi realizado sem percalços, pagamento efectuado e rápida confirmação da atribuição do frontal. A informação no site era esclarecedora.
Nota extremamente positiva para a elaboração do Guia do Participante. Apesar da esmagadora maioria dos participantes ser de perto, e pelo que percebi, quase todos se conhecerem, é óptimo para um forasteiro como eu, ter a informação essencial toda condensada num único documento, que dissipou todas as dúvidas que pudessem existir quanto aos procedimentos do dia.
As indicações para o local de partida estavam bem presentes mal se entrava em Macinhata do Vouga, falhando no entanto a última placa, na viragem à direita para o campo de futebol. Só estava colocada para quem vinha no sentido oposto. No entanto vi o arco de partida e lá descortinei o local.
Secretariado bastante eficiente e rápido, listagem bem ordenada e kit's já prontos. Como estou um pouco escaldado confirmei se tinha as duas senhas de almoço, estando tudo correcto. Mais uma nota positiva para o sistema de controlo informático dos tempos. Na falta de um chip descartável no frontal o cartão funciona muito bem nestas organizações mais pequenas. Muita simpatia e boa disposição foram um bom presságio para o resto do dia. E já me esquecia! Parabéns pelo mel!!! Ao invés de uma qualquer t-shirt que não terá uso, nada como falar com um produtor da terra e oferecer algo típico ou artesanal.
Partida seria a horas não fosse "o primeiro furo do dia" que deixou o arco da partida sem fôlego. No entanto, mal reposta a situação foi dado o início à maratona.
Confesso que vinha com algum receio do tipo de terreno que viria a encontrar, especialmente porque previa uma combinação explosiva de água e terra escura e solta. Sendo eu um tipo da terra do Xisto e da quase ausência de lama, justificava-se a preocupação. No entanto os primeiros quilómetros deram para perceber que não seria mais lama do que o aceitável, e não seria nem de perto nem de longe o suplício que passei, por exemplo, no Trilho dos Moinhos em Barcelos.
O percurso estava muito equilibrado, zonas muito bonitas especialmente nos quilómetros iniciais e após a subida dos 25km. A subida dos 30/35 era um valente rebuçado e por uma questão de gestão de prova foi feita a pé, embora fosse perfeitamente ciclável caso o objectivo final fosse apenas o passeio. Zonas bastante rápidas, piso compacto e algumas zonas bem divertidas. Alcatrão na medida certa.
As marcações precisam de uma ou outra afinadela. As placas amarelas são muito importantes e nem sempre estavam presentes nos locais essenciais. Num troço de estrada já perto do final houve alguma hesitação porque as setas apontavam para o alcatrão mas, até ao cruzamento uns 400 metros mais abaixo, não havia fitas e só tive a certeza que ia no caminho certo quando vi um aglomerado de pessoas no cruzamento. Será um ponto a rever, bem como a referência no briefing inicial, de que as marcações a tinta no chão, também eram da prova.
Em termos de maratona não me correu a 100%. Comecei mal, descontrolado na pulsação e respiração e, por isso, demorei uma dezena de quilómetros a entrar no ritmo certo. Só com o aparecimento das primeiras subidas a sério é que estabilizei mas, mesmo assim, ao km 25 estava apenas em 62º. Fiz a gestão possível e aproveitando o fraquejar de alguns companheiros de pedal na parte final e com a ajuda daquela longa subida de alcatrão onde ganhei alguns lugares, consegui chegar em 49º aos últimos 10km.
Um último esforço no quilómetro final e mais 4 posições ganhas, que ditaram a minha classificação.
Chegada sem problemas, registo de tempo com a entrega do cartão e... hora do banho.
Primeiro para a bicicleta. Um sinal menos para os meios e a forma. Máquinas de lavar à pressão... não! Pior era o facto de uma estar incapacitada e a outra estar com o bico cónico que aumenta ainda mais a pressão da água do que o normal jacto da máquina. Este usa-se usa para descascar a tinta dos muros...
Acabei por dar um lamiré só para tirar o maior da lama, sempre a uma distância razoável da bicicleta. Nestes casos mais vale duas boas mangueiras sem grande pressão. Os rolamentos e restantes partes móveis/lubrificadas agradecem.
Bicicleta no carro e banho para o mamífero. Instalações modestas mas suficientes. Água inicialmente fria mas depois aqueceu e o banho soube muito bem.
Rumo ao almoço, sendo fácil dar com o local, com as placas a indicar. Uma nota paralela para o interessantíssimo edifício do Clube Macinhatense. Gostei imenso do salão de festas e especialmente das pinturas nas paredes.
Almoço eficaz. Sem ser um banquete cumpriu a missão de reconfortar o estômago e encerrar uma bela manhã de BTT.
Em suma, foram 160Km de viagem muito bem investidos a partir de Valongo (não o do Vouga!). Fica uma nota bastante positiva para uma organização pequena mas eficaz. Pelo que vi dos rescaldos do ano passado estão a crescer com passos pequenos mas seguros, e têm todas as condições naturais para fazer bons percursos e excelentes maratonas.
Para o ano, caso não atropelem, em termos de calendário, alguma das provas clássicas que normalmente faço,
poderão certamente contar com a minha presença e, quiçá, com mais alguns companheiros de pedaladas aqui das terras do xisto e da lousa.
Balanço final: 45º com 2h31m (tempo conta km)
Aqui fica uma foto da locomotiva de 100Kg, já na recta da meta.