Escrevi mesmo para o provedor. Aqui fica:
Exmo. Sr. Provedor Municipal,
(cc Divisão de Desporto)
Adoro viver em Cascais e acho que este executivo, em quem votei, tem feito um bom trabalho.
Objectivo desta carta: Gostava de perceber porque é proibido andar de bibicleta no paredão de Cascais.
Por me considerar um cidadão proactivo, em vez de aguardar passivamente uma resposta de V. Exa., decidi enumerar as potenciais razões e apontar soluções fáceis de implementar para cada ponto:
1. Segurança - A CMC considera que não é seguro andar-se de bicicleta no paredão, porque aumenta o risco de acidentes com peões.
- É provavelmente verdade. Mas é incongruente: não se proibem os peões de andar na ciclovia. Eles não podem lá andar, mas a polícia municipal não os impede de circular. Porque não faz sentido proibir uma coisa destas; há que deixar trabalhar o bom senso.
- Por outro lado, não conheço o estudo conduzido pela CMC que prova que a utilização de patins em linha, skates e triciclos (nehum proibido) é menos perigosa para os peões do que as bicicletas. E se de facto é um aspecto de segurança a ter em conta, devia haver uma lista de especificações técnicas: rodas de 10 polegadas são permitidas, ou não? Posso levar a bicicleta da minha filha para ela passear? E se for um triciclo, posso? E se eu tiver um triciclo com rodas de 24 polegadas, posso andar? Quais são os critérios?
- A CMC sempre se mostrou flexível em termos de segurança, deixando aos munícipes a responsabilidade de serem auto-suficientes. O exemplo máximo é a ciclovia para o Guincho, na zona do CCC : a circulação faz-se em contra-mão, o que pode ser visto como contraditório com esta noção de segurança válida no paredão.
- Finalmente, se fosse mesmo perigoso, então a vigilância e punição deveriam ser implacáveis! Pelo contrário, na tarde do dia 16 de Setembro contei mais de 100 bicicletas em circulação, tendo eu e a minha filha proibidos de o fazer nessa mesma manhã.
- Soluções:
- criar um corredor (junto à parede ou junto à borda do passeio marítimo) onde só aí seria possível circular de bicicleta. Basta uma linha amarela e um desenho de uma bicicleta de 100 em 100m.
- limitar as horas e/ou os períodos do ano em que se poderia circular. Por exemplo, seria proibido andar de bicicleta das 11 às 16, de março a Setembro, protegendo os peões nas horas de maior afluência.
- Se eventualmente é a segurança dos ciclistas que está em questão, então deveria ser obrigatório circular com luvas e capacete! Isto também ajudaria a "regular" o acesso, pois imagino que pode haver pessoas de bicicleta menos respeitadoras do espaço alheio; acreditando até que terão sido comportamentos menos próprios de alguns que estejam na raiz da presente proibição.
2. Distúrbios - A CMC considera que a presença de ciclistas "perturba" a ordem pública e/ou o ambiente de "paz" característico do paredão.
- Soluções - Impor uma velocidade máxima. Proibir cavalinhos e saltos. Impedir a utilização do mobiliário urbano de forma a desgastá-lo prematuramente.
3. Restauração - A CMC e os concessionários dos espaços de restauração vêm a circulação de ciclistas como um factor de perturbação do acesso dos potenciais clientes a esses espaços.
- Soluções - impedir a circulação de bicicletas a menos de x (2?) metros dos restaurantes. Nas zonas mais apertadas, onde tal não seja possível, os ciclistas teriam que desmontar e prosseguir a pé.
4. Desgaste - A CMC acredita que as bicicletas causam um maior desgaste ao piso (recentemente substituido).
- Solução - Cobrar uma quantia a quem pretender circular de bicicleta no paredão. Poder-se-iam fazer circular (em BICAS) 2 estudantes em part-time, voluntários ou desempregados, em permanência pelo paredão, cobrando os 50 cêntimos (?) a cada ciclista com quem se cruzassem. Aumentar-se-ia a segurança e as receitas, promovendo "emprego", ou pelo menos ocupação. É fácil fazer as contas, mas com o preço dos sinais adquiridos recentemente mandava-se imprimir os bilhetinhos e até as t-shirts que os "fiscais" utilizariam. Apresento-me já como voluntário para os sábados de manhã.
5. Razões Históricas - Sempre foi proibido. --> A CMC já provou ser uma Câmara virada para o futuro, e capaz de romper com atitudes do estilo "sempre fizémos assim". Se sempre foi assim, mas não há razão para ser, mude-se!
6. Mau-Feitio - Alguém na CMC não sabe andar de bicicleta e/ou não gosta de ciclistas. --> Terei TODO o gosto em mostrar a quem de direito que, passear com os filhos de bicicleta no paredão num sábado ou domingo de manhã é o melhor bálsamo para a alma que pode haver.
Pelo exposto penso ter ficado claro que:
- não é MESMO proibido andar de bicicleta, ou então as razões não são muito fortes, porque senão a vigilância teria que ser mais apertada.
- Não há uma justificação ao meu alcance, sem solução fácil, para que continue a ser proibido andar de bicicleta no paredão.
- Espero que me possam então esclarecer: porque é proibido? A minha filha de 2 anos pergunta-me, e eu não lhe sei responder. E não quero relembrar velhos tempos, respondendo: "um senhor importante não quer".
Obrigado pela Vossa atenção,
Aguardando uma resposta em breve,
Melhores Cumprimentos,
Bruno Barcelos