Legislativas

SeteGu

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Sem dizer se devia ter ganho o partido A, B ou C quero apenas colocar algumas dúvidas.



1. O PSD e o CDS aparecem também de forma independente (em 5º e antepenúltimo lugares, respetivamente) apesar de também concorrerem coligados. Qual e a razão? Esses votos contam para a coligação?

2. O PSD (em 5º) tem apenas mais 0,12% mas consegue eleger mais 4 deputados que o PAN. Afinal como funciona a distribuição de deputados em função da %?

PS. Apenas em forma de nota: vi muita gente a ir votar em Santarém... achei estranho a abstenção ter sido a maior de sempre em legislativas.
PS 2. Pelos vistos ainda há 4 mandatos por atribuir.

Alguém me consegue esclarecer?
 

Cirus

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Viva,

Se entrar em grandes detalhes:

1 O PSD e o CDS concorreram de forma independente - i.e. fora do ambito da coligação PàF - na Madeira e nos Açores. Nos Açores o CDS concorreu em coligação com o PPM. Contam para a atribuição de deputados na respetiva bancada. CDS elege 18 deputados.

2 A explicação é difícil de ser feita aqui.

4 deputados são eleitos pelo circulo da emigração. Tradicionalmente 3 PSD 1 PS.

Abx
 

SeteGu

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Obrigado pelas luzes sobre o tema. Com tempo irei ver com mais atenção o link (parece interessante).

De qualquer forma, à primeira vista, não me deixa de parecer algo injusto que 0,12% dê mais 4 deputados naquele caso em concreto (independentemente dos partidos envolvidos, naturalmente).

Cirus, a ver se percebi... na prática "quase" se pode somar os 5 deputados à coligação, certo?
Uma vez que se trata do PSD eles lá se hão-de entender e funcionar como um todo (ou pelo menos teriam a ganhar com isso).

EDIT:

Ainda não li tudo mas a curiosidade falou mais alto.

Em primeiro lugar, cumpre salientar que o processo de atribuição de mandatos se baseia no chamado Método de Hondt.

A aplicação deste método tem como objectivo favorecer a obtenção de maioria pelo partido mais votado, o qual vai beneficiar da existência de votos dispersos por pequenos partidos, insuficientes para eleger qualquer deputado, e também dos inevitáveis arredondamentos. Mas não é apenas o partido mais votado que beneficia, pois os grandes e mesmo os médios partidos também acabam por obter significativos dividendos do processo, em detrimento dos pequenos partidos.

Mas mesmo assim, do ponto de vista matemático, este método pode considerar-se perfeito, pois assegura que todos os deputados eleitos, o são por maior número de votos do que os votos obtidos por cada um dos partidos que não elegem qualquer deputado. E também, da mesma forma, que todos os deputados eleitos são conquistados por um valor médio de votos superior ao valor médio de votos que corresponderia aos candidatos não eleitos de qualquer outro partido.

(...)

E estas situações estranhas decorrem do facto de não se apurar a representatividade de cada partido através de um escrutínio nacional, mas sim através do somatório dos resultados de 22 círculos eleitorais. E de esses resultados nos círculos eleitorais não serem estabelecidos livremente em função do número de votos obtidos pelos partidos, mas estarem à partida condicionados pelos número de mandatos previamente atribuídos a cada círculo eleitoral. (proporcionalmente ao número de eleitores recenseados)
Não se está assim a dificultar a vida aos pequenos partidos e a facilitar a dos grandes? É natural que assim seja?

E farão os círculos regionais algum sentido?
 
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Cirus

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Viva,

Pela Madeira foram eleitos 3 deputados pelo PSD, 2 para o PS e 1 para o BE - 6 mandatos
Pelos Açores foram eleitos 3 deputados para o PS e 2 deputados para o PSD. - 5 mandatos

Todos eles, 5 para o PSD, 5 para o PS e 1 para o BE ocuparão naturalmente as respetivas bancadas parlamentares.

Quanto ao método eleitoral é "outra" discussão, que não quero comentar. Contudo, todos os múltiplos sistemas (há muitos) eleitorais apresentam vantagens e desvantagens. É mais uma opção política do que de justiça eleitoral.

Abx
 

SeteGu

Active Member
E como é definida essa opção politica?

Só ainda não percebi bem a vantagem*... apesar de dizerem que é matematicamente perfeito.

EDIT:* Se fosse linear seria mais simples, proporcional e previsível (digo eu...).
 
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SeteGu

Active Member
E agora?

Eu sinceramente não consigo ter opinião... por um lado as pessoas supostamente votam em quem querem que governe... por outro teoricamente votam apenas nos deputados que irão fazer parte da AR... sendo o governo formado posteriormente.

No fundo só espero que aconteça o melhor para Portugal mas sinceramente não consigo opinar sobre "o melhor" ou sequer o mais "justo".

Algumas notas breves:
-O Cavaco deu a entender recentemente que não viabilizaria um governo de esquerda (a meu ver deveria ter uma posição neutra mas adiante)... iremos ficar com um governo de gestão? Até quando? O Cavaco por estar em fim de mandato não poderá convocar novas eleições ou estou enganado?

-Mesmo marcando (para daqui a x tempo) eleições e se o resultado for o mesmo de que adianta? O que acontece a seguir? O mesmo?

-Se o Cavaco ceder e o PS formar governo (tanto quanto percebo) não irá cumprir o seu programa mas sim uma mescla dos programas do PS e dos partidos de esquerda (que têm programas idênticos) para obter o apoio destes, correto? Nesse caso porque não se juntaram antes das eleições para (em vez de andarem à "batatada") unirem esforços para apresentarem, logo à partida, um programa credível? Talvez fossem bem menos criticados agora...

Parece-me haver posições extremistas de parte a parte o que não é bom... a politica parece estar a entrar num "clima de guerra"...
 
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Resumindo e dando a minha opnião,e espero estar sinceramente enganado para o bem de todos nós,vamos seguir as pisadas da Grecia,a ver vamos...
 
Porque dizes isso C.Espanhol?!

Eu acho que só vai fazer bem este "abanão". Os numeros podem ficar piores. Mas os portugueses certamente vão ficar melhores!

Não tenho medo do desconhecido! Mas muitas pessoas estão com medo de arriscar e tão a acomodar-se (dai terem votado em alguém que fez algumas coisas que tinham de ser feitas mas fez muitas que não tinham de ser feitas). Sempre fomos um povo aventureiro e destemido e agora está tudo com medo medo medo.
 

abelha2

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Eu não consigo concordar com esta solução, e sinceramente não sei se voltarei a votar m algumas eleições legislativas. Se são eles que escolhem, não vou lá fazer nada...

Na minha opinião trata-se de um aproveitamento politico de alguém que não sabe perder. O António Costa aproveitou-se da situação atual (o PResidente não poder convocar novas eleições), para ganhar na secretaria umas eleições que não podia ter perdido, mas pediu.

Se fosse noutra altura em que o presidente não tivesse os poderes diminuídos, provavelmente convocaria novas eleições e o PS teria uma derrota ainda maior.

Quando ele chegou a liderança do PS pensei que iria dar um bom PM, no entanto na campanha demonstrou um vazio de ideias. Não tenho receio da mudança, apenas acho que se deve respeitar a opinião do povo.
 
Porque digo isso?muito simples,virão o que aconteceu na Grecia depois do partido de extrema esquerda ganhar as eleições?ele dizer que faz e acontece?e depois fez o que tinha prometido ao povo?não,e porque não cumpriu???Portugal esta falido,o mesmo se vai passar em Portugal,ou seja,o PCP, o BE e PS no governo e logo a seguir os juros dos emprestimos que Portugal contraiu lá foram disparam,defice vai aumentar,a bolsa cai,os investidores deixam de vez Portugal,Portugal vai deixar de ter dinheiro e quando o for pedir lá fora,ou não tem ou vai ter que pagar a juros altissimos,o que isso vai afectar o contribuinte?os impostos vão subir para tapar o buraco etc etc etc ,os Portugueses nunca vão ficar melhores,quem paga sempre a factura é o mixilhão!
Veremos se estou enganado,espero bem que sim,o tempo o dirá!
Eleições antecipadas,provavelmente em Junho de 2016,veremos!
 
Abelha2 sempre foram eles que escolheram! nos escolhemos a distribuição no parlamento. e dai surge um governo, escolhido pelo PR!

O Paulo Portas também se aproveitou da situação da altura para subir a vice mas disso ninguem fala ou falou.

As sondagens estão ai e dão mais ou menos e mesmo resultado, por isso seria uma perda de tempo...

E para falar em campanha a unica pessoa que ouvi sem ideias e com discurso do medo foi o Passos. E foi metendo medo aos portugueses que ele ganhou as legislativas. E é disso que tenho pena!

C.Espanhol, parece que a bolsa abriu em alta!!! Como vez nem tudo é certo! Não tenho medo, cabeça erguida e siga para a frente com uma vida menos má para os portugueses!!! Para que vale os cofres cheios e os bolsos dos tugas vazios????
 

Joseelias

Well-Known Member
Tal como o agdmoreira referiu, o governo sempre foi eleito pelo parlamento. Nunca o voto dos cidadão elegeu directamente o governo, mas sim os deputados que compõem o parlamento.

A diferença do que aconteceu desta vez foi que o PS, ao contrário do que tinha acontecido sempre, decidiu não viabilizar um governo do PSD. Em Portugal isto surgiu como uma novidade, mas não é nada de novo no resto da Europa. A Bélgica, que não é o pais mais pobre ou menos democrático da Europa, esteve quase dois anos sem governo em funções, por exemplo.

De resto, não houve nenhum acto estranho em todo o processo, senão vejamos:

- a coligação PSD/PP foi o "partido" mais votado na eleições
- o presidente da república indigitou o PSD/PP a formar governo por serem os mais votados
- o governo PSD/PP foi empossado
- apresentou no parlamento o seu programa
- a maioria do parlamento rejeitou o programa
- a maioria do parlamento apresentou uma moção de censura que venceu
- o governo demite-se

A alternativa seria o quê? O PS viabilizar o governo, o seu programa e o orçamento e depois bloquear todas as propostas de lei e actividades governativas que pudesse no parlamento? Isso não faria sentido e seria muito pior para Portugal. Ou teríamos a policia ou o exército com armas apontadas à cabeça dos deputados da oposição para os obrigar a votar favoravelmente as propostas do governo PSD/PP?

Claro que um acordo pré-eleitoral entre o PS e os partidos da esquerda, ou pelo menos a declaração de uma intenção de fazer esse acordo pós-eleitoralmente teria tornado as coisas mais claras aos olhos dos eleitores. Mas isso apenas porque não estamos habituados a uma democracia tão "democrática" em Portugal. Como disse, lá fora isto é um não-assunto.

E digo isto não tendo simpatia alguma pelo Costa e nem achando que venha a ser um bom PM. Olho apenas para o processo seguido.
 
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Pedro Barradas

Super Moderador
Concordo com o joselias...

PS: se alguém acompanhou a serie dinamarquesa, BORGEN, na RTP2... verficou que estas coligações/ acordos pós eleitorais são muito comuns...
 

SeteGu

Active Member
Para complementar o que se tem vindo a dizer: Há quatro países na UE que são governados por quem perdeu as eleições. Tem alguns dados interessantes.

O problema aqui é só que os Portugueses, tradicionalmente, votam no partido que querem ver a governar. Nesse ponto de vista compreendo que se possam sentir enganados e injustiçados. Mas supostamente lá está... quem escolhe o governo não é o povo. O povo limita-se a escolher os deputados que irão (ou não) posteriormente formar governo.

Ao contrário do que o C.Espanhol referiu (talvez recorrendo a uma hipérbole) não concordo que a eventual coligação PS/CDU/BE seja um governo de extrema esquerda. Nem vejo a CDU/BE como extremistas nem o PS como esquerda. Diria antes um governo de centro-esquerda.

Depois também ainda não percebi exatamente se será só o PS a formar governo (tendo a CDU e BE) "à perna" ou se se formará efetivamente uma coligação. Já li algures referência a uma coligação PS/CDU mas não sei se se concretizará.

Para terminar... também concordo que a politica de Passos Coelho assenta numa politica de medo: "este é o único caminho e se não for assim voltaremos à estaca zero". Se será assim ou não, não sei... mas custa-me a crer que haja apenas um caminho. Na altura em que a troika teve de intervir aceito que apenas houvesse essa solução. Agora... quero acreditar que somos um país livre e que podemos decidir por nós... até porque a Europa (ou seja... a Alemanha) também não me parece ter sido um exemplo.

Com isto também não sei se o PS irá seguir pelo melhor caminho ou não...
Mas que, por exemplo, a meu ver se devia tentar dinamizar um pouco mais a economia, a meu ver, devia... o anterior governo também tinha falado nisso mas não sei até que ponto o iriam mesmo fazer. Pelos menos as privatizações iam continuar... e esse é um ponto com o qual não consigo concordar minimamente.

A ver vamos como será daqui para a frente... sinceramente não estou otimista nem pessimista... estou na expectativa.
 
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Baba

Member
Acho normal que quem vota vote sempre em quem quer ver a governar, eu, não tendo votado no bloco central, também queria que o partido eu que eu votei governasse. A questão é que não somos nós que criamos o governo, nós simplesmente elegemos deputados. E sinceramente já não posso com o discurso PSD/CDS... nós ganhamos, nós ganhamos, nós ganhamos.... e é só isto que sabem dizer. Quando na realidade limitaram-se a ser a coligação mais votada, não tendo conseguido uma maioria, e foram a força politica mais penalizada em número de perda de votos. Concordo com o Setegu, será um governo de centro esquerda, o PS se alguma vez foi de esquerda já deixou de o ser à muito tempo. A meu ver o risco maior aqui é do BE e da CDU, que estão a abdicar de muitas das suas ideologias de forma a inviabilizar um governo PSD, e isso poderá significar uma forte diminuição de votos numa próxima eleição se as coisas correrem mal...... a ver vamos.
 

Joseelias

Well-Known Member
Na verdade, a classificação dos partidos políticos em Portugal está completamente enviesada. Por exemplo, o PSD não é um partido de centro e nem sequer de centro-direita. Em termos europeus o PSD é um partido da direita conservadora pura e dura.

Basta ver que no parlamento europeu o PSD pertence ao grupo "Partido Popular Europeu", isto é, exactamente o mesmo grupo que em o PP está inserido. Pela lógica estaria inserido no Aliança Progressista dos Socialistas e Democratas que reúne Socialistas e Sociais-Democratas. No resto da Europa a Social-Democracia é considerada de centro e até centro-esquerda como nos países nórdicos, em Portugal o partido que se afirma como tal é de direita sem qualquer margem para dúvidas.

Na mesma linha o PS, se olharmos à sua prática política é na verdade de centro na melhor das hipóteses. Em termos de política económica é na realidade de centro-direita, sendo que o que o puxa para a esquerda são algumas preocupações por questões sociais, e que muitas vezes são na verdade difíceis ou impossíveis de conciliar com a política económica de decidem pôr em prática. Isto é, criam o Rendimento Mínimo para apoiar pessoas com carências, mas ao mesmo tempo precarizam o emprego que vai criar mais pessoas com essas carências.

O PCP e o BE, apesar de terem algumas ideias fora da corrente de pensamento principal europeia, o que os leva a serem automaticamente classificados de extremistas, são na verdade socialistas na maior parte das coisas. No mínimo não são mais extremistas na esquerda que o PP é a nível da direita, mas ninguém ouve chamar ao PP de extrema-direita.
 

SeteGu

Active Member
Baba said:
A meu ver o risco maior aqui é do BE e da CDU, que estão a abdicar de muitas das suas ideologias de forma a inviabilizar um governo PSD, e isso poderá significar uma forte diminuição de votos numa próxima eleição se as coisas correrem mal...... a ver vamos.
Concordo plenamente... são os partidos que mais estão a sair da sua "zona de conforto" e que mais penalizados podem vir a ser no futuro. Isso fará com que provavelmente andem em cima do PS para não acabarem com o nome manchado.

Se se coligarem é preciso que eles se entendam muito bem e que as suas politicas façam diferença (para melhor) porque caso contrário mais valia ter deixado tudo como estava...

Acho que só o futuro o dirá...
 
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