CarlosSilva
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Eu e a minha namorada Judite comprámos um tandem (vulgo, bicicleta de 2 lugares) em fevereiro. Tirando o mês de março, em que a bike esteve “em obras”, temos andado a meter uma quantidade razoável de kms nas pernas, e em junho já íamos nos 1000 (ok, isto para vocês não é nada, mas para nós é bastante).
A ideia era fazermos a costa vicentina em julho, de mochila e sacos cama às costas, mas quase à última da hora mudámos de ideias. Subitamente concluímos que nenhum de nós gosta de praia e também que, por mais alguns euros, seria mais confortável ficarmos em quartos alugados, isto para não falar do número considerável de quilogramas que íríamos retirar ao conjunto e também da diminuição do stress sobre a bike.
Decidimos enveredar para o Alentejo Profundo, zona que ambos conhecíamos mal.
O que nos preocupava mais eram as temperaturas elevadas da canícula, por isso sempre que pudemos arrancámos de manhã bem cedo.
Cinco de julho: eram seis e meia quando saímos do Barreiro rumo a Évora. Foi a primeira de quatro etapas, umas mini-férias diferentes e que se revelaram muito divertidas!
O tempo de manhã ajudou bastante, mantendo-se encoberto e fresquinho.
Pelo caminho aproveitei para uma paragem no quartel onde fiz a tropa, há 29 anos, em Vendas Novas. As saudades não eram muitas...
Os quilómetros foram passando...
A Judite quis por força subir ao Castelo de Montemor-o-Novo, o que disparou a altitude acumulada para os 677m. Foi uma excelente oportunidade para “estrearmos” uma cassete 11/34 que tínhamos instalado há pouco tempo, em substituição de um 28 arcaico que nos deixava sempre pregados nas subidas .
O castelo tem rampas de 10% ou até talvez mais, mas o 22x34 subiu tudo sem dificuldades.
Não liguem ao que está escrito no chão, a Judite não o fotografou propositadamente .
Esta bike esgravulha tudo .
Visitado o castelo, voltámos à estrada, e mais à frente parámos numa fonte para encher os bidons.
Aproveitei para perguntar a um automobilista se ainda faltavam muitas subidas para Évora. O fulano acenou com o queixo para a estrada e disse “acho que é só essa aí”. Foi quando aprendemos a deixar de confiar em palpites de automobilistas, que não fazem ideia do quanto custa fazer uma subida de bicicleta. Ainda levámos uma valente tareia até chegar a Évora, e da entrada da cidade até ao local de pernoita também tivemos de pedalar mais um bocado.
Quando andávamos à procura da rua onde ficava o nosso quarto, tivemos de subir à Praça do Giraldo, que, para quem desconhece, é o centro nevrálgico e histórico da cidade. Aqui deu-se uma situação engraçada, depois de algumas perguntas, indicaram-nos uma determinada descida. A rua que queríamos descer era muito estreita e estavam sempre carros a subir, mas não havia qualquer sinalização que nos impedisse de ir por ali abaixo.
Por via das dúvidas, perguntei a um polícia que estava ali perto, ele olhou para a nossa bike enorme e respondeu "ó homem, você com uma coisa desse tamanho vai bater num carro de certeza" e eu respondi "talvez, mas olhe que nós conseguimos chegar do Barreiro até aqui sem batermos em nada" .
Chegada ao local de pernoita, após 125 kms. Neste dia batemos o nosso recorde de quilometragem e também de altitude acumulada.
No dia a seguir foi dia de descanso (nós optámos por ficar sempre 2 dias em todos os locais que visitámos) e fui mostrar a cidade à Judite.
Nestes dias tratámo-nos bem. O desgaste calórico assim o exigiu .
Não podia faltar o ensopado de borrego. A Judite é vegetariana .
Fartámo-nos de visitar coisas neste dia. Nós não vamos encher a crónica de fotografias, mas entre muitos outros locais, estivemos na Capela dos Ossos, que inclui uma visita ao Museu Franciscano, onde por acaso estava a haver uma exposição de presépios. Vimos presépios de todos os géneros e nacionalidades, foi bem giro.
A crítica negativa que tenho para Évora é o total apagar da vida noturna.
Quando a visitei em 2000 a cidade fervilhava de animação, mal se conseguia entrar na Praça do Giraldo tal era o número de esplanadas e transeuntes, e havia música ao vivo por todo o lado.
Neste momento a Giraldo é controlada por um ou dois grandes estabelecimentos que não dão a mínima para a música. Como consequência, grande parte da população flutuante transitou para outras artérias, que têm muitos restaurantes e bares, mas onde infelizmente não se ouve ninguém a tocar.
Segundo percebemos, a cidade só ganha alguma vida quando as aulas universitárias recomeçam. Ou seja, os estudantes que supostamente deveriam ir para lá estudar vão mas é para as festarolas...Não admira que alguns demorem 10 anos a fazer um curso de 5 .
Fim da parte 1.Parte 2 em:
https://www.forumbtt.net/index.php?threads/fÉrias-de-tandem-no-alentejo-profundo-pt-2.62931/
A ideia era fazermos a costa vicentina em julho, de mochila e sacos cama às costas, mas quase à última da hora mudámos de ideias. Subitamente concluímos que nenhum de nós gosta de praia e também que, por mais alguns euros, seria mais confortável ficarmos em quartos alugados, isto para não falar do número considerável de quilogramas que íríamos retirar ao conjunto e também da diminuição do stress sobre a bike.
Decidimos enveredar para o Alentejo Profundo, zona que ambos conhecíamos mal.
O que nos preocupava mais eram as temperaturas elevadas da canícula, por isso sempre que pudemos arrancámos de manhã bem cedo.
Cinco de julho: eram seis e meia quando saímos do Barreiro rumo a Évora. Foi a primeira de quatro etapas, umas mini-férias diferentes e que se revelaram muito divertidas!
O tempo de manhã ajudou bastante, mantendo-se encoberto e fresquinho.
Pelo caminho aproveitei para uma paragem no quartel onde fiz a tropa, há 29 anos, em Vendas Novas. As saudades não eram muitas...
Os quilómetros foram passando...
A Judite quis por força subir ao Castelo de Montemor-o-Novo, o que disparou a altitude acumulada para os 677m. Foi uma excelente oportunidade para “estrearmos” uma cassete 11/34 que tínhamos instalado há pouco tempo, em substituição de um 28 arcaico que nos deixava sempre pregados nas subidas .
O castelo tem rampas de 10% ou até talvez mais, mas o 22x34 subiu tudo sem dificuldades.
Não liguem ao que está escrito no chão, a Judite não o fotografou propositadamente .
Esta bike esgravulha tudo .
Visitado o castelo, voltámos à estrada, e mais à frente parámos numa fonte para encher os bidons.
Aproveitei para perguntar a um automobilista se ainda faltavam muitas subidas para Évora. O fulano acenou com o queixo para a estrada e disse “acho que é só essa aí”. Foi quando aprendemos a deixar de confiar em palpites de automobilistas, que não fazem ideia do quanto custa fazer uma subida de bicicleta. Ainda levámos uma valente tareia até chegar a Évora, e da entrada da cidade até ao local de pernoita também tivemos de pedalar mais um bocado.
Quando andávamos à procura da rua onde ficava o nosso quarto, tivemos de subir à Praça do Giraldo, que, para quem desconhece, é o centro nevrálgico e histórico da cidade. Aqui deu-se uma situação engraçada, depois de algumas perguntas, indicaram-nos uma determinada descida. A rua que queríamos descer era muito estreita e estavam sempre carros a subir, mas não havia qualquer sinalização que nos impedisse de ir por ali abaixo.
Por via das dúvidas, perguntei a um polícia que estava ali perto, ele olhou para a nossa bike enorme e respondeu "ó homem, você com uma coisa desse tamanho vai bater num carro de certeza" e eu respondi "talvez, mas olhe que nós conseguimos chegar do Barreiro até aqui sem batermos em nada" .
Chegada ao local de pernoita, após 125 kms. Neste dia batemos o nosso recorde de quilometragem e também de altitude acumulada.
No dia a seguir foi dia de descanso (nós optámos por ficar sempre 2 dias em todos os locais que visitámos) e fui mostrar a cidade à Judite.
Nestes dias tratámo-nos bem. O desgaste calórico assim o exigiu .
Não podia faltar o ensopado de borrego. A Judite é vegetariana .
Fartámo-nos de visitar coisas neste dia. Nós não vamos encher a crónica de fotografias, mas entre muitos outros locais, estivemos na Capela dos Ossos, que inclui uma visita ao Museu Franciscano, onde por acaso estava a haver uma exposição de presépios. Vimos presépios de todos os géneros e nacionalidades, foi bem giro.
A crítica negativa que tenho para Évora é o total apagar da vida noturna.
Quando a visitei em 2000 a cidade fervilhava de animação, mal se conseguia entrar na Praça do Giraldo tal era o número de esplanadas e transeuntes, e havia música ao vivo por todo o lado.
Neste momento a Giraldo é controlada por um ou dois grandes estabelecimentos que não dão a mínima para a música. Como consequência, grande parte da população flutuante transitou para outras artérias, que têm muitos restaurantes e bares, mas onde infelizmente não se ouve ninguém a tocar.
Segundo percebemos, a cidade só ganha alguma vida quando as aulas universitárias recomeçam. Ou seja, os estudantes que supostamente deveriam ir para lá estudar vão mas é para as festarolas...Não admira que alguns demorem 10 anos a fazer um curso de 5 .
Fim da parte 1.Parte 2 em:
https://www.forumbtt.net/index.php?threads/fÉrias-de-tandem-no-alentejo-profundo-pt-2.62931/
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